quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Lidando



Volta e meia dão-me umas ganas, uns nervos, e ponho-me a passear por lojas online, oohhhhhh, que vestidinho tan windo, óóóóó, sapatinho fofo, mas não compro nada, nem sequer faço um cesto de compras que nunca seguirá para o check out. Não é maturidade, não é capacidade de lidar com a frustração, é outra coisa, não sei explicar bem o quê, talvez bicho que se me pegou com esta pandemia. Continuo com vício de lamber montras, reais ou virtuais, mas não me apetece comprar. Ou antes, quando chega ao momento de pegar e ir provar dá-me um quebranto, uma fraqueza, que desisto. Nada, nada me parece valer o esforço de ir para o provador, descalçar, despir, vestir, e voltar a despir, vestir, calçar. Ah, mas online poupa-se esse trabalho, sim, mas tanto fisicamente como virtualmente sai a pergunta, porquê?, ou para quê?, afinal tenho os roupeiros cheios, por mais roupa que siga para dar; e em dois anos vesti e calcei o quê, um terço das existências? É, o bicho pandemia comeu-me a vontade de esbardalhar dinheiro em coisas de vestir e calçar. Já em livros, tchi, se tivesse vergonha nem contava. Encomendo online mas vou levantar fisicamente, que ninguém tem tempo e pachorra para esperar pela encomenda. Já que lá estou, bom, aproveita-se para ver as novidades e, de repente, lá estamos a descobrir mais uma coisinha que até queria já ter mandado vir, e pronto, felicidade instantânea e duradoura, que um livro não é só a alegria de descobrir, folhear, comprar, trazer; é também a de esperar a vez para ler, ler, e depois recordar. E em sendo BD (no caso, foi, daí encomendar online, um gajo nunca sabe em que loja há), reler. Que releio. E agora estou mortinha por ir para casa e começar. 

Identifiquei :(

 

terça-feira, 9 de novembro de 2021

Um filme, uma série, e um bónus

 



Comecemos pela perfeição, porque é uma excelente maneira de começar. Desde já: não li o(s) livro(s), detestei a versão do Lynch (e já pouco me lembro), ia completamente em branco. Acompanhada do excitex de me mate, que não só leu e possui todos os livros (sim, mesmo os escritos pelos filhos), como os leu várias vezes. Estima ele que o primeiro foram umas cinco. E sabe recitar de cor “I must not fear. Fear is the mind-killer. Fear is the little-death that brings total obliteration. I will face my fear. I will permit it to pass over me and through me. And when it has gone past I will turn the inner eye to see its path. Where the fear has gone there will be nothing. Only I will remain.” Um fanzorro.
Resumindo: a-do-rei. Mesmo, tipo, muito, paletes, bués. Me mate também, o que é bom sinal. 
Uma única (e sentida, e chorada) crítica: a iluminação nas cenas à noite, terrível. Li pelas internets que deviam chamar ao filme "pessoas a murmurar no escuro", o que também é um exagero, lá a ver. Gostava de saber se em Imax a coisa melhora, mas neste formato só no Colombo, e eu preciso de carradas de incentivos para por os pés no Colombo. Carradas elevado a dez, num fim de semana.
Enfim, estética perfeita, conta lindamente a história, o elenco é um luxo (e eu, que embirro com o Timóteo Chamamaleto, deixei de embirrar), cenários de tirar a respiração, e é mesmo experiência imersiva que muitos falam.




E série? Esta. Portuguesa na netflix, o que já é de assinalar, yay. E com o Adriano Luz, novo yay. Realizada por Tiago Guedes, de quem adorei A Herdade, mais um yay.
Declaração de interesses: o meu avô materno trabalhou na Raret (não no retransmissor da Glória do Ribatejo, mas na Maxuqueira, onde eram recebidas as transmissões vindas da Alemanha, e depois retransmitidas para os países para lá da cortina de ferro a partir do posto da Glória). Desde miúda que palavras como Raret ou BêÓQuê faziam parte do meu léxico, e sabia, ainda que por alto, o que era aquilo. Donde, a curiosidade era imensa.
E a série, que tal. Pois que está mesmo muito bem feita, níveis de produção à estrangeira, nota-se que há muito dinheirinho ali (bem) empatado, bem hajam. Porque fica provado que cá se pode fazer coisas tão boas como lá fora, toma. A realização é, ó, daqui; o elenco é uma categoria, o texto sim senhora, os figurinos  e cenários de tirar o chapéu.
A história não se cinge apenas à actividade da Raret e inclui, digamos assim, um belíssimo retrato da época, Estado Novo, Pide, Guerra Colonial, ruralidade, resistência ao regime. Um aplauso do primeiro ao nono episódio, que engolimos entre sexta à noite e sábado à tarde (não, não temos grande vida social, so what, semos o que somos). 
A chatice é o décimo e último episódio. A última meia hora, vinte minutos, vá. A coisa estava a correr tan ben, e tau, foram armar-se em argumentistas à amaricana, a criar um final que ainda não percebi bem (nem vou contar, não sou uma spoilenta nojenta), apesar de ter criado uma explicação que para mim funciona, e não me estraga o resto da série. Digamos que às vezes as pessoas pensam que se vai fazer uma cena à Sopranos e sai um Lost. Ok, muita gente não gostou do final de Sopranos, mas a) é muito bem esgalhado; b) tem cojones; c) não pretende agradar a ninguém; d) é coerente dentro do tipo de narrativa. Aqui, bom, e sem spoilar, acho que não só deixam evidente a prostituição ao "paguem aí uma segunda temporada que a malta faz", como rasgam, não, trituram uma regra de argumento que adoro muito, a coerência da narrativa. "Ah, armada em dótóra esqueritora, mas já escreveste alguma série"; não, mas já vi muitas. "Ah, a dizer isso toda coisa, mas ósdepois adora um filme de fiquessão científica em que é tudo inventado, tudo, pah". Pois é, mas no Dune, como na melhor FC, há uma coerência sistemática, ou sistematizada que. não. falha. Crias uma realidade completamente nova, crias regras, história, um cânone, e se o rasgas só sei lá por que capricho, pumbas, estás lixado que o mundo nerd não perdoa. 
Ora numa série que é obviamente de ficção, mas baseada em acontecimentos reais, convém não esquecer a parte do "real" onde se ancora. Se foge muito, estraga. A suspension of disbelief a que o espectador está disposto não é tão elástica quanto se quer. Calminha com a imaginação a galope, rédeas nisso. E o final, conclusão, wrap up do décimo episódio é uma cagada em três actos, pardon my french. Não cola. E se eu tenho uma elasticidade nestas coisas, ó, que ainda no domingo mamãe (ela conhecia bem o trabalho do meu avô), quando lhe falávamos da série, largou uma que estragaria o macguffin todo, e sem o qual não haveria série. Ou metade dela. E não me ralou por aí além, porque ainda que inventado, está bem metido e é credível. Já o final-final?, nope.
Anyhoo. Vale muito a pena, ainda assim.    


E agora, o brinde.
Não tenho palavras quanto a este sketch, a não ser "Brava!"

quarta-feira, 3 de novembro de 2021

Nos entretantos

 Já tratámos de uma prenda de Natal. A nossa.


Bom, agora lá a ver das outras.


quinta-feira, 28 de outubro de 2021

sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Uma série, um filme, um livro

Imaginem aquele tipo de casal que chega a casa, sexta à noite, abanca em frente à televisão, e um se lembra que nesse dia ficou disponível na netflix o Seinfeld. "Ei, e se víssemos só o primeiro, só para matar saudades?". Nove episódios depois, o canal pergunta, gentilmente, se ainda ali estamos, e vivos. Pois, parece que há pessoas assim, not that there's anything wrong with that.


Bom, mau grado imensos constrangimentos de tempo, o tal casal já vai alegremente na quinta temporada. Impressões? Envelheceu bem. Continua a ter imensa piada. O gostinho do "aahhhh, este é aquele em que...". E a Julia Louis-Dreyfus é tão espectacular.

Continuando no mood "cu alapado no sofá", o filme da Viúva Negra já está disponível no Disney, pelo que tunga. Cenas positivas: não dura os horrores que os últimos filmes de super heróis tornaram moda. Chiça, é uma cena de acção, não é preciso quatro horas para contar estas histórias. Que ricos soninhos que os Avengers me proporcionaram. E agora baixinho, para não irritar cerrrtos senhorrrres: é um filme muito feministazinho, olé se é. Como me mate resumiu, muito bem: os homens ou são vilões, ou uns inúteis, ou só aparecem para dar um jeitinho. Verdade, elas dão (muito) bem conta do recado. E há a cena do colete. Com bolsos. Lágrima de quem sofre à procura de saias e vestidos com bolsos. Se não é uma piscadela de olho ao público feminino, parece. Eu prefiro acreditar que sim. E tem a Florence Pugh. Caraças, esta miúda (25 anitos, fui googlar, ainda tem tanto para fazer, que alegria) é fantástica, maravilhosa. Faz de tudo, e bem, (Midsommar, pulizeee, a sério, façam o favor de ver). Também gostei muito da (spoiler moderado) cena em que a Florence está a ver o Moonraker na tv, quero acreditar que é outra piscadela. Uma mulher James Bond? Estou com o Daniel Craig, não. Porque não é preciso: há outras histórias para contar onde as mulheres podem ser protagonistas, e em melhor. Como este demonstra. Roubando as palavras a Indiana Jones, "it belongs in a museum", o James Bond.


E o livro? Vou ser atrevida, e recomendar um que ainda não acabei. Mas estou a gostar tanto, tanto, que não vou esperar:


(já está traduzido, mas quando comprei ainda não havia)

Pá. Pá. Oh pá. 

Tão bom. Estou a aprender tanto, e precisava / preciso de aprender tanto. Abre a mente, os olhos, novas perspectivas. E isso é importante, imprescindível:

"This is the difference between racism and prejudice. There is an unattributed definition of racism that defines it as prejudice plus power. Those disadvantaged by racism can certainly be cruel, vindictive and prejudiced. Everyone has the capacity to be nasty to other people, to judge them before they get to know them. But there simply aren't enough black people in positions of power to enact racism agaisnt white people on the kind of grand scale it currently operates at against black people. Are black people over-represented in the places and spaces where prejudice coulkd really take effect? The answer is almost always no."

(...) 

"White privilege manifests itself in everyone and no one wants to take on responsability. Challenging it can have real social implications. Because it's a many-headed hydra, you have to be careful about the white people you trust when it comes to discussing race and racism. You don't have the privilege of approaching conversations about racism with the assumption that the other participants will be on the same plane as you."

(...)

"White privilege is a manipulative, suffocating blanket of power that envelops everything we know, like a snowy day. It's brutal and oppressive, bullying you into not spreaking up for fear os losing your loved ones, or job, or flat. It scares you into silencing yourself: you don't get the privilege of speaking honestly about your feelings without extensively assessing the consequences. I have spent a lot of time biting my tongue so hard it might fall off."

E cheguei ao capítulo sobre feminismo, prevalência de mulheres brancas no movimento, resistência em falar sobre raça / racismo, e importância da interseccionalidade. O que me está a fazer questionar / problematizar se o que se passa hoje entre o movimento feminista e a comunidade trans não reflete este problema / resistência, mas ainda não cheguei a conclusões seguras.

Enfim, estímulo para as celulazinhas cinzentas, e um abrir de horizontes. Preciso. Recomendo. 


 

quinta-feira, 21 de outubro de 2021

Perigo: altíssimo teor de bazófia

 É muito raro poder gabar-me dos bons resultados de decisões minhas, pelo que, em acontecendo, há que assinalar: parece que a cena de trocar o me-mobile em Junho por um híbrido foi mesmo, mesmo, mesmo bem jogado. 

Cada um é como cada qual, nada de julgamentos morais, mas aquela besta bebia combustível que era um disparate. A minha rica mula ruça - híbrido + cor de burro quando foge -, antes pelo contrário. De tal forma que a primeira vez que abasteci, lá para Julho, depois de gastar o quarto de depósito com que vinha do stand, fiquei cho-ca-da com o disparate do preço da gasolina, se não me engano ali à roda do euro e cinquenta e oito. Mal sabia eu, hein. De qualquer forma, um depósito cheio dá para cerca de oitocentos quilómetros (!!!), se não fizer muita estrada (final de Julho e Agosto lixei a média, adiante). Verdade. O motor eléctrico, ao contrário do que supunha e o vendedor me desenganou, funciona por defeito, a combustão só entra em cena quando o outro não dá vazão (subidas, acelerações, velocidade elevada). E não tem de ligar à tomada (isto era condição sine qua non, ou não tenho onde ligar ou paciência para me chatear com isso), a bateria carrega com o movimento. Tenho um esquentador assim, acho que é um dínamo que faz a magia, não percebo nada disso, anyhoo o esquentador é supimpa, sem dependência de pilhas ou tomadas, mas a marca faliu e já não há mais (vulcano, rip). 

Em resumo, muito satisfeita com o popó. Cada vez que volto a abastecer a gasolina está ainda mais cara, mas com juízo isso só acontece uma vez por mês ou a cada dois meses, não é mau. Consigo fazer o casa-trabalho-casa praticamente só em modo eléctrico, ando devagar para não gastar, e o carro dá pontos eco (o meu record é 84, mas dêem-me tempo); é só um bocadinho chato porque apita por tudo e por nada: ele é porque me desviei um nadinha para a faixa do lado, ele é porque me estou a aproximar muito do carro da frente, ele é porque a minha mala vai ali à solta, no banco do pendura, sem cinto; ele é porque a mochilona do trabalho devia era ir no chão, ou então na cadeirinha de bebé / com cinto posto. Mas estou tan contentinha. Eu, que sempre tive tanto azar aos carros (bate na madeira). Haja saudinha, este é para estimar.

quarta-feira, 13 de outubro de 2021

The Cat Diaries [21]

 Uaich, mais de um ano sem actualizar notícias da gataria. Mãe desnaturada, pfffff. Que foi o que nos transmitiu aqui há horas Fox Mulder, líder inquestionável de la maison, enquanto o tentávamos apanhar. Explico: anteontem tinha uma bochecha ligeiramente inchada, ontem estava bastante pior, hoje estava tremendo. Pronto, não havia mais nada a fazer, vet com o bicho. A hora mais temida desde que o adoptámos: é que se o bichano até amansou, já gosta e pede festas, e - milagre! - até há episódios de colo a relatar, sempre se manteve bicho solto e livre, pouco amigo de agarranços. Mas quando tem de ser, tem de ser.

Telefonar para o vet, ainda têm regras covid, ou seja, marcação. Explico a situação, primeiro é preciso conseguir enfiar a fera na caixa; lá me dizem as horas livres que ainda têm, prendam o pestinha e depois liguem. Mais fácil dizer que fazer. Lá o conseguimos confinar a uma divisão, armados de manta e muita vontade, e depois de perseguição e guerra de força (mesmo doente e, seguramente, cheio de dores, continua um lutador que faz favor) conseguimos, conseguimos, conseguimos! Telefonar, podemos ir já, e vamos.

Resumindo, e como se suspeitava, abcesso. Foi sedado, drenado e, já que estava fora de combate, desparasitado e chipado. Agora anda aqui por casa aos ésses, todo drogadão, de abajour enfiado e a dar com o dito em todo o lado, a ver se aquilo sai. 

Tadinho do nosso laranjito. 


E agora dar-lhe antibiótico seis dias seguidos, hein? Outra tourada. Mas vamos conseguir, vamos superar. O grande gatinho do céu nos ajude.


terça-feira, 5 de outubro de 2021

Da cuéstion

Se ainda tivesse vocação para isso (o que a idade faz às pessoas), ou sequer ainda se usasse, sim, este blog podia ser um lindo cartaz de emoções, um sem fim de posts confessionais, cheios de sentimento e coiso, vertendo aqui inúmeras (e desinteressantes) experiências pessoais para deleite dos voyeurs, educação dos sequiosos de lições de vida (parece que se ganha bem a escrever esse tipo de "literatura"), e aborrecimento dos normais.

Mas não. Uma pessoa precisa, quer, tem de saber separar a vida pessoal da vida blogal (para rimar, pá). Quanto mais não seja, por razões de sanidade (minha e dos demais). E depois há dias em que, antes, no meio ou passado o turbilhão, já não apetece pegar no caixote da fruta, pespegar lá em cima, e mandar bojardas relativas à fachização galopante a que se vem assistindo, resultados de eleições, o estado tremendamente lamentável do país e mundo, enfim, perde-se o ímpeto. Ou se calhar é preguiça, no meu caso é bem provável. Caraças, também tenho direito a ela, pá, estive a trabalhar domingo e hoje, feriado, da parte da tarde; ando numas agonias estomacais que só o stress explica, e já pondero encomendar um mapa astral que me ensine a enfiar o Rossio que é o meu trabalho na Betesga que são as 24 horas diárias.

Já ouvi falar mas não percebo bem (nem quero) o que é isso do mercúrio retrógrado, mas gostava de acreditar. Ao menos explicava. Alguma coisa. 

Para não irem daqui sem nada, uns conselhos da titi amiga:

- Se não forem fãs hard core do James Bond, como me mate, esperem que o filme passe na tv. A culpa é dele: depois de me por a ver o Bourne e, principalmente, John Wick, o 007 sabe a novela da tarde. E é graaaande, caneco. Filminhos de acção com duas horas ou menos, hein? Ver lá disso. Não é a Anna Karenina, pá.

- Sessões da manhã ou ao fim da manhã: sim, sim, sim. Pouca gente, não é preciso dizer mais nada. Ainda assim, tivemos o azar de ficar atrás (lugares marcados, sim, ainda há disso, felizmente) de uma família com prole que, acho eu, não sei, não seria ainda da idade adequada para um Bond. Acresce que as crianças não tinham ar de ter idade para serem abrangidas pela vacinação, e estavam todos a comer pipocas, i.e., sem máscara. Fuga para fila muito atrás, o que só é possível graças ao ponto anterior. Recomendo vivamente.     

terça-feira, 21 de setembro de 2021

Já fui, já vi

E estou em condições de afirmar que, de facto, a estação de Arroios existe e funciona. Não testei porque o meu destino era mais adiante, mas deu para ver a instalação neo-horrenda em que transformaram aquilo. Credo. Está tan feiinha, valha-nos Nosso Senhor do Coisinho.

Noutras notícias, acabámos a série Justified, que me mate amou de coração e eu gostei bastante (ele é um fanzaço de Elmore Leonard, e do tipo de narrativa bandidagem meio burra, meio azarada, em que tudo o que pode correr mal, corre). No dia seguinte, vimos o documentário Harlan County U.S.A., e que é do caraças. A série passa-se em Harlan County, Kentucky; e a actividade mineira é um backround constante. E o oxy. E a pobreza, em ciclo infindável. 

Pronto, agora estamos no período de nojo que observamos sempre que findamos uma série, e talvez sigamos para What We do in the Shadows, que já tem a terceira temporada disponível. E, quiçá, finalmente!, Mandalorian. 

É, este é o ponto alto das nossas tristes vidas, a tubisão. Não estamos em fase de abdicar da ficção.  

terça-feira, 14 de setembro de 2021

Ena, ena

Diz que ontem deixou de ser obrigatório andar na rua de máscara, mas eu cá tenho uma coisa em comum com os negacionistas, a saber, ninguém manda em mim. Deumalibre, além da delta já anda aí a mu, qualquer dia chega a época das constipações e gripes, deixa estar que estou bem. Além de que me favorece imenso: os óculos escuros já me tapavam metade da cara, agora posso dizer que sou a cinquentona mailinda de sempre que não há provas que refutem. 

Entretanto diz que abriu a estação de Arroios, e já vi na net todas as piadas possíveis sobre o tema. Até o Metro mostrou um nico de sentido de humor e passa nos painéis luminosos a mensagem "este comboio já pára em Arroios". Sim senhora, já há relatos que atestam que é verdade, mas outra coisa que tenho em comum com os negacionistas: só acredito fazendo a minha pesquisa.

Também parece que acabou o teletrabalho, e nota-se (muito) no trânsito. Outra oportunidade perdida para diminuir emissões, aumentar a qualidade de vida de inúmeros trabalhadores, reduzir despesas de transporte e alimentação. E eu, que comecei por detestar, acabei por abraçar algumas das vantagens; quando posso (pena é que posso pouco), continuo a trabalhar em casa. Olha, tenho outra coisa em comum com os negacionistas: ninguém diz o que eu faço.

De resto, nada. de. relevante.

Não fomos à Feira do Livro porque não preciso de mais papel por ler lá em casa (inclui os teus panfletos, Medina, pára, ok, não voto em ti), e ninguém me oferece um T5 forrado a estantes. E com jardim, já que estou a pedir. 

Queríamos muito ir ver o Dune ao cinema, porque ecrã gigante, mas se estreia na disner vemos em casa, porque pessoas.  

Vimos o Tenet e a-do-rei. Na altura que estreou vi imensas críticas negativas, que era pura megalomania, a armar aos cucos, impossível e irrealista, não fazia sentido. Sim, porque na vida real há imensa coisa a fazer sentido, actualmente; por onde começo, pela retirada dos 'maricanos do Afeganistão?, pela lei do aborto aprovada no Texas?, pelo facto de me mate estar a mandar cv há oito meses, até para ofertas abaixo das suas qualificações, e nem para uma entrevista o chamarem? É. E claro que é irrealista e impossível: chama-se ficção. A boa, reconfortante, alegre ficção. Se eu consigo escrever um texto coerente a explicar a história? Népia, mas desafio qualquer pessoa a explicar com clareza o Inception, o Interstellar, vá, o 2001 (todos bem bons, já agora) ou, se estiverem mesmo a sentir-se corajosos, a linha ideológica e pensamento político do Nuno Graciano.

E pronto. Vinha aqui só abrir uma nesguinha de uma janela, a ver se o tasco não ganha mofo, e acabo a deixar um testamento que faz favor. Há quem diga que isto dos blogs já acabou, é muito 2005, mas ainda é onde gosto de estar. O twitter (pelo menos o tuga) é um esgoto a céu aberto; o instagram uma novela de época, só guarda roupa, só adereços; o facebook é só intervalos para anúncios, e já não tenho idade para entrar no tik tok (nem faço questão). Aqui é ainda gosto de estar, embora a melhor vizinhança tenha emigrado. 

Há dias em que me vai faltando a palavra, ou a vontade de lhe dar corpo; há dias (muitos) em que não sei o que é e para que serve isto; há dias assim, dias de alma vaga; há dias assim assim, em que julgo que me encontro e me defino um bocadinho entre o que quero, me apetece e afinal consigo escrever. Há dias, pronto. Mas cá estamos vamos estando.

segunda-feira, 30 de agosto de 2021

terça-feira, 10 de agosto de 2021

Silly season

Quase no topo da rua Angelina Vidal há uma lavandaria que se chama "Soap Opera", e cujo nome já entrou para o primeiro lugar do (meu) top de nomes de estabelecimentos, modalidade lavandarias, destronando a "Cotton Club" (rua Andrade) para um honroso segundo lugar.

[o facto de a modalidade "lavandarias" (ainda) só ter estas duas entradas não interessa nada]

Já no top generalista, está no segundo lugar, atrás da "Boutique dos Parafusos" (rua Morais Soares) que é, como o nome não deixa enganar, uma loja de quinquilharia. Melhor nome de sempre para uma loja. Até agora [região Lisboa, que me lembrei agora da loja do chinês "Glamour Contagiante" em Beja e caneco, pá, bolas].

[e sim, faço tops de nomes de lojas, como também tenho o meu completíssimo top de lojas do chinês, Leroy Merlin, ou Lidl; um dia dedico-me a publicar resenhas fundamentadíssimas e ilustradas, e não me fico por menos que uma publicação Taschen, ó]


  

segunda-feira, 12 de julho de 2021

Pica #2: check

E, mais uma vez, foi chegar, dar o nome, entrar, e demais trâmites. Uns quarenta minutos, contando com o recobro. Na semana que passou diz que ia havendo motins, no meu centro de vacinação, derivado das filas e horas de espera, mas ao menos nisto tenho sorte (euromilhões, é que nem vê-lo).

Pronto, feito. Agora os senhores da moderna já inventavam uma coisa que batesse menos, desta vez foi coisa de duas horas e já estava toda partida, que não me tinha nas pernas, e cheia de dores de cabeça. Vejam lá isso, que parece que para o ano temos pica#3.  

quinta-feira, 8 de julho de 2021

The big five'oh

Há exactamente dez dias que ando a fazer a rodagem dos 50 - cinquenta -50 anos e, há que dizê-lo com frontalidade (referência que só gente da minha idade entende), que é um desapontamento, uma desilusão.

Em primeiro lugar, ainda não me ofereceram a reforma, quando é evidente que estou em excelentes condições para a aproveitar. Um desperdício! Querem que me reforme quando, aos setenta?, quando estiver saturada da vida em geral e da minha em particular? Fazer assim: reformo-me já, quando ainda tenho saúde, vontade (e pernas) para dar uns belos passeios, e prometo que volto aos setenta, vale? Aí até se junta o útil ao agradável, que assim com'assim passo dos dias sentada, a ouvir conversas de bélho caduco, e a resolver problemas de bélho exigente, chatinho, refilão, e cheio de razão.

Segundos, não, não noto diferença nenhuma. Parece que esta é pergunta obrigatória ao aniversariante da quinquagésima década. Nopes, tudo igual. Não é da idade, eu já não tinha paciência antes. Idem para as dores de costas, stress crónico, cabelo branco, ocasional vontade de bater em toda a gente ou praguejar violenta e audivelmente. 

Terceiro, preciso de mais férias. Mas sempre precisei. Sou uma pessoa especial, com necessidades especiais: mais férias, maior quota de chocolate (diz que o cacau vai acabar em 20 anos, tenho de me precaver). 

Quarto, nada. Tá-se. 

Mais uma vez: é tudo igual. Mas podia não ser, ver ponto primeiro. Era um jeitão que me faziam.  

sexta-feira, 2 de julho de 2021

Vou deixar isto aqui

 porque é absolutamente magnífico: uma música maravilhosa de George Harrison, o filho que é a cara do pai, dois soberbos músicos que já foram levados nas asas do maldito fentanyl, e um deles - Prince, caneco - a dar um show de estilo, virtuosidade, e de pura, intensa, potente alegria de fazer música.  


 


 Já agora, não esquecendo:



domingo, 27 de junho de 2021

O que eu queria era um taco de baseball e carta branca para o usar

Fartinha, fartinha, ó, de ver nas redes (sociais) piadolas sobre os pobres lisboetas, buhuhu, coitadinhos, a queixar-se que não podem sair da área metropolitana (AML) ao fim de semaninha, buhuhuuuu. Muitas delas, note-se, a escorrer aquela satisfaçãozinha tão tuga de "toma!". Ou, em termos mais intelequetuais, peçoas a instruir-nos, do alto da sua pesporrência, que uma pessoa queixar-se de não poder sair da AML ao fim de semana é o supra sumo do privilégio. 'tão não é?, claro que é, afinal até um mafrense pode ir a Setúbal almoçar choco frito, que bando de piegas.

Só que. Só que. (suspiro)

Imaginem que são uma pessoa que, pelo menos há ano e meio, não faz outra coisa que não preocupar-se (porque sempre achou que a situação não era para brincadeiras), informar-se (junto de fontes credíveis, i.e., entidades de saúde pública, artigos de cientistas, médicos e pessoal de saúde), e seguir todas, mas mesmo todas as regras que foram sendo ditadas, a bem da sua e da saúde pública, e sem discussão porque em situações de crise aguda não se contam feijões. Imaginem que são uma pessoa que há ano e meio só contacta de perto e sem máscara (mas em ambiente arejado e com alguma distância) com uma bolha familiar, e com colegas de trabalho (com máscara e uma distância de dois metros). Imaginem que são uma pessoa que usa e abusa de álcool gel, lava mãos, não se aproxima de pessoas, nunca sai sem máscara e só a tira quando chega a casa, respeita lotações, lock downs, proibições de deslocação, teletrabalho, tudo escrupulosamente. Imaginem que são uma pessoa que nunca duvidou e até ansiou pela vacina, e que, ainda que vacinada, vai continuar a respeitar normas de higiene, uso de máscara e distanciamento social. Imaginem que essa pessoa  esperou pacientemente por um fim de semana já com calor para, a um mês das férias, ir passar dois dias longe da pesada rotina, na casa que esteve fechada um ano e que visitou duas ou três vezes, umas horitas, em dia de semana, só para arejar e recolher e pagar as contas. Que essa pessoa contava com esses dois diazitos para adiantar uma limpeza, levar umas tralhinhas, enfim, ver e cheirar o mar, dormir um pouco mais. E, praticamente de vésoera, por uma vintena de quilómetros, e à conta do desleixo e descaso de milhares de outras pessoas, essa pessoa  volta a ficar presa em casa. Sem pespectivas de poder largar um fim de semana, pelo menos até às férias oficiais - e ainda aí, vamos lá a ver, porque começam a uma sexta feira, supostamente ao fim da tarde. Claro que essa pessoa pode ir almoçar choco frito a Setúbal, lanchar fofos a Belas ou queijadas a Sintra, mas.

Mas digo eu, pode essa pessoa, ao menos, queixar-se? Deixam? Permitem? Por favor? Obrigadinha. Ao menos que nos possamos queixar, porra. 

quarta-feira, 23 de junho de 2021

PDEM recruta ajuda do público

Aqui em casa encetei um revolucionário PDEM - Processo de Destralhamento Em Curso. Bom, em termos temporais digamos que já começou há algum tempo (a palavra chave é "processo"), e ainda se encontra em curso, o que retira um bocadinho a carga revolucionária à coisa mas, considerando que temos ambos um fortíssimo gene hoarder, é revoluconário q.b. 

O que não é revolucionário, nem social, nem prático é a questão do destino a dar à tralha. Em sacos de roupa a coisa divide-se em três categorias: roupa em bom / muito bom estado; roupa assim-assim; traparia. A última categoria vai sendo descartada nos contentores da Junta, pelo que não acumula. O problema são as restantes, que já estão a ocupar um espaço jeitoso. A roupa em bom / muito bom estado é pecado colocar naqueles contentores. São peças que foram guardadas porque um dia poderiam voltar a usar-se ou servir-me; aquelas em que nenhum dos requisitos se verifica há uns bons anos, fora. Nem sequer dá para apertar, tenho ali calças uns quatro números acima, é impraticável. As que simplesmente desgostei, pronto, deslarguei, e olhem que não é um processo fácil, derivado do tal gene. Mas há limites para o apego a coisas, e eu atingi o meu. Mentira, o limite que estoirou foi o do espaço disponível.  

Donde, o problema actual é onde, a quem dar? Pois. 

A minha primeira ideia foi deixar tudo numa loja Humana: eles aceitam donativos, vendem a preços bem acessíveis, e empregam o dinheiro em obra social. Tudo bom: pessoas com menos meios teriam acesso a roupa boa e em bom estado, e geraria dinheiro para bons fins. Sucede que, entretanto, ouvi uns zunzuns que uma betalhada muito empreendedora andava a passar a pente fino as lojas Humana, comprava barato, e depois vendia no face e insta como "vintage". Pá, não. As minhas cenas, não - e algumas delas são mesmo boas, e foram caras. Que as comprem pessoas mais desfavorecidas por 5 euros, sim senhora, mas servirem para encher bolsos a manhosos, nem pensar.

Pensei entretanto na loja social da minha freguesia, e encarreguei me mate de contactar. A loja funciona fornecendo bens, entre os quais vestuário e calçado, a pessoas carenciadas e sinalizadas. Tudo bom, portanto. Excepto na parte em que não aceitam donativos de roupa, foi essa a resposta. Pá. 'Tão, pá? 

Estou, portanto, num impasse. E com três sacalhões a ocupar espaço. Agradeço qualquer ideia.

Problema semelhante relativamente a livros. Comecei a triar e destralhar, e este processo ainda é mais doloroso que com roupa, apre. Mas há livros que nunca irei reler, ou de que não gostei, e alguém pode tirar proveito. Pensei na biblioteca da freguesia, de novo me mate encarregue de contactar. Ah, a pandemia, fechados, de momento não aceitam donativos (méne, não é preciso oferecerem-nos um café, um abraço, um beijinho, a gente deixava o saco e ponto; e não são livros velhos ou podres, são livros manuseados e em bom estado, canudo); resumindo, também não esclarecem se alguma vez aceitaram ou aceitarão donativos. Mais dois sacos a ocupar espaço.

Portanto, e apelando ao amável público que ainda frequenta blogues e este em particular: ajuda. Por favor. Bibliotecas menos comichosas. Associações que aceitem roupa. Por amor da divindade que vos guia, ajuda, por favor. Agradecida.

segunda-feira, 21 de junho de 2021

A cabeça não dá para mais

 


Pelo que andamos a dar guia de marcha, furiosamente, a esta série policial. Sim, já perdemos umas valentes horas de sono, começar o/um episódio 8 (cada temporada tem 10) à noite é um risco, porque ósdespois uma pessoa fica com comichões ao nível do suspense e precisa de avançar, e já não quer saber a que horas o despertador (ou o gatinho filho do demo, Max) nos vai acordar no dia seguinte.

É um policial muito bem escrito, com personagens que valem por si (e a dinâmica entre si), várias sub-plots (na segunda temporada até eram de mais, adiante), muita ação e bem filmada, uma banda sonora soberba (e eu que detesto - detestava? - jazz), e um sentido moral muito farrusco, que a menina destesta coisas ao nível da clivagem bons / maus.

Entretanto, e acho que é de assinalar, passei de uma suprema forreta que nem pensar em pagar mais que um canal de streaming, julgam o quê, que transpiro dinheiro?, bandidos, meliantes, traficantes de conteúdos a querer apanhar uma pessoa na droga pesada da ficção, como ilusória panaceia para o tédio da sua vida em particular e desesperança do mundo em geral, a mim não apanham nessa teia, para uma quero lá saber, viva a alienação.  

[yup, assinamos todos] 

quarta-feira, 16 de junho de 2021

Moderna mas fraquinha

 Desde segunda feira que me pergunto: se não tirei uma selfie no local / foto ao boletim com a data de primeira e segunda dose, e publicado nas redes sociais, terei mesmo sido vacinada? "Sim", responde o meu braço esquerdo, latejando de dor (que me desapareceu, assim mesmo de repente, hoje ali à roda das onze). "Sim", insiste o meu corpitxo, encalorado, cansado e moído como se tivesse levado uma tareia. "Siiiiiim", geme a minha cabeça, que parece cheia de hélio. E tomei paracetamol, que faria se. Temente pelos efeitos da segunda dose: se não morro da cura, o bitxo já não me apanha. Chatice ser florzinha de estufa, mas aliviadíssima, e sem baixar a guarda, até e mesmo depois da segunda dose. Pode ser que isto seja o fim do princípio, ou mesmo o princípio do fim (toda a gente colaborando, já lá podíamos estar, sim, no princípio do fim, mas não há como o tuga para ser pessimista ou optimista em excesso precisamente na ocasião errada).

Anyhoo, semi-vacinada. Yeah science, bitch. 

sexta-feira, 21 de maio de 2021

[ ]

 


As coisas devem estar a voltar ao tal "normal", que hoje vi e ouvi uma senhora descompor o caixa pela demora. De mão na anca, cara feia, exigia saber o que se passava e porque estava a demorar tanto, a saber, o despachar da cliente lá da frente. Que deviam abrir outra caixa, ooooohhhh, temos potencial gerente de loja, alguém ofereça o cargo à senhora. 

Já não via uma cena destas há muito tempo. Se calhar tenho andado distraída, saio pouco, ou simplesmente tenho tido sorte. Provavelmente confundi a relativa paz nas interacções com uma espécie de prevalência de bem querer e bem fazer, derivada, sei lá, da tribulação dos últimos tempos. Na qual nunca acreditei, note-se. Ainda assim, benefício da dúvida, blablablá. Mas não, não vamos sair disto melhores. Não dou um ano para andar tudo (outra vez) à compita pelo título do ser mais malcriado e desagradável.

Dito isto, e pessoalmente, já me vai faltando a pachorra para disputas. A menos que receba por isso, ou seja, a menos que seja em ambiente laboral e no estritamente necessário ao desempenho das minhas funções. As outras, vade retro. Fico só a assistir, a uma distância confortável, comendo o meu cornetto de chocolate (não aprecio pipocas). Zero disponibilidade para intervir, reivindicar, explicar, sequer apaziguar. Como se diz mais lá para cima, fodeibos, a vida já se faz curta e demasado imprevisível para me meter em salsadas.

A menos que seja uma coisa que mereça mesmo a pena. Palavra de quem já se viu assim de apanhar uma sova de um hooligan bêbado a quem fez frente, ou ser apoucada com muita soberba e acrimónia (quem me manda sair de casa de jeans, techérte e converse, tira toda a credibilidade a uma pessoa) por um casal de boomers-betos a quem dei um lamiré seguido de um francamente, que vergonha, porque estacionaram num lugar reservado. Se fosse hoje, às tantas, cornetto. De resto, passem lá à frente, não digam bom dia, se faz favor ou obrigado, a ver se me ralo. Chamem-se nomes nas redes sociais, defendam o absurdo, advoguem o maltrato ou destrato, quero lá saber, não me meto, não falo. Nem tomo iniciativa de levantar certos temas, note-se. Não tenho tempo nem vocação para me dedicar ao ensino especial de adultos, e a idade vem-me consumindo a pouca paciência de que dispunha. Donde: não, not, nope, acabou o activismo, ao menos em plataformas públicas, redes sociais em geral, e este blog em particular. 

Pode ser é que me apanhe(m) num dia mau, e aí não prometo nada.   


sexta-feira, 14 de maio de 2021

Crazy catplant lady

Anormal é ir ao Lidl enão voltar com (pelo menos) uma plantinha.

O que já é não só normal como perfeitamente previsível é eu por a linda plantinha (uma begónia wiiiinda) no local ideal e de repente ouvir um som de crunch-crunch e dar com Mad Max todo esticado a degustar a bela salada verde. 

Ainda por cima é tóxica. Sacana do bicho.

quarta-feira, 12 de maio de 2021

Coisas que aprendi com esta pandemia

- Tenho mais paciência do que pensava;

- Tenho mais capacidade de adaptação do que imaginava;

- O que não impede que haja dias que #$§%&, ó que {#@&% da minha vida;

- Não precisamos de ter hipermercados abertos ao domingo;

- E ao sábado, pelo menos de tarde, também já tenho dúvidas;

- Definitivamente, os centros comerciais não fazem falta nenhuma;

- Se calhar tenho roupa e calçado a mais;

[se calhar, hein]

- Consigo (sobre)viver sem empregada, mas não quero;

- Também consigo (sobre)viver em teletrabalho, mas não me apetece;

- Só a carne do lidl é que se safa, mas não bate a do talho da zona onde passei a ter horário para me ir aviar;

- Quem diria que a fobia a multidões um dia seria um life saving skill, hein;

- O silêncio e a quietude de em Lisboa são um luxo maravilhoso;

- As pessoas fazem muitas obras em casa, e todas envolvem a utilização de martelos pneumáticos, deve haver um concurso e ninguém me avisou.



segunda-feira, 10 de maio de 2021

E enquanto vais e vens, Izzie Messalina?

Entre ir à oficina deixar o bicho-mobile para revisão / inspecção, e voltar lá passados quinze dias porque havia uma peça que só agora chegou, comprei encomendei uma viatura automóvel. Um - novo! - veículo ligeiro de passageiros. Um mula-mobile, derivado de ser híbrido. Não que o actual não durasse mais dois, três anos, a mecânica está óptima,;mas havia *ali* uns pontinhos de chapa, nada mais que pequenos, minúsculos, quase invisíveis zonas de carroceria a precisar de intervenção (malditos pilaretes! malditos!). Ora nunca diria, mas sucede que lixar a meretriz da ferrugem que entretanto se instalou (pilareeeeeeetes!), alisar a chapinha (se vos apanho, pilaretes) e pintar à cor natural (pilaretes são filhos de satã e tenho como provar) fica para o carote, pelo que achei que saltava esse investimento, aproveitava os descontuchos + garantia + assistência que estão a dar, e deixava de contribuir para a indústria do pitróil como gente grande, vicissitudes de quem deixou de andar de metro por causa de umas costas muito fraquinhas e definitivamente avariadas. E pronto, vou ser uma cagona dos híbridos (minha rica mulinha, que até vem em cor de burro quando foge), mas não daqueles que ligam à ficha, népias, eu não tenho onde carregar; e mais maneirinho que o prius, que não tenho onde estacionar, e pronto, estou razoavelmente satisfeita com a situação, não fora já estar a arrojar com a alma pelo chão só de pensar em ter de fazer o seguro (calvário!), trocar a via verde (agonia!), e esvaziar o porta luvas, o banco de trás, a mala de um carro para o outro (isto sim, o horror, o horror). 

Quo vadis, Izzie Agripina?

Agora já a seguir, não sei; de momento, venho dali do tuíta, onde o senhorrrrr dotourrrrr - mas mesmo doutorado - em leis, líder e membro único do mais recente partido com representação parlamentar, está sentado nos bancos da assistência de um tribunal deste país, mas legenda a pic com o mimimi de que está sentado no banco dos réus. Seria de esperar que o senhorrrrr dotourrrrr em leis soubesse que essa denominação serve apenas para os tribunais criminais, e que caiu (um bocadinho) em desuso quando nos processos crime o réu se passou a denominar arguido (banco dos arguidos não soa bem, sei lá - na verdade acho que o que não soa bem é o libelo inerente a dizer-se a uma pessoa para se sentar ou que se sentou no "banco dos réus"; politicamente correcto gone wild ou presunção de inocência, você decide). 

No tribunal cível (onde ele está, e bastava ter assistido a audiências durante o estágio de advocacia para conhecer bem a disposição da sala de audiência), comercial, de família, marítimo, propriedade intelectual, não há banco dos réus, mas começo a achar que deveria passar a haver o cantinho dos idiotas.  

segunda-feira, 3 de maio de 2021

Aqui a pensar

Se, tendo eu uma segunda habitação, por acaso situada numa zona onde há muita produção agrícola em estufas com mão de obra sazonal e estrangeira, a cederia para ocupação por trabalhadores agrícolas, para fins de isolamento profilático ou mesmo por doença Covid.

Se calhar sou uma bobona de primeira, mas não vejo grande problema. Se me pagassem os consumos (água, electricidade, gás), e uma limpeza / desinfecção (pá, o vírus, né) no final, na boa. Se, para além disso, ainda me remunerassem, tanto melhor. Apenas pediria um fim de semana para retirar objectos pessoais de valor sentimental, ficaria desolada se se partissem ou estragassem, e bastaria haver crianças na equação para essa possibilidade ser real. Ah, além da exigência de que não me sobrelotassem a casa - o que, na verdade, também contrariaria a finalidade da ocupação / requisição.

Dito isto, não, não entendo a gritaria que vai por aí à conta da possível requisição de unidades isoladas de um estabelecimento hoteleiro, por acaso em estado de insolvência, ainda mais por acaso com dívidas ao Estado, quando as unidades a requisitar e ocupar são, somente, aquelas propriedade do estabelecimento, e não as propriedade de particulares.

O medo e nojinho de pessoas em situação de emergência social e de saúde (pobres, portanto) é uma coisa lamentável, desejo melhoras para essa condição. Infelizmente ainda não há vacina nem medicação, mas era uma coisa bonita, poder injectar-se empatia directamente nas jugulares.

quinta-feira, 22 de abril de 2021

Não é esquecimento, é mais que fazer (e um tiquinho de tédio, confesso)

[uma]

Mamãe já foi vacinada, e foi caladinha e obediente. Se mamãe, que é a pessoa mais teimosa que conheço, daquelas que mesmo quando provado que não tem razão continua a ter razão, consegue mudar de atitude quanto à vacina (vide uns posts aí abaixo), há alguma esperança para os palermas dos negacionistas. Estou a brincar, pá. 10% deles, vá, e isto sendo optimista. A maioria só lá vai com medicação da forte, ou mesmo colete de forças. Eu li coijas, pah, coijas nesha neti, que já nao consigo desler, pah. 

(ah, calhou-lhe a da Moderna, à marota). 

[duas]

Considerando as notícias que li, não sei se vou ser vacinada. Melhor dizendo, o período para o qual está prevista a minha vacinação está num limbo, e basta um pequeno erro de interpretação, ou de introdução de dados, e vou à vida. Explico: a partir de meados de Junho vai o pessoal dos 50 aos 59, e sucede que em meados de Junho ainda não tenho 50;  a partir de meados de Julho começam a aviar o povo entre os 40 e os 49, mas nessa altura eu já não tenho 49. Giro, giro, mas mesmo giro era agendarem a pica para o meu aniversário. Levava biscoitos para o pessoal da vacinação (juro!).

[três]

De resto, continuo em teletrabalho meia semana, outra meia lá na tasca a fazer papel (live!), ou a aturar fregueses. Esta semana calharam-me uns bem fresquinhos, estou, ó, que nem posso. Confinava-os até ao fim do ano e não se falava mais nisso. O teletrabalho, bom, continuo a não gostar. Dá muito mau ambiente à casa. E à minha vida. Aliás, o trabalho já me corta muito a vida, mas como não tenho outro meio de pagar o pão e a manteiga (justiça para o gluten!), tem de ser. E ainda me vai pagando os vícios e alguns desvarios. 

[quatro cenas sem importância nenhuma]

Nem a propósito, ontem comprei umas jardineiras, daquelas bem baggy. Numa loja de roupa em segunda mão vintage aqui perto mas onde entrei pela primeira vez (e serendipity é eu estar a usar, na ocasião, uma camisa de flanela que já existia ainda o Kurt Cobain era vivo). Têm um stock muito, muito fixe, Levi's a 25 bombocas, por exemplo, e parecem novas. Trouxémos um par cada um. Voltando à vaca fria, as jardineiras, não foram baratas mas são oshkosh, ganga muito boa, e pagava pouco menos por umas da agá e éme num paninho que nem um ano e parecia de limpar chão. Estou doida para ver a cara de mamãe quando as usar - claro que as vou usar de propósito numa visita, a minha missão de vida é causar choque e transtorno a mamãe. Ela já não anda bem desde que deixei de pintar o cabelo, e agora que estou 100% natural e, portanto, grisalha, a senhora não se conforma. Está um bocadinho mais subtil na sua abordagem ("sim, já viste como é, até nem te fica mal" - mentirosona, odeia - "mas não vais ficar assim para sempre?"), mas caramba, é uma viagem, que começou com um directo "nem penses!". Oh, those were the days. Donde, tem uma filha pré-cinquentona com peruca que não o nega e que se veste num estilo que eu quero (muito!) cunhar como o trolha-chic. Já sou uma feroz seguidora do azeiteiro-chic (t-shirt branca, camisa de homem com estampado tchanam, jean, téne: o meu look de fim de semana preferido). Espera. Espera. Isto é tudo a mesma tandance. Trolha ao fim de semana com camisisca florida, de semana com roupinha de acartar baldes de massa. Méne, ainda acabo uma influenciadora. Trolha-chic, anotem bem. Quando andar tudo o que é 'miga de camisa de flanela / terilene estampada, calça jean coçada, téne / doc's, lembrem-se, fui eu. Ou foi um revival dos anos 90, pronto.


terça-feira, 6 de abril de 2021

De volta ao (meu) normal

 Primeiro dia de trabalho desconfinado, presencial, portanto (há situações em que tem mesmo de ser); excitex já na véspera, eheheheheh, sair de casa, ihihihih, estar com 'ssoas, ohohohoh, contactar com 'ssoas, ahahahahah, trabalhar normalmente. Roupinha bonita escolhida (tenho pelo menos dois terços do guarda roupa em stand by, já vai para um ano, há que aproveitar para arejar os trapos), cara arranjadinha, yay, horário a cumprir, iupi, fazer cenas e falar com gente, hurra! 

Nem são onze e meia e já estou em estado de "kill me now", "odeio 'ssoas" e "qué i pa caja".

Desconfinei, física e mentalmente. É oficial.

quarta-feira, 31 de março de 2021

Então cá estamos

 


Na sexta feira, ali à roda das sete e tal, acabei o que tinha ainda pendurado, fechei o computador e entrei oficialmente de férias. Hurra, uma semananinha para por em ordem coisinhas cá da minha vida, fazer arrumações há muito adiadas, desforrar-me na leitura, yay! Donde, sábado crashei e passei o dia numa espécie de nevoeiro mental e papa corporal, deitadinha no sofá, deitadinha na cama, aiaiai que estou tan cansada. Domingo arrebitei um bocadinho, até porque tinha de sair de casa (é o dia de lanche semanal com mamãe, mano e sobrinhos, é a minha bolha, constante e arduamente mantida desde o início desta maluqueira, fuck you proibição de atravessar concelhos, é tudo área metropolitana e nós, lisboetas, não somos grande coisa nisso dos limites de concelhos, mais faltava não poder ir ao leroy que me dá mais jeito, culpa tenho eu que o tenham aberto ali ao lado); segunda não me lembro de todo o que fiz (além de irmos tratar de umas papeladas), mas ontem, pá, ontem é que foi. Calcei os crocs, calças velhas e sweat, luvas, e vai de esvaziar o compostor, à pázada, para o preparar para novo ciclo de compostagem. Entrementes, espalhar o composto pelos vasos e árvore, retirando, antes, as pedras decorativas que a rodeiam (e estavam a enterrar-se). Desfiz / separei em peças um banco de madeira que estava podre e em inteiro pesava horrores; preparei a tralhinha toda para pormos na rua à hora que a Câmara mandou e antes de chegarem os senhores da camioneta dos monos. Tirámos os dois móveis do corredor, enrolámos o tapete / passadeira, levámos tudo para baixo, e provavelmente eram as serotoninas e dopaminas a falar, mas eu estava, ó, com os músculos todos aos berros, mas eu-fó-ri-ca, já a planear o trabalhinho de jardinagem e arranjo do pátio que ia continuar hoje.


No can do. 

Como seria de esperar - e eu não queria acreditar - acordei toda empenada das cruzes, com uma moinha na cervical, e o ombro direito fechado para obras. Daqui a pouco talvez faça uma tarefa apropriada à minha vetusta idade e pobre condição física, como trocar plantas de vasos, se isso não implicar carregar peso, andar escada acima e abaixo, baixar-me, estar de cócoras, enfim, acho que vou tratar daquela cena da leitura. Se não adormecer. Caraças, tenho tanto soninho.


quarta-feira, 17 de março de 2021

Novidades? Não temos.

Senhora minha progenitora já anunciou que não quer e se recusa a tomar a vacina da astra zeneca, pretende a da pfizer. A minha reação foi entusiástica: eu vou contigo, digo logo que é uma pena estragar-se, e podem dá-la aqui a moi. Mano teve uma reacção mais severa (e adulta, vá): que isto não é assim que funciona, toma-se o que houver e acabou, e qual o problema com a az, os casos de coágulos são ínfimos e não está provado nexo de causalidade. Para não dar (totalmente) o ar de tolinha da família fui fazendo que sim com a cabeça, sublinhando o bom senso fraterno. Mas voltei a frisar que se ela não quer, mais fica, oras, e como filha primogénita me ofereço para herdar. Caneco, eu cá aceito o que me quiserem injectar, até a sputnik, qué lá saber; se só por si a vacina já diminui, comprovadamente, o risco de doença grave, hospitalização e morte, venha a pica. E fala daqui a caguinchas maior de picas. Mas mamãe insiste porque, ainda que tenha sobrevivido aos efeitos secundários das pílulas de primeira geração (coágulos, risco de coágulos for everybody!) parece que teve um desmaio que a médica lhe diagnosticou como um mini-avc, e coise. Quem nunca, pá. Eu sofro de mini a médios avc às dezenas, só por semana. A sério, sofro de tonturas frequentes, com sensação de corrente eléctrica a passar no cérebro, sempre atribuí ós nervos, fazem engarrafamento nas sinapses e de vez em quando chocam, mas parece que também é uma das manifestações de mini avc. 'Tá bem. Eu quero é a vacina, bácina, toda a gente vacinada. Juro, se no primeiro confinamento até levei bem a coisa, neste estou à beira de me tornar a maluquinha da freguesia. Apetece-me sair pela rua a correr, de bracinhos abertos, e a gritar iupis, e até voltar ao trabalho como ele era ali em Setembro de 2019. Depois cai a pequena réstea de sensatez que me resta, e nã, afinal estou bem em casa (não estou), não preciso mesmo de sair hoje (por acaso fazia-me bem), apesar de estar fartinha de limpar o fogão, aspirar cotão, e sentir-me numa espécie de coma mental, um nevoeiro peganhento que não levanta, se entranha até aos ossos, e me está a empenar física, emocional e intelectualmente. Já não leio, por pura anomia, já não bricolo, porque me canso só de pensar e planear. Trabalho o que posso ao ritmo de uma lesma paraplégica, e escavaco as cutículas.  E é isto.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

Para o almoço, cascas de tremoço; ao jantar, bordas de alguidar*

 Ah, que saudades, saudades. 

Do tempo em que era jovem e tinha sonhos, e a coisa mais excitante que tinha para relatar não era o ter passado a ter um novo produto de limpeza favorito (adeus cilit, olá sanytol: o de casa de banho não só desinfecta como.... tcharam... limpa o calcário! dois em um! maravilhoso, eu sei :') claro que não dispensa o gel lixívia, mas pronto, coise, estou muito feliz e isso é que importa, né, sermos felizes e assim)

Assim de repente, também tenho muitas saudades daquele tempo em que se passava um "oh, pá, que chatice, tenho de ir outra vez ao supermercado", em vez de um "de certeza que não nos falta nada e não pecisamos de ir ao supermercado?" (conta como passeio, yay).

Falando de comes e bebes, também sinto muita nostalgia dos tempos em que no congelador cabiam, sempre, e à vontadinha, umas três ou quatro cuvetes de litro de gelado. Agora (o horror!) está a abarrotar de comida-comida; e entre a carne, peixe, legumes e sopa congelada não se consegue enfiar um magnum, quanto mais. Outros tempos.

Já que menciono outros tempos, nostalgias e saudades, nota especial para a actividade absolutamente subversiva, completamente clandestina, perigosamente activista que me mate desenvolveu ontem: foi comprar um livro. Oh! Ah! E se o apanham? Apanharam? Não, nem ao dono da loja, que lhe ligou a informar que tinha chegado a encomenda, a coisa foi muito bem combinada: multibanco da Caixa, convenientemente perto mas também afastado da loja, transferência feita, saquinho não marcado a passar de mãos. Juro. Contado ninguém acredita. (a loja é a Kingpin Books, já agora, não deixem de visitar quando esta loucura terminar - ou abrandar, que já não acredito em nada -, e depois podem ir lanchar um bolinho à Docel, hashtag naodeixemacabaromeucomerciofavorito, coração com os dedos).

(*a resposta da minha avó e mãe à catraia que lhes perguntava o que seria o repasto. linguas de perguntadeira também calhava muito)

(entretanto a pilha do rato faleceu, já tenho só uma nova, preciso de ir ao supermercado, yay!)

  

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

Cabin Fever

Já muito se escreveu sobre o drama do teletrabalho com filhos em casa.

Fica por relatar (me aguardem) a tragédia do teletrabalho com os filhos dos outros em casa. 

Não apoia, não incentiva, não celebra as pequenas vitórias

 Uma pessoa vai ao lidl (a um domingo, e bem cedinho), volta de lá es-tri-ta-men-te com aquilo que era necessário ir lá buscar, não traz uma oportunidade da semana, não afinfa uma ferramente, não aproveita para dar lar a (mais) uma plantinha, e ele? Faz uma festa? Dá-nos os parabéns? Nota, sequer? 

Nadinha. Um bruto insensível. Um monstro totalmente desprovido de empatia. Um dia destes vou ao horto e ele vai ver. Ahahahahah. Vai ver.


[as ferramentas eram todas auto, e a única plantinha com um ar sim senhora já tenho, mas não interessa, é o princípio da coisa]

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Passeio higiénico, educativo, e de encher as vistinhas

 Quando vim morar para estas bandas havia quem dissesse que ah, não sei quê, essa zona não é um bocadito má, e isto era as 'ssoas a tentar ser educadas, o que elas estavam a dizer é essa zona é má. Algumas eram mais directas, iam logo ao assunto, isso não é perto da sopa dos pobres; e eu que sim, é. A quem dizia isto se calhar fazia falta passar lá em frente, de vez em quando, e ver o tamanho da fila logo ali às onze e picos. Também lhes faria bem ver como vive parte da nossa população, sim, estou a falar especificamente da sem abrigo que, ou muito me engano, ou está a aumentar outra vez (aumentou muito na altura da troika). É educativo, e reforça ou ao menos exercita o músculo da empatia. Quero eu crer. Ah, não me digas que tu és daquelas vermelhuscas que acham que lhes devíamos dar casa e comida de borla, e nós a pagar. Pronto, então não digo. Envergonha-me profundamente saber que há quem viva na rua e passe fome. 

Adiante.

Voltando à zona: isto aqui pelos Anjos, Arroios e zona baixa da Penha é espectacular. Primeiro, porque em 2003 ainda se conseguia (eu consegui, pelo menos) comprar casa. Até há pouco tempo também se conseguia arrendar, pelo que é uma zona que tem GENTE. Pessoas a sério, normais, de todas as idades: velhos a passarinhar e atravancar passeios e filas de supermercado; crianças de mochila a ir para a escola; tudo o resto pelo meio a ir para escola, universidade, trabalho. Gente de vários estilos, proveniências (parece que em Arroios vivem pessoas de 70 nacionalidades), muitas caras diferentes, e isso é que faz um bairro, que digo eu, uma cidade. Gosto disso. E comércio tradicional, de pessoas, para pessoas. Vieram os turistas e a loucura do imobiliário, e a coisa desmoronou-se um pedaço, mas tenho esperança que se mantenha. Por agora, voltámos à normalidade de bairro, embora com menos circulação. Certo, fizeram um condomínio de luxo ali no topo da Angelina Vidal, onde um T2 vale a pechincha de seiscentos mil e coiso, mas depois veio o PCP e pintou um mural no paredão que dá para a rua, e isso fez-me rir. Sim senhora, dito condomínio está quase todo vendido, às tantas a troco de muito visto gold, mas foi carimbadinho com exigências de justiça social. Loooove.

Bom, e é por esta zona má que fazemos os nossos passeios higénicos. Há quem prefira centros comerciais ouo ikea, mas digam lá se no monstro sueco (sem desprimor, hein, também sou freguesa e fã) encontram as verdadeiras pérolas da decoração de interiores que ainda sobrevivem na Almirante Reis:



Roam-se.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

Hoje almoçamos douradinhos

 (mas com talher de peixe, que não somos uns selvagens)

Isto da alimentação saudável é muito giro, na teoria, mas os brócolos ( outras cenas verdes) não nascem nos cantos (a menos que se trate de bolores e aí, yeww), ficam amarelos com uma rapidez incrível, e nesta altura do ano a fruta não é por aí além variada ou apelativa. Acresce que uma pessoa tem de trabalhar e ainda limpar a casa toda antes de almoço, que já não dá para ignorar o estado de la-men-tá-vel acumulação de cotão e pó (daqui a nada ganha vida e depois temos um filme de terror cá em casa, fazemos a abertura noticiosa da cmtv, descoberta macabra: casal devorado por monstros de cotão. não queremos isso, não. 

Entretanto irritei-me (ainda mais), eu que até sou pessoa que anda a evitar irritar-se, derivado de já ser muito doente dos nervos e não precisar de estímulos extra, quando ontem vi no telejornal imagens de pessoas alegremente passeando (isso ainda vá) e abancadas em jardins (é proibido, caraças, proibido). Já vamos no décimo segundo mês disto e basta um raiozinho de sol para se mandar às urtigas todo o sacrifício que já levamos às costas, e com resultados evidentes; pô, ontem fomos desentorpecer as pernas de e até ao atm e ainda há gente que anda alegremente sem máscara, como se vivessem sozinhos no mundo, os psicopatas. Qualquer dia faz anos que se ia bater palminhas à janela aos médicos, enfermeiros e pessoal hospitalar; agora são mais os piretes e comentários abjectos (eu sei, eu sei, tenho de deixar de abrir caixas de comentários de notícias) de eles não querem é trabalhar, é para isso que lhes pagamos e por aí fora, já nem mencionando os chalupas pela verdade lá deles, que garantem que isto é tudo um grande embuste, os hospitais estão às moscas e os médicos e enfermeiros cantando e bailando. É como diz aquele chiste muito antigo (eu sou uma pessoa antiga, ainda me lembro do metro parar em em Arroios, vejam lá), se a estupidez pagasse imposto andavas todo carimbado e, acrescento eu, a avaliar pela parvoeira que por aí anda, não precisávamos de bazuca europeia que tínhamos os cofres cheios.

Haja paciência.  Hoje estou muito precisadinha.


quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

Então isto hoje são quantos de quando?

 Entrados em pleno no mês doze do ano da peste, agora sim, estou a perder a noção do tempo. Nota: hoje é quarta [iep, achei que era quarta, mas fui conferir] quinta feira, onze de Fevereiro. Um grande bem haja ao telemóvel, que cada vez que o abro mo confirma.

Mas piretes para o mau, foco no bom. Não que tenha ânsias de me tornar uma pessoa mega-hipé-positiva, a espalhar, com minhas palavras, luz por todos os recantos escuros da existência, mas porque hoje preciso. Dói-me a cabeça (outra vez), não consigo dormir oito horinhas seguidas porque acordo ainda de nôte com preocupações que não lembram a ninguém, estou fartinha do teletrabalho em especial, e do trabalho (no qual incluo a lida doméstica, é trabalho) em geral.

Vamos a isso? 

Vamos.

Um: a lego vende online e a entrega não é feita pelos CTT (graçádeuz, né, que o ikea já despachou a minha dia nove, com previsão de chegada dia 10, e os CTT ainda nem sequer me mandaram o tracing da encomenda. os livros técnicos que a almedina despachou hoje devem chegar pela Páscoa, presumo). Temos até a hipótese de ir levantar em pontos de recolha (tenho um bem perto), funciona lindamente. Ah, e tu tens tempo para fazer legos? Arranjamos, ora. O lego faz parte do nosso zen conjugal. Há meia hora, monta-se mais um andar da casa da Rua Sésamo.

Dois: filmes e séries. Coros de anjos. Caraças, não fosse a tubisão e já tínhamos enlouquecido. Como tenho uma memória de peixinho, em 2020 comecei a apontar todas as séries e filmes que abatemos e, eia, de facto temos muito tempo livre. Ou ocupamo-lo bem. Os melhores filmes que vi em 2020? Parasite (top, top, top, tão bom, tão bem feito, tão marxista, tão doloroso); Jojo Rabbit (chorámos ambos); A Laranja Mecânica (um filme com a minha idade e que - choque! -nunca tinha visto; ó pá, que caneco); A Queda (também ainda não tinha visto - vergonha!); A Favorita (amor eterno por Olivia Colman), e Tropa de Elite. Diverti-me muito com Birds of Prey, mas apanhei um secão (e dormitei) com The Avengers. Apanhei o cagação mais longo e intenso - aquilo é um suspense de cortar à faca, e quando se pensa, nã, não vai piorar, piora - com Midsommar; e deleitámo-nos com terror / suspense old school de Carpenter (The Thing, um prodígio de feitos pré CGI; The Fog, que deve ter custado uma merreca mas é bem bom; e é sempre bom revisitar Escape from New York). Da produção nacional, fiquei agradavelmente surpreendida com Variações (já agora, aquele dos Queen e do Freddy Mercury é uma joça, mas o Rocketman achei um musical muito bem conseguido); e muito, muito agradavelmente surpreendida com A Herdade.

Foi um total de 55 filmes, se não me falhou tomar nota de algum. 

De séries, começámos 2020 a despedir de Buffy (muito, muito fixe, e envelheceu muito bem); a degustar Good Omens (pá, é um doce muito especial e que apreciei deveras, espero que Sandman seja adaptado com tanto amor como este); e seguimos a alta velocidade com Narcos, After Life (pô, tão bom), e passámos uns bons meses na refeição gourmet que é The Americans. Que. Série. Do. Caraças. Espreitámos e ficámos fãs de Cobra Kai (terceira temporada já devidamente digerida, em 2021); e claro, euzinha, sozinha, que sou uma pessoa de gosto, adorei The Good Place e The Crown. Des (correide todos à HBO e vede, vede) já no fim do ano, seguido de The Handmaid's Tale (foram todas as disponíveis, e uma pessoa pensa ah, já li o livro, que terão estes a acrescentar, e vai na volta e têm, apesar de no início da terceira temporada bater aquela dúvida sobre se vale a pena ir à quarta, provavelmente vamos, we ain't no quiters).

No total, 15 séries. Definitivamente, temos muito tempo livre (noites e fim de semana, c'a gente trabalha com'ás outras'ssoas). Ou aproveitamo-lo mesmo bem.

2021 é que está a começar fraquinho: só dois filmes e três séries? Hum. Se bem que His Dark Materials (HBO) vale por cem, pá. O elenco é, ó do caracing, e a Ruth Wilson é a melhor vilã de sempre, sempre, sempre. Maravilhosa. De uma forma (subtilmente) aterradora, claro. Me mate é superfã dos livros, pelo que estava muito apreensivo; acabou tirando o chapéu, o que é, para ele, um grande elogio. Ansiamos pela terceira e última temporada, mas ansiamos a um nível de grande ânsia. Digo já que foi a primeira série de fantasia que me pôs a uivar de dor e revolta (literalmente: cheguem ao último da primeira temporada e depois falamos. e voltamos a falar no último da segunda. olaré. quem não chorar tem uma pedra de calçada no lugar do coração), mas também a bater palminhas e a ter reações completamente futebolísticas (I know, I know, despicable me) de Aaaaahhhh!, 'Bora, c@ra; Pá, este gajo/a, matem-me este/a gajo/a.  

E hoje fico por aqui. Até porque o Três: livros, não tem tido grande andamento. Surpreendente, eu sei; mas passo o dia ao computas a ler inanidades, a cabeça não chega para tudo. 

terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Namasté, ou o caraças

Se já andei a "passear" em sites de venda de produtos de cabeleireiro, a pesquisar tesouras de corte e de desbaste? Sim. Se desisti a tempo? Felizmente, também sim.

Muita forcinha zen para esta lucidez me durar até à Páscoa, muita mesmo.


[cabelo fino + abundante+ pesado + extra liso + tesourada amadora = esfregona cruzada com porco espinho, só remediável a máquina zero. este é o mantra a recordar.] 

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

[ a emissão segue dentro de momentos ]

 



[a norma das sequelas - salvo raras e honrosas excepções - é esta, não havia razões para que "Confinamento 2 - A Vingança de Corona" fosse melhor que o original. níveis de ansiedade, cansaço, cagufa, desalento a bater recordes. chatice, pá. me no like. 

felizmente já ninguém anda com aquela positividade tóxica do "vai acabar tudo bem", "isto vai-nos tornar melhores pessoas", porque a) até acabar, não me doa a cabeça - a sério, não me doa; b) vai acabar bem o caralhinho, há quem já esteja acabado ainda a procissão vai no adro; c) quanto à natureza humana, bom, não tenho vontade de filosofar, é o que é. 

há bocado fomos à rua, porque era preciso aviar uma receita. aproveitámos para um passeozito, a desenjoar, eu, dos meus trajectos casa - garagem - viatura - trabalho - inverso, e ele de ir ao pão e pouco mais. não contei, porque os nervos me estavam a incapacitar um bocadito, mas tivesse dado uma paulada a cada pessoa sem máscara, e ia passar uma boa temporada na cadeia.

enfim, é o que é. muita paciência, juizinho, e caaaalma. que se foda a calma, ó. chocolate. quero. mais. preciso. mais. chocolate. nunca fiquei tão contente por estar quase a ser "dia de supermercado"]   

sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Calhou cocó

 


Aceitam-se apostas, ou meros palpites, sobre:

- Quando é que o Trampas vaga a casa alva, e se sai pelo seu pé ou ao colinho / arrastado / à mangueirada;

- Novo confinamento: sim ou não; se sim, quando e por quanto tempo;

- Quantos xanax a mais se aviaram neste país à conta dos debates presidenciais;

- Três dias a voltaren serão suficientes para repor as minhas costas num estado minimanente funcional (já não peço mais) (sim, escangalhei-me logo no segundo dia de trabalho aqui na arca frigorífica);

- O valor do acerto que a EDP me vai mandar ali para Fevereiro, Março.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

Ready to start

Toda eu sou contrariedade e amuanço, neste recomeço de hostilidades laborais; pareço os catraios no regresso à escola. E frio, muito frio: os pés parecem blocos de gelo e não há meio de os aquecer; estou encostadinha ao radiador (o que é uma maravilha para gargantas sensíveis, valha-me são brufen), vou-me mexendo como posso, mas nada resulta. O termómetro do carro acusava mais de dez graus, mas parecem-me metade disso, as minhas extremidades concordam. Tanta coisa para calhar ser, havia de me sair na rifa friorenta. E facilmente entediada.