quinta-feira, 22 de abril de 2021

Não é esquecimento, é mais que fazer (e um tiquinho de tédio, confesso)

[uma]

Mamãe já foi vacinada, e foi caladinha e obediente. Se mamãe, que é a pessoa mais teimosa que conheço, daquelas que mesmo quando provado que não tem razão continua a ter razão, consegue mudar de atitude quanto à vacina (vide uns posts aí abaixo), há alguma esperança para os palermas dos negacionistas. Estou a brincar, pá. 10% deles, vá, e isto sendo optimista. A maioria só lá vai com medicação da forte, ou mesmo colete de forças. Eu li coijas, pah, coijas nesha neti, que já nao consigo desler, pah. 

(ah, calhou-lhe a da Moderna, à marota). 

[duas]

Considerando as notícias que li, não sei se vou ser vacinada. Melhor dizendo, o período para o qual está prevista a minha vacinação está num limbo, e basta um pequeno erro de interpretação, ou de introdução de dados, e vou à vida. Explico: a partir de meados de Junho vai o pessoal dos 50 aos 59, e sucede que em meados de Junho ainda não tenho 50;  a partir de meados de Julho começam a aviar o povo entre os 40 e os 49, mas nessa altura eu já não tenho 49. Giro, giro, mas mesmo giro era agendarem a pica para o meu aniversário. Levava biscoitos para o pessoal da vacinação (juro!).

[três]

De resto, continuo em teletrabalho meia semana, outra meia lá na tasca a fazer papel (live!), ou a aturar fregueses. Esta semana calharam-me uns bem fresquinhos, estou, ó, que nem posso. Confinava-os até ao fim do ano e não se falava mais nisso. O teletrabalho, bom, continuo a não gostar. Dá muito mau ambiente à casa. E à minha vida. Aliás, o trabalho já me corta muito a vida, mas como não tenho outro meio de pagar o pão e a manteiga (justiça para o gluten!), tem de ser. E ainda me vai pagando os vícios e alguns desvarios. 

[quatro cenas sem importância nenhuma]

Nem a propósito, ontem comprei umas jardineiras, daquelas bem baggy. Numa loja de roupa em segunda mão vintage aqui perto mas onde entrei pela primeira vez (e serendipity é eu estar a usar, na ocasião, uma camisa de flanela que já existia ainda o Kurt Cobain era vivo). Têm um stock muito, muito fixe, Levi's a 25 bombocas, por exemplo, e parecem novas. Trouxémos um par cada um. Voltando à vaca fria, as jardineiras, não foram baratas mas são oshkosh, ganga muito boa, e pagava pouco menos por umas da agá e éme num paninho que nem um ano e parecia de limpar chão. Estou doida para ver a cara de mamãe quando as usar - claro que as vou usar de propósito numa visita, a minha missão de vida é causar choque e transtorno a mamãe. Ela já não anda bem desde que deixei de pintar o cabelo, e agora que estou 100% natural e, portanto, grisalha, a senhora não se conforma. Está um bocadinho mais subtil na sua abordagem ("sim, já viste como é, até nem te fica mal" - mentirosona, odeia - "mas não vais ficar assim para sempre?"), mas caramba, é uma viagem, que começou com um directo "nem penses!". Oh, those were the days. Donde, tem uma filha pré-cinquentona com peruca que não o nega e que se veste num estilo que eu quero (muito!) cunhar como o trolha-chic. Já sou uma feroz seguidora do azeiteiro-chic (t-shirt branca, camisa de homem com estampado tchanam, jean, téne: o meu look de fim de semana preferido). Espera. Espera. Isto é tudo a mesma tandance. Trolha ao fim de semana com camisisca florida, de semana com roupinha de acartar baldes de massa. Méne, ainda acabo uma influenciadora. Trolha-chic, anotem bem. Quando andar tudo o que é 'miga de camisa de flanela / terilene estampada, calça jean coçada, téne / doc's, lembrem-se, fui eu. Ou foi um revival dos anos 90, pronto.


10 comentários:

  1. ADORO jardineiras^^ Que loja é essa?
    (estás toda grisalha? Acho bem giro, principalmente se homogéneo :) Eu estou na fase tufos :/)

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    1. Também gosto, mas nunca tinha tido coragem. A loja é na Rua Maria Andrade, já perto da Almirante Reis, e chama-se Retro City. Recebem coisas dos States, muitas das jardineiras eram da marca dikies. Nem consegui ver tudo...

      Já estou muito grisalha, sim. Tipo meio-meio. Depois do confinamento arranjei coragem para cortar bastante, e consegui livrar-me de quase todas as pontas pintadas, só tenho uns restos, muito poucos. Pá, é uma libertação. O processo custa, mas faz-se ;) e só me arrependo de não ter começado há mais tempo, mas estes tempos de "recolhimento" acabaram por ser ideais

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  2. Ah... deixaste de pintar! Fui a primeira a dar força (acho eu), lembro me de te dizer para seguir o grupo mulheres de prata, tenho quase quase quase 46, e deixei de pintar há 6 anos

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    1. R., foste tu, sim :) Já andava farta da escravatura das tintas, além de que me davam cabo do couro cabeludo (a comichão!). Pintei a última vez em novembro de 2019, com umas nuances mais claras, já apensar numa transição. Chegou o confinamento em 2020, na altura em que deveria retocar as raízes, e deixei estar. Quando reabriram os cabeleireiros fiz mais umas nuances, e depois disso limitei-me air cortando e ter muita paciência. Cheguei a usar um tonalizador em louro para atenuar a diferença, mas agora nem disso preciso. Fiz um corte grande em final de março, e agora é deixar estar.
      O meu objectivo era comemorar os 50 ao natural, e vou conseguir :)
      Obrigada pela força ;)

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  3. Ahahahahahahah o que me ri, "a minha missão de vida é causar choque e transtorno a mamãe" <3

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    1. Red, alguém tem que ser o looney bin da família e eu, heróica e estoicamente, avancei :')
      Mano é o bonnus pater familias, há que haver um contraponto. Tia maluca (dos gatos, da BD, dos filmes e séries, dos livros, dos ténis coloridos) é o meu posto ;)

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  4. Deixei de usar jardineiras no dia em que uma senhora na fila da caixa do Pingo Doce me mandou passar à frente dela. E não, eu não estava grávida.

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    1. Libertações que a idade traz: don't care. Além de com o cabelo grisalho, duvido que me confundam com uma grávida :P

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  5. aguardarei devidamente a chegada dos cabelos brancos para poder fazer longas tranças como o Willie Nelson e usar jardineiras

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