quarta-feira, 23 de junho de 2021

PDEM recruta ajuda do público

Aqui em casa encetei um revolucionário PDEM - Processo de Destralhamento Em Curso. Bom, em termos temporais digamos que já começou há algum tempo (a palavra chave é "processo"), e ainda se encontra em curso, o que retira um bocadinho a carga revolucionária à coisa mas, considerando que temos ambos um fortíssimo gene hoarder, é revoluconário q.b. 

O que não é revolucionário, nem social, nem prático é a questão do destino a dar à tralha. Em sacos de roupa a coisa divide-se em três categorias: roupa em bom / muito bom estado; roupa assim-assim; traparia. A última categoria vai sendo descartada nos contentores da Junta, pelo que não acumula. O problema são as restantes, que já estão a ocupar um espaço jeitoso. A roupa em bom / muito bom estado é pecado colocar naqueles contentores. São peças que foram guardadas porque um dia poderiam voltar a usar-se ou servir-me; aquelas em que nenhum dos requisitos se verifica há uns bons anos, fora. Nem sequer dá para apertar, tenho ali calças uns quatro números acima, é impraticável. As que simplesmente desgostei, pronto, deslarguei, e olhem que não é um processo fácil, derivado do tal gene. Mas há limites para o apego a coisas, e eu atingi o meu. Mentira, o limite que estoirou foi o do espaço disponível.  

Donde, o problema actual é onde, a quem dar? Pois. 

A minha primeira ideia foi deixar tudo numa loja Humana: eles aceitam donativos, vendem a preços bem acessíveis, e empregam o dinheiro em obra social. Tudo bom: pessoas com menos meios teriam acesso a roupa boa e em bom estado, e geraria dinheiro para bons fins. Sucede que, entretanto, ouvi uns zunzuns que uma betalhada muito empreendedora andava a passar a pente fino as lojas Humana, comprava barato, e depois vendia no face e insta como "vintage". Pá, não. As minhas cenas, não - e algumas delas são mesmo boas, e foram caras. Que as comprem pessoas mais desfavorecidas por 5 euros, sim senhora, mas servirem para encher bolsos a manhosos, nem pensar.

Pensei entretanto na loja social da minha freguesia, e encarreguei me mate de contactar. A loja funciona fornecendo bens, entre os quais vestuário e calçado, a pessoas carenciadas e sinalizadas. Tudo bom, portanto. Excepto na parte em que não aceitam donativos de roupa, foi essa a resposta. Pá. 'Tão, pá? 

Estou, portanto, num impasse. E com três sacalhões a ocupar espaço. Agradeço qualquer ideia.

Problema semelhante relativamente a livros. Comecei a triar e destralhar, e este processo ainda é mais doloroso que com roupa, apre. Mas há livros que nunca irei reler, ou de que não gostei, e alguém pode tirar proveito. Pensei na biblioteca da freguesia, de novo me mate encarregue de contactar. Ah, a pandemia, fechados, de momento não aceitam donativos (méne, não é preciso oferecerem-nos um café, um abraço, um beijinho, a gente deixava o saco e ponto; e não são livros velhos ou podres, são livros manuseados e em bom estado, canudo); resumindo, também não esclarecem se alguma vez aceitaram ou aceitarão donativos. Mais dois sacos a ocupar espaço.

Portanto, e apelando ao amável público que ainda frequenta blogues e este em particular: ajuda. Por favor. Bibliotecas menos comichosas. Associações que aceitem roupa. Por amor da divindade que vos guia, ajuda, por favor. Agradecida.

15 comentários:

  1. Para os livros, tenta contactar um centro de dia, ou afim, a ver se aceitam. O da minha terra tem montes de livros, ok, não é uma biblioteca, são várias estantes cheias de livros, mais ou menos divididos por temas e que os utentes se podem servir.

    A roupa, se fosse aqui pelas França's dizia para fazeres um vide-grenier ou vide-garage, mas aí, olha, não sei

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    1. Aqui na minha zona não conheço centro de dia, mas é uma hipótese a googlar.
      Já a venda de garagem, era preciso que tivesse uma garagem e um espaço em frente :D

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  2. Se quiser pode fazer um give away dos livros no blog! Ou um donativo as suas fiéis inquilinas do tasco. Não que eu seja uma acumuladora de livros, nada disso 😁

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    1. Manuela, é uma boa ideia, que é, mas teria de fotografar os livros e tal. Agora não consigo, que até ir de férias estou afundadinha em trabalho...

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  3. Olá! Eu julgo (mas não juro) que a D. Ajuda, uma loja social que funciona no Mercado do Rato aceita roupa e livros, basicamente vendem de tudo e as receitas revertem inteiramente para ajudar pessoas carenciadas, certos bens eles também dão directamnete a quem precisa (como artigos de bebé por exemplo). https://www.facebook.com/donaajuda.lojasocial/

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    1. Madalena, muito obrigada pela sugestão, já fui ver e parece-me uma bela solução. Daquilo que tenho para dar aceitam tudo, o que é óptimo!

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  4. Oi.
    Podes contactar o Elo Social – Associação para a Integração e Apoio ao Deficiente Mental Jovem e Adulto, fica no Prior Velho

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  5. (perguntei a pessoa conhecida trabalha na APAV , infelizmente não estão a aceitar por falta de espaço. A casa abrigo não tem espaço )

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    1. a.i., vou googlar, obrigada pela sugestão do Elo Social.
      (Já a APAV, paciência, parece que também não estão a aceitar / recrutar voluntários, me mate já mandou a ficha em março e nada...)

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  6. Tenta outra biblioteca. Aqui na terra aceitam, dei mais de 50 livros. Roupa entrega na paróquia.

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    1. Sãozinha, basta sair de Lisboa e são logo menos esquisitos. A minha mãe já doou imensos livros a uma biblioteca da terra onde vivia a minha avó, e recebem tudo com muita gratidão. É uma solução que também tenho em vista :)

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  7. Para os livros tenho uma amiga nos USA que trabalha com refugiados na fronteira. Ha muitas criancas e adultos que falam ou percebem portugues e ela pede muitas vezes aos amigos portugueses no FB para mandar - livros escolares, infantis, principalmente, mas acho que tb para adultos. O problema e' o custo dos transportes para la.

    Roupa dou geralmente a pessoas que conheco (em Portugal) - senhoras que fazem limpeza no predio, amigos de amigos que sei que lhes dava jeito, etc. E se forem pessoas pobres a vender online e ganhar assim uns cobres para outras coisas que gostem e nao tem dinheiro para comprar - que mal tem? O valor do inutil. Tem tanto valor. Uma amiga minha que trabalhava em Timor Leste dizia-me que as meninas de la, quando pediam alguma coisa, era perfume. Nem agua canalizada tinham, mal comiam, mas os pequenos luxos fazem tao bem 'a alma - o valor do inutil! #

    Mas de facto, se e' para betalhada que tem tudo estragar-se ainda mais com mimos, tb nao. Quando vim dos US doei o meu carro a um padre numa associacao de caridade para fazer deslocacoes na paroquia 'as pessoas que viviam mais longe. Descobri-o no dia seguinte 'a venda por 1,500 USD num site tipo o autotrader da altura. Enfim. Nunca confies num americano com negocio ou dinheiro - so ganhas se ele ganhar ainda mais, mas se tiver oportunidade f*(*-te para passar 'a frente. 8 anos de vivencia la, ja devia saber melhor.

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    1. AEnima, nada contra pessoas carenciadas comprarem e venderem o que dou. Afinal é o que fazem muitas instituições; se o dinheiro for gasto na satisfação de necessidades de quem precisa, por mim tudo bem!
      (essa do carro é formidável, hein. suponho que quem precisasse de deslocações fique na mesma...)

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  8. Olá, a Déjà Lu é uma Livraria cujas receitas revertem a favor da Ass. Port. Portadores de Trissomia 21.: https://www.facebook.com/Deja-Lu-172870586088680/ e aceita doação de livros.

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    1. EW, excelente sugestão, obrigada! (a biblioteca da nossa freguesia não está a receber doações...)

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