Aqui em casa encetei um revolucionário PDEM - Processo de Destralhamento Em Curso. Bom, em termos temporais digamos que já começou há algum tempo (a palavra chave é "processo"), e ainda se encontra em curso, o que retira um bocadinho a carga revolucionária à coisa mas, considerando que temos ambos um fortíssimo gene hoarder, é revoluconário q.b.
O que não é revolucionário, nem social, nem prático é a questão do destino a dar à tralha. Em sacos de roupa a coisa divide-se em três categorias: roupa em bom / muito bom estado; roupa assim-assim; traparia. A última categoria vai sendo descartada nos contentores da Junta, pelo que não acumula. O problema são as restantes, que já estão a ocupar um espaço jeitoso. A roupa em bom / muito bom estado é pecado colocar naqueles contentores. São peças que foram guardadas porque um dia poderiam voltar a usar-se ou servir-me; aquelas em que nenhum dos requisitos se verifica há uns bons anos, fora. Nem sequer dá para apertar, tenho ali calças uns quatro números acima, é impraticável. As que simplesmente desgostei, pronto, deslarguei, e olhem que não é um processo fácil, derivado do tal gene. Mas há limites para o apego a coisas, e eu atingi o meu. Mentira, o limite que estoirou foi o do espaço disponível.
Donde, o problema actual é onde, a quem dar? Pois.
A minha primeira ideia foi deixar tudo numa loja Humana: eles aceitam donativos, vendem a preços bem acessíveis, e empregam o dinheiro em obra social. Tudo bom: pessoas com menos meios teriam acesso a roupa boa e em bom estado, e geraria dinheiro para bons fins. Sucede que, entretanto, ouvi uns zunzuns que uma betalhada muito empreendedora andava a passar a pente fino as lojas Humana, comprava barato, e depois vendia no face e insta como "vintage". Pá, não. As minhas cenas, não - e algumas delas são mesmo boas, e foram caras. Que as comprem pessoas mais desfavorecidas por 5 euros, sim senhora, mas servirem para encher bolsos a manhosos, nem pensar.
Pensei entretanto na loja social da minha freguesia, e encarreguei me mate de contactar. A loja funciona fornecendo bens, entre os quais vestuário e calçado, a pessoas carenciadas e sinalizadas. Tudo bom, portanto. Excepto na parte em que não aceitam donativos de roupa, foi essa a resposta. Pá. 'Tão, pá?
Estou, portanto, num impasse. E com três sacalhões a ocupar espaço. Agradeço qualquer ideia.
Problema semelhante relativamente a livros. Comecei a triar e destralhar, e este processo ainda é mais doloroso que com roupa, apre. Mas há livros que nunca irei reler, ou de que não gostei, e alguém pode tirar proveito. Pensei na biblioteca da freguesia, de novo me mate encarregue de contactar. Ah, a pandemia, fechados, de momento não aceitam donativos (méne, não é preciso oferecerem-nos um café, um abraço, um beijinho, a gente deixava o saco e ponto; e não são livros velhos ou podres, são livros manuseados e em bom estado, canudo); resumindo, também não esclarecem se alguma vez aceitaram ou aceitarão donativos. Mais dois sacos a ocupar espaço.
Portanto, e apelando ao amável público que ainda frequenta blogues e este em particular: ajuda. Por favor. Bibliotecas menos comichosas. Associações que aceitem roupa. Por amor da divindade que vos guia, ajuda, por favor. Agradecida.
Para os livros, tenta contactar um centro de dia, ou afim, a ver se aceitam. O da minha terra tem montes de livros, ok, não é uma biblioteca, são várias estantes cheias de livros, mais ou menos divididos por temas e que os utentes se podem servir.
ResponderEliminarA roupa, se fosse aqui pelas França's dizia para fazeres um vide-grenier ou vide-garage, mas aí, olha, não sei
Aqui na minha zona não conheço centro de dia, mas é uma hipótese a googlar.
EliminarJá a venda de garagem, era preciso que tivesse uma garagem e um espaço em frente :D
Se quiser pode fazer um give away dos livros no blog! Ou um donativo as suas fiéis inquilinas do tasco. Não que eu seja uma acumuladora de livros, nada disso 😁
ResponderEliminarManuela, é uma boa ideia, que é, mas teria de fotografar os livros e tal. Agora não consigo, que até ir de férias estou afundadinha em trabalho...
EliminarOlá! Eu julgo (mas não juro) que a D. Ajuda, uma loja social que funciona no Mercado do Rato aceita roupa e livros, basicamente vendem de tudo e as receitas revertem inteiramente para ajudar pessoas carenciadas, certos bens eles também dão directamnete a quem precisa (como artigos de bebé por exemplo). https://www.facebook.com/donaajuda.lojasocial/
ResponderEliminarMadalena, muito obrigada pela sugestão, já fui ver e parece-me uma bela solução. Daquilo que tenho para dar aceitam tudo, o que é óptimo!
EliminarOi.
ResponderEliminarPodes contactar o Elo Social – Associação para a Integração e Apoio ao Deficiente Mental Jovem e Adulto, fica no Prior Velho
(perguntei a pessoa conhecida trabalha na APAV , infelizmente não estão a aceitar por falta de espaço. A casa abrigo não tem espaço )
ResponderEliminara.i., vou googlar, obrigada pela sugestão do Elo Social.
Eliminar(Já a APAV, paciência, parece que também não estão a aceitar / recrutar voluntários, me mate já mandou a ficha em março e nada...)
Tenta outra biblioteca. Aqui na terra aceitam, dei mais de 50 livros. Roupa entrega na paróquia.
ResponderEliminarSãozinha, basta sair de Lisboa e são logo menos esquisitos. A minha mãe já doou imensos livros a uma biblioteca da terra onde vivia a minha avó, e recebem tudo com muita gratidão. É uma solução que também tenho em vista :)
EliminarPara os livros tenho uma amiga nos USA que trabalha com refugiados na fronteira. Ha muitas criancas e adultos que falam ou percebem portugues e ela pede muitas vezes aos amigos portugueses no FB para mandar - livros escolares, infantis, principalmente, mas acho que tb para adultos. O problema e' o custo dos transportes para la.
ResponderEliminarRoupa dou geralmente a pessoas que conheco (em Portugal) - senhoras que fazem limpeza no predio, amigos de amigos que sei que lhes dava jeito, etc. E se forem pessoas pobres a vender online e ganhar assim uns cobres para outras coisas que gostem e nao tem dinheiro para comprar - que mal tem? O valor do inutil. Tem tanto valor. Uma amiga minha que trabalhava em Timor Leste dizia-me que as meninas de la, quando pediam alguma coisa, era perfume. Nem agua canalizada tinham, mal comiam, mas os pequenos luxos fazem tao bem 'a alma - o valor do inutil! #
Mas de facto, se e' para betalhada que tem tudo estragar-se ainda mais com mimos, tb nao. Quando vim dos US doei o meu carro a um padre numa associacao de caridade para fazer deslocacoes na paroquia 'as pessoas que viviam mais longe. Descobri-o no dia seguinte 'a venda por 1,500 USD num site tipo o autotrader da altura. Enfim. Nunca confies num americano com negocio ou dinheiro - so ganhas se ele ganhar ainda mais, mas se tiver oportunidade f*(*-te para passar 'a frente. 8 anos de vivencia la, ja devia saber melhor.
AEnima, nada contra pessoas carenciadas comprarem e venderem o que dou. Afinal é o que fazem muitas instituições; se o dinheiro for gasto na satisfação de necessidades de quem precisa, por mim tudo bem!
Eliminar(essa do carro é formidável, hein. suponho que quem precisasse de deslocações fique na mesma...)
Olá, a Déjà Lu é uma Livraria cujas receitas revertem a favor da Ass. Port. Portadores de Trissomia 21.: https://www.facebook.com/Deja-Lu-172870586088680/ e aceita doação de livros.
ResponderEliminarEW, excelente sugestão, obrigada! (a biblioteca da nossa freguesia não está a receber doações...)
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