sábado, 30 de dezembro de 2017

I'm a constant fucking delight

Deu-me a coragem, mergulhei na piscina dos crescidos, e parece que ainda sei nadar - umas vezes com mais estilo, outras à cão, mas respira-se e avança-se, ainda à tona. O síndrome do impostor continua a zunir aos meus ouvidos, a meretriz da ansiedade tem dado ares da sua graça, não tenho tempo para nada e adio tudo, mas voltei a estudar, a aprender, e a sentir as rodas dentadas do cérebro a funcionar - com muita guincharia, mas valha-me o DW40, bof.
Rendi-me à evidência e comprei óculos de ver ao perto. É só uma dioptria mas incomoda muito, e avacalhou completamente os meus hábitos de leitura. Nem falando na eventual e necessária costura, ou o crochet e tricot, que estão em pausa. Ainda não me conformei, é das poucas inevitabilidades da idade que me custa.
Li algures que cada português consome anualmente, em média, dois quilos de chocolate. Fiz contas por alto e deu-me uma pena imensa dos outros portugueses que não sabem o que andam a perder.
Continuo a receber e a comprar mais livros que os que consigo ler, e isso angustia-me muito.
Já não tenho paciência para lojas e compras.
Levei uma estocada que não me matou mas moeu muito, vinda de quem nunca o esperaria. A pessoa foi à vida dela, eu também, e um bocadinho mais triste por ver a minha misantropia confirmada, embora espere sempre que a realidade ma desminta.
De qualquer forma, tenho mais sorte que juízo nas pessoas que me calharam como companheiros de estrada no trabalho.
Ainda me surpreendo e comovo muito quando calha alguém me manifestar carinho e me verbalizar consideração  - e acho sempre que estão a exagerar.
Persistem o peso e as sequelas de um grande choque e uma monumental decisão, que não me arrependo de ter tomado.
Acredito que o amor salva e muda, ao menos o nosso mundo, ou a forma como o vemos e entendemos. E isso já é tanto.
Continuo a recusar ceder à facilidade do ódio, a sucumbir à ignorância das avaliações superficiais e fáceis: se acho algo errado, antes da pura rejeição informo-me e educo-me. Muitas vezes é doloroso abrir a mente a realidades que nos são estranhas, por implicar o reconhecimento de que estávamos errados, mas é muito libertador. 
Adoptamos três gatos, e ainda não nos arrependemos - apesar de não passar um dia em que não me apeteça estrangular o mai'novo. Eles dão e ensinam muito mais do que vale o abrigo e paparoca que proporcionamos.
Insisto em reciclar furiosamente, e mordo a língua cada vez que pessoas, muitas vezes com filhos que vão herdar esta monumental lixeira, acham imeeeeensa piada a esta militância.
Ainda não foi este ano que aderi ou me filiei em algum partido, clube desportivo, congregação, movimento, religião, ou sequer  um ginásio. Live free or die trying.
Vi muitos, muitos filmes, a maior parte dos quais bons ou excelentes - maldita seja a curiosidade, o tempo que perdi com o Batman vs. Superman já ninguém mo devolve. Nunca me apeteceu escrever sobre eles, embora ache eu muitas pessoas nesta blogolândia devessem ser obrigadas a assistir a alguns.
Arranjei coragem e prometi-me a assinar o Netflix - adeus mundo, não contem comigo para mais nada - além do trabalho, claro, porque
Ainda não ganhei o Euromilhões e acho mal, que tinha planos fantásticos para a guita, e nenhum deles passava pela aquisição de um bólide amarelo canário.
Tenho pena de ver e estar menos com algumas pessoas que estimo muito, e tenho medo de não lhos dizer directamente tanto quanto devia.
Sinto um vazio enorme na "minha" blogosfera, com a ausência de alguns espaços que sentia tão meus - a vida, essa grande cabra, levou as pessoas para melhores entreténs e outras paragens, onde também tenho a sorte de as acompanhar, mas esta nostalgia ficará sempre.
Continuo a alternar uma alimentação de sopas e saladas com os maiores enfardanços de calorias vazias, mas curiosamente parece que mantenho o mesmo tamanho - para alguma coisa servirá o stress.
Aboli o objecto balança, e vivo melhor - e menos obcecada - assim.
E continuo a achar que podia ser bem mais feliz a viver da jardinagem e bricolage, mas diz que paga muito mal.

(O ano que vem? Bom, a ver vamos, venha de lá isso.)



quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

The story so far





Termino 2017 como o comecei: (sempre) com muito que dizer, e muito pouca vontade de o fazer.

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

The Omen

Dado que o meu carro atingiu hoje - e ultrapassou - a marca dos 66666 quilómetros, achei que se calhar já dizia qualquer coisa (não necessariamente maléfica, embora até me apeteça). Ah, e que tem uma coisa a ver com a outra? Nada, acho eu. Cada um vê sinais onde lhe apetece: uma luz a atravessar neblina e a dar ideia de uma forma humana feérica em cima de uma azinheira, uma gaivota na cabeça do Marquês de Pombal, um 66666 no tablier, você decide, e as duas últimas vão aos lugares cimeiros do meu top, a primeira nem por isso. E é assim, hoje temos este pretexto, é agarrá-lo.

Então desenferrujando e desbloqueando conversa, que não se me ocorre mainada, outro dia me mate dava-me nota que lá num grupo a que pertence no tuíta, de aficionados de filmes de terror, se discutia se o Die Hard era um filme de Natal ou não, e eu duh, qual a dúvida, ho, ho, ho, motherfucker.
Vai daí, e sugestões de filmes natalícios? Vá, eu começo (a ordem é aleatória e não de preferência):

Die Hard (pá. é um filme de Natal);
Nightmare Before Christmas (um clássico, já);
A Vida de Brian (oras, outro clássico).

Upa. Upa daí a mandar bitaites.

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

The Cat Diaries (11)

Muito telegraficamente, Mad (indeed!) Max descobriu todo o potencial lúdico de um rolo de papel higiénico (abocanha! esgatanha! olha, ele rola! weeee, papel fofo para esgadanhar! restinhos de papel fofo pela casa! weeee!), donde, ou vem aí giveaway ou temos coelho à caçador no almoço de domingo.

(nah, porta fechada, s-e-m-p-r-e)

Entrementes, Senhor Fox Mulder conseguiu uma fuga digna de Houdini e partiu à descoberta dos mistérios dos quintais e logradouros, onde também teve decerto a oportunidade de travar conhecimento com a muita descendência do seu paizinho, um senhor vadiola que por aqui andou a espalhar genes até alguém o conseguir apanhar e por fim definitivo a tal vocação reprodutora. Foram dois dias e duas noites de desassossego, até que voltou todo esguedelhado, esfomeado e esfalfado (passou um dia inteiro a dormir). Passou-se (duas vezes!) enquanto ainda havia algum calor; entretanto chegou o fresquinho e parece que já percebeu que ir à varanda apanhar ar, sim senhor, mas quentinho debaixo de telha é que é. Foi por isso e por os roomates humanos terem perdido a ingenuidade, barricando melhor a dita varanda, não sem que, ainda numa fase intermédia da fortificação, sua excelência tenha tentado uma nova fuga pela beira de um varandim de 1,5 cm, com resultados hilariantes.

Enfim, procuro cardiologista competente para guardar contacto na agenda, só naquela.

Gajos, pá. O cromossoma Y deve vir carregadinho de genes de parvoíce, só pode. Sim, que menina Scully, essa, além de ralhar com toda a gente mas principalmente com manos felinos, e cheia de razão, é um pilar de juízo, fofice e sensatez. Sai à humanamãe. Haja alguém.

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

[ ]





[existe uma séria possibilidade de eu não ter existência para além de trabalho-casa-trabalho. prometo debruçar-me sobre o assunto, quando tiver vagar.]

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Tudo isto é triste, tudo isto é fado

- Obras um ano depois das obras, para a) eliminar defeitos das primeiras obras; b) eliminar danos de uma infiltração cujo responsável levou um ano (um ano!) a reparar; c) acabar as obras.
- Derivado de supra, duas pessoas sem duche são obrigadas a exílio para aliás aprazível localidade, mas a uma hora mais longe que lar, doce lar.
- Duas pessoas a acordar às cinco e picos há uma semana.
- Duas pessoas confrontadas com o facto de que a infiltração causou mais danos que o que se podia adivinhar, e o que se podia adivinhar já era mauzinho suficiente, obrigadinha por nada.
- Três gatos que não percebem um cu do que se passa, sendo que um deles se sente bastante surpreendido por também ter sido desterrado e viver aos meios dias sem a companhia a que já se tinha habituado, e os outros dois não entendem a injustiça de terem de viver meio dia confinados a uma divisão que já foi uma sala, e agora é um gatil.
- Um dos dois supra mencionados gatos que entrou em pânico e se pirou, numa manobra de escapismo e equilibrismo digna de Houdini, e andou a monte dois dias seguidos, em triste exílio pelos quintais e logradouros, voltando apenas para comer e beber o que as duas pessoas lhe deixavam, até ao dia em que se dignou a voltar a entrar e ficar, finalmente, retido debaixo de telha.
- Uma pessoa extremamente engripada (não sou eu, felizmente, alguém tem de comandar as tropas e, como sempre, calha à gentil espoNZa e mânhi).
- Uma companhia de seguros que não sabe / não responde, e nem adivinha o que lhe vai acontecer se continua nestes modos, um ano nisto e uma pessoa manda às malvas o seu já parco espírito conciliador.
- Uma pessoa trabalha e dorme, vai comendo - e mal - nos intervalos, já pondera converter-se a qualquer coisa cuja divindade lhe assegure que este ordálio acaba mesmo na próxima semana, e ao menos já conseguiu lembrar-se / arranjar cinco minutos para ligar ao cabeleireiro, ao menos amanhã acaba esta triste miséria de quase centímetro e meio de grisalhos.

E é isto.

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Alistem-se, diziam eles

Ando aqui a magicar como é que vou conseguir enfiar, nesta semana, mais um dia de trabalho útil, para além do resto dos dias e horas de (muito) trabalho útil já prestados, e que têm sido muito úteis no sentido de apresentar trabalho, mas não úteis o suficiente, considerando ainda que tenho precisado mesmo, e muito, dos dias inúteis, designadamente para a) dormir; b) cenas; c) tentar curar, em regime intensivo, a bruta constipação que me caiu em cima - sem efeito útil, diga-se.

Em cima disso, e porque já não me falta sarna para me coçar, avizinham-se obras, com inerentes quinze dias de desterro e uma logística complicadíssima em termos de acompanhamento felino / acompanhamento de obra / o tal do trabalho, ou lá o que é, que não cabe nos dias e horas úteis de que disponho (e estico) actualmente, quanto mais.

Nos entretantos, porque nada ajuda mais à boa disposição já reinante que uma fantástica obsessão, ando loucamente encasquetada na missão de descobrir qual a graça de determinada espécie de ave que, na mesma semana, me apareceu perto do trabalho, e um outro exemplar (presumo) igualinho que ouvi e consegui ver nas minhas traseiras.
Maneiras que nas minhas voltas de sábado, e antes de uma visita de estudo à almedina, me enfiei na bertrand e trouxe de lá isto:


Ainda não descobri que raios se chama o p'ssareco.
Estou naturalmente abalada dos nervos.

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Ól iu nide

[e agora, fotos de gatos fofinhos, que é para isso que se inventou a internet]





[que para gente doida, odienta, a espumar da boca com tanta razão que tem, já tenho muito com que me entreter, e ao menos pagam-me]

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Enjoy the Silence

Manifestação silenciosa? Pois claro que vou, é daqui a dois anos, mais coisa menos coisa, chama-se "eleições".

[tenham paciência, que eu não engulo patranhas nem à esquerda nem à direita. já engoli muitas, mas também fiz os meus mea culpa - é mais do que muitos se podem gabar. já agora, se é para manifestar, há que vocalizar, faz parte do étimo. se levam velas, ficam todos plantados no mesmo sítio, e é em silêncio, chama-se "vigília". totalmente diferente, tanto em significado como em finalidade.]

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

[eu não tenho palavras]

Não sou ministra de porra nenhuma - nem quero ser - mas fosse, e tinha-me demitido no rescaldo de Pedrógão. Durante, não; vagar a cadeira a meio de uma catástrofe criaria um vazio de poder executivo na área em que era essencial que não o houvesse. Mas depois, e ainda antes do primeiro funeral, tau, não falhava. Fiquei genuinamente surpreendida quando a demissão não aconteceu, e não gostei. Não que ache que a ministra tenha alguma responsabilidade directa ou indirecta nos fogos, ou tragédia que sobreveio, mas canudo, é ministra, tem responsabilidade política sobre como se reagiu e geriu a situação. Mesmo que não haja culpa em sentido estrito ou formal, há culpa em sentido político, que é como quem diz, face a um resultado catastrófico, alguém tem de assumir responsabilidade. E quem assume a responsabilidade é, deve ser, sempre, o chefe máximo da tasca.
E depois acontece outra vez. Que sim senhora, pode não ter domínio sobre a ocorrência dos fogos, o clima tem estado impossível, a maioria dos bombeiros - voluntários - já está a trabalhar, este problema não é de hoje ou de há dois, cinco, dez anos, mas domina e/ou tem obrigação de dominar a gestão dos meios, a reacção. Morreu gente, porra. Outra vez. Uma vida perdida já era demais, e aquelas pessoas, as que morreram, ficaram feridas, perderam bens, se viram em situações impossíveis, sós, somos nós. O Estado falhou-lhes. Falhou-nos. O Estado deve-lhes, deve-nos, ainda que tarde, uma reacção, uma assunção de responsabilidade, ainda que esta tenha um efeito meramente paliativo ou simbólico.
Estou à espera. O meu futuro voto vai depender disso, e eu tenho uma memória que, ó.

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

[ ]

[uma pessoa anda a apurar há dias e dias e dias numa panela de pressão. uma pessoa cria uma certa apetência por actividades completamente fúteis e de descompressão, que poderão passar por uns gastos indulgentes em produtos de consumo destinados ao alindamento exterior e elevação da auto-estima da dita pessoa. uma pessoa, na sua já tardia hora de almoço, decide aproveitar para bater perna numa grande superfície comercial. a pessoa desilude-se. a pessoa acha que está tudo maluco. a pessoa conclui que os queridos comerciantes confundiram a anunciada retoma com total rebaldaria. a pessoa decide arranjar antes um hobby daqueles a sério, de preferência grátes. pode ser que a pessoa se esqueça, entretanto, dos sapatos castanhos e calças cinza que até lhe faziam falta.]

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

The Cat Diaries (10)

Comecemos bem, com uma imagem completamente clickbait:




Oooooohhh, que fofinho, o 'chaninho a mimir, tan fofinho, qu'inbeija, tens um xuxu tan lindo, êsse tê Maxito é uma coijinha mêmo boa.

Pronto, agora que já passámos as necessárias formalidades iniciais, vamos ao que interessa: o felino que ali vedes posto em sossego, e com um ar de quem não parte um prato, é o legítimo filho de satã, a semente do demo, descendência de belzebu.

Que é muito riquinho quando lhe cai o cansaço, que é; a dormir é uma belezura, em estando acordado é que nem tanto. A bem da verdade, nem sempre, pronto, ele há situações em que estando acordado até pede festas e se estica como um lombinho, a querer mimos e ternuras, mas senhoras e senhores, ó senhoras e senhores, sabedes lá da nossa vida. Desde piquirruchito sempre foi um mordedor implacável, e a gente perdoava, que o bitxo quer brincar e não mede a força, isto há-se passar. Passou um bocadinho, verdade. Principalmente porque há tropelias maléficas mais divertidas, e que entretanto descobriu.

Como saltar para todo o lado, principalmente os lados onde não o queremos, como seja a mesa da cozinha ou bancada da mesma divisão. Em estando em casa e na cozinha, já sabemos que temos o jogo de pega gatinho / põe gatinho no chão, agora repete mil vezes, até alguém desistir. Como não se sabe o que acontece estando nós fora (a lutar p'la vida), não fica nada "sensível" nos ditos lugares. Ainda assim, ele há um ramo de flores secas que vivia plácida e descansadamente numa jarra na mesa da cozinha, e já não é o mesmo, aparenta ter envelhecido uma década.

Admito, confesso, que não sendo perfeita às vezes faço de conta que não vi certas e determinadas coisas. Pá, ao quadragésimo quinto pega gatinho / põe gatinho no chão um gajo só quer é tomar o pequeno almoço sossegado. Aqui há dias, juro que aconteceu, ouvimos um barulhito a vir do fogão: tau, lá estava ele, o cabra da peste, lambendo a frigideira onde fora confeccionado bife com natas de me mate. Tirou-se gatinho, tirou-se frigideira; nem cinco minutos depois, tau, lá estava ele, lambendo frigideira onde fora confeccionado esparregado de me mate. Ignorámos, afinal são verduras.

Também gosta muito de saltar e enfiar-se no lava loiças, porque anda completamente obcecado com água da torneira. Um gajo está a lavar qualquer coisa e tau, lá está o emplastro. Um gajo fecha a torneira, tira o emplastro. Aqui há dias, juro que aconteceu, ouvimos um barulhito a vir do lava loiça, e tau, era o carcará sanguinolento a dar dentadinhas no manípulo da torneira. Sim, ele já aprendeu que se mexe no manípulo e tcharan, água. Medo. Já fecho a torneira de segurança antes de sair de casa.

Ahahahahah, que fofinho, são coisas de gatinho bebé!!!

Ah, ainda não chega, é? Ok. Havia de ser convosco, queria ver.

Anteontem me mate vestia-se no quarto, quando ouço um valente berro: a encarnação do mal atirou-se-lhe ao lombo. Verdade, me mate estava a por a gravata; verdade, já tinha sido avisado que gravata = fitinha = logo, brinquedo de Max. Mas notai: o bandoleiro saltou e agarrou-se, à força de unha, à barriga e costas de me mate. E rasgou-lhe a camisa. Vá lá. Foi só a camisa. Sim, que ele saltou, cravou, e começou a descer por mate abaixo.

Outra também muito gira, só que ao contrário, foi o dia em que estava de traseiro confortavelmente alapado, quando ouço um persistente ruído plástico: toc-toc-toc. Abdiquei do meu merecido conforto e lá fui desempenhar o meu papel de educadora atenta e diligente: estava o patife em cima da mesa da cozinha, nariz enfiado na caixa dos treats whiskas. A tampa, perguntais? Pois a tampa, à força de patada, saiu. Voltei a colocar a tampa, e pus a caixa na fruteira. Pois um pouco mais tarde fui dar com a caixinha whiskas no chão. Vazia. Sim, chutou-a, e na queda abriu-se. Tomei nota: ficar pelo catisfactions e seu saquito reforçado com fecho à prova de felidemónio. Ou não. No dia seguinte cheguei a casa e mate tinha uma coisa para me mostrar. Isto:


Iup, fotografei que contado ninguém acredita: o atl diário do pequeno Damien foi este, à força de unhada e dentada rebentou a embalagem. De novo, anotado. Treats todos acondicionados em caixinha plástica com fecho, nada de encaixe, fecho de pressão. Mas ele tentou, que tentou.

E é isto, a nossa vida. Nem falo das noites boas que o pequeno nos dá. Se entende que é hora de desenvolver competências lúdicas, é porque é, cá três ou quatro da manhã. Patadas na cara, dentadas nos pés. Já acordei com o adorável lúcifer deitado na minha cabeça, patitas estendidas ao longo da minha cara. A-do-rá-vel.

Estamos assim, portanto, muito precisados de um exorcista. E já não há páginas amarelas.




Paranóia

Desde que li notícias sobre uma alegada praga de percevejos em Lisboa ando com umas comichões horrendas, e tenho pensamentos recorrentes de puxar fogo ao colchão.

Se alguém menciona, ou leio alguém mencionar, piolhagem em cabeças de seus rebentos, começo imediatamente a sentir a marcha de dezenas de pequenas patinhas no meu couro cabeludo.

E pulgas? Por amordedeuz não me falem de pulgas. Tenho pele atópica, há limites para a coçagem que ela suporta.

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

A Birra da Semana

Estou atascada de merda trabalho até ao pescoço, que estou, mas vou dispensar alguns minutinhos para dar vazão aqui a uma acidez que me consome reiteradamente todos os anos, por esta altura.
Não, não é a iminência dos dias tristes e frios (adoro a meia estação, por mim vivia sempre em primavera e outono), ou o tempo em geral: é o início do ano lectivo, mais concretamente, o universitário, e a inevitabilidade das praxes.
Ó caneco, pá, com franqueza, sinceramente, já não os posso ver. Ou ouvir, que aquilo é gente muito ruidosa.
Ainda há pedaço, vinda de almoço, me cruzei com uma súcia trajada de negro, a escoltar meia dúzia de mascarrados, e o ridículo da coisa é não só o todo, mas principalmente o facto de serem mais os veteranos (ou nem por isso, aposto que aquilo é gente que em Junho acabou o primeiro ano e foi logo encomendar o fatinho) que os praxados. Que figurinhas.
Outro dia, eram ali rés-vés oito da madrugada, e já o jardim do Campo Grande estava pejadinho de bípedes de negro, e tantos outros de t-shirt branca e penico/cone na cabeça. Revirar de olhos. Havia de ser a filha da minha mãe, a levantar de madrugada para estar na cidade àquelas tristes e não ledas horas da madrugada, para tão triste recompensa. Se ao menos houvesse bolo. Mas não; só um mequedonalde, cujo franchisado deve andar a esfregar as mãozinhas de contente, por estes dias. Mais uma hora de almoço, uma passagem no Campo Grande (tenho dado muitas voltas, nestes dias) e verifico que lá continuam, mas ainda mais, vultos de negro: espero que ao menos apanhem o lixo. Deves.
Se ao menos se restringissem àquele espaço, mas não, há que alardear a boçalidade para que qualquer incauto da mesma fique ciente: juro que já vi - e ouvi - bandos de morceguinhos a esvoaçar em locais que nem faço ideia se há uma faculdade a menos de um quilómetro.
Já nem abordando o princípio da coisa (epá, não me façam entrar por aí, que tarda nada a coisa deriva e ainda me chateio mais), isto é de uma tristeza, de uma rafeirice, de uma indigência que não se espera de universitários. E para quê, para integração? Ora, façam festas. Quemer e buer, that's the portuguese way. E, se querem associar uma actividade de alguma dureza e exigência, pois sigam o exemplo do pessoal de medicina veterinária, que foram para a União Zoófila limpar merda, encher comedouros e bebedouros, e, de caminho, dar uma alegria a pessoas e bichos. Isto sim. Lacrimejei. Comovi. Foi bonito saber, pá. Lá a ver.

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

E agora, algo absolutamente chocante

A "teoria" (uso o termo com muita reserva, e com aspas, porque uma teoria é algo que se funda em factos científicos demonstrados, e não numa ideia bizarra qualquer que de repente ocorra a uma qualquer mente menos iluminada) da alimentação alcalina chegou à blogosfera.
Run to the hills, run for your life!
A sério, está aqui uma coitada a achar que já nada a espanta, e tau.

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Les Misérables

Se ainda houver por aí alguém que ache mal a greve dos trabalhadores da Autoeuropa, e que ganhar mais €175 por mês compensa lindamente três semanas seguidas de trabalho em turno à escolha da entidade patronal, fins de semana incluídos, sem possibilidade de recusa do trabalhador, com duas folgas que não chegam a ser seguidas, e sem períodos de adaptação entre mudança de turnos, eu ofereço-me para, em privado, revelar quanto pagámos a um indivíduo que se deslocou à nossa barraca apalhaçada para, ontem, domingo, em vinte segundos - estou a ser generosa - abrir a porta que nós fechámos sem cuidar de retirar a chave que estava enfiada na fechadura de dentro.


sexta-feira, 15 de setembro de 2017

[e adonde é que levanto o cheque, hein?]






[só para me lamuriar que ontem vi o debate até ao fim e são duas horas que não recupero nem me pagam, não dormi tanto quanto devia, hoje estou um bocadinho virada do avesso, estou nauseada por isso nem chocolate me vale, por amor da santa alguém que lhe queira bem interne a joaninha amaral dias que ela não anda bem, e quanto ao tipo do pnr, bom, não há nada a fazer, enquanto ele fala é fazer como os outros candidatos, e fingir que não se passa nada, é uma pausa para anúncios.]

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

A Birra da Semana

Hoje tive o grato prazer de assistir à cativante cena que consistiu em um ciquelista a) passar um vermelho; b) acto contínuo, não parar numa passadeira, onde dois piquenos cidadãos se preparavam para atravessar a estrada.

Esmiuçando:
a) o vermelho estava mesmo muito vermelhão, só um daltónico não o perceberia e, ainda assim, não serve de desculpa, que todos sabem que o vermelho é a primeira luzinha a contar de cima. e a minha certeza de que estava vermelho-vermelho prende-se com o facto de se tratar de um entroncamento, e a minha luz estar definitivamente verde.
b) a passadeira em causa i) está pintadinha de fresco no chão (benditas eleições autárquicas); ii) elevada por uma lomba; iii) como se isto não bastasse - e bastaria - a permissão de atravessamento é assinalada por um semáforo, que estava verde, verdão para peões; iv) está em frente a uma escola; v) quem se preparava para atravessar eram dois garotos não tão pequenitos assim, viam-se bem; vi) já tinham ambos o pé na estrada, e o ciquelista passou-lhes bem rente, sem parar - já tinha dito - nem tampouco abrandar, e após nem sequer levantou uma mãozinha para pedir desculpa.

Esta foi só a última, e se me irritou imenso foi porque podia ter magoado duas crianças que, ao contrário do animal ciclotransportado, conhecem, respeitam, e decerto confiam que os demais também, as regras do código da estrada.

Já perdi conta a sustos com biciclistas em contra-mão; a atravessar em passadeiras com marcação só para peões - sim, há umas que têm marcação para ciclistas, e portanto estes podem atravessá-las ciclando, mas nessas o automobilista vai avisado pela dita marcação - montadinhos na rodinhas e em boa velocidade; a passar vermelhos; a não respeitar a prioridade geral ou sinalização vertical em entroncamentos e cruzamentos. Também já levei com a minha dose de palerminhas a circular na via, em locais onde têm à disposição ciclovia - e eu sei que podem, mas não deviam poder, e aliás o bom senso até desaconselharia, mas quem sou eu, se acham graça a empatar o trânsito todo e correr riscos desnecessários, força.

Eu sei que os ciquelistas são uns desgraçadinhos, coitadinhos, tão desrespeitadinhos, ninguém os ama, e sei porque, tal como os vegan, não perdem uma oportunidade para falar do seu modo de vida e opressão de que são vítimas. Também já vi cenas em que automobilistas puseram em risco estes legítimos frequentadores da via pública - embora sejam mais as situações de risco para motociclistas que já vi. Sou 100% a favor do uso de bicicleta como meio de transporte, e é com muito agrado que venho assistindo ao transformar da minha cidade num local ciclo-aprazível. Meia dúzia de idiotas não me farão mudar esta opinião. Mas, o que me chateia, me indispõe a pontos de hoje de manhã ter tido vontade de passar um a ferro, e ainda sair do carro e espancá-lo com a manivela do macaco, é que a par dos muiiitos direitos que foram reconhecidos aos ciquelistas, haja uma correspondência ali a roçar o zero ao nível da responsabilidade e, tantas vezes, sentido cívico. Obrigatoriedade de seguro? Népia. Exame de código? Nicles. Obrigação de capacete? Ess'agora.

E seria importante, digo eu. Código, nem se fala: se andam ali na estrada, têm de atestar saber de cor a meretriz da sinalização e rameiras das regras. Seguro: de vida ao menos. Fora de brincadeira, se apanho com um bestão destes em contra-mão e me amolga o carro, cuméquié? E se o paspalho de hoje aviasse um dos garotos, hein? Capacete: pá. Senso comum. Ainda assim, e se este não abundar, evita que, no caso da contra-mão, por exemplo, eu não tenha de viver com a imagem de um crânio esborrachado no asfalto ou no capot gravada para sempre na minha memória. Civismo: nem é preciso explicar. Eu sei que em termos de conduta cívica na estrada os automobilistas ainda ocupam o pódio todo, mas caneco, ainda há quem pare nas passadeiras e respeite as regras, e espere que os outros também o façam. E o facto de haver mais meliantes dentro de um caixote com rodas não desculpa a eventual conduta delinquente dos duas-rodas.

E pronto, é só isto.


quarta-feira, 6 de setembro de 2017

[ ]



Estou tão farta desta imensidão de ninharias, disse ela.
O que eu precisava era de uma cena intelectualmente estimulante, disse ela.
Estou cansada deste tédio de trabalho, disse ela.
Se calhar o que me fazia falta era um desafio novo, disse ela.
Acho que qualquer dia já não sei pensar, disse ela.
Às tantas era boa ideia arriscar e mudar, disse ela.

Alguém tem um x-acto aguçadinho, diz ela.


[se sobreviver até ao Natal, apanho um cadelão com mon chéri]

sábado, 2 de setembro de 2017

The Cat Diaries (9)

[ena, muitas sódadinhas dos bichanos? cá vai.]

Isto de um gajo resolver adoptar três gatos (porque tem muito amorrrr para darrrr) é mais ou menos como se alistar na tropa: uma cabeça cheia de ideais sobre serviço e sonhos de correr mundo, e acabamos a limpar latrinas duas vezes por dia.

A sério. A sério. Muito caga-mija aquela malta. Culpa nossa, que lhes damos de comer. E deles, que se habituaram prontinho a encher o bandulho. Eta sistemas digestivos competentes. Já fizemos o test drive de várias areias aglomerantes, agora iniciámos o de sílica, mas o meu sentido de olfacto continua um nadica insatisfeito. A sílica parece estar a tomar a dianteira, a ver se com uma de marca melhorzinha o nível de satisfação sobe.  Também é mais fácil de acartar-arrumar: é que agora a gente gasta às sacas de 14 quilos, compradas aos pares, que é mais barato. Fica a dica para famílias numerosas: os entregadores da tiendanimal não sobem escadas, nem para um primeiro andar. Os da zooplus sim. Três gatos, três WC, é muito quilo.

Passando adiante do aspecto escatológico da coisa, e la nave va. A logística de férias, esse mísero bloco de quinze dias em que nos ausentámos, foi complicadota, dado que dois dos felinos não são transportáveis, mas fez-se. Haja avós e a santinha.

De resto, já estivemos mais longe de ser uma família feliz. Fox Mulder e Dana Scully parecem já se ter conformado com a coabitação humana, e até chegam, em dias bons, a demonstrar curiosidade e afecto. Vá, bonomia.

Não exageremos, pelo menos no caso de Senhor Fox: não gosta de festas nem grande proximidade. Mas já tem uma postura mais confiante e relaxada, e consegue fazer umas sonecas descansadas a metro, metro e meio dos room mates humanos. Considerando o ponto de partida, parece-me muito bem. Também já aprecia o seu snack catisfactions, e o patezinho ocasional; tal como, de quando em vez, nos vem espreitar, a ver o que os estúpidos andam a fazer.

Ms. Dana Scully já avançou de nível, e vocaliza vontadinhas, principalmente com me mate. Gosta de festas na cabeça, atrás das orelhas, no queixinho, mas não lhe toquem no lombo. É uma lambona gulosa que dá gosto, e está a ficar notoriamente redonda. Robusta, vá.

E brincam, brincam muito: entre eles, com bolinhas de papel, folhinhas ou raminhos que caiam na varanda, as canas com penas e cenas que comprámos. A brincadeira favorita continua a ser a "espera" e "perseguição", seguida de enrolanço à bruta, normalmente protagonizada entre Fox e Mad (indeed) Max. Grandes correrias, as destes monstros; nada contra, mas às quinhentas da madrugada lá calha, de quando em vez, acordar uma certa 'ssoa de sono mais leve. Scully, por norma, observa, com aquela cara de "francamente!" ou "são mesmo infantis". Volta e meia Max mete-se com ela, mas por norma é corrido com uma valente e educativa bufarda. Temos senhora.

E o Max? Bom, o Max é um capítulo à parte. Parvo que dói, não tem medo de nada, não tem um nico de noção, acorda feliz por estar vivo e demonstra-o à saciedade. Já consegue saltar do chão para as mesas e bancadas, ou seja, acabou o sossego. Para nós e para a nossa santinha: adora-a, e juro que pensa que vai lá a casa de propósito para brincar com ele (uma esfregona, weee, um pano do pó, weeee, um aspirador, weeeeeeee). Doentiamente curioso, enfia-se em todo o lado, com os resultados hilariantes que se pode esperar. Não sei quantas vezes já lhe prometi o Colégio Militar, ou ser eleito prato principal do almoço de domingo, mas depois faz aquela cara de coisinho, adormece como um anjunho, e uma pessoa derrete-se.



Em resumo, é cansativo sim senhora, uma estafa, sacos de Royal Canin de 15 quilos, latinhas às paletes, e areia às arrobas, mas não trocávamos por nada. Coijas boas do papá-mamã. A sério, são adoráveis. E quando estão a dormir?, uns anjinhos doces. Chubichubichu.









sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Dos Dias do Lixo

Umas pessoa tem a casa atravancada de tralha; uma pessoa decide por ordem na situação; uma pessoa separa roupa para doar e roupa para contentor da reciclagem (a minha junta tem); uma pessoa passa também revista nos livros, faz caixotes de publicações para doar (esta parte dava um post, mas adiante); uma pessoa chega finalmente ao capítulo das tralhas imprestáveis e de dimensões se não consideráveis, fora da norma.
Como bons munícipes e fregueses, ligamos para o número da recolha de monos, e agendamos: a partir das 19 de dia tal, colocar tudo à porta do prédio, um bocadinho ao lado, vá. Sim senhor: obedientemente damos seguimento, às 19.20 já está tudo devidamente alinhado.
Como sou uma curiosona, às oito da noite fui espreitar: uma peça de mobília já tinha ido. Voltei à janela às onze: contando com a tal peça, já tinham sumido três cenas. Quem, senhores, quem é que tem uso ou destino para um estendal todo descascado e ferrugento?, ou uma tábua de passar com uma perna presa - literalmente - por fios? Nada contra, pronto.
Hoje de manhã, tinham desaparecido mais dois objectos, partidos e sem reparação possível. Deixaram o último conjunto de coisas, ou seja: a recolha de monos ainda não passou. E, pelos vistos, nem precisa mesmo de passar. E, quando e se passar, vai achar que nós somos uns chatos que lhes pregaram uma partida. Não há condições.

quinta-feira, 31 de agosto de 2017

[ond'é qu'eu ia?]

E depois uma pessoa até tinha vontadinhas de fazer uns posts assim mêmo bãos, mas há quem os faça (sempre, até é cansativo) melhor que nós.

Já agora, se não fosse abusar, e porque sou muita calona, a moça também fazia o favor de explicar porque é que, mesmo tendo muita graça, que tem, uma rábula/análise de cinco minutos por um aliás eminente humorista não dispensa a leitura de um parecer fundamentado, ou como essa rábula cai no mesmo erro que acusa aos visados pela dita rábula. E como uma recomendação não se confunde com uma proibição, mas para isso basta fazer uma visita ao priberam, acho eu.

Adenda: olha um link para uma opinião lúcida e moderada sobre o "caso" dos cadernos de actividades!

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

[ond'é qu'eu ia?]

Se calhar já venho tarde, mas explicando desde já que este título não é uma série, mas um entretanto, enquanto não passa (oficialmente) esta silly season, e eu não decido se volto a dedicar-me aqui ao pardieiro, que ultimamente tenho deixado ao abandono - silvas e daninhas por todo o lado, bolas de cotão, teias de aranha, enfim, ainda dá uma trabalheira limpar a baiuca. Se calhar deixo assim como está e logo se vê, que o sossego aqui do estaminé também anda digno de nota, e ninguém quer voltar a apanhar o susto de lhe ver entrar portas adentro toda a sorte de marias vieiras da blogosfera, apre, não há rentokil que nos valha.

[ond'é qu'eu ia?]

Se acham que a vossa vida é complicada, experimentem estar a compor um (longo e chato) texto onde surgem amiúde palavras-chave como "contas" e "conta", e só ao fim da tarde se darem conta que a tecla "T" deixou de funcionar.

Nota de interesse público: o vosso processador de texto, não sei; mas no meu o corrector ortográfico achou tudo normal e aceitável.

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

[ond'é qu'eu ia?]

Estava aqui a pensar que o que era mesmo giro era ir ver dos sapatos in loco, que a gente nunca sabe se o número habitual fica mesmo, mesmo bem (até sei, mas adiante, nunca deixar estragar uma boa desculpa), de preferência naquela lojinha tão catita em Covent Garden, e a libra na miséria e tudo, mas depois lembro-me de mãezinha a ter achaques a cada hora sem notícias, que agora não lhe posso dizer que quero ir ao sítio x sem que me lembre dos terroristas. Só que eu sou uma pessoa antiga, embora menos antiga que ela, e então vejo-me forçada a recordar-lhe quando estivemos em San Sebastián Donostia no ano em que lá rebentaram bombas da ETA, e a minha primeira ida a Londres, que coincidiu com um encerramento de Regent St. por alerta de bomba do IRA (foi no tempo em que o IRA já era mais simpático, e até telefonava a avisar); ou aquela vez que quase nos vimos no meio de um motim entre koweitianos/árabes moderados e iraquianos no Speaker's Corner (prontamente resolvido pela polícia, que agiram exemplarmente e cá com uma fineza que só demos pela bronca já ela tinha passado; foi no ano da primeira invasão do Iraque, e logo a seguir aos primeiros bombardeamentos). Ou quando estivemos em Paris, um ano depois de um atentado, e numa época em que O Chacal ainda estava no activo - então empresto-lhe a série que vimos há atrasado, bem boa, por sinal.
Medo, medo tenho eu sempre, até a circular em Lisboa, que o tuga não é muito amigo de dar a prioridade ao peão nas passadeiras ou se torna ceguinho quando vê o intermitente. Isto não começou agora. Mas claro, há sempre gente pronta a seguir a tradição do antigo barbeiro de me mate (e que podia ter inspirado este sketch dos Gato Fedorento), que dizia que os árabes eram gente que já nascia de pedras na mão.
Não tenho é férias tão depressa, essa é que é essa.

[ond'é qu'eu ia?]

A pensar encetar uma relação a longo prazo

Acho que vamos ser muito felizes.

sábado, 12 de agosto de 2017

Silly season: o (meu) best of

- o insta do Herman;
- o documentário sobre a Paula Rego;
- Gimme Danger (documentário de Jarmush sobre The Stooges);
- pão a sério, na praça e feira; 
- pizza a sério, e das melhores que já comi (sim, incluindo casanostra, e só suplantada por uma casa em Roma e uma outra em Little Italy);
- Broadchurch (todas as temporadas, todas)
- (já que falamos nisso) o novo rosto do Doctor Who;
- (variações sobre o mesmo tema) mas Peter Capaldi não desilude, não senhora;
- sardinhas;
- rever o filme (perfeito) A Vida dos Outros;
- GoT (dracarys!);



(continua)

sábado, 5 de agosto de 2017

[ ]



[Izzie Patroa penitencia-se pelo inusitado e escusado input de Izzie Costureira, e toam de novo o controlo sobre o editorial do blogue. Izzie Patroa compromete-se a não voltar a relaxar a necessária vigilância sobre a sua assalariada e natural inferior, e já a castigou com uma resma de bainhas para alinhavar, uma chusma de meias para cerzir, e uma avalanche de camisas para casear. Voltaremos à emissão logo que possível, obrigadinha e volte sempre]

quinta-feira, 13 de julho de 2017

Schadenfreude

Prosseguindo, e porque continuo a ser, no mais íntimo do meu ser, uma pessoa má, daquelas que se congratula com a desgraça alheia e adora soltar umas boas gargalhadas à custa do idiota acéfalo do dia, tenho a anunciar que não tenho perdido patavina da novela Trump-Russia, e que só queria ter aqui à minha beira uma, uminha das almas que desvalorizaram a eleição daquele alarve e até eram capazes de aceitar que teria alguma qualidade redentora.
Um pirete para vós, embrulhadinho em celofane rosa e com uma fitinha de tule.  E uma carinha do Dónal' Júnior em tó-colante, para não se esquecerem.

Here comes the sun

Anteontem fui a feliz destinatária de um gesto não solicitado tão, mas tão bonito, gentil, amável, que fiquei deveras sensibilizada. Não estou habituada. Mas quando me esmerdalhei a sério foi quando me explicou que aquilo era só o seguimento de um gesto meu - não planeado e muito menos estrategizado, ou calculado, uma cena que achei perfeitamente normal, aliás, acho que qualquer outra pessoa faria exactamente o mesmo ou melhor - de há tempos, e que nunca esqueceu - não era caso para tanto, foi autêntico e sincero. Epá. Eh pá. Tu qués ver? A cena do retorno? Acontece mesmo? Estou quase- quase a deixar de ser uma cabra insensível e descrente para me transformar na nova poster girl para baboseiras coach-new-age-felicidade? Nah.

[foi "só" uma pessoa a revelar-se muito especial, e sim, sou grata por me ter calhado em caminho, e ainda as haver]

terça-feira, 11 de julho de 2017

AutoCorrect

Não é que não haja nada para partilhar, mas nem tudo pode deve quer sabe consegue ser dito.

sábado, 1 de julho de 2017

Vivendo acima das minhas possibilidades *

Soube que aqui bem perto está à venda uma casa (de área e tipologia semelhante) por mais do dobro do que custou a minha.
Não sei se ache graça ou me choque, já estou por tudo.

*fosse hoje e não conseguiria comprar nada aqui à roda.

segunda-feira, 26 de junho de 2017

Shark Tank

- Então diz que a menina já sabe nadar, é?
- Shim!
- Muitos parabéns! Sim senhora! E gostava, portanto, de por essas competências a uso, era?
- Shim!
- Compreendo, compreendo; afinal chapinhar em aguinha rala não é de desmerecer, tem a sua necessidade e utilidade, mas chega o dia de abrir as asas, não é, ou as barbatanas, melhor dizendo, ahahahahahah.
- Shim!, ahahahahah!
- Muito bem, muito bem, muito bem, vamos a isso, então.
- Shim!
- Em voltando de férias, apresente-se na piscina dos crescidos...
- Shim!, shim!
- ... na parte funda.
- Ah... shim...
- E atenção ao regulamento: proibidas bóias ou braçadeiras...
- Shiiiim?
- ... bem como barbatanas, forcinha de braços, hein, e perninhas a dar a dar!
- (chuif) shiiimmmm...
- Sim senhora, ficamos assim, ah, mais uma coisa, a espaços poderá notar uma quebra de visibilidade ou mobilidade, a água um pouco turva, enfim problemas de equipamento, falta de verba para cloro, e as malditas algas e fungos, grande instinto reprodutor, nada que preocupe quem sabe nadar, verdade?
- (glup) shimmm...
- Pronto, não a prendo mais, parabéns e até ver.
- (chuif, glup, shnif) Shiiimmm...

quinta-feira, 22 de junho de 2017

Resumo da matéria dada

Tenho muito azar a empreiteiros, ciquelistas, vizinhos, entregadores da Seur, expedidores e entregadores da Amazon, fregueses aqui da chafarica em geral (lobe iu!), porcaria de portarias em especial e legislação feita à pressa em geral, procedimentos administrativos com vista a simplificação e agilização com os quais a gente perde tempo em que podia estar a agilizar trabalhando, sandálias na cor que se precisava mas não há e óspois um gajo acaba por ser confrontado com sandálias na cor que não precisava mas são tão giras que traz à mesma e ao menos sempre compensa a frustração derivada de tudo o resto.

Ando muito cansada. E cançada, também. Acumulo.

Incompetência. Incompetência everywhere.

Eu aqui a contar as minhas agruras a uma colega de anos, e ela sugere* que eu venda a casa. Se eu pudesse vendia era os vizinhos. A preço de saldo e a maus donos.

[*já deixei de contar as vezes que ela me sugeriu o mesmo. e as alternativas também sugeridas, que envolvem benzeduras, exorcismos, idas a Fátima. sofro muito.]

segunda-feira, 5 de junho de 2017

Arkham Asylum

E depois chega o dia em que vês yo'mate corredor fora, felino mai'novo ao peito, descompondo-o de dedo em riste "tens de aprender a respeitar o espaço dos outros e parar de provocar os manos".
E achas tudo normal.

[sim, nós pomos o Max de castigo / em time out. melhores sugestões serão entusiasticamente acolhidas e acarinhadas]

sexta-feira, 2 de junho de 2017

Não acho normal (ou um post na onda do "sou só eu?")

- Que alguém se queixe que lhe dói a perna, por causa disso não se mexe normalmente, e ai o incómodo que tal lhe causa; e vir alguém remoer qualquer coisa como a ti dói-te a perna hoje, a mim dói já para cima de um mês, não te queixes, sabes lá o que é sofrer, sofrer sofro eu e estou aqui viva e não me queixo. A sério que não topam a ironia?

- Um agente fardado fazer uma selfie num local muito sensível em termos de segurança, pronto, uma pista de aeroporto, com um avião de uma banda de rock em fundo - e, se fosse gaja para isso, até se consegue, pelos prédios em fundo-fundo, perceber que pista ou local é - naquela do sou muita cool, e a minha corporação publicar isso na sua página, porque, lá está, também é muita cool. E não pode um gajo-cidadão-civil levar uma porra d'uma auguinha, não vá tratar-se de não sei quê para rebentar sei lá o quê.
(note to self: aqui no meu bules também, de quando em vez, aparecem umas figuras; fazer selfies com ditas em fundo e publicar)
(note to else, em aditamento: outras situações também muito giras, para polícias fardados ou outros profissionais fazerem selfies e publicar nas redes sociais: juiz/procurador na sala de audiências, com um arguido famoso; polícia com o meliante que acabaram de catar, à porta da esquadra; o médico/a no bloco de urgência, com cara de ooops, e paciente agora cadáver que não foi possível salvar; enfermeiro/a no bloco de partos, com o recém nascido preso pelos artelhos; assistente social com os mitras do dia; agente funerário a fazer a rábula de bater na madeira do caixão; assistente de bordo a deitar gotas de laxante no café; solicitador de execução com o tipo das chaves do Areeiro, a arrombar a porta da fracção que vão penhorar; qualquer cidadão a fazer corninhos ao presidente; tudo bastante dignificante, e adequado para mostrar a tooooda a gente)

- Existirem pessoas que devolvem crianças que receberam com vista à adopção. Até eu, que sou uma besta insensível (encartada! diplomada!) me arrepiei até ao tutano com o número de "devoluções" registadas num só ano e, pasme-se, a maioria de crianças pequeninas, mas mesmo, mesmo pucanichinhas. Nestas alturas gostava de acreditar em deusnossosenhor, para poder dizer que o altíssimo lá sabia, quando fez esta gente estéril (eu sei que nem toda a agente que adopta o é, mas adiante), mas depois também me ponho a pensar que raio de phoda é a selecção e acompanhamento das adopções, para haver estas situações. Pá, até eu - a tal besta insensível - sei que isto de filhos é uma lotaria, venham eles de dentro ou de fora, e que haverá muitos dias que aos pais lhes apetecerá esganar / abandonar no mato / rifar* os seus pequerruchos, mas precisamente o que define um pai/mãe é a incapacidade de desistir, o nunca ver um rebento como um caso perdido. Se não são capazes, olha, arranjos florais, peluches, cadernetas de cromos, macramé, todo um manancial de coisas para se entreterem e que, não correspondendo às expectativas, podem por de lado sem mal de maior.

[*mamãe dizia muitas vezes que um dia me rifava. e eu respondia que ninguém comprava as rifas, e pronto, prejuízo por prejuízo, ficávamos assim]

- [aditamento de fim de dia] Abriu em Lisboa um restaurante com o nome "colonial". A sério. Muito a sério. Porque não há nada mais shick, para não dizer shock, para celebrar e assinalar, em toda a nossa história, que esse período. O orgulho, de facto.
Da descrição no site:
Café Colonial is a place for conversation and sense of community, creating a feeling of a melting pot from Portuguese heritage around the world.
Ah, o sentido de comunidade que se vivia nesses dias, de facto.
E a paparoca? De truz, decerto:
Café Colonial dining experience is a celebration of the Lusophony roots through Portuguese and international dishes reflecting the influences of Portugal around the world especially in Brazil, Africa and Asia.
Epá, eu nem tenho palavras.
Já no menu:
"The roots of lusophony through traditional and contemporary dishes that reflect the portuguese identity and the influences from South America, Africa and Asia with a combination of flavours that will linger in your memory. Let yourself be surprised by this journey of flavours discovered by portuguese all over the world."
...
...
...
Vou mazé de fim-de-semana, que sou uma pessoa doente e não me posso enervar.




sexta-feira, 26 de maio de 2017

Sumário: Resumo da matéria dada. Dúvidas.

Isto de ser uma pessoa sem problemas de maior para resolver enguiços alheios; ouvir penas dos outros com toda a atenção e devoção; dar conselhos em barda, daqueles desinteressados, pensados e estruturados; analisar questiúnculas, problemáticas e quiproquós; propor soluções; avançar com soluções; e, até, implementar decisões; mas depois ser uma atadinha de primeira para resolver qualquer merdinha que se nos atravesse na nossa vida privada?
Nem vos digo nem vos conto. Uma especialidade.


quarta-feira, 24 de maio de 2017

The Cat Diaries (8)

Começo já este post por mandar um sentido saravá!, acompanhado de um grito de abençoadinhas!, a todas as pessoas pais/mães desta vida. Não, não vou por aí. Não. De modo algum venho com uma ladainha de como vos compreendo, agora eu entendo. Pelo contrário: eu não entendo. Juro. Eu não entendo como conseguem. Sim senhora, são três gatos, três; mas não precisam de banhinho, sopas e papas, roupinha lavada, fralda mudada, colinho até adormecer, pediatra de repente, e tudo o mais que possa estar a esquecer. A comidinha é sempre a mesma, já está pronta e ensacada; vão à casa de banho sozinhos, aqui a camareira limita-se a limpar diariamente (às vezes bidiariamente, sou esquisitinha); não estragam nada (valha-nos isso); dormem mais que nós; e por aí fora. Mas a verdade é que estamos derreados. Não podemos - literalmente - com uma gata pelo rabo.
Por isso, mais uma vez, porque nunca é demais frisar, abençoadinhas ó pessoas procriadoras. Não sei como conseguem.

De resto, e já a roçar os dois meses desta experiência, há a assinalar que Fox Mulder e Scully descobriram a varanda. Finalmente deu-lhes a curiosidade de coscuvilhar o que está além daquela porta a um metro do seu ponto de refúgio, e zás, saíram. Primeiro ele, uns dias depois ela. E foi giro observar, principalmente nela, o ar de deslumbramento e deleite. Parece que saíram de um longo estupor. De manhã e, às vezes, à noite, lá vão cheirar os ares e olhar em redor. Nunca tentaram uma fuga, mas ainda assim mantemos alguma atenção.

Também já se manifestam mais curiosos, e até arriscam aproximar-se das tacinhas quando têm fome, com uns olhinhos entre o atão?, e o serviço nesta espelunca é uma miséria. Nem imagino a pontuação que nos atribuiriam, caso existisse um yelp felino, mas suspeito que seria muito má.
E ontem, um avanço surpreendente: sem que tenha saído do seu igloo, menina Scully não só aceitou as festas de me mate, como ofereceu a cabeça (!), a barriga (!!), e ronronou (!!!) - não vi, contaram-me, eu estava noutra divisão a a) fazer companhia  e a distrair o Max; b) a tentar que o Max não abrisse a respectiva porta, que por acaso não tem trinco; c) sossegar Max que papá já vinha.

E o bebé, e o Max? Aaahhhh. Nunca nenhum nome foi tão bem atribuído, Mad Max, indeed. Sacana do puto. Raisteparta o bobão. Cruzes, como é fofão.
A caganita de 400 gramas passou a caganita de 510 gramas (pesados ontem, confesso que esperava que já tivesse mais peso); corre como um Usain Bolt; atira-se à comida dos mai'velhos (pá, juro, a gente vai logo tirar, mas como ainda não se engasgou ou percebeu que aquilo é um nível um bocadinho acima do seu tamanho de boca e dentição, jasus); percebeu que cabe debaixo do sommier (Max, Max, onde 'tá o Max, anda cá Max, viste o Max); e dedica-se com afinco à caça de tudo o que mexe e não mexe, como seja a malvada mantinha, a diabólica fitinha, o demoníaco pé, o selvagem chinelo. Também aprecia muito morder a revista/livro, trepar a colcha/calça, e fazer uma muito razoável imitação de papagaio de pirata, isto é, subir até ao nosso ombro e ficar lá a ver as vistas.

E mais, e mais? Ah, temos um paralelo 38 a meio da casa, Max habita agora o seu T1 que é o quarto-escritório; Fox e Scully na circunscrição cozinha-sala-corredor (um T1+1, portanto). Misturas, só na nossa presença, sendo que há a registar alguns incidentes de bufadelas e duas altercações de chapada, mas vamos com calma. Caaaaalma. Caaaalma. Muuuuita caaaalma. E feliway nos valha.

Ó o piqueno Max aqui, num registo de desaceleração do ai que gosto tanto de brincar e fazer coisas para cair redondo onde esteja, em dez segundos:



Bobão. Fofão. Lindão.

quarta-feira, 17 de maio de 2017

Não entendo como é que em 2017 ainda há quem tenha dúvidas em relação a isto

Se uma pessoa se apresentar evidentemente embriagada, ou num estado que evidencie não ter completa noção do que faz, num cartório notarial ou numa conservatória, ser-lhe-á evidentemente negado outorgar / celebrar testamento, escritura pública, ou casamento.
É claro e cristalino, e ninguém com um módico de senso comum - ou conhecimento da lei - dirá que não é assim.
Então por que raios e coriscos ainda há quem desculpe o perpetrador ou se atreva a dizer que não há coacção sexual ou violação se a vítima se encontra no mesmo estado de evidente embriaguez e/ou incapacidade para entender o que faz / lhe é feito? Como é que há quem ache que pode haver consentimento quando há incapacidade de entender e formar vontade? Como pode alguém presumir um sim quando a pessoa nada diz ou nem sequer tem capacidade para dizer seja o que for?
Ultrapassa-me, angustia-me, agonia-me, enfurece-me.

segunda-feira, 15 de maio de 2017

[A big bag of] Nope

Ainda não entreguei o irs, e dei-me conta que fiz um major poopoo financeiro na minha gestão de facturas;
Depois do imi, revisão e inspecção da viatura, já tenho ali o iuc também para somar;
'Inda não tive vagar (ahém!) para ir fazer as análises, ou marcar a eco&mamografia (três meses, and counting);
Também ainda não arranjei quem me vá substituir a torneira de segurança, que está num sítio fideputa de ruim, e qualquer dia tenho a epal à perna a dizer qu'eu não deixo mudar o contador e me cortam a auguinha;
Há tanta coisa adiada para berbequinar lá em casa que cólquer dia tenho de tirar dois dias de férias só para o efeito;
Tenho crises de ansiedade diárias derivado da quantidade de trabalho para aviar e, ainda assim, perdi sexta (sim, vim trabalhar) e hoje a bater e trabalhar cento e muitas páginas de texto, sem chegar ao sumo da coisa;
Há plantas que precisam de mudar de vaso, caixotes de cenas para dar e encaminhar, muito pó de livros para limpar, casacos de inverno para seco-limpar e ensacar, dois gatos para socializar e um para educar;
Dói-me tudo e mais uns anexos, tenho sono que dava para vinte, e sinto um peso nos ombros e pernas de que não me consigo livrar;
Anda uma pessoa tão precisadinha de um milagre.

Nope [ao quadrado e com imensos piretes, ou Hoje Há palhaços]

Para terminar com cerejinha no topo de um monte de natas batidas, gostei muito de ver na tubisão a conferência de imprensa da Cristas e seus novéis apoiantes. Fiquei a saber que um levou imeeenso tempo a atravessar Lisboa (aposto que não foi de metro); e outro considera muito importante frisar, com pausa dramática extensiiiiisima, que a candidata seja uma mulher casada. Tenho de actualizar o meu curriculum e fazer constar o estado civil, queres ver. Já me estava a rir muito quando também mandou umas larachas sobre saia larga para trabalhar, e ser pessoa de evidente mérito por conciliar trabalho e maternidade; não apanhei devidamente, mas morreu-se-me um bocadinho a esperança de um dia me candidatar a seja o que for, ainda que quisesse, mas eu sou daquelas que nem com todas as empregadas e ajudas que aquela senhora mãe-trabalhadora consegue pagar alguma vez conseguiria passar de uma prestação medíocre se acumulasse.
E ainda há quem pergunte onde anda o Medina e porque não começou a campanha: não precisa, houve já quem começasse por ele. E quando a outra se fizer à estrada, bof, o Medina até escusa de aparecer, cheira-me. Que miséria.

Nope

Para uma pessoa ateia, sportinguista não praticante, e não especialmente apreciadora de música ligeira, foi um fim-de-semana calminho, que foi.

[de qualquer forma, a minha vénia e parabéns a) a todas as autoridades que permitiram que o chefe de Estrado do Vaticano entrasse e saísse vivo e de saúde; b) aos manos Sobral, que foi bonito de ver, que foi, é pena eu achar a música meh, apesar da bonita melodia, que é, mas o tipo é um prato e foi giro de ver, que foi. no mais, derivado de na minha casa - que ainda é longe, que é - se ouvir a feira no Marquês, olhem, sim senhor. e óspois também me lembrei que para o ano temos cá o Festival, e ainda tenho gravado na memória o estado em que estava a plataforma da Alameda no sábado, raisparta os tóristas que já são muitos, e a sua mania de parquear os tróleis no meio do caminho, lá no vosso país agis assim, ó moinantes?, portanto, há bens que vêm para mal, haja saúde.]

quinta-feira, 11 de maio de 2017

Não sabia, agora já sei

Uma caganita de 400 gramas consegue correr depressa à brava, desaparecer em cinco segundos, trepar-nos pelas pernas até à coxa em menos de nada (jeans: obrigada), e ir do meio da cama à borda e daí saltar para o chão em menos de um estender de braço.

Cardíaca, vou acabar cardíaca.


terça-feira, 9 de maio de 2017

Com agradecimentos à Lego e Ikea*

Depois de tantas reclamações que já nem as recordo (mas tudo em mail, guardadinho, ó), e outras quantas intervenções que também já deixei de contar, o fideputa de um equipamento que montaram continua a dar razões de queixa. E não estamos a falar de um defeito tipo "eu preferia num azul mais clarinho", não; é mesmo uma coisa funcional. Se um charuto serve para charutar, e determinado charuto não charuta, só charu, não pode ser. E uma pessoa, pá, um consumidor, pá, que até gastou mais do que queria numa cena que lhe foi vendida como o top dos tops, uma pessoa, pá, chega ao fim da linha, e pensa que só comprando a guerra, e já começa a elaborar mentalmente a declaração de resolução ao abrigo do DL 67 não me lembra agora de cor o ano, resumidamente, o bem x adquirido e instalado pela vossa empresa não cumpre cabalmente as funções para que é destinado, e após diversas reparações tudo na mesma como a lesma, donde, tendes o prazo xis para ir tirar lá aquela merda e devolver-me o guito. E como sou uma pessoa muito, mas mesmo muito porreira, até dou a hipótese de se trocar por outro modelo, e depois fazer contas, desde que estas não sejam para cima, porque já chega o que chega.

Mas a verdade é que eu sou uma pessoa muito, mas mesmo muito porreira. E paciente (pausa para risos). A sério, sou. Outra qualquer já tinha feito uma espera àquela gente, mas eu insisto em tentar resolver as coisas a bem. E não é que não respondam aos meus apelos, 'tadinhos, lá boa vontade têm. O problema é que, digo eu, aquilo não está bem. Não sei (spoiler: não sabia) se por erro de concepção, de fabrico ou instalação, mas coise.

Vai daí, e em vez de partir para a asneira, decidi acalmar e reagrupar. E fui ao site do fabricante, onde descarreguei a ficha técnica da coisa e instruções de instalação. à primeira leitura, senhoras e senhores, primeira, detectei logo a asneira. Erro - e clamoroso, digo eu que não faço de empreitar modo de vida - de instalação.

Pronto, agora tenho ali impressa a coisa, para poder perguntar, com propriedade, cuméque em não sei quantas visitas e intervenções gente com curso de arquitectura e anos de empreitagem não detectou algo que eu topei em cinco minutos. Arre.


(e, mais importante, o meu rico paizinho, meu mentor de bricolage e artes técnicas do lar, que sempre me ensinou que qualquer trabalho se inicia por uma leitura atenta das instruções, e que o material tem sempre razão. e, infelizmente já tarde demais, me alertou certa vez que a cola quente queima a valer.)

segunda-feira, 8 de maio de 2017

The Cat Diaries (7)

No Sábado de manhã saímos de casa para ir dar uma volta e sucedeu isto:



Fox, Scully, ó o mano (borrifaram-se completamente) Max, Mad Max.
E pronto, somos tri-pais.
Ah, a alegria de um serão domingueiro, família toda no sofá? Dois debaixo, três em cima, mas isso agora não interessa nada.

[confesso aqui, que ninguém me ouve: tinha fobia, pavor de bebés. uma coija tan pucanina, aquilo nem se sente o peso, jasus que ainda lhe faço mal, credo que ainda o mato. continuo apavorada mas, visto que o bicho escolheu me mate como o seu mais que tudo, papá-lindo-adorado - a sério, o mais flagrante caso de amor à primeira vista, química instantânea que já vi, só isso explica esta loucura -, alguém tem de manter o sangue frio e postura racional. haja xanax.]

quinta-feira, 4 de maio de 2017

Agora a granel

- A propósito de quem caiu em esparrelas sobre cetáceos, não se sintam mal: nos anos 90 havia panfletos a alertar, movimentos de pais preocupados a chagar toda a gente, e imensas almas a atestar que uma sinistra rede de malfeitores traficava LSD nas tatuagens temporárias (aquelas de colar com água) que saíam nos pacotes de batatas fritas. Relatos e relatos de criançada dróóóógada pelas ditas tatuagens, sempre filhos de um amigo de um amigo. Yeah, right. Como tive muitas vezes que explicar a uma mãe preocupada (a minha), e ainda influenciada por mitos urbanos de meliantes à porta de escolas a distribuir chupas com cenas, a droga é um negócio (ilícito, mas um negócio), não é caridade. Nunca nenhum traficante precisou de acções de marketing como distribuição de amostras grátis a não potenciais clientes (criançada é mais cromos e chocolates, com orçamento a condizer) que nem saberiam o que estavam a consumir.  

- Não consigo entender que algumas figuras ideologicamente conotadas com a esquerda prefiram correr o risco de eleger-se uma fascista, racista, homofóbica e xenófoba como presidente de uma grande potência europeia, ao invés de seguirem o magno conselho outrora dado Álvaro Cunhal, isto é, ingerir o anfíbio. É que, para mim, era na boa. Se não gostam de água, empurrem com vinho.

- O conceito de bizarro world não será conhecido de todos, mas é lá que me sinto cada vez que ouço, leio, vejo noticiários: de repente parece que o eixo do mal foi ocupado pelos ternos e bons aliados, e é a Alemanha a única ilha de sanidade democrática. Pelo menos até às próximas eleições, que já não aposto em nada como seguro.

- Continuo a gostar muito do argumento dos animal lovers de que não há cães perigosos, há donos incapazes ou irresponsáveis. Tão NRA. Não que não seja verdade, mas considerando que a (pro)criação de animais para venda é a selva que se sabe, não entendo a ingenuidade de quem acha, mesmo, mesmo, mesmo, que o assunto se deve focar nos tais donos incapazes. É um facto que há animais que, não sendo devidamente treinados ou manuseados, representam maior perigo. A lei relativa ao assunto até é bastante completa, o chato é que o cumprimento da lei não é fiscalizado. Qualquer idiota funcional pode comprar um canito a um criador de vão de escada, tudo sem registo, e portanto não cumprir as obrigações que a lei impõe. E é claro que este patetóide não acha anormal andar a passear o bicho sem trela nem açaime. E ai de quem reclame cautelas ao dono. Eu já o fiz, lição aprendida.

- Falando de NRA, não deixa de ser irónico o Charlton Heston ter protagonizado pelo menos duas distopias apocalípticas (Planet of the Apes, essa bonita metáfora do racismo; ou Soylent Green, essa linda narrativa sobre as virtudes de um capitalismo sem regras e sem humanismo), quando era a bestinha conservadora que era. Ocorreu-me outro dia, enquanto víamos o último. Dito isto, também se podia dizer coisas sobre ter protagonizado Ben Hur, que é um rico filme, que é. Há gente que tem a capacidade cognitiva ou a empatia de um calhau de calçada.

Diz que o avulso está na moda

Desde o verão passado que não pinto as unhas. Depois de muito tempo de uso regular de verniz, e ainda que sempre aplicado sobre base de muito razoável qualidade, as unhas ficaram uma miséria: quebradiças, amareladas. E resolvi "dar um tempo". Já não estão amareladas, nem tão quebradiças, mas a verdade é que perdi o hábito. Todas as semanas me prometo voltar à cor na ponta dos dedos, mas, por preguiça, por inércia, por falta de tempo - essa desculpa tão mentirosa - não o faço. Tenho saudades, verdade seja dita. Mas o nada passou a ser o novo normal, e perdi o impulso.
É nas unhas e no blogar. Uma pessoa pausa ou pára por qualquer razão e, quando dá por ela, Já não sente falta. Ou até sente, uma pontinha de nostalgia, vá, mas não apetece, ou não calha, ou até se está bem assim. E fica assim.

segunda-feira, 17 de abril de 2017

Ah, este admirável mundo novo

Era eu chavalita, ainda na primária, e havia o "dia das vacinas". A professora reunia a maltinha cujo nome constava lá das folhitas, e ala para o dispensário, ou sala da escola reservada para o efeito, tuuuudo a levar a pica. De casa já trazíamos o boletim, ou seja, os pais faziam parte do processo, claro que faziam, mas nunca se ouviu falar em pais que recusavam. Num país onde ainda havia cólera e tuberculose com fartura (anos 70, século XX, verdade), acho que alguém que recusasse uma vacina seria visto como louco, no mínimo.

Antes de atingir a idade escolar, já toda a gente tinha muitos carimbos no tal boletim. Só se fosse alguém que nunca tivesse passado por um hospital ou centro de saúde, vivesse longe ou não tivesse meios, creio eu, é que teria escapado à inevitabilidade da pica. Entre pais e avós havia ainda memória de tétanos e tuberculoses, donde, não se contestava. A expressão "limpar o sarampo" existia, por alguma razão. Alinhava-se na vacinação, e exigia-se vacinação.

Eu não escapei, claro, apesar de (ainda) ninguém levar a sério a minha fobia de agulhas. Fui a todas, quer dizer, as que havia, que a varicela e papeira ainda eram das inevitáveis (ainda me lembro da prostituta da varicela, credo, à papeira escapei-me). Levei também a do sarampo, o que nem evitou que fosse contagiada, mas, segundo rezam as crónicas familiares (era muito novinha, não me lembro, ao contrário da varicela), muito ao de leve. Foi o que me valeu, sempre disse a minha mãe, o estar vacinada. E vida fora, lá foram mais tantas picas, e ó se me custaram, raça da fobia (ei, é real, prova disso é uma receitinha que tenho ali para ir à exanguinação e que está em linha de espera há dois meses, coisa pouca, preciso de tempo, deslarguem-me). Renovações do tétano e difteria (e uma semana de bola de golfe no braço), rubéola (uma das novas que entretanto apareceu), hepatite B (não era obrigatória, e era bastante cara, mas miufinha), e, mais recentemente, por causa de uma viagem para sítios que coiso, também hepatite A e cólera (esta é de ingestão, graçádeuz). E aqui há quinze dias de novo o tétano, que descurei décadas, mas também não é transmissível; se agora a fui renovar, mau grado a fobia, foi pela boa e velha miufinha.

E é isto que me faz muita confusãozinha, benzá. As pessoas não têm miufinha, não? Eu, que sou crescida, e nem tenho filhos, tenho muita miufinha. Se é assim por mim, que faria se tivesse um mini-ser à minha responsabilidade (já nem falando do afecto, e aquela coisa pelos vistos bizarra de cuidar e amar, e providenciar pelo seu melhor interesse e tal). Caraças, as pessoas querem mesmo arriscar ter um filho numa cama de hospital, ali vai-não-vai? Já nem falando de viver bem com a sua consciência, na hipótese de rebento seu causar contágio a rebento alheio, e inerente desgosto e aflição a quem lhe quer bem?

Olha que francamente, caraças.

The Cat Diaries (6)

É oficial. Adoptámos dois adolescentes: não nos ligam pevide; passam o dia inteiro com cara de caso e enfiados no seu canto; comem, dormem, bebem e usam wc à discrição, mas sem se dignarem a uma interacção; se por acaso lhes damos alguma atenção, uma palavrinha amiga, uma festa carinhosa, recebem-na sem refilanço, mas também sem qualquer reconhecimento; mal chega a noite e nos apanham em vale lençóis é farra à doida. Ao menos são asseados, cuidadosos, e não estragaram nada; até ver não há colchões janela fora nem televisores na banheira. Acho que nos temos de considerar abençoados.

Nos entretantos, também é oficial:



Vacinados (primeira toma, reforços e chips daqui a quinze dias; com sorte entretanto já se esqueceram e já nos odeiam menos; 'tá bem, abelha), testados e negativos a fiv e felv, orelhas limpas, desparasitados.
E, claro, baptizados.



"Como 'já posso sair?' Eu saio se quiser, ora. Até estou bem aqui." Teimosão.

É o que temos. Já os adoramos como uns totós, e acho que eles sabem. E, felinamente, aproveitam-se.
Agente Fox descobriu ontem a varanda (onde só se desloca, por enquanto, sob apertada vigilância do Man&Woman in Black), e parece ter visto a luz, descoberto os segredos do universo, provado a existência de vida extraterrestre. Miss Scully permanece céptica. Confere.

sexta-feira, 7 de abril de 2017

The Cat Diaries (5)

Já não tenho dois gatos debaixo do armário da casa de banho. Tenho dois gatos debaixo do armário da casa de banho, debaixo da mesa da cozinha, debaixo do cadeirão do quarto. Eternamente grata pela brilhante ideia de ter trocado a cama por um sommier: ali não cabem eles.
Isto durante o dia. De noite dá-lhes a filoxera e, mal nos sentem deitadinhos sugaditos, começa a rave. Cozinha-corredor-quarto (por enquanto o resto está off limits), mas principalmente corredor, a avaliar pelo desalinho das passadeiras. Não me estou a queixar: besugos brincam, correm, parvam, como é bom que o façam. Já preferem as mantas ao chão, e comem que nem condenados, como se amanhã não houvesse. Um dia perceberão que haverá sempre. Tal como um dia deixarão de apanhar valentes sustos se os apanhamos fora dos esconderijos.
Falando de sustos e flagrantes delitos, ei-los.


Bandido nº1:

Bandida nº2

Não, não foram escolhidos a dedo, mas até parece. A bandida nº2 foi adoptada de boca, nem sabíamos como ela era.

(ainda não há nomes, porque derivado. já reduzimos o leque para Luke&Leia, Dexter&Debra, Scully&Mulder. isto se não nos lembrarmos de outros entretanto. ou voltarmos atrás. isto é terrível, uma angústia, não sei como é que o pessoal que procria consegue cumprir os prazos de registo)

terça-feira, 4 de abril de 2017

The Cat Diaries (may the 4th be with you)

Aquilo de eu dizer que isto, tarda nada, é um kitty blog, e aproveitar logo para meter a farpa com os habituais (bocejo) conteúdos dos babyblogs? Claro que estava a brincar. Os bichos são família, pois que são, mas não são filhos. Muitas vezes são como crianças, então não são, a fazer lembrar películas tão memoráveis como Rosemary's Baby ou The Omen, mas a maior parte das vezes são só bichos, mais ou menos peluchados / gremlinzados, mas bichos. E se, como seres sencientes (legal e finalmente reconhecidos como tal) merecem tratamento digno, respeitador, carinhoso, fofizante, convém não esquecer que uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa, e tratar animais como criancinhas não dignifica nem uns nem outros.

Anyhoo, é isto que penso, e continuarei a pensar; pelo menos até ao dia em saiba de um/a pai/mãe que começou o dia a apanhar a vacina do tétano, por causa de um bufardo com unhas de fora dado pelo filho. Avisem-me, quando chegar esse dia. Vou gostar de saber.

segunda-feira, 3 de abril de 2017

Então isto agora virou um kitty-blog?

Nem fazeis ideia. E esperai até eu entrar no negócio das feirinhas (olha a banca das coleirinhas a combinar com o autefite!; olha a banca do verdadeiro e preferido escabeche de pescada!; olha a banca do reiki!), ou começar a fotografar os besugos do demo em lindíssimos kits todos matchy-matchy, com golinhas isabelinas, lacinhos nas orelhas (ela), suspensórios a combinar (ele), meia até ao joelho, mocassins pisatolas nas patinhas.

Ou então podemos falar, sei lá, do último Bourne, que ena-pai, hã, o Matt Damon ali todo grisalho mas com um caparro faz-favor, e perseguições automóveis que uma pessoa até lamenta não ter ali um auto hoje e uma calculadora para fazer contas ao prejuízo. E Taboo, quem? Oba-oba, não é?

Se calhar falamos antes das eleições autárquicas, e de que, não sendo eu a fã nº1 (nem nº2. nem nº3. bom, aí por diante. eu digo quando podem parar.) do Medina, dadas as candidatas da oposição até imprimia uma techérte c'as fuças dele e a usava até Outubro.

Ou então entramos por assuntos verdadeiramente fracturantes, como andarem empresas que não sei de que buraco saíram, com empregados com não sei que formação, a fazer podas em árvores a) na primavera, em plena floração ou folhação; b) não distinguindo um ramo ladrão de um ramo simplesmente baixo; c) com uma total inguinorância quanto à forma e estética das copas, de tal forma que há por aí árvores que ficaram a parecer uma vassoura de pernas para o ar.

Às tantas também se entra por coisas mesmo-mesmo importantes, como o melhor gelado de chocolate de sempre, esse tema que cai sempre bem e tem tudo para gerar um interessante fórum.
Isso: gelado, que vai sendo tempo dele (é sempre, mas adiante). Confesso que fiquei agradavelmente surpreendida com o gelado de chocolate lidl, e francamente louca-furiosa por não terem reposto o stock no dia em que lá fui. Bandidos, facínoras.


The Cat Diaries (um 3 que podia ser um 666)

Olá, eu sou a Izzie, e sou vítima de violência doméstico-felina. Desde já se esclarece que a culpa foi minha, toda minha, provoquei e estava mesmo a pedi-las. Ao contrário da vítima de violência doméstica que apresenta este discurso (e obviamente está a ver mal as coisas, precisando de uma valente intervenção, que uma coisa é um animal irracional negligenciado e largado na rua, outra é um ser racional com capacidade de decisão, introspecção, e não levantar a mão), é a mais pura das verdades. Excesso de confiança aliado a uma certa urgência, é o que dá. Tooooodo o trabalho já conseguido deitado ao lixo.

Ora veja-se: a) a bichita já tinha saído de baixo do armário da casa de banho, trocando esse spot de sonho pelo paraíso debaixo da mesa da cozinha; b) a besuga aceitou festas no lombito, orelhas e queixo, o que até nos fez desvalorizar as dores de joelhos e esqueleto em geral, atenta a posição em que nos temos de por para o conseguir; c) a chouriça autorizou e até gostou da escovadela com que a presenteei.

Vai daí, saltei um porradão de etapas e, sozinha, tentei agarrá-la para a enfiar na caixa transportadora para dar um pulo ao vet. É que de quando em vez faz um barulho estranho, uma espécie de rouquidão, que tememos seja uma maleita respiratória; e não temos a certeza de que esteja a comer, ao contrário do cachalote do mano / amigo / companheiro, a quem nem a clausura e spleen impede de limpar toda e qualquer taça de comida. Resultado, enfiou-me uma estaladona de mão aberta que até vi estrelas.

Sendo positiva: estive tanto tempo ao espelho a estancar sangue e desinfectar o nariz que, de duas uma, ou este também ficou inchado ou já sei onde tenho o desvio no septo de que sempre desconfiei. E vá lá, não foi uma vista. E não tenho nenhum documento com fotografia para renovar.

(me mate ralhou-me tanto. merecidamente. mas eu tinha que contar, né, tenho a marca aqui bem à vista.)