quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Redículas

Sabem aquelas pessoas, já ouviram falar, que têm pacotes de bolachas e snacks tipo twix e toffee crisp nas gavetas do trabalho, e logo em packs económicos de três ou quatro, que já não lhes faltava serem lambaronas ainda são pechinchonas, e depois comem aquilo e guardam os invólucros na mala, para jogar no lixo em casa ou numa papeleira na rua, porque têm vergonha que a empregada da limpeza os veja e pense mal delas? Sabem? Ouviram falar? Ahahahahahahah, pois é.
Não conheço nenhuma.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Post com banda sonora*

*é esta. escuso-me a reproduzir o títalo no títalo do post porque eles andem pedalem aí, e o google e não sei quê, ainda me cai aqui a pandilha, com um not all cyclists, e hoje não me apetece


Sinto-me ofendida. Pior: estou profundamente sentida. Sinto-me sentida, portanto. Magoada, traída, espezinhada.
Eu explico: durante aqueles meses de puro inferno em que duraram as obras nas Avenidas Novas, tempos obscuros que se não levaram a um suicídio em massa em plena hora de ponta, nada levará, eu era daquelas que, em oposição à (passe a redundância) oposição direitolas, defendia com unhas e dentes a construção de ciclovias.
"Ah, ninguém anda de bicicleta em Lisboa, nunca vi", e eu "ó que andam, e havendo condições, mais andarão"; "e agora onde é que a gente estaciona, tiraram-nos o espaço para dar aos ciquelistas!", e eu "estacionam no parque, pagam e não bufam, ou, sendo demasiado sovinas para isso, estacionam na rameira que vos deu à luz, a rua é de todos".
Seguiu-se novo coro de aflitos quando se soube que a Câmara ia gastar numa cena de bicicrétes partilhadas: "Só gastam dinheiro em ilusões, não há ciclistas, nunca os vi!", e isto quando nas Avenidas Novas não faltam oculistas que tratam destes problemas.
Passado mais de um ano, há ciquelistas às paletes, ao fim de semana ainda mais, e as biclas-gira estão sempre numa roda viva. Sucesso, portanto. Yay, pensei eu. Menos um cidadão na estrada ou no metro, que é onde eu me transporto. Sim, sou interesseira.
Até ao dia em que nos vemos ali rés-vés de causar a morte ou sérios ferimentos a um ciquelista. E por culpa dele, o que não me iria acalmar e conciliar o sono.
Já perdi a conta, senhores e senhoras, às vezes em que fiquei com o coração prestes a saltar pela boca. Rodinhas em contra-mão: sim. Ciclos a passar vermelhos: confirmo. Pedalinhos a atravessar a estrada em cima da bicla e dando ao pedal,  às vezes com vermelho para peões: olaré. Se em sítios sem ciclovia já é mau, em locais com essa via + sinais para ciclistas + passadeiras para o mesmo público alvo, é indefensável. Eu sei que o Código não os obriga mas, pá, fazer toda uma artéria a 20 à hora, atrás de uma ciclototó, quando tinha uma cilcovia ali ao lado, e das boas... não. Já apitei a um, o palhaço a lixar o trânsito todo, e a ciclovia, livre, desimpedida, ali a dois metros. O animal ficou muito zangado, e teve oportunidade de mo dizer quando fiquei a par, para o ultrapassar, e lhe disse para ir para a ciclovia, ó palerma, arrancando de seguida e legando-lhe as minhas melhores emissões de combustível fóssil. E depois houve aquele que vinha largado, no passeio, e atravessou pedalando numa passadeira só de peões... eu travei a tempo porque já o tinha debaixo de olho, e não confio no discernimento de ninguém. Levou apitadela, mas ainda me mandou estudar o Código. Sim, à única pessoa em causa que comprovadamente fez o respectivo exame, e passou.
A última foi ontem. Animal devidamente fardado com aquele fato-macaco de lycra, vem na ciclovia, e o meu sinal aberto. Não sei porquê - aliás, sei: não confio no discernimento de ninguém, e os ciquelistas não precisam de um atestado para saber se são daltónicos - mas fiquei com a impressão que não ia parar. Não parou, semáforo de biclas vermelho, vermelhão. Até podia jurá-lo, não se desse o caso de ter olhado, a confirmar: é um sítio que conheço bastante bem, e quando abre o verde para a lateral, está também aberto o vermelho-ciquelista. Graças à minha falta de fé na espécie, ao facto de ir a uns 20/30 à hora, consegui parar, e apitei. Ficou muito zangado, barafustou, e ainda mais se alterou quando lhe fiz o sinal universal de "deves ser ceguinho" (mão aberta a passar em frente aos olhos). Caso lhe batesse fornicava-lhe o fémur, pelo menos. Se ele me batesse, além de ficar todo tortinho ainda me lixava a lateral. Com ou sem razão, eu não me safava de me ser levantado um auto, e aberto um inquérito crime. Inerentes dores de cabeça. Estragos no meu carro? Lá iriam para os danos próprios que eu pago, que esta gente só tem direitos, deveres - carta?; seguro? - nicles.

E é isto. Estou a pensar rever a minha bonomia relativamente ao ciclo-transporte. É que na minha escala de rodo-desastres, estão ali vai não vai de destronar os táxistas; e já ultrapassaram, ó, ao tempo, os peões que atravessam olhando para o telemóvel.
Falta pouco para me plantar em frente a um ministério qualquer, a exigir a terraplanagem das prostitutas das ciclovias, e degredo de todos os praticantes.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

E não nos conhecemos d'ontem

Já é a segunda (ou terceira, já perdi a conta) vez que a minha operadora me liga, para informar que vão premiar a minha fidelidade e longa relação comercial com seis meses de sport tv à borla, basta eu dizer e activam.
Ou tiraram o curso de marketing na Universidade de Alguidares de Cima, ou não querem premiar porra nenhuma, pois não, seus sonsos?

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

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Lá na escola do subúrbio onde cresci havia um indivíduo completamente passado da mona. Já não era bem do meu tempo, quem o acompanhou foi o meu irmão - teriam mais ou menos a mesma idade - mas eu conhecia o irmão mais velho do criaturo, que era meu contemporâneo. Não acredito nestas cenas e muito menos em determinismos, mas estes dois irmãos eram a prova a que muitos se agarrariam para argumentar que o mal existe, e a sua semente se propaga em certas linhagens. O mais velho era um bandido da pior espécie, violento, mas de uma forma insidiosa e matreira. Consumia drogas, que suspeito seriam de calibre superior à mera ganza, mas de uma forma controlada, ou seja, não sucumbiu ao vício de modo a acabar um farrapo acampado no Casal, agulha espetada no braço. Possuidor de um espírito empreendedor e oportunista, passou do consumo ao tráfico e, das últimas vezes que lhe pus a vista em cima, andava muito bem vestido e conduzido. Passou de adolescente semi-carocho e homem de mão para quem precisava de costas quentes para um kingpin semi-carocho com uma entourage de músculo subcontratada. O mais novo não tinha a mesma cabeça fria, e consumia mais ávida e descontroladamente. Não que precisasse de drogas para passar do zero aos cem em segundos, bastava um olhar de que não gostasse, um gesto que interpretasse como um desafio. Na escola não havia quem não morresse de medo dele. As tareias que aplicou a um e outro, sem razão ou por motivos absolutamente fúteis, não eram uma lenda, eram um facto verificável. Conhecia um moço que ficou com a cara num bolo porque "se estava a rir para ele", outro que se refugiou aterrorizado em casa umas duas semanas depois de um "estavas a olhar para mim porquê, a gente depois fala". Ainda não tinha os 16 feitos e já tinha ficha na polícia, e a cara gravada na memória de todos os agentes da localidade. Quando fez os 16, recebeu uma prenda da esquadra em peso, e dada em mão. Nessa altura já tinha sido expulso da escola, depois de o Conselho Directivo não ter podido contemporizar ou fechar olhos a uma facada dada a um colega. Apesar disso, continuava a entrar na escola, ou pulando muros, ou coagindo o funcionário do portão, que não tinha nem corpo nem coragem (nem ganhava para isso) para ele. Um dia o meu irmão chegou a casa com uma história, parece que às oito e meia o fulano, já completamente embriagado/drogado, armou uma valente escaramuça no portão da escola, a dizer que ia matar o conselho directivo em peso. Totalmente descontrolado, foi detido pelos agentes chamados ao local; e digo detido no sentido não jurídico, porque era menor de 16, não podia ser "preso". Várias vezes me perguntei, e aos amigos e colegas do meu irmão, como não se juntava um grupo para lhe dar uma lição; era assim que se resolviam os "problemas", ali. Mas a resposta era óbvia: o "e depois", somado ao irmão, na altura já uma figura de peso. Morreu nem tinha ainda os 18 feitos, overdose. Ninguém teve pena. Aliás, a notícia era propalada com um misto de alegria e alívio. Não tenho vergonha de o dizer, foi com esse sentimento que a recebi.

E hoje lembrei-me disto porque imaginei que, se calhava ser possível àquele animal entrar numa superfície comercial e adquirir mais que um canivete, sei lá, uma pistola, respectiva munição, ou mesmo uma arma automática, que faria. Que faria, caneco. O meu irmão e muitos amigos, uns quantos irmãos de amigas, andavam naquela escola. Eu, e muitas amigas, andávamos por ali, era a nossa rua, o nosso bairro, a nossa comunidade. Que faria, pá, um doido sem escrúpulos destes ter acesso a uma máquina de matar muito e depressa. Gente desta, sempre os haverá; o que me faz confusão é em alguns países evoluídos ainda haver quem não conclua que a diferença entre uma tragédia ou uma situação mais ou menos descontrolada é o acesso. E permitirem-no, todavia.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Está fresquinho, está

Estou aqui a fumar o último cigarrinho do dia, enquanto olho com alguma satisfação a pilha do "feito", e muita angústia a (muito maior) pilha do "a fazer", ponderando que material levarei para casa para estudar, se o assunto A ou o B ou ambos, e a matutar que para pessoa que acabou o curso a ferros e com asco, que jurou um dia estudar uma coisa que gostasse mêmo, mêmo, mêmo a sério, virar a vida do avesso e fazer só o que gostasse, as coisas estão mêmo, mêmo, mêmo mal encaminhadas, porra, e ou a vida, o universo, sei lá quem tem um sentido de humor muito negro, ou então é mesmo para isto que eu sirvo e aos 46 já tinha aceitado essa inevitabilidade.


quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Nada mais a declarar

além de que este documentário é mesmo, mesmo, mesmo imprescindível



para quem é cat-lover e, se calhar, talvez, principalmente, para quem não é. O respeito por uma forma de vida, o amor desinteressado pelos animais, a harmonia entre seres (caraças, até os cães!, nem os cães bulem!), deixa-nos um sorriso besta e um calorzinho no peito.

E, pelo meio, também nos dá piquenas prendas como esta perolazita:


O grafito, pah <3

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Qualidade, o caraças

Uma pessoa percebe que o casaquinho deve ser upa-upa gostoso quando se dá conta que, apesar de todos os seis meses gastar umas boas coroas a renovar as pendurezas anti-bicheza, o maldito está todo traçado.

Que desgosto. E se ainda ao menos houvesse costureiras daquelas que sabem virar casacos, mas nem isso.

(vou virar-me para as parkas em poliéster e penas, ó, ó)

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Micro Machinhos

Já lá vão mais de uma vintena (não vou contar para não deprimir) de anos de volante, devidamente encartada, e já perdi a conta a sermões, interpelações, e outros ões oferecidos por senhores condutores: ou me mandam tirar a carta (lamento, já tenho; nunca tive muita queda para fora-da-lei), ou perguntam onde a tirei (eh pá, nem sei se ainda existe, e também não recomendava); piretes (dois, que destes guardo perfeita recordação: um taxista e um sôtor com a respectiva no banco do pendura); e, o top dos tops, mandaram-me para casa coser meias. Nunca veio à baila a dita carta ter-me saído por sorteio ou na farinha amparo, e tenho pena, que os clássicos não deviam morrer.

Não sou imune a auto-asneirada, também as faço. Por norma (isto é, se der tempo) peço desculpa, faço aquele ar encavado de "ai, já fiz merda", acompanhado da mãozinha direita levantada. Por casualidade, as três últimas interpelações (e, já agora, todas as que resultaram em sermão) vieram de quem, na situação concreta, estava a fazer merda. E da boa, do tipo, basta ter levemente presentes regras básicas para lá chegar.

Então porque fui eu o alvo de mimos como "vai estudar o código da estrada" (vindo de um ciclista que circulava num passeio sem ciclovia, e resolveu atravessar numa passadeira sem passagem de ciclistas assinalada, depois de levar uma valente buizinadela); ou "quando tirou a carta não lhe ensinaram a marcha atrás?" (de um sujeito que circulava na via obstruída mas achava que eu, já encostada ao lancil do lado direito, é que tinha de lhe fazer o jeitinho). Excesso de confiança no seu conhecimento de normas estradais? Burrice pura e dura? Má-criação congénita? Ou algo mais? Porque acharão estes exemplares, todos eles do género masculino*, que num país em que as raparigas e mulheres os ultrapassam à vontadinha nas pautas escolares; que já são uma confortável e em tantos casos larga maioria nas universidades; que já dão cartas em áreas de trabalho onde há uns tempos nem pensavam e muito menos sonhavam aceder; porque presumem eles que numa situação concreta o conhecimento e a identificação da norma a aplicar, bem como a correcta interpretação da mesma, é a deles? Juro que isto me deixa perplexa. Estatisticamente, ao menos, não.

Mas pronto, é o que é. Ou uma pessoa desenvolve uma elevada resistência à frustração, ou começa a andar com um taco de baseball no carro. Daqueles de alumínio.


*claro que há condutoras ineptas, mas esta aqui nunca teve o desprazer de ser descomposta por uma, e muito menos nos termos descritos. lá ficarão a refilar dentro do seu habitáculo, mas a retinta lata de abordar a contraparte, nunca me aconteceu.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018