quarta-feira, 17 de março de 2021

Novidades? Não temos.

Senhora minha progenitora já anunciou que não quer e se recusa a tomar a vacina da astra zeneca, pretende a da pfizer. A minha reação foi entusiástica: eu vou contigo, digo logo que é uma pena estragar-se, e podem dá-la aqui a moi. Mano teve uma reacção mais severa (e adulta, vá): que isto não é assim que funciona, toma-se o que houver e acabou, e qual o problema com a az, os casos de coágulos são ínfimos e não está provado nexo de causalidade. Para não dar (totalmente) o ar de tolinha da família fui fazendo que sim com a cabeça, sublinhando o bom senso fraterno. Mas voltei a frisar que se ela não quer, mais fica, oras, e como filha primogénita me ofereço para herdar. Caneco, eu cá aceito o que me quiserem injectar, até a sputnik, qué lá saber; se só por si a vacina já diminui, comprovadamente, o risco de doença grave, hospitalização e morte, venha a pica. E fala daqui a caguinchas maior de picas. Mas mamãe insiste porque, ainda que tenha sobrevivido aos efeitos secundários das pílulas de primeira geração (coágulos, risco de coágulos for everybody!) parece que teve um desmaio que a médica lhe diagnosticou como um mini-avc, e coise. Quem nunca, pá. Eu sofro de mini a médios avc às dezenas, só por semana. A sério, sofro de tonturas frequentes, com sensação de corrente eléctrica a passar no cérebro, sempre atribuí ós nervos, fazem engarrafamento nas sinapses e de vez em quando chocam, mas parece que também é uma das manifestações de mini avc. 'Tá bem. Eu quero é a vacina, bácina, toda a gente vacinada. Juro, se no primeiro confinamento até levei bem a coisa, neste estou à beira de me tornar a maluquinha da freguesia. Apetece-me sair pela rua a correr, de bracinhos abertos, e a gritar iupis, e até voltar ao trabalho como ele era ali em Setembro de 2019. Depois cai a pequena réstea de sensatez que me resta, e nã, afinal estou bem em casa (não estou), não preciso mesmo de sair hoje (por acaso fazia-me bem), apesar de estar fartinha de limpar o fogão, aspirar cotão, e sentir-me numa espécie de coma mental, um nevoeiro peganhento que não levanta, se entranha até aos ossos, e me está a empenar física, emocional e intelectualmente. Já não leio, por pura anomia, já não bricolo, porque me canso só de pensar e planear. Trabalho o que posso ao ritmo de uma lesma paraplégica, e escavaco as cutículas.  E é isto.

21 comentários:

  1. E a quantidade de homens que se passeiam pelas caixas de comentários net fora a dizer "onde já se viu uma vacina que pode provocar coágulos e tromboses, temos de a recusar, os medicamentos nao podem ter efeitos colaterais tão graves". Já respondi a alguns que milhões de mulheres expõem-se a esse risco para que os homens não tenham de se preocupar com filhos indesejados, mas prontes... Já sabemos que isto dos riscos é pior se o machame estiver expostos a eles.

    AnaC

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    1. Ana C, se eu fosse fazer uma lista dos efeitos secundários que a pílula me causou... o engraçado é que a pílula masculina que chegou a ensaios causava efeitos semelhantes à feminina, e desistiram de a desenvolver e comercializar porque os homens os achavam intoleráveis :D

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  2. https://www.theguardian.com/commentisfree/2021/mar/15/evidence-oxford-vaccine-blood-clots-data-causal-links

    O Spiegelhalter e' o pai da estatistica moderna, para todos nos nesta area de investigacao. E e' tao bom que consegue explicar 'as massas, os conceitos mais complexos, em linguagem de crianca pre-escolar. Na minha familia (inglesa) tenho uns qtos palermas que tb nao querem a vacina. Os mesmos que votaram no Brexit, la esta. Tenho em crer que lhes falta a parte direita do cerebro e alucinam com o cheiro a estrume dos campos com o esquerdo.

    Tambem estou um bocado passada dos carretos. Tenho tanto trabalho, tanto. Ninguem tira ferias porque ninguem tem para onde ir, entao nao ha quebra nenhuma, e' so' acumular a ritmo exponencial, enquanto que eu com os putos e a nanny em casa, e as noites mal dormidas, e a falta da empregada, e o cara&*^*& a 4, trabalho a ritmo logaritmico, va, ja nao adianta muito que por mais que me esforce, ja pouco acrescenta. E se ja ando a comprimidos desde a depressao pre-parto e pos-parto e tal, agora e' que me vai dar o pifo de vez. Conto os dias e assobio. E escavaco as cuticulas, tb. So que como ja nao tenho tempoo nem para me cocar, quanto mais ir buscar o estojinho das unhas, vai mesmo 'a dentada. Lindo.

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    1. AEnima, obrigada pelos links, só li muito a correr uns artigos, que demonstravam que estatisticamente a ocorrência de coágulos era ínfima.

      Lamento que estejas tão assoberbada, a sério. Por aqui tive umas semanas difícies no final de Janeiro e em Fevereio, mas de repente caiu a pique - os fregueses desapareceram. Acho que desta vez o pessoal se assustou a sério, mas uma vez desconfinado vem o fluxo normal + o que deixaram acumular e para mais tarde.
      Muita calminha, haja muita calminha, que eu já não aguento stresses de loucura.

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    2. Deixei-te os links para poderes passar a quem precisa de se informar mais sobre o assunto - mas claro, em ingles nao chega a muitos. De resto, eu sei que estou a "preach to the converted", que e' uma expressao inglesa que acho muita piada e nao encontro a alternativa portuguesa.

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    3. Ensinar a missa ao vigário !

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    4. É isso mesmo, ensinar a missa ao vigário, quem realmente precisa de informação não a quer :/

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    5. Boa, isso mesmo, ja me falham umas coisitas de vez em quando.

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  3. https://www.theguardian.com/theobserver/commentisfree/2021/mar/14/speedy-covid-tests-are-very-useful-but-not-conclusive

    Mais outro muito interessante. Vale a pena ler a coluna dele no Guardian. Quem diria que os estatisticos e' que iam ser as superstars desta terceira decada do milenio? (eu nao sou estatistica, atencao)

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  4. Tenho sempre saído dentro do q é permitido ou já teria aparecido no CM. E, agora, stresso c os novos felinos, q uma já me está a mandar enfiar o antibiótico num certo sítio e está amuada :/.

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    1. Filipa, nós, além do supermercado e coisas da vida que temos de fazer, tentamos ir dar uma voltinha todos os dias. A ver se não nos tornamos psicopatas :D
      Quanto a medicamentos e gatos, toda a minha solidariedade. Fico sempre envergonhada quando os vet nos olham com aquela cara de "não me diga que não consegue...". Pá, eu não consigo. O Fox e a Scully têm a escola toda, e nem passando fome e misturando a medicação no patê se deixam enganar. O Max é fácil de manipular, e até dar o primeiro comprimido, mas da segunda vez, bof, nem lhe conseguimos abrir a boca e, conseguindo, ele cospe com uma perícia que faz favor. A Selina esteve uns dois meses a antibiótico quando a apanhámos (quase morreu, esteve internada e quando teve alta teve de tomar antibiótico e anti inflamatório). Foi uma saga. Ela estava isolada dos outros (medo de contágio), pelo que lhe tirávamos a comida à noite. DE manhã partia os comprimidos em pedacinhos muito pequenos, misturava em em patê, e andava uma meia hora de gatas atrás dela, a dar-lhe o patê às colherinhas. Ela topava, mas a fome era demasiada, vá. Uma saga, sempre.
      Se até para lhes por as pipetas é uma novela, todos os meses... até o Max mal a vê foge :/

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    2. Eu tenho de dar clamavox em xarope. Seringuinha, ROFL, a uma gatinha q ainda ñ me conhece muito bem. Telefonei à vet e ela sugeriu por nas patinhas da frente, mas pensomsempre q ñ é ingerido na sua totalidade. Descobri umas cápsulas de gelatina p por os comorimidos, mas, p cenas líquidas, é fé em Deus. E ainda tenho de por um medicamento nos ouvidinhos. Hahahahah.

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    3. E lembro-me muito bem da saga de Selina Kyle :). A indústria já deveria ter avançado para criar cenas maks fáceis de dar.

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    4. Ahahahah, xarope em seringa, já tive essa experiência fa-bu-lo-sa, era xarope por todo o lado menos na boquinha da Scully (teve uma tosse feia aqui há um ano). E líquido para os ouvidos? Outra saga. No verão passado estavam todos com uma cera fora do normal, podia ser ácaros, e também passámos por isso. Só drogando os bichos, mas, lá está, primeiro ea preciso que tomassem o comprimido :P

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    5. Vou queimar lexotan em paus de incenso, lolol.

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    6. Ficam muito chateadas comigo se vos disser que os comprimidos são 10 segundos a dar, e no outro dia o gato apareceu com o ouvido cheio de cera, otite ou pequena ferida, e eu além de andar uma semana a limpar a muito bem limpo, algodão ou cotonete com soro fisiológico, cotonete com desinfectante na pequena ferida no interior, e no fim cotonete com betadine. Sempre sem problema nenhum, só o amuo do gato no fim do manuseio...

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    7. Chateada? Não, eu fico é cheia de inveja! Esse gato é um santo, um santo, bençoadinho :D

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  5. Eu continuo a lidar bem com o confinamento mas cá em casa não é assim com todos e isso é que faz com que a situação se torne difícil para mim. Confesso que estou um bocado farta de ser a má da fita que exige cuidados a todos (e, a não ser que falhe redondamente e alguém morra, vou ser sempre a exagerada e parvinha).
    Felizmente não tenho que ligar com medo de nenhuma das vacinas (até porque nenhum deles irá alguma vez perguntar qual é a marca da dita) mas nem o meu sogro ainda foi vacinado e tem mais de 80 quanto mais a minha mãe que deve ter que esperar até junho...
    Ando a ler mais mas eu leio sempre mais em alturas complicadas e tenho trabalho até não poder mais. Tenho que aprender a parar (mas parar tem aquela cena de dar tempo para pensar e não é assim tão agradável como isso).
    Já o ZéGato é o ser mais feliz desta casa, tem sempre companhia e mimo. vida de gato...

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    1. Patrícia, uma coisa temos em comum: os gatos cá de casa estão felizes, felizes. Sempre pensei que a certo ponto se fartassem de nos ter cá permanentemente, mas não: fazem a sua vida normal (sesta, comer, sesta), mas nota-se que gostam da presença, estão muito mais mimados e mimosos. Quando voltarmos à lufa-lufa não sei como vai ser...

      Quanto a cuidados, ó, mais vale ser maluquinha que apanhar o bicho. Eu ando sempre com a garrafinha spray de álcool, imponho o borrifo depois de tocar seja no que for, e ao entrar em casa é logo lavar as mãos. Tem de ser...
      (a minha mãe anda a fazer birra, mas quando chegar a sua vez de levar a pica, lá para são nunca à tarde, aposto que aceita o que houver)

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  6. Este confinamento está a custar-me muito mais, logo para começar porque já não é novidade, envelheci imenso entre um e outro, já não tolero quase nada e a falta da empregada, o mais novo agora na escola e eu em permanente alerta álcool, higiene máxima e mais não sei o quê, já cansa. Já nem me tolero a mim, quanto mais ao resto. Também se pode dar o caso de já não estar boa da cabeça. Quando me calhar a vacina, vai o que houver, cheguei a um ponto em que tudo é ganho, até a promessa de um dia respirar na rua sem máscara.

    A tua mãe pode ficar descansada, segundo as últimas os casos com a Astrazeneca foram todos em pessoas até aos 55.

    (o que me ri com este teu texto!!)

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    1. Mac, também já ponderei a hipótese de já não estar boa da cabeça :D
      A minha empregada já voltou, o que é um alívio enorme, enorme! Mas vamos lá ver como isto evolui, se voltamos à estaca zero vou ter um ataque psicótico. A avaliar pela quantidade de gente sem máscara que vejo (nos poucos dias que vou à rua), não me sinto muito optimista. Ai.

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