terça-feira, 28 de agosto de 2018

Chapéus há muitos

E livros também, E quer para uns e outros há soluções de arrumação para implementar, só me falta um discurso motivacional suficientemente poderoso para me fazer mexer.

Então diz que nas férias se lê, e eu li. Livros para além de consultas técnicas, quer-se dizer. Material não me falta, basta dar a volta a uma das pilhas (desarrumadas) em cima da secretária, mesas do quarto, e até cadeira do escritório. Pode ser que pegue, este mood de decoração, e assim já não preciso de solução de arrumação. Como a cabeça já esteve melhor e viu dias mais risonhos, optei por coisas mais leves, e resolvi dar uma chance a escrita em português (lamento, Agustina e Aquilino Ribeiro ainda vão esperar).

Abalei então com, para além do mais, Os Loucos da Rua Mazur na mala, uma oferta que por lá estava. Sim senhora, gostei. Não foi assim um gosteeeeei, mas gostei. Competente, bem escrito, sem cagança, sem gorduras para raspar. E bem investigado, nota-se que há ali trabalhinho: aprecio isso. Não será alta literatura, mas também não é literatura de aeroporto - uns bons furos acima de Rodrigues dos Santos, ou melhor, do único que lhe li.

Vai daí, e numa visita à Bertrand mais caótica e desorganizada do universo* - juro, eu vou lá para apanhar camadões de nervos, transtornar o meu aliás ligeiro transtorno obsessivo compulsivo, mas também elevar a minha autoestima quanto ao estado de (des)arrumação livreira lá de casa - vejo o Perguntem a Sarah Gross em formato de bolso, e tungas, veio comigo.

Primeiro que tudo: comprem livros de bolso, caraças, a ver se continuam a editar nesse formato. Mais baratos, mais leves, o conteúdo é igual. Invistam nisso, poupem as costas e a carteira. Tudo bem, não fazem uma estante tão bonita (é-me indiferente, adiante), mas eu sou do tempo em que quem se preocupava em ter uma estante bonita e composta comprava aquelas edições completas e encadernadas de escritores consagrados, e que nunca lia:parolice alert. Pior: me mate recorda que se vendia e comprava só uma estrutura de capas, que se enfiava na estante a fazer de conta. Isto já roça a demência.

Ah, o livro. Gostei. Gostei bastante, muito mais que o outro. História muito bem relatada, bem construída, bem escrito e, novamente, sem cagança (um dos piores defeitos, para mim, do Rodrigues dos Santos, é querer armar ao Eça e sair-lhe uma prosa tipo edições Harlequin, siga). Novamente muito bem investigado, este ainda tem mais trabalhinho por detrás, e nota-se. E eu aprecio, e faço a minha vénia. Dado o tema - tal como o outro, época nazi, Polónia - não posso dizer que se trata de literatura levezinha, bem pelo contrário, mas não é um As Benevolentes.

Anyhoo, sim senhora, sim senhora, temos escritor, e se calhar toda a gente já sabia, mas eu não, e pronto, fica aqui a minha opinião. Só tive uma pequena "dificuldade" com o Sarah Gross, que não passa de uma embirração muito embirrenta de um aliás quezilento e notório mau feitio: chamar Kimberly à protagonista, ó pá, que nome mais cocó, tão Ruben André, tão Soraia Cristiana, credo pá. Não havia necessidade.



*Torres Vedras, no centro comercial. a sério, devia ser incluída num circuito turístico. ou então realizar gincanas do tipo "encontre o livro" - ordem alfabética é conceito quase desconhecido, por lá. o espaço é muito pequeno, o que também não ajuda.
ideia para série de posts futuros: guia de Bertrands. sim, eu tenho um top.

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

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Sinceramente, acho que seria muito feliz a fazer vida da jardinagem, mas parece que paga muito mal.

terça-feira, 21 de agosto de 2018

Nem sei que diga

Caros senhores que vão ao cabeleireiro, quiçá barbeiro, com a espoNZa atrelada, e é esta que dirige os trabalhos, isto é, comunica ao profissional como se faz o corte, se está bem, um bocadinho mais aqui, assim acoli: epá, emancipem-se.

Caras senhoras espoNZas supra mencionadas: nem sei que vos diga. Estou aqui disposta a aventar que, às tantas, é por causa de vocês que certo(s) barbeiro(s) proíbem a entrada de mulheres. Ou mesmo que sois do tipo de espoNZa que depois se queixa que eles não "ajudam" nada lá em casa, mas também, coitados, não sabem fazer nada, não é?

Anyhoo, aqui desta que estava (como de costume) a apanhar a maior seca, kudos pelo espectáculo, nunca pensei, ainda por cima com artistas mai'novos que eu. Se apanharam os meus eye rolls ou sorriso trocista: sorry, not sorry. Achava eu que não havia nada mais creepy que aqueles casais que se tratam por pai-mãe, afinal, ó, vivendo e aprendendo.

Silly Season

A Maria Vieira no feice, o Arnaldo Matos no tuíte.

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

We all float down here

Olá, eu sou a Izzie, e consegui ver o It sem sobressaltos, sem pulos no sofá, sem gritaria histérica, sem tapar os olhos, sem hiperventilar, e até dormi lindamente, depois.
Qualquer dia ainda me apanham no Motelx. (nããããããã....)

Agora a sério: não só vi e não morri de susto, como adorei, adorei, adorei. Não que o filme seja adorável, bem pelo contrário, mas achei tão bom que até, por breves minutos, tive vontade de pegar nas mais de mil páginas do livro (nãããããã... passou-me).
O elenco juvenil é maravilhoso, e é extremamente credível - falam como putos de 13 anos, e não como os adultoa acham que falam putos de 13 anos. Só isso faz(-me) uma diferença fenomenal. Quanto ao mauzão, Pennywise, the dancing clown, ó que caraças. Nunca vi a versão com o Tim Curry (e agora quero), mas o pequenito Bill Skarsgard tem uma expressividade física e facial que ó-ó. Medinho misturado com pura admiração, foi o que passei todas as suas aparições, desde uma magnífica cena de introdução só com a sua carinha enquadrada na sarjeta, até aos seus bailados grotescos e movimento de ataque a fazer lembrar aqueles palhacitos de corda que tocavam tambor ou pratos (alguém se lembra destes brinquedos? tinham o mesmo movimento de braços e menear de cabeça, taliqual, assustador).
Mas o verdadeiro monstro do filme nem é tanto Pennywise, este é só a cereja no topo do bolo. O horror pode ser (e tantas vezes é) mais mundano, próximo e familiar que uma figura sobrenatural maléfica. Os monstros são os adultos daquele pequeno universo: os que infligem dor e os que, vendo-o ou sabendo-o, nada fazem. Juro que nenhuma cena com o Pennywise me deu tantos arrepios como aquela em que os bullies maltratam Ben e passa um carro com dois adultos que vêem e seguem caminho. E esta foi só um "aquecimento". Neste contexto de maldade entranhada e enraizada às tantas até o palhaço maléfico, que rapta e se alimenta de crianças, surge como um libertador das suas alminhas. Ou não. Se calhar um mal é apenas uma consequência natural de outro. Enfim, divagações minhas.
Fico à espera da segunda parte, em pulguinhas. (gostei tanto, já disse?)

sexta-feira, 10 de agosto de 2018

Blitzkrieg

Depois da apreensão inicial por sabermos ir passar a viver em cima de um AL (alojamento local, para quem ande totalmente out), suspirámos de alívio quando os primeiros hóspedes vieram e foram sem alarme. Fiquei de sobreaviso quando dei conta da meia dúzia de teenagers (ou quase) franceses. mas estes, apesar de passarem a noite toda na palheta e na bubereta tinham um excepcional sentido do volume da sua voz e aparelhos electrónicos. Sim senhora, mais de um mês e tudo corria bem; bom, "bem" nem tanto, há o pequeno problema de a empresa que explora a coisa fazer limpezas, atulhar o caixote do prédio, até deixar volumes fora, e depois ala e os condóminos que lhes façam o trabalho, e de borla. Como somos muito tortinhos, dessas vezes nem pomos lá mais lixo, nem acartamos o caixote para a rua. Não há palhaços, não há criados.
Ainda assim, ainda assim; já ouvi contar pior, vá lá.
Até que chegaram os alemães.
(inspira. expira. inspira.)
Nós, os latinos, é temos a fama de ser barulhentos, expansivos, armar cagaçal, não é? Pois sim, mas o proveito, o proveito.
Primeiro grupo teutónico, e lá tem me mate de ir bater-lhes à porta, fáxavor de baixar o som, tanquiú.
Segundo grupo, idem aspas, e com a agravante de a música ser bem pior (electrónica). Lá baixar, baixaram, mas pouco. E falam entre o muito alto e o berro. E batem com a porta do apartamento e do prédio. E entram e saem a horas que faz favor. No segundo dia (ontem) voltaram a sair para a náite, ali cerca da meia noite, e eu sei porque: a) portas a bater; b) tudo a falar aos berros; c) e aos berros continuaram a falar, e inclusive a cantar, à porta do prédio, até chegar a a boleia (dois carros); d) altura em que também ouvi um distinto barulho de cacos, presumo que de garrafas a embater em caixote. Voltaram em duas levas, uma delas às cinco e trinta (acordei eu) e outra antes (acordou me mate).
E é isto. Não demorou muito a descambar. Ai, a Europa do norte, tão evoluídos, tanto sentido cívico, ai. Estou aqui a matutar na estratégia a adoptar, mas a vontade de lhes voltar a bater à porta é nula - além do mais, são umas vigas que faz favor, e têm um aspecto de gunas que nem vos conto.
Unglaublich. Grandes fisdeputa.

quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Iaca

Por razões que não vêm ao caso, tive de me deslocar a uma grande superfície de cuidados de saúde. Sucede que se meteu a hora de almoço, e decido forrar o estômago antes de abalar; dito e feito, ala à cafetaria para nhom-nhom. Ora além de público (faminto) em geral, distingo eu uma série de fregueses branquinhos, branquinhos: ena, tantos shoutores e enfermeiras. Estas com a farda, aqueles com a batinha (e estetoscópio ao pescoço). A batinha branca, esse trajo profissional por excelência que distingue os responsáveis máximos pela nossa e vossa saúde; o trajo que não só distingue e diferencia, como também costuma, ou costumava, ser um selo de higiene.
A minha questão é esta: qual higiene, se andam a passear a porra da bata por todo o lado (já nem falando do estestocópio, que é caro e até entendo o perigo de roubo, mas caraças, aquilo é encostado a pessoas alegadamente doentes, desde o tuberculoso até ao constipado; até um cabeleireiro ou esteticista têm melhores hábitos). Até pode estar num branco neoblanc irrepreensível, mas as bactérias e vírus não se vêem a olho nu. E duvido muito que tenham direito a hora de almoço, a apanhar ar, pausa para cigarro, quiçá, ou até, na loucura, acompanhar o clínico na satisfação de uma necessidade fisiológica (nojo). A interdição de passeio entre áreas higienizadas ou até esterilizadas e outras, exteriores ou não, pode parecer um preciosismo, mas caraças, se a bata não for vista e considerada como trajo profissional símbolo de higiene, para que serve, afinal? Apenas distinção, ou seja, cagança? Pá, para isso, pá, amigos na mesma, mas deixem lá o trapinho em casa.

terça-feira, 7 de agosto de 2018

Obrigadinha por nada

Ah, sou capaz de jurar que verti uma lagrimita quando, no respectivo site, me dei conta que o iquêa (iqueia, não. não. é iquêa. não há lá nenhum "i") já disponibilizava aos estimados fregueses a possibilidade de compra online. Só facilidades: fazer registo, juntar os artiguinhos à lista de compras, inserir os dados pertinentes, pagar, escolher data de entrega, já 'tá. E só por €45 (para o meu código postal).
Oh pá, oh pá. A emoção. Ainda recordo, vivamente, a compra do roupeiro para o quartinho de vestir. Foi em duas vezes, cá por razõ€s, mas, de cada uma, céus. Por as embalagens no carrinho?, sim, sim; fazeis ideia do que pesam tabuonas de dois metros e pouco. Nem se mexiam, as embalagens, até um funcionário ver o triste circo e se apiedar desta aqui. E empurrar o carrinho até à caixa e depois ao balcão do transporte? Credo. Houve um bonus pater familias que também se apiedou, bem haja, deunossosenhor ou equivalente lhe dê saudinha.
Por isso, estando eu assim a modos que de férias só-que-não, mas podendo ficar em casa em qualquer dia; e estando extremamente precisada de alguns móveis dormitório para cangalhadas diversas e principalmente livros, que já moram em pilhas em cima de que superfície plana calhar, fui fazer a listinha. Hihihi, ria eu, vendo o amontoado de tábuas, vidros e ferros que não teria de arrastar. Fui até clicar lá no coisicho onde se vê o peso da embalagem, e toda eu era alegria: pura, doce alegria. Inseri tudo o que pediram, escolhi dia, lailailai, e chegou à parte mais dolorosa. Saca do cartão de crédito, digita número, validade e código de segurança, o ecrã faz aquela ventoinha que nos diz "'péra aí", e zás: pagamento não conseguido, ou lá o que é, fale com o seu banco. Ora eu não preciso de falar com o banco, que sei qual é o plafond e o que lá tenho, donde, insiste. Necas. Bof, saca do outro cartão (é, eu sou assim, ryca e phyna. não: tenho duas contas e numa prefiro só ter cartão de crédito, porque tem associado um seguro para compras online, ou lá o que é), digita lá os númbaros, clica, ventoinha, e pumbas: outra vez na trave. Ai o caraças. Insiste. Népias. Por via das dúvidas vai à netbanco, sim senhoras, tenho plafond, insiste, nicles. Ai o caracinhas, não foi caracinhas, mas pronto. Se calhar é do sistema, tento outra vez amanhã ou depois.
Hoje foi o "amanhã ou depois", e o "sistema" continua nicles, néribi, batatoides.
Pá. Pá. Pá.
Não faz isso a eu. Pu favô. Não faz isso a eu.

(lágrimas de sangue, a minha vida é isto, um vale de lágrimas, e de sangue. olha, fizesses musculação.)


sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Dica da Semana: não seja um pequeno burguês de fachada socialista


Eu também me finjo pobre :'(
(ou então sou só forreta / prática / frugal, e não vejo razão para dar vinte - ou trinta, ou quarenta - por algo que pode custar dez e serve o mesmo propósito)