quarta-feira, 24 de maio de 2017

The Cat Diaries (8)

Começo já este post por mandar um sentido saravá!, acompanhado de um grito de abençoadinhas!, a todas as pessoas pais/mães desta vida. Não, não vou por aí. Não. De modo algum venho com uma ladainha de como vos compreendo, agora eu entendo. Pelo contrário: eu não entendo. Juro. Eu não entendo como conseguem. Sim senhora, são três gatos, três; mas não precisam de banhinho, sopas e papas, roupinha lavada, fralda mudada, colinho até adormecer, pediatra de repente, e tudo o mais que possa estar a esquecer. A comidinha é sempre a mesma, já está pronta e ensacada; vão à casa de banho sozinhos, aqui a camareira limita-se a limpar diariamente (às vezes bidiariamente, sou esquisitinha); não estragam nada (valha-nos isso); dormem mais que nós; e por aí fora. Mas a verdade é que estamos derreados. Não podemos - literalmente - com uma gata pelo rabo.
Por isso, mais uma vez, porque nunca é demais frisar, abençoadinhas ó pessoas procriadoras. Não sei como conseguem.

De resto, e já a roçar os dois meses desta experiência, há a assinalar que Fox Mulder e Scully descobriram a varanda. Finalmente deu-lhes a curiosidade de coscuvilhar o que está além daquela porta a um metro do seu ponto de refúgio, e zás, saíram. Primeiro ele, uns dias depois ela. E foi giro observar, principalmente nela, o ar de deslumbramento e deleite. Parece que saíram de um longo estupor. De manhã e, às vezes, à noite, lá vão cheirar os ares e olhar em redor. Nunca tentaram uma fuga, mas ainda assim mantemos alguma atenção.

Também já se manifestam mais curiosos, e até arriscam aproximar-se das tacinhas quando têm fome, com uns olhinhos entre o atão?, e o serviço nesta espelunca é uma miséria. Nem imagino a pontuação que nos atribuiriam, caso existisse um yelp felino, mas suspeito que seria muito má.
E ontem, um avanço surpreendente: sem que tenha saído do seu igloo, menina Scully não só aceitou as festas de me mate, como ofereceu a cabeça (!), a barriga (!!), e ronronou (!!!) - não vi, contaram-me, eu estava noutra divisão a a) fazer companhia  e a distrair o Max; b) a tentar que o Max não abrisse a respectiva porta, que por acaso não tem trinco; c) sossegar Max que papá já vinha.

E o bebé, e o Max? Aaahhhh. Nunca nenhum nome foi tão bem atribuído, Mad Max, indeed. Sacana do puto. Raisteparta o bobão. Cruzes, como é fofão.
A caganita de 400 gramas passou a caganita de 510 gramas (pesados ontem, confesso que esperava que já tivesse mais peso); corre como um Usain Bolt; atira-se à comida dos mai'velhos (pá, juro, a gente vai logo tirar, mas como ainda não se engasgou ou percebeu que aquilo é um nível um bocadinho acima do seu tamanho de boca e dentição, jasus); percebeu que cabe debaixo do sommier (Max, Max, onde 'tá o Max, anda cá Max, viste o Max); e dedica-se com afinco à caça de tudo o que mexe e não mexe, como seja a malvada mantinha, a diabólica fitinha, o demoníaco pé, o selvagem chinelo. Também aprecia muito morder a revista/livro, trepar a colcha/calça, e fazer uma muito razoável imitação de papagaio de pirata, isto é, subir até ao nosso ombro e ficar lá a ver as vistas.

E mais, e mais? Ah, temos um paralelo 38 a meio da casa, Max habita agora o seu T1 que é o quarto-escritório; Fox e Scully na circunscrição cozinha-sala-corredor (um T1+1, portanto). Misturas, só na nossa presença, sendo que há a registar alguns incidentes de bufadelas e duas altercações de chapada, mas vamos com calma. Caaaaalma. Caaaalma. Muuuuita caaaalma. E feliway nos valha.

Ó o piqueno Max aqui, num registo de desaceleração do ai que gosto tanto de brincar e fazer coisas para cair redondo onde esteja, em dez segundos:



Bobão. Fofão. Lindão.

15 comentários:

  1. :) não são meus, mas caramba, fico feliz com este post. A coisa dá-se!
    E que gato mais lindo. Maravilhoso.

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    1. A coisa dá-se, mas devagarinho que dói. Hoje de manhã estavam outra vez parvões e a evitar-nos. Mas foram à varanda.
      Já o Max esgota-nos. Mal chegamos está num excitex louco, quer brincadeira, entretanto adormece, acorda e quer mais brincadeira e/ou comer (temos de o acompanhar ao quarto, ainda não tem corpo para os outros). Enquanto dorme dá para ver/ler qualquer coisa, mas não dura, né. Pelo meio, gerir a relação entre todos (costumamos levar o Max para a cozinha quando lá estamos, mas temos de estar o tempo todo mega-atentos) e dar atenção aos mai'velhos.
      A sério, estamos derreados! Ao menos fica confirmado que não dávamos para pais.

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  2. Acho que as pessoas que comparam bebés e animais são umas incompreendidas.
    Eu tenho lá em casa um bebé que comunica numa língua que eu não falo, anda em quatro patas, rói tudo o que apanha, levanta-se agarrado às coisas, às vezes cai, perde três litros de baba por dia, tenho de lhe apanhar os cocós, de lhe dar vacinas e de o levar ao médico de vez em quando, mais no princípio, depois menos.
    Acho que as diferenças mais assinaláveis são que não vai ser um cachorrinho para sempre e que as faturas do médico são mais baratas.
    Ah, e cheira bem.

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    1. Ei, o Max cheira bem! Verdade: tem um cheiro achocolatado :P E se está fedorento, leva com banho de dodot.

      Agora a sério, eu não tenho de fazer máquinas de roupa aos gatos, nem levar ao infantário (basta fazer a contagem de cabeças ao sair e ao chegar), nem cozer vegetais em barda e passar tudo, pensar nas horas de comer, e por aí fora. Não me comparo, nem de perto nem de longe. Claro que tratar de um animal muito doente, ou bebés ainda a amamentar, é muito próximo no nível de exigência, mas não há comparação. O que só demonstra que nós somos muito, muito fraquinhos. Apre.

      (como é que consegues?)

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    2. Como sabes a única cria que tenho lá em casa é da mesma espécie que os teus e tenho sempre o cuidado de não o comparar a um filho porque há pessoas muito sensíveis. Mas tenho um colega que tem uma filha e que me diz sempre "Não, não, é exactamente igual"

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    3. O teu colega tem sentido de humor e poder de encaixe: like.
      Não tenho termo de comparação, claro, mas caneco. Olha, o homem teve o mesmo pensamento que eu, e hoje desabafava - enquanto tomávamos o pequeno almoço, desta vez com o Max fechado no quarto, porque "hoje não aguento", que se isto é assim, que fará com um filho :D (não dá para os deixar a "miar" no quarto, presumo...)

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    4. e não se te corta o coração quando tens de sair, de os deixar? :)
      e olha, lá em casa, a minha ('tá bem que não é gato) até pede colo.
      é um lindão, mesmo.

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    5. Só para deixar o meu bitaite: a malta habitua-se (que remédio temos nós). E isto creio que é válido para ambas as espécies. Já agora, os bébés "piquenos" não miam, mas andam lá perto, pelo que para quem tem gatos e bebés recém-nascidos deve ser um fartote, o som é muito semelhante.
      Já eu assumo: não sou a cat person, nem a dog person. No limite vou até ao hamster, isto se o peixe não for uma opção (sim, começaram cá em casa campanha para termos um animal de estimação, mas eu sei que não tenho vocação (=paciência) para tratar de mais uma alminha por aqui).

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    6. Wallis, então não? Na primeira semana foi uma dor, tanto que na segunda fui "trabalhar para casa" à tarde :P

      Anna, isto cada um dá para o que dá :D Ainda bem que há quem se sinta com vocação para a criançada. Confesso: gosto de crianças, mas os bebés metem-me medo. Não dizem nada, são mega frágeis, uma aflição.

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  3. Eu sou daquelas "sensíveis" que não concorda com a comparação entre filhos e animais. Toda a vida tive gatos, e nunca, em tempo algum, tive tantos cuidados e tanta paixão por algum deles como tenho pelo meu filho. Mas percebo que quem não tenha filhos pense que seja parecido.
    Mas este comentário era só para dizer que o Max é mesmo muito lindo, e eu, que já tenho uma "senhora" de 8 anos, ando a ficar com saudades de gatinhos bebés

    AnaC

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    1. AnaC, apesar de não ter filhos, e adorar os mês felinos, não acho que haja comparação. Quer dizer, até certo ponto haverá, e não discuto afectos - cada um tem os seus e respeito todos - mas para mim é notório que não se compara.

      E quanto a gatos bebés, estamos na época deles! Infelizmente, porque apesar de haver imensa gente a "trabalhar" na esterilização, ainda não chega e continuam a nascer ninhadas na rua, ou a ser abandonadas :(
      O Max, logo que chegue à idade, vai tratar disso, olaré.

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  4. oh pá, que coisa tão boa <3
    Tira-lhe muitas fotos, porque eles crescem muito rápido! (com bebés-pessoas dizem que é igual :P) logo logo já não vai ter ar de bebezão :)

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    1. Ainda me cabe na mão :P Estou convencida de que é mais novo do que julgávamos, e ainda não terá dois meses completos. O que é um sarilho, porque só com essa idade deve ir às vacinas.

      E vingo-me a fotografar este, que os outros não deixam, os malvados!

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  5. Tão fofinho a cair de sono! x) Acabou-se a bateria, passa de mil a zero num instante :D

    Há uns meses uma das minhas primas adotou um gatinho abandonado de 2 semanas e teve que passar umas boas semanas a dar-lhe biberão de 3 em 3 horas, bem vi como ela andava derreada. Nesse aspeto, é exatamente como um bebé! E o bicho é elétrico que mete impressão, não para quieto um segundo, credo. Uma curiosidade engraçada: segundo o pessoal do gatil onde faço voluntariado, aparentemente é mais difícil conseguir pessoas para adotar gatinhos do que gatos adultos. Sempre achei que fosse o oposto por toda a gente se derreter com aquelas bolinhas de pêlo. Mas ao que parece as pessoas até são sensatas e sabem o trabalho que os pequenos dão.

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    1. Com duas semanas ainda não estava desmamado, pobrezito! É duro, é. Precisam de mamar com regularidade, se não ganham peso arriscam morrer.
      Aqui em Portugal dá-me a impressão que é mais fácil promover adopções de bebés, mas também me parece haver muitos abandonos de gatos jovens. Não sei se entretanto as pessoas se fartam, ou acham que crescem e perdem a piada. Enfim, pelo pouco que pude observar em páginas de associações e grupos protectores, por cá ainda há muito que fazer na área de bem estar animal, e consciencialização das pessoas.

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