segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Game Over

Ser apanhado a transgredir é chato e, conforme a situação, pode até ser um bocado embaraçoso; agora armar barraca, arruaça, comício onde se grita palavras de ordem quanto à intervenção do elemento policial e oportunidade da mesma enquanto se é autuado, é só deprimente.


quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Hell's Kitchen

Uma das actividades a que me dediquei (mais) neste último ano e meio, assim em jeito de distracção-terapia anti-stress, foi a culinária. Não sejas pretensiosa, agora a chamar culinária àquilo, qualquer dia também andas a dar workshops. Pronto, à arte de cozinhar. "Arte" também é esticar a corda, que a minha proficiência na coisa não é assim tão merecedora de encómios, mas pronto. Já estou melhorzinha. Isto de passar de espectadora de masterchef a (proto)executante é giro. Come-se melhor, também. O que é um incentivo, só por si.

Trocando por miúdos, não se pense que me tornei cozinheira exímia e sofisticada, ou que aderi àquelas modas dos ingredientes esdrúxulos e sonantes, que no que toca a comer sou muito povo. Não há cá reduções, cenas em cama de, ou milhentas formas de degustar quinoa, óleo de coco, papinhas de aveia, aveia em tudo porque deumalibre ai o glúten, banana esmagada a substituir ovos ou manteiga, não senhor. Ingredientes normais, de qualidade, muito terra a terra. Há farinha, há manteiga (a margarina é coisa que dura um ano, lá em casa), há azeite, há açúcar, há ovos. E carne. Carrrrne. Mesmo que não a coma, cozinho carne, há quem aprecie. Carne da boa, bem feita, saborosa. E não é fácil, hein. Até uma pessoa apanhar os truques todos, até se saber fazer um lombo no ponto - nem seco, nem mal passado, abençoado termómetro que pôs no caminho da luz - ou um bolo mais complexo que o corriqueiro de iogurte, estraga-se muito. Já tive grandes frustrações, situações de porquê, porquê eu, o que fiz de errado, ai sou tão desgraçada, tudo para o lixo. E outras pequenas arrelias, como queimar pegas, esquecer-me de uma espátula de madeira dentro do forno e acabar com carne fumada - ao menos a madeira da espátula era muito aromática, e eu ali uma hora e tal a perguntar-me que raio de cheiro era aquele e népia de ideia. Mas pesquisando, tentando, pesquisando mais e re-tentando um gajo chega lá. Ainda estou a caminho da tarte de maçã perfeita, se calhar é arranjar mais receitas para experimentar. Mas no capítulo "assados no forno" a coisa está muito bem encaminhada, auto-palmadinha nas costas.

Concluindo: derivado de cenas fui acometida da obsessão de executar um bom pulled pork. Muitos intervalinhos para cigarro a pesquisar receitas, dicas, truques, cortes de carne adequados. Finalmente, vai-se à procura e leva-se o belo pedaço de cachaço. Faz-se a mistura de tempero mais unânime - sal, açúcar mascavado e colorau em partes iguais -, envolve-se a carne naquilo e deixa-se a marinar de um dia para o outro. Chega-se a casa e vai-se a correr aquecer o forno, enfiar lá a carnuxa e baixa-se para 140º. Duas horas e picos depois, sucesso! Tem o aspecto prometido. Mate prova e jura que sim senhor. Desfia-se tudo. No dia seguinte, a bela sanduichota. Que almocei há pedaço. Conclusão? Sim senhora, mais uma auto-palmadinha nas costas. Duas, que diabo! Há que acertar uns niquitos, da próxima vez não sei quê, mas sim senhora. No bom caminho. entretanto, vou-me atirar ao precipício das BBQ ribs. Olaré.

Editado: ó aqui um link com as dicas todas e tal.

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Doctor who? Yes.

Este fim-de-semana sonhei que, num auto-exame de rotina, descobria um (mini mas)caroço na mama. A minha reacção? Claro que panicava um pedaço, ai que ainda morro e o caraças, mas depressa tal sensação atenuava e era assoberbada pelo transtorno da coisa, e quando digo transtorno digo a enorme maçada e distracção que seria ter de marcar consulta, mamografia, sei lá se biopsia e cirurgia, mais tempo de recuperação e sei lá se quimioterapia. Ficava numa de era só o que me faltava, e eu com tanto que fazer / que me rale. Não deixa de ser fofo que, perante uma possibilidade de doença provavelmente mortal, o meu inconsciente tivesse a mesma reacção que o meu consciente teve quando se apanhou com uma receita de óculos de ver ao perto (e dois raios x, e mais outro exame). Quinze dias, and counting.

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sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Toda a verdade

O que sucede é que não me apetece. Nada.

You gotta roll with it, you gotta take your time

Ir com calma. Caaaalma. Concentra-te. Parte em pedacinhos pequenos. Mastiga um de cada vez. Não, não, não olhes para o bolo todo a pensar que não tens barriga para aquilo, ah, chiça, perdeu-se. Garganta presa. Não aguento mais. Onda. Respirar fundo. Rapidamente. Ok, pronto, se calhar não resulta, três vivas à indústria farmacêutica. Para a próxima, menos cafeína. E menos nicotina. Fuma menos, caraças. Ah, preciso de marcar as cenas. Já vai, agora isto, ora estava onde. Porra, o extracto, já tá. Ora vamos lá outra vez. Cursor a piscar. Cursor a piscar. Cursor a piscar. Se calhar pegava antes naquilo ali e deixava isto aqui a marinar. Mais ainda? Pois, não pode ser. Vamolá, vamolá, vamolá. Cérebro de algodão. Agora a sério, como é que eu vou desossar esta merda. Portanto se coiso, então coise. Putaquepariuestagente. Será que a gatinha comeu. Concentra-te. Será que mainumseioquê. Foda-se. Agora a sério, é sexta, arruma esta merda. Epá, já não consigo hoje e sefunda tenho de. Respira fundo. Ir com calma. Outra vez. Caaaalma. Concentra-te.

sábado, 15 de outubro de 2016

We'll always have

Cola Zero.





[a sério que há mesmo quem ande a ulular sobre um grande aumento de impostos e ai 'tadinhas das pessoas por causa da tal fat tax e dos chumbos de munições? a sério? onde estavam essas pessoas quando todos os rendimentos foram massivamente taxados? e nunca se chocaram ou indignaram por produtos essenciais de limpeza e higiene levarem com iva a 23%? oh pá, cheios de sorte de eu não mandar, que nem fazem noção das ideias giras que tenho sobre cenas para taxar. por exemplo, acho que o aumento do selinho do carro devia ser progressivo conforme o valor do dito, e não em percentagem igual para todos. é que se anda ai tanta gente endinheirada o suficiente para gastar em panameras e macan - a sério, uma praga, pelo menos em Lisboa - então também podem contribuir com mais uns tustos para a caixa da comunidade. é que aqui a palhaça, com um utilitário barateco gama média já paga tanto pelo carro como de imi - juro - pelo que é fazer as contas. e beber menos refrigerante. e champagne.]

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Estou além

Por outro lado, é sempre bom constatar que há tanta gente erudita que apenas gasta as vistinhas em leituras elevadas e consagradas.
Devem ser as mesmas pessoas a quem cai tudo ao chão se alguém se atrever a afirmar que o guião do Assalto ao Arranha Céus é tido e estudado como um dos mais tecnicamente perfeitos de sempre. Ou que o Robocop também é estudado como um filme paradigma (só o vi o ano passado, e tenho de concordar). Claro que podem sempre argumentar que preferem Blade Runner - eu também e, já agora, porquê a sequela, porquê - mas isso já é uma questão de gosto pessoal, e não tira mérito ao primeiro, nem é uma afronta pessoal haver quem o distinga.
Ca-re-do. Ja-sus-ca-re-do.
(se houvesse um prémio Nobel da cagança, ui, tanto candidato)

It's allright

E depois vês que um escritor medíocre tuga*, daqueles que não sabe que é medíocre, e até ensina outros a ser tão medíocres como ele, um que nunca entrará nem para a long quanto mais a short list do Nobel, faz pouco da atribuição deste ano, com a piada de que tem os livros todos**.


Querias, pois querias. Mas não há.


*outro lido e doado.
**segui um link plantado noutro mural, olh'aí.

Something is happening here

E eu acho bem, que isto é uma das melhores coisas que já foi escrita, ao contrário de uma cena com um gato preto na capa, que comprei por pura peer pressure de crítica hype, li com muito mal empregue esforço, e despachei num molho para doação a uma biblioteca, que não quero que quem me entre lá em casa e espiolhe as estantes fique com ideias erradas sobre mim*.


*e se aquela estante tem coisas que parecem inexplicáveis, bizarras, incompatíveis por lá plantadas, mas nenhuma que me envergonhe ou não saiba justificar.

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

[every woman]



Estive a ver uns pedaços do debate, felizmente com a digestão feita. Estou mais apreensiva que nunca.

Como sou uma naba a copiar imagens, e por mais que tente não consegui chapar aqui alguns dos tweets, remeto para a fonte. Resumem taliqual o mal-estar que senti, e esta imagem supra penso traduzirá. Para tantas.


[Trying to get shit done while a man lurks disapprovingly behind you pretty much sums up womanhood]

[Hillary Clinton is every competent, experienced woman who's had to fight to be heard over an underqualified, overconfident man.]

[Hillary Clinton had the look every woman ever has on her face when her male boss who's a 1000 times dumber than her is talking.]

[Hillary's face right now is every woman when everyday sexism is dismissed as "lockerroom talk"]

[Hillary is proof a woman can work hard, rise to the top of her field & still have to compete against a less qualified man for the same job.]


terça-feira, 4 de outubro de 2016

Hell is empty and all the devils are here



Ele há séries que começam chochinhas e que só lá a partir do segundo, terceiro episódio ganham balanço, isto se não for já a meio da primeira temporada (tipo Sons of Anarchy*, ainda andaram ali aos papéis um bom tempo, até encontrarem a velocidade e trajecto ideais), mas esta, caraças, já nos deixou a roer unhas e de olhinhos abertos e fixos desde o primeiro.
Tomara não se perca.

*também recomendo

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Obladi, oblada (life - really - goes on)

- Uma mulher, escritora, opta livre e conscientemente por se manter anónima, escolhendo publicar sob pseudónimo. Dá entrevistas por escrito, sem contacto pessoal, nunca revelando a sua identidade; reafirma inúmeras vezes que não se quer dar a conhecer, o importante é a obra e não a pessoa. Depois vem um jornalista que desconsidera tudo isto, arregaça as mangas, e decide investigar quem é a pessoa atrás do pseudónimo. Diz que descobriu, e publica nome e fotografia. Um exemplo [pseudo]literato desta cultura:


Realmente, qué lá isto, uma mulher com vontadinhas próprias, e qual respeito por essa autonomia e tal. Modernices. Ela até gosta.

- Diz que o Cavaco, aquele a quem bastou nascer para ser mais sério ca gente, andou a pagar menos imposto que devia derivado de umas informações erradas às finanças. Não m'acardito. Impossível. E também nunca teve interesses no BPN. Lá agora.

- Falando em fuga aos impostos, este fim-de-semana apostava eu perante me mate que a situação fiscal do Trump ia ser a sua derrota. Ele garante-me que não, mais depressa os eleitores se aborrecem com o facto de ele ter furado o embargo a Cuba e lucrado com isso. Não acerto uma, de facto parece que sim senhora. Lá, como cá, quem engana as finanças é visto como um melhor. Alguém que jurou ou quer jurar servir o bem público. Tenho um bocado de vergonha disto. É pena ainda faltar tanto tempo para construírem a Enterprise, ou eu oferecia-me para ir.

- Isto é só uma divagação final, mas tenho p'ra mim que o Elon Musk dava um super-vilão de BD bestial. Ou vice-versa. Ou coiso.

Obladi oblada (life goes on)

- Entrar no hiper para comprar gelado meia dúzia de imprescindíveis, dar com uma feira de queijo e vinhos, sair com um carrinho de crise de meia idade. O Cortes de Cima (tinto) estava só com 20%, mas vale cada cêntimo. Melhor alentejano que já provámos (deve haver melhor, mas tenho a lembrar que não somos target para o imposto Mortágua).

- Trouxemos também o livro do Jovem Conservador de Direita. Me mate faz, há dois dias, uma bonita sinfonia de risos e fungadelas que interferem com a minha leitura nocturna. quase a pedir divórcio.

- A propósito de divórcio, já é o enésimo ano seguido que somos lembrados do nosso aniversário de casamento por mamãe querida. Não, eu não estava a fazer caixinha para depois preparar uma birra se ele não se lembrasse. Passou-me completamente. A ele também. E não foi a primeira vez. (e não, nunca comemoramos)

- Falando em leitura, entrámos na Bertrand para fazer tempo e ver umas capas, saímos ajoujados e com uma conta superior ao hiper. Conto a novidade (já saiu, já saiu, já saiu!):


- Já tinha visto na tv, em vhs, em dvd e até em hd; no cinema ainda não. Snif. Me so happy. Chuck? It's your cousin, Marvon Berry. Daqui a 15 dias segue, fica por fazer o back to back (num fim de semana frio de inverno, prometido):



- Até podem ser o amor maior da vossa vida, o milagre da vossa existência, o centro e a vossa razão de existir mas, adultos quarentões pais tardios bananas, os filhos são vossos, não nos cabe adorar aturar os meninos e suas patetices intrusivas idiossincrasias, tá? Tá.

E pronto, é isto. Não podia terminar sem ser desagradavelzinha, certo? Pois.




Good grief

Recebi isto por mail:


E recordo que aqui há tempos já tinha havido uma "onda" de descobertas de posts desta senhora indivídua, no seu perfil de feicebuque, tudo gamadinho de blogs. Pelos vistos calha a todos. Desta feita, calhou a esta aqui.

Sim, estou indignada q.b., mas depois tomou-me assim uma espécie de tristeza e piedade por quem é assim. A sério, que tristeza de pessoa, que tem tão pouco de seu que precisa de se apropriar do que os outros sentem e pensam para existir.