terça-feira, 21 de setembro de 2021

Já fui, já vi

E estou em condições de afirmar que, de facto, a estação de Arroios existe e funciona. Não testei porque o meu destino era mais adiante, mas deu para ver a instalação neo-horrenda em que transformaram aquilo. Credo. Está tan feiinha, valha-nos Nosso Senhor do Coisinho.

Noutras notícias, acabámos a série Justified, que me mate amou de coração e eu gostei bastante (ele é um fanzaço de Elmore Leonard, e do tipo de narrativa bandidagem meio burra, meio azarada, em que tudo o que pode correr mal, corre). No dia seguinte, vimos o documentário Harlan County U.S.A., e que é do caraças. A série passa-se em Harlan County, Kentucky; e a actividade mineira é um backround constante. E o oxy. E a pobreza, em ciclo infindável. 

Pronto, agora estamos no período de nojo que observamos sempre que findamos uma série, e talvez sigamos para What We do in the Shadows, que já tem a terceira temporada disponível. E, quiçá, finalmente!, Mandalorian. 

É, este é o ponto alto das nossas tristes vidas, a tubisão. Não estamos em fase de abdicar da ficção.  

terça-feira, 14 de setembro de 2021

Ena, ena

Diz que ontem deixou de ser obrigatório andar na rua de máscara, mas eu cá tenho uma coisa em comum com os negacionistas, a saber, ninguém manda em mim. Deumalibre, além da delta já anda aí a mu, qualquer dia chega a época das constipações e gripes, deixa estar que estou bem. Além de que me favorece imenso: os óculos escuros já me tapavam metade da cara, agora posso dizer que sou a cinquentona mailinda de sempre que não há provas que refutem. 

Entretanto diz que abriu a estação de Arroios, e já vi na net todas as piadas possíveis sobre o tema. Até o Metro mostrou um nico de sentido de humor e passa nos painéis luminosos a mensagem "este comboio já pára em Arroios". Sim senhora, já há relatos que atestam que é verdade, mas outra coisa que tenho em comum com os negacionistas: só acredito fazendo a minha pesquisa.

Também parece que acabou o teletrabalho, e nota-se (muito) no trânsito. Outra oportunidade perdida para diminuir emissões, aumentar a qualidade de vida de inúmeros trabalhadores, reduzir despesas de transporte e alimentação. E eu, que comecei por detestar, acabei por abraçar algumas das vantagens; quando posso (pena é que posso pouco), continuo a trabalhar em casa. Olha, tenho outra coisa em comum com os negacionistas: ninguém diz o que eu faço.

De resto, nada. de. relevante.

Não fomos à Feira do Livro porque não preciso de mais papel por ler lá em casa (inclui os teus panfletos, Medina, pára, ok, não voto em ti), e ninguém me oferece um T5 forrado a estantes. E com jardim, já que estou a pedir. 

Queríamos muito ir ver o Dune ao cinema, porque ecrã gigante, mas se estreia na disner vemos em casa, porque pessoas.  

Vimos o Tenet e a-do-rei. Na altura que estreou vi imensas críticas negativas, que era pura megalomania, a armar aos cucos, impossível e irrealista, não fazia sentido. Sim, porque na vida real há imensa coisa a fazer sentido, actualmente; por onde começo, pela retirada dos 'maricanos do Afeganistão?, pela lei do aborto aprovada no Texas?, pelo facto de me mate estar a mandar cv há oito meses, até para ofertas abaixo das suas qualificações, e nem para uma entrevista o chamarem? É. E claro que é irrealista e impossível: chama-se ficção. A boa, reconfortante, alegre ficção. Se eu consigo escrever um texto coerente a explicar a história? Népia, mas desafio qualquer pessoa a explicar com clareza o Inception, o Interstellar, vá, o 2001 (todos bem bons, já agora) ou, se estiverem mesmo a sentir-se corajosos, a linha ideológica e pensamento político do Nuno Graciano.

E pronto. Vinha aqui só abrir uma nesguinha de uma janela, a ver se o tasco não ganha mofo, e acabo a deixar um testamento que faz favor. Há quem diga que isto dos blogs já acabou, é muito 2005, mas ainda é onde gosto de estar. O twitter (pelo menos o tuga) é um esgoto a céu aberto; o instagram uma novela de época, só guarda roupa, só adereços; o facebook é só intervalos para anúncios, e já não tenho idade para entrar no tik tok (nem faço questão). Aqui é ainda gosto de estar, embora a melhor vizinhança tenha emigrado. 

Há dias em que me vai faltando a palavra, ou a vontade de lhe dar corpo; há dias (muitos) em que não sei o que é e para que serve isto; há dias assim, dias de alma vaga; há dias assim assim, em que julgo que me encontro e me defino um bocadinho entre o que quero, me apetece e afinal consigo escrever. Há dias, pronto. Mas cá estamos vamos estando.