sexta-feira, 30 de setembro de 2016

É p'ra amanhã


OMG, OMG, em pele de cordeiro, e pela módica quantia de €299,00! A zara nunca desilude. A poupar a minha carteira há meses, e meses, e meses.

(espero que tenham dado bom uso à carne do bichinho, que quanto ao resto, bom, estamos conversados. paz à sua alma.)

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Amarra o tchan

Se há coisa de que os médicos têm mais medo que um p'cesso por negligência, é passar uma baixa ou um atestado. Eu sei, eu sei que não sou uma drama queen a expor sintomas (sou noutras coisas mais importantes, por exemplo, não tenho chocolate em casa nem vagar para o ir comprar, e da onu não ouço nada, nem uma palavra de conforto, nem uma missão de auxílio, nicles), mas quando digo que estou toda apanhadinha, é porque estou mesmo apanhadinha; e se o Choutor não viu a forma grotesca como me sentei e levantei, ei, já íamos ver desses olhos.
Anyhoo, estou feliz, não porque matei o presidente, mas porque hoje acaba o ordálio do anti-inflamatório + relaxante muscular, que me estão a fecundar tooodo o sistema digestivo. Como a felicidade não dura, nuuunca me dura (draaama), estou infeliz porque ainda me doem as costas. Ali na parte onde devia começar a caudinha que perdemos para a evolução, e um nico mais acima. Não quero roubar a ribalta a quem entrou com melhor média que eu para a fac e ainda estudou mais um par de anos que moi, mas era capaz de jurar que isto ia lá com remédios E repouso, daquele que implica não ter metade do corpo apoiado no local em questão.
Sa foda. Se o Choutor acha que tudo bem, tudo bem, vamos ter fé. Nas costas, no ombro, no pulso, no esqueleto todo, que ando há três meses a acumular um horror de berbequinagens e outros diy, e este fim-de-semana é que é. À cautela, tiro já senha das urgências. Nunca fiando.

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Senile delinquents

[não, não é um post autobiográfico, mas pouco falta]

Sou tontinha, tolinha, muito atraidinha por livros infantis. Freud explicaria, mas agora não tem vagar. Adoro. Não daqueles com letra muito grande e super-ilustrados, apesar de serem muito adequados à minha idade mental, mas coisas para leitores um bocadinho mais avançados, ali a partir dos nove, dez anos, altura em que os putos já começam a ter mais à-vontade com a leitura, gostos mais exigentes, e raciocínio e sentido de humor mais sofisticado. Assim de repente, lembrei-me do meu sobrinho de oito anos, que pediu emprestado a me mate os filmes do Star Trek. Os antigos, nas palavras dele. Os com pessoas a fazer de monstros com máscaras de plástico, outra vez as palavras dele. E eu comovi. Temos nerdzinho, abençoado seja.

Adiante, tenho esta tara por literatura infantil, começou na idade certa, em que a comecei a consumir, e nunca parou. Já crescida e com idade para ter o juízo que não tenho, descobri o maravilhoso mundo da literatura infantil inglesa, raramente traduzida por cá quando eu estava na faixa etária indicada. Mas nunca é tarde, e graças à querida amazon lá veio a colecção da Anne of Green Gables e Little House on the Prairie. Esta última tem mais interesse enquanto relato do que era a vida de colonos, naqueles tempos, mas a primeira encantou-me, apaixonou-me, deliciou-me. Seguiram-se outros títulos também mui amados, como A Little Princess, The Secret Garden, The Wind in the Willows, Heidi, clássicos que recomendo vivamente. Mais recente e numa onda do mais bizarro, papei toda a colecção de A Series of Unfortunate Events, que em boa hora me mate resolveu abarbatar em Nova Iorque (e o que eu o chateei por causa do volume e peso; sorry, mate). Só recentemente me afundei em Roald Dahl (imperdoável, eu sei), mas a minha desculpa para ainda não ter lido mais que um é que a) vale mesmo a pena comprar o livro físico, por causa das ilustrações; b) na próxima ida a Londres trago todos, em vez de pedir às mijinhas pela net.

E depois veio esta descoberta. Com o meu histórico de compras era inevitável que o monstro capitalista das vendas de entretenimento pela net mo recomendasse, e acabou por ficar na wishlist a marinar; depois fiz uma promessa parecida com a do Dahl, finalmente desisti e mandei vir dois. O actual estado da situação é o seguinte: já li um, comecei imediatamente o segundo, e quero todos.
Falo disto:



Yep. Livros infantis escritos por um dos grandes malucos responsáveis pelo Little Britain. E sim, são bons, bem bons, pelo menos a avaliar pela amostra. Muito na linha da narrativa improvável, bizarra, inesperada de Roald Dahl, e com o mesmo sentido de humor desconcertante e agudo.

Estou mega fã. Aconselho a toda a gente, crianças incluídas. E está traduzido, olha a sorte dos petizes de hoje, os moinantes. No meu tempo não havia disto, tinhas Os Cinco e a Anita e já gozavas.

Bones

Sentido de oportunidade é copular violentamente as costas em vésperas de consulta de ortopedista.

[outra vez a anti-inflamatório e relaxante muscular, alguém me dê um tiro, de certeza não dói mais que isto]

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Your mother was a hamster and your father smelt of elderberries

Se algum dia me apanharem a falar / escrever sobre a Assunção Cristas com a mesma verrina ad hominem e epítetos que já ouvi / li nestes últimos dias usados a propósito da Mariana Mortágua, estão expressamente autorizados a fazer fila e esbofetear-me violentamente.

[ou então façam queixa à minha mãezinha, que ela trata do assunto]

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Are you ready to be heartbroken? (2)

Detesto ser a portadora de más notícias, que detesto, mas preciso de espalhar a palavra, divulgar a boa nova: a esquerda - pelo menos a "minha" esquerda - não quer acabar com os ricos (ou com o capital, ou com a propriedade privada), não. A esquerda - e nisto incluo toda, e acho que não incluo mal - quer é acabar com a pobreza.

Agora a má notícia, em si mesma. Como o pessoal de direita é o primeiro a dizer, e a esquerda já reconhece, o problema é que os recursos são escassos.
Ora se temos dez pães, e tanto o Joãozinho como o Pedrinho têm fome, há quem ache mal, se revolte até, quando o Joãozinho tem nove (que nem precisa disso tudo para matar a fome, até se estraga) e o Pedrinho tem um. E, em olhando bem, se calhar até encontramos um Luisinho sem nenhum.
Impõe-se redistribuir, diz a mais elementar justiça. E, para tanto, não é preciso tirar os nove ao Joãozinho, digo eu e a "minha" esquerda; basta que o Joãozinho ceda uma parte do que tem para um fundo comunitário, que se encarregará de fazer chegar o arrecadado a quem precisa e não tem.

Simples. É assim que funcionam os impostos. Eu sei que há quem prefira aquele modelo da caridade, quem tem muito pãozinho lá decide dar meia carcaça a quem não tem; mas aí caímos na perversidade do "não gastes tudo em vinho", i.e., quem tem o pão é que decide qual o esfomeado que lhe merece protecção, em que medida, e como, e tudo em função da maior ou menor simpatia (e conformação do peticionante aos padrões do ofertante) que este lhe suscite. E isto é muito alarmante, acho eu - e penso que para toda a esquerda, que ainda se preocupa com a dignidade da pessoa.

Redistribuir é reconhecer que, por circunstâncias várias da vida (entre as quais o facto de a igualdade de oportunidades ser uma utopia, e muitos partem de uma posição de privilégio, a tal sorte na vida), nem todos temos a mesma capacidade de obter rendimentos que permitem a satisfação das nossas necessidades. E portanto quem mais gera mais cede. Dá para a caixa da comunidade de forma "cega", e esta redistribui também de forma "cega": sem preferências, sem exigências, sem condicionar a liberdade e dignidade de quem recebe.

Acho isto muito simples, claro, intuitivo, até. Por isso não me queixo se dou muito, quer dizer que tenho muito para dar. E, acreditem, no nosso sistema, quem dá muito ainda fica com muito, bastante, para si. Posso até não concordar com a forma como a redistribuição é feita, ou como é calculado o que se contribui - e ó se há tanto com que não concordo - mas barafustar pelo sistema em si, nem pensar. Afinal hoje saio daqui e vou num automóvel pago para uma casa confortável, onde posso escolher o que vou comer. E se cheguei a este ponto de abastança em parte por mérito, também o devo - e tanto! - ao facto de ter tido uma vida em que nada do essencial me faltou, porque tinha pais com um emprego estável, instrução e educação q.b., que me proporcionaram acesso a alimentação que me permitia funcionar; cuidados de saúde que me permitiram crescer sem sobressaltos e incapacidades; abrigo onde podia descansar, divertir, enfim, desenvolver em segurança; instrução e educação que me permitiram evoluir e alcançar. Nem todos o têm. E é para limar essas arestas de degraus injustos, que não foram criados por quem tem de os galgar, que existe a redistribuição.

Por isso, e finalmente: quem  tem de contribuir muito é porque pode. Ou preferiam contribuir pouco porque pouco tinham? Calem-se um bocadinho, sim? Agradecida.

[e se têm guita para adquirir ou manter um imóvel com VP igual ou superior a quinhentas mil bombocas, pá, aproveitem-no bem, e calem-se outra vez]

Are you ready to be heartbroken?

Não, não estava: acabo de descobrir que, para a direita portuguesa, o valor global do meu património imobiliário me deixa abaixo, e muito abaixo, da classe média. Oh. Uma vida de mentira que se desvanece.

[#pobrezinhamashonrada]

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Coitadinho do crocodilo

Aquele momento em que o feicebuque te recomenda um artigo de um casal de turistas, que ficaram muito insatisfeitos com Lisboa.
E, claro, tu vais ler.
Quais as queixas do casalito, que escolheu o mês de Agosto (inteiro) para veranear por cá, e se foi alojar num airbnb no Bairro Alto?
- Demasiados turistas, a cidade cheia de turistas, o horror;
- Não há mercearias e supermercados no centro de Lisboa, só tinham um minipreço a dez (longos, extenuantes, intensos) minutos a pé, que estava sempre cheio de turistas, e para comprarem desodorizantes e cremes tiveram de ir ao colombo*;
- A comida não era tão barata nem tão boa como esperavam, principalmente nos restaurantes*;
- As pessoas** não eram tão simpáticas como no Porto, onde já estiveram;
- Muitos traficantes na Baixa;
- O prédio onde estavam, todo ele airbnbizado, era velho, os outros hóspedes muito barulhentos, e ouvia-se os passos no andar de cima*.

Por onde começar, não é?
Pois. Nem me dou ao trabalho.
[que faria, que diriam se vivessem cá e tivessem de vos aturar]

*tansus turistus, ou, "a sério, se nem se deram ao trabalho de investigar, tipo, na net, onde ir e onde ficar, bem merecem cair em todas as tourist traps que vos apareçam pela frente"
**em Agosto? quais pessoas?

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

[mira técnica]

Sucede que depois de 45 anos de vida e 20 de trabalho que consiste, basicamente, em bater em teclas e escrevinhar, forniquei o braço direito. Está todo empenadinho, todo enferrujadinho, todo doridinho, donde, passei os últimos tempos a fazer o que é preciso, tipo anti-inflamatórios, emplastros, e os examezinhos da ordem para perceber a coisa, que enfim, não é do pior mas também não é do melhor, tenho pela frente uns mesitos de recuperação a ver se não fico entrevadinha do meu ganha-pão, e bora cruzar os dedos para o canal cárpico estar chuchu, caso contrário vou cortar os pulsos mesmo, e contra vontade. Nos entretantos, e entrada em férias, e já antes, deixei de fazer tudo o que possa piorar a coisa, a ver se na rentrée (foi hoje!, foi hoje!) ainda dava para o gasto. Portanto, computador só para trabalhar, escrever à mão idem, e nos mínimos. Não tricoto, não crocheto, não pinto, não rabisco, não carrego pesos, não levanto o braço acima da linha do ombro, não durmo sobre o lado direito (nem consigo), não seguro o livro com a mão direita, ou seja não posso fazer das coisas que mais gosto, mas yay, também não faço a ponta de um pénis das coisas que não gosto (mentira, ainda aqui há atrasado tive de andar a passar o chão a pano e a passar roupa, mas pronto, agora acabou mesmo).
E é isto.
Como esta coisa não me paga os vícios, tenho de me guardar, qual noiva virtuosa, para a cópula não apaixonada e apenas para procriação que é aqui a minha remunerada ocupação. Ou isso ou aprendo a postar em rapidinhas. Não se me afigura viável, que sou de grandes conversas e não tuítadas. Anyhoo, espero milagres da fisio. Até lá, aqui a crente pede desculpa por qualquer coisinha, designadamente a menor comparência. Fazer o quê, né?