quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

The story so far

A via sacra


Zanguei-me muito. Irritei-me imenso. Quero crer que, em 90% das ocasiões, com razão. Perdi a cabeça umas vezes, felizmente poucas. Com razões para tanto, mas nunca há vantagem, em perder a cabeça. Liguei à terra e percebi isso, espero que a tempo. Aturei muita merda, e muita gente merdosa, mesquinha, quezilenta, conflituosa. Em duas ocasiões, já disse, perdi valentemente as estribeiras. Não me posso dar ao luxo de o fazer, dependo disto para viver, é o único rendimento que tenho e nada que me ampare se falhar. Fiz reset. Ponderei. Decidi recuar e deixar de me importar (tanto). Decidi reconhecer o que é óbvio para todos, o sistema está feito para falhar, e os néscios naturalmente apontam o dedo a quem faz parte do sistema, embora não o domine. Lembrei-me de D. Quixote e dos moinhos, embora (ainda) não tenha lido D. Quixote e só conheça o episódio dos moinhos do folclore. Declarei derrota e decidi ser mais formiguinha. E depois lembrei-me da Liberdade do Quino, e do seu "uma formiga não consegue parar o comboio, mas pode encher de comichão o condutor", e percebi que ninguém muda, mesmo que se adapte, ligeiramente. Sou quem sou. Tenho de o aceitar. Um tom abaixo, apenas.

O Gólgota


Arrancaram-me um pedaço e julguei que não sobrevivia. Sobrevivi. Ainda dói, a cauterização. Decidi dar um salto de fé. Dei. Estou agora como os desenhos animados, suspensa no ar, sem poder olhar para baixo. Quando o fizer, e notando que nada me sustém senão a fé de ter chão debaixo dos pés, sei que cairei. Não olho para baixo, portanto. E sigo. Há quem saiba e me veja no ar e tenha a amizade de não me dizer nada para além de palavras de incentivo. Mas sei que, intimamente, não entendem a quimera. Há quem não saiba o propósito e menos entenda, o ver-me assim suspensa. Tenho a sorte de não me desviarem o olhar, ainda assim. E há as insistentes evidências e uma voz que só eu ouço, a pedir que volte para trás, enquanto é tempo. Não vou voltar. Sei os riscos, sei-os muito bem. Sei do preço a pagar, e que é demasiado alto e não tenho como o solver. Se e quando chegado o momento, o credor me cobrar a minha libra de carne, far-me-ei Portia. No entretanto, mantenho a fé inicial, por pura teimosia. A dúvida faz parte, faz-me prestar mais atenção ao caminho imaginário. E se e quando chegar a terra firme? Olhos em frente. É possível. Não será amanhã, mas amanhã logo se verá. Afinal, amanhã será um novo dia.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

And now it's "you know who" I got the "you know what" I stick it "you know where"

E em 2016, aqui no blogocantinho?, prognósticos? Em geral, é mais ou menos isto.
[sim, tudo isto é cansaço]






 [bem explicadinho, com todas as letrinhas, aqui]

Great Expectations

Sim senhora, é a tradição da época, acabemos já com isso que ninguém tem tempo para remoer estas merdas.
Balanço de 2015: foi uma real bosta.
Pedidos para o Ano Novo: que não seja uma real bosta. Uma bosta simples já era uma melhoria.
Resoluções para 2016: que não me atasque com tanta frequência na bosta.

domingo, 27 de dezembro de 2015

A puta da barcagem

Duas coisas aprendidas neste fim-de-semana: à uma, o Acp é a melhor, maior, mais benfazeja organização de que tenho o gosto de ser associada, e à qual desejo longos anos de próspera existência; às duas, eu tenho muito azar às viaturas.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Foi assim que aconteceu

De repente, sem nada que o fizesse prever, levantou-se o cinzento e recupero o meu mojo: quero ler, consigo escrever, as palavras já me saem de jorro e os dedos voam no teclado, uau, uai, cheia de pica e vontadinhas, e calha bem, que há muito para ler e escrever, o xervixo acumula e é preciso dar vazão, mesmo a tempo, ufa, o meu super-poder é a procrastinação e eis que me detém um pedacinho de kriptonite benfazeja. Vai daí, segunda de manhãzinha, ali pelas oito e trinta, já me sento pronta a fazer brotar torrente de palavrinhas, e asinha, que este aqui tem de sair antes de almoço, liga o bicho, clica aqui e ali, e encrava tudo, programa não arranca, word não abre, ai mãezinha, clica no reiniciar e népias, desliga à bruta e religa, e fica ali a remoer, re-remoer, ainda não são nove e já estou a ligar para os santinhos da informática, ninguém atende, vai-se ao café, tenta-se de novo, um nadica antes das nove lá me atendem do cento e quinze laboral, vem o bombeiro de serviço, ouve as queixas, clica e reclica, ui, se calhar é disco, eu uivo, ele tenta de novo a sua magia, nã, tenho de o levar, eu uivo mais, explico a minha urgência, e o bom anjo promete-me um tareco que ainda terá de desencantar algures para eu conseguir trabalhar. Espero, num só pé; troco de pé; decido que preciso de ambos os pés; começo a cirandar por aqui como uma barata, à roda, à roda; aviso quem é preciso avisar do atraso previsível; nos intervalos uivo; chega o santinho com um chaço debaixo do braço e monta-mo aqui; explico que preciso dos meus docs, ou só um, vá; jura que já mos manda; uivo de novo; toca o coiso e atendo logo à primeira, já sei de cor a extensão e é a que me interessa; veja lá se está aí o que lhe interessa, e eu que sim senhor, muito obrigadinha, todos os deuses lhe paguem; já são onze da manhã, tenho uma hora para costurar esta fantasia; força, força companheira Izzie; acabo apenas com meia horita de atraso, envio, vou a correr avisar que enviei, volto, acendo um cigarro, e ligo a perguntar novas do doentinho, responde-me que está em coma induzido e amanhã talvez; uivo e explico que me acontece tudo, que o de casa também me deu o peido mestre e o jeito que me dava na falta do de trabalho, para adiantar umas cenas no fim-de-semana, e arcanjo dos arcanjos diz para o trazer que também lhe dá uma olhadela, agradeço muito e rasam-me de lágrimas os olhinhos.
Entretantos, hoje é quarta, o animal continua de cama, e lá a ver se não precisa de um transplante de disco que não existe em stock, continuo a contar só com o ferro-velho que rosna enquanto funciona, acata ordens com a velocidade de um caracol asmático em subida acentuada, conclusão, não há aparelho que possa por debaixo do braço e levar comigo, o que me parece mal, afinal estamos em época onde mobilidade, versatilidade e multifuncionalidade são palavras-chave, e olhem, faz-se o que se pode, ao diabo a motivação, a vontade - e necessidade - de produzir, logo às seis ala, de mãos vazias, e segunda que vem cá estamos outra vez.


[lembrei-me entretanto que, por extrema curiosidade, o equipamento informático já está, por decurso inexorável do tempo, a chegar aos limites; não tarda nada - tipo, uns mesitos - está mesmo obsoleto e imprestável para as necessidades, e logo agora, nestes tempos em que a palavra despesa é palavrão. também por curiosidade, todo o actual equipamento foi renovado em tempos de governo pê-ésse - esses despesistas! - usou-se e gastou-se entretanto, e em tempos de governo pê-ésse-dê começou a atingir o fim da sua vida útil. curiosamente - ou não - vai ser durante este novel governo pê-ésse que se vai verificar a absoluta necessidade de renovar o equipamento. mais tarde ou mais cedo lá teria de acontecer. claro que, fosse o pê-ésse-dê governo, e não aconteceria, que essa boa gente, frugal e poupadinha, seria completamente indiferente ao facto de se conseguir trabalhar ou não com o que há, e ainda nos diriam para ter paciência e dar à manivela. recordo, sem saudade, aqueles já longevos tempos de uma fotocopiadora que cuspia pó de toner e triturava folhas a-quatro, e uns computadores que a gente chegava, ligava, ia à bica, trocava larachas com quem encontrasse e, quinze minutos depois, com sorte, já estavam a funcionar. às vezes não, e era preciso reiniciar. giro-giro. tantas as vezes que às dez, onze, ainda não se conseguia. e depois não sei quê que não se produz. pois não. não se faz limonada boa a espremer os frutos à mão.]

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Que seja um bom Natal, para todos nós

E ainda não chegámos às vésperas e já temos um belo, belo presente no sapatinho: um banco! Novinho! Pronto, usado mas estimado! Pronto, nem por isso estimado, mas não sejam esquisitos. Espero que tenham pedido talão de troca, que eu cá, bancos, nhéc. Se é para ficar com um negócio falido, prefiro uma loja de chocolates. E acreditem, na minha mão uma loja de chocolates ia à falência: hoje há stock, amanhã não. Hã, não há talão? Então, mas eu vi um papelucho colado à caixa e... quê, é a conta? Ai o presente não é para mim? Havia uma cena tipo amigo secreto da banca e toca quanto a cada um? Epá, aqui não tenho, posso ficar a dever? Tipo, continuam a ficar-me com parte dum subsídio e mais uns xis por cento do ordenado, vale? Então não vale. Que faria se não valesse. E nem um piu de queixumes, que provavelmente ia gastar tudo em porcarias, como o empréstimo da casa, supermercado e tal. Mais vale ficar com quem realmente sabe o que fazer ao dinheiro, e impulsiona a economia e tal. Já agora, continua-se também a cortar naqueles despesismos desnecessários, aqueles luxos supérfluos, que o dinheiro não nasce nas árvores, ora, e não chega para tudo. Os velhos que peçam esmola à porta da igreja; os desempregados que arrumem carros e colectem latas; os putos que se façam uns empreendedores e aprendam sozinhos, em casa, a ler legendas e fazer contas às montras d'O Preço Certo; os doentes que tomassem melhor cuidado, se agasalhassem e não andassem a respirar escapes; e o cidadão comum, ora, o cidadão comum, que se desabitue de luxos que somos um país pobre, e se menos comer menos engorda e não dá despesa com castróis altos e corações falhos, não podemos continuar a viver acima das nossas possibilidades. E tudo isto vale a pena, claro que vale! Juntos, sacrificadinhos, pobrezinhos mas honrados, pagaremos o que devemos, capital, juros e correcção monetária, faremos um brilharete lá fora e, cá dentro, poderemos levantar a cabeça de orgulho, porque este é um país onde nunca!, jamais!, teremos de encarar o opróbrio de ver um banqueiro, um CEO, um CFO ou um presidente de conselho de administração a cear paloco, com meia batatinha, ovo não que faz mal, uma folhinha de couve, tudo regado com azeite cortado a óleo, em vésperas de tão importante efeméride.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Do you believe in fairies?

Não me belisca minimamente que exista quem não goste de Star Wars. Não me incomoda um nanosegundo que haja quem não entenda o fenómeno, e pasme perante o mesmo. Não me chateia, e até brinco com o facto de, haver quem confunda ou não distinga Star Wars e Star Trek (pagãos!, ateus!, hereges!). Cada um gosta do que gosta, cada um é para o que nasce, inserir aqui mais um chavão respeitador da diversidade de gostos, etc, viva o amarelo. O que já me causa alguma perplexidade é a alegria quase cinzenta e engravatada com que algumas pessoas se distanciam disto tudo. Uma alegria com o suave odor de acinte e uma nota de bazófia. Ó pá, tudo bem, não gostas não comes, isto não é o refeitório da escola, não há menu único em que no dia de iscas passa tudo fome. Mas fazer pouco da "cena" não é uma inocente manifestação de opinião. É raro ouvir um simples e singelo "não gosto, não é a minha onda." Não raro, a opinião é polvilhada de considerações sobre os que mergulham histeriamente ou mais discretamente nessa onda. E é isto que não percebo. Ou antes, até. Precisam mesmo de se sentir importantes, superiores, melhores, é isso, não é? 'Tá bem, levaide a bicicleta. Eu (e muitos) ralada. Sou capaz de apostar que os fãs não são virgens nisto do achincalho. Lembro, sem saudade, aquela vez em que um indivíduo - que nem era meu conhecido, antes daquele dia, mas ali estava como amigo de conhecido - me gozou intensa e longamente por causa de... um álbum de BD. Uma jóia de pessoa, cheia de predicados e interesses elevadíssimos, decerto, que não teve problemas em me gozar intensa e longamente por "ler aquela merda". "Aquela merda" por acaso até é a nata das natas, dentro do género, mas adiante. Um gajo não dá conversa a caralhetes. E não o mandei para a meretriz que o deu à luz porque, apesar de tudo, tive mais consideração pelas pessoas que o tinham trazido à boleia que por ele.
Anyhoo. Cada um gosta do que gosta. Não preciso que me expliquem porque não gostam de Star Wars, como não preciso que me expliquem que não gostam de chocolate, há (des)gostos para tudo, credo. Mas, já agora, um livro de estilo. Não precisam de nos explicar, devagarinho e de olhinhos muito abertos, que aquilo é tudo fantasia. Nós sabemos. E vocês, rigorosos realistas, contam histórias do Pai Natal aos putos, inscreveram-nos na catequese?, que bom p'ra 'ocês. Também escusam de gargalhar alarvemente por haver adultos que têm bonecos dos personagens, ou montam legos alusivos, ou até se vestem como os seus favoritos. Se começarmos a escarafunchar, ainda descobrimos que se vestem de matrafona no carnaval de Torres, e nisso não vêem mal algum. Chacun à son goût. Live and let live. Somos todos ridículos, aos olhos de alguém. Tenhamos alguma graciosidade e generosidade em admiti-lo. E há espaço para tudo. E ninguém se define por uma parcela dos seus gostos. Uma pessoa pode, sem qualquer problema e desconsideração, ter Céline na mesa de cabeceira, ao lado de Borges e Blake e Mortimer. Não que eu conheça alguém assim, é só um exemplo. Star Wars não é Fassbinder, nem sequer Fassbender, mas há ocasiões em que uma pessoa só se sacia com panna cotta e outras chega pão com manteiga, e sabem igualmente bem. É a tal maravilhosa da diversidade. E eu gosto mesmo muito de pão com manteiga. E gosto de gostar.

domingo, 20 de dezembro de 2015

A Força Desperta?



Desperta sim senhor.
Lord Vader aprova esta mensagem.


[comentários com spoilers não serão aprovados, que nesta casa não se acredita em roubar a alegria infantil da descoberta a ninguém]

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

The matrix reloaded

Voltei a ler (com vontade, alegria e avidez).
Voltei a escrever* (com facilidade e desenvoltura).
Está tudo ligado Pois está.

*por enquanto apenas para efeitos profissionais, mas baby steps. baby steps.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Todos os gatos são pardos

Aqui há coisa de meia hora a questionar-me sobre se os collant que vesti são pretos ou azul escuros. Às sete eram, garantidamente, pretos.

[note to self: trazer e guardar no bules um par de collant em cada cor. nerfes.]

You underestimate the power of the Dark Side

Em duas breves semanas dei por mim, involuntariamente e por puro dever profissional, por umas quantas e sucessivas ocasiões, arrastada para a mais fedorenta cloaca, onde chafurdei sem galochas nem fato protector. Acho que hoje acabou. Ou antes, acho que hoje atingi a margem e não vislumbro nova enxurrada em quinze dias. Pelo menos. Deve ser isto, a tal da trégua de Natal. Preciso de um duche a ferver e um palha d'aço.

[as pessoas, céus, as pessoas. e ainda há quem ache que só na ficção existem super-vilões. basta querer, e ter vagar para isso.]

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

When I get older losing my hair, many years from now

Aquela sensação de antiguidade, para não dizer obsolescência, quando és a única freguesa no cabeleireiro a entreter-se no tempo de espera com um livro, enquanto o restante povo olha e afaga ecrãs.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

'tis the season to be jolly (lalalala-lala-la-la)

Todos os Novembros/Dezembros, mal começam a assomar às janelas deste trapinho à beira-mar plantado pais Natal dependurados, e bandeiras de menino Jesus desnudo, lá em casa suspiramos por, um dia, ganharmos a coragem de pendurar lá fora uma bandeira preta com uma cabeça de bode desenhada.

Enquanto isso, alguém com eles no sítio, encenou um presépio de zombies. E eu choro de inveja.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Santa Claus is coming to town

E vamos a fazer uma lista? Pois vamos, sou amiga do meu amigo e dos pobres desgraçados que, por obrigação familiar, têm de me presentear. Listinha feita, toda ela composta de livriscos, e entregue a quem de direito, i.e., provedora familiar, i.e., mãezinha. Mas, helas, esqueci-me. Esqueci-me d'O Desejado. Ele. Elíssimo. A suscitar suspiros e ais de cobiça desde o verão passado.
Quê? Um ai-fóne último modelo? Um chanato de sola pintada? Não senhor. Isto:

Porca miséria, vou ter de tratar eu do assunto.

(também devia ter pedido um vale faz-tudo e canalizador, que o botão do autoclismo já se estragou há um pedaço, e andamos no sistema puxe-você-mesmo a válvula há mais tempo do que gostaria de admitir. de caminho arranjava-me o estendal, que eu não tenho forcinha de mãos para aquilo. e montava a torneira nova no lavatório, espera!, primeiro ia comprar uma bacia nova e fazia-se tudo. e, já agora, também iam lá os anjinhos que procedem ao polimento de pedras, que as bancadas e chão estão uma miséria. ah, e o estendal de tecto. riscar tudo, ofereçam-me um faz-tudo. agradecida.)

sábado, 5 de dezembro de 2015

Breakfast at Tiffany's

Se me fascina* saber que há quem venda maquilhagem em segunda mão? Claro, mas quem eu gostava mesmo de conhecer* é quem compra maquilhagem em segunda mão.


*eu adoro, adoro, adoro observar gente esquizóide, maluque, apanhada da mona.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

A long time ago in a galaxy far, far away

Há pijamas do Star Wars para rapaz? Há, sim senhor.
Há pijamas do Star Wars para homem? Há, sim senhor.
Há pijamas do Star Wars para rapariga e mulher? Nicles. Népia. Néribi.
Deve ser aquela cena do "não sou feminista, sou feminina". Ou então o mercado, afinal, não funciona.

There is a light

Olá, eu sou a Izzie, e não leio desde Setembro. Bom, ler, leio. Melhor dizendo, não leio nada novo desde Setembro. Acabei Agosto (e as férias) com a Viagem ao Fim da Noite a Meio e assim ficou. Até hoje. Sentadinha, para não se cansar. Não voltei a abri-lo, nem violei mais nenhuma página virgem. Como ler é um hábito, para não dizer vício adição, vou lendo letras já usadas, já moldadas, que não me causam bolhas. Novo, só notícias. E poucas, parcimoniosamente pesadas e consumidas. Voltei ao conforto aconchegante da titi Agatha, os cinco de Tommy e Tuppence, para encher, para disfarçar a sensação de vazio. Comecei pelo fim, Postern of Fate, e segui a ordem inversa. Fiz batota no penúltimo, atalhei para o meu favorito da série, e passei o Secret Adversary à frente do Partners in Crime. Estou a acabar este. Comecei-o seguramente há mais de um mês. O ritmo lento, arrastadíssimo, tem sido ditado pela abertura da pestana, que só se tem mantido por página e meia, duas páginas. Depois colapso. Presumo que este fim de semana se acabe. E depois? Nada. Vejo as lombadas perfiladinhas, inteiras, por quebrar. Tenho-as na mesma ordem de Julho, à beira da cama, intocadas. Já me habituei à sua imobilidade muda. Como também me habituei ao monte sobre a secretária, regressado de férias e ali colocado, e abandonado. O burburinho das histórias por conhecer deu lugar ao silêncio resignado. Se me incomoda?, já incomodou mais. A suave inquietação desta incapacidade deu lugar à apatia modorrenta. Olá, eu sou a Izzie, e não leio nada novo desde Setembro.