quinta-feira, 26 de novembro de 2020

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Darren Criss & Rufus Wainwright -  Bridge Over Troubled Water (11-20-20)

[saudades de concertos. isso tenho. muitas. de supermercado ao sábado à tarde, não tenho, nunca tive]

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Toda a gente precisa de um hobby

Se eu precisava de ter comprado mais um feto? 

Precisava, claro que precisava. Os outros três estavam a sentir-se sozinhos, e já não tinham conversa.


(entre o pátio, varanda, casa e trabalho, já tinha uma quantidade considerável de plantas; mas a pandemia, céus, a pandemia transformou-me numa bélha das plantas - a somar à faceta bélha dos gatos -, e a casa numa selva. gosto e recomendo.)

segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Já mandou um beijinho / abracinho a um profissional de saúde, hoje?

 Aqui há dias me mate teve um piripaque que deu direito a boleia de INEM direitinho à urgência de Santa Maria. Nada de grave, mas camadão de nervos, claro, que nem sequer o podia acompanhar - ou antes, ir lá ter, que estava no trabalho quando se deu a macacoa, - derivado da situação Covid. Fiquei, portanto, serenamente (ahahahah...) em casa à espera de notícias. Ligou-me ali pelas duas da tarde, ainda muito zonzo (nem se lembra de me ter telefonado), que tinha pulseira amarela e estava à espera de exames. Fomos mantendo contacto por SMS e telefone (já bem consciente), e foi sempre dizendo que estava a ser muito bem tratado, realmente, a gente nem dá valor, mas caramba, tratamento e acompanhamento cinco estrelas, nesta sua estreia de urgências. Quis saber se era boa ideia ir buscá-lo, que não porque não sabia quando estaria despachado; apanhou um táxi, ligou a caminho, à hora de jantar estava em casa, são e salvo, e com uma resma de papéis: análises de sangue, ECG, TAC, indicações de médicos. Continuava a elogiar entusiasticamente todos os que trataram dele, desde a equipa do INEM (cujo médico ficou com ele até e durante a triagem), triagem (confesso a minha ignorância, não sei se é feita por médico ou enfermeiro), enfermeira que fez a recolha de sangue, técnicos (médicos, enfermeiros?) do ECG e da TAC, passando também pelos assistentes. No total, entre entrada e saída, foi visto por quatro médicos, todos atenciosos e preocupados. Ficou mais que agradecido, ficou comovido. Eu também. Porque nós sabemos o carradão de trabalho que implica uma urgência de um mega-hospital, porque estamos a meio de uma pandemia que causou um enorme acréscimo de afluência e trabalho. Ainda assim, nada faltou, começando no profissionalismo e passando pelo humanismo. E tudo a custo zero. 

Queixas, só de outros utentes. Um velho que andava por ali a cirandar e entabulou conversa com me mate, questionando a sua necessidade de ocupar uma maca, quando já há tão poucas. Verdade, o homem não estava a morrer nem tinha os intestinos a sair pelo ouvido; mas se o pessoal hospitalar o ali colocou, pirete para o freguês metediço. Uma velha que gritava como se estivesse a morrer cada vez que passava alguém de bata, mas ao telefone com a filha relatou que tinha ido ali porque tinha dormido muito mal, derivado de dores de costas. É chato, é; acontece-me ao menos uma vez por mês. Ou uma freguesa que, na neurologia, insultava o médico aos gritos. 

Na verdade, até nos calhar, nós não damos valor. É um facto adquirido, e se calhar por isso um pouco desvalorizado, que temos o direito, temos a estrutura, existe e pronto. Mas o direito à assistência hospitalar, o funcionamento da estrutura que é o Serviço Nacional de Saúde, assenta nos ombros de uma imensa mole humana, todos os que lá estão para nós, numa situação aflitiva. Ah, só estão a fazer o seu trabalho. Pois estão, mas isso não invalida que se reconheça que a) o fazem bem; b) em condições que a gente sabe lá; c) e de brinde muitas vezes têm de aturar gente chata, oportunista, malcriada ou excessivamente dramática. E com uma pandemia de bónus.

Não, nunca batemos palmas à janela pelos profissionais de saúde, ali em Março, Abril. Ainda se lembram, os que bateram? É que eles lá continuam, com ou sem fatinho de astronauta, a cuidar e tratar tanto piripaques - que podem ou não ser coisa grave - como um vírus que há um ano ninguém conhecia, de repente se tornou a prioridade de combate de toda a gente, e agora se reduziu a uma inconveniência, uma maçadinha muito grande para a nossa viducha, ai que não posso ir às compras domingo à tarde, ai que não posso ir beber um copo ou almoçar fora com quem quiser, ai que não posso ir às compras, ai que não consigo respirar de máscara, ai que atentado às minhas liberdades individuais e tal. Mas, se nos calhar azar, lá estão eles, e não nos vão fazer nhãnhãnhanhã se apanharmos o bicho por descuido, estupidez ou enfado. Por muito que lhes apeteça (ei, a mim apeteceria, e se calhar é por isso que nunca daria uma sequer razoavelzinha profissional de saúde. isso e desmaiar se vir sangue ou entranhas). Vão estar lá. Cansados, exaustos, a destilar dentro dos tais fatinhos, a tomar decisões críticas que fariam tantos ter um burnout imediato; sabemos lá há quantas horas sem comer ou beber um copo de água, dormir, ver a família, respirar. Mas vão estar lá, a fazer o seu melhor.

Respeite-se. Acarinhe-se. E, se não for pedir muito, evite-se dar-lhes mais maçada. Parece que já há duas vacinas promissoras, é só mais uns meses. O que é isso, comparado com o raio da terra? Uns. Meses. Tende juízo, e amor a quem nos cuida.

quinta-feira, 12 de novembro de 2020

#noregrets

 Olá, o meu nome é Izzie Maria Soraya Andreya, e pretendo adquirir o set da Lego Rua Sésamo.



#someregrets

O meu nome é Izzie Carminho Benedita Carlota, quarenta e nove anos feitos, e hoje resisti a comprar um pijama com o Snoopy.

quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Não está tudo bem, não vai ficar tudo bem*

 A oeste nada de novo enquanto a Gilead outrora ficcional vai lançando as primeiras pedras; na Europa o extremismo de direita e religioso a marcar pontos; a pandemia a continuar a ser pandémica e as pessoas a demonstrar que a inteligência, essa qualidade que nos impusiona a melhor informar, seguir quem sabe, e adaptar, é um bem escasso.

Neste dia, só uma luz me dá alguma esperança na humanidade: a coragem e determinação das mulheres polacas. Bravas, bravíssimas.




Hoje são elas, amanhã podemos ser nós. Já esteve mais longe. Nós somos elas.


*'tá tudo a ir co'caralho, isso sim