quarta-feira, 27 de julho de 2016

Go totally crazy, forget I'm a lady

Não sei se gosto muito da pessoa em que me torno quando faço entre 150 e 200 quilómetros por dia. Não que tenha abandonado o meu habitual estilo de condução defensiva, constante olhinho na estrada e velocímetro, ou tornado mais pesado o pé direito, não. O problema é que descendo de uma linha de intensos refilões ao volante e, se mamãe ainda se contém em meia dúzia de "abécula", "chico-esperto", "suicidas", "súcia", já eu, parece que saí mais ao meu avô materno que, consta, era prolífico em alhos e cebolas, na expressão de vó, uma senhora que o aturou mais tempo que merecia, que o indivíduo era uma besta, benzó, (mas essa parte eu não herdei. acho. quero crer.). Saltou uma geração, esta curiosa característica, portanto.
Yep, sou uma princesa, que sou, mas uma princesa que sofre muitos dos nervos, principalmente quando provocada. E se há condutores provocadores. Desde o guna no punto quitado, ao doutor no audi artilhado, é toda uma tese de doutoramento. Curiosamente, a incidência da sociopatia estradal é mais notória nestes dois extremos do espectro social, fica a dica para investigadores à procura de tema de estudo.
Anyhoo, é muito complicado conter a carroceira que habita neste ligeiro ainda que sinuoso corpo de princesa, quando temos de lidar, entre muitos, com o chaço a noventa na faixa do meio da auto-estrada (que não se move para uma direita vazia nem após vários sinais de luzes ou apitadelas), ou o bólide apressado que nos faz uma tangente, por entender que os nossos setenta/oitenta numa via rápida não atingem os mínimos do seu estatuto rodoviário. Para acabar empancado atrás de um lento, ahahahah. Depois deste último dei por mim dentro do carro a cantar um original de minha autoria, cuja letra era mais ou menos "bemfeitagandacabrão", numa melodia inspirada no clássico nhãnhãnhã.
É isto, a modos que. Acho que nesta semana e meia esgotei a minha quota de palavrões para a próxima década. Mentira: não há quota. E, se houver, compro sobras a quem tiver para dispensar. Mas atenção, esta verborreia nunca, mas nunca, extravasa o suave recato do habitáculo de me-mobile. Uma carroceira, sim senhora, mas princesa. De vidros fechados, e AC a bombar. Calhasse ter de passar por isto todos os dias da minha vida, já não asseguro nada. Credo. Sofro tanto dos nervos.

quarta-feira, 20 de julho de 2016

Bom dia, comunidade

(sim, eu sei que já passa do meio-dia, mas tive que fazer antes. muito chão para passar a pano, muita meia para passajar.)

Inaugurando uma quiçá novel linha editorial neste blog, dirigida a todas as madrugadoras felizes por estrear antes dos pardalitos o novo dia, cheias de boas energias e mais não sei o quê, o amor é lindo e nos elevará não sei onde, piquen'almoços cheios de proteína boa e vitaminas, cá vai uma imagem inspiradora, um cartão postal colhido ali em Fuck-O'clock-Sur-Mer:




(puta que pariu a minha vida, isso sim)

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Green Acres

É oficial: durante quinze dias (no mínimo, bate na madeira) estamos a viver no campo (embora com vista de mar), derivado do simples facto de ali haver duche. E menos pó. E zero entulho. Acordamos com as galinhas, duchamos, vestimos, debicamos, e ala, que às sete menos um quarto já lá vamos, a engrossar o rebanho, rumo às verdes pastagens onde embuchamos o sustento. Devo dizer que decerto é mais fama que proveito, que neste primeiro dia de deitar cedo e cedo erguer não me sinto nada saudável.
Única vantagem: lá respira-se. Saímos de Lisboa debaixo de uns inclementes trinta e muitos graus célsius; aterrámos nuns aprazíveis vinte. Assim, dorme-se. Já acordar são outros quinhentos, mas adiante. Hoje levo a máquina do café, o altarzinho onde rezaremos todas as santas e frescas madrugadas. Pondero converter-me a qualquer coisa que me prometa manhãs fáceis e quinze dias santos, aceitam-se sugestões.

quinta-feira, 14 de julho de 2016

E agora vou almoçar

Mentira, já almocei, digo, "almocei", é só uma nuance mas toda uma diferença, e dói-me a cabeça.

É uma coisa que me chateia, pá

Não é só o facto de ainda ter toalheiros e candeeiros por tratar (e achar que ainda tinha alguma coisa para ensinar aos dizáiners de focos, designadamente no que diz respeito a potência máxima de luzes especificamente destinadas a casas de banho, vê-se logo que é gente que não tem buços para depilar ou eye-liner para aplicar, córenta uótes não chega, amiguinhos, e interruptor no próprio geringonço, a sério, não numa casa-de-banho); ainda não ter tirado isto, pá, isto da casa-de-banho (ou feito malas, ou revestido seja o que for daquele plastiquinho tipo cortina), e ter lá os trolhas na segunda; ter trabalho até vir a mulher da fava rica; mais uma vez verificar que um xervixo não pode funcionar bem (que logo vêm cá buscar gente para tapar buracos noutro lado, isso, amiguitos, vamos a nivelar por baixo, cá agora recrutar mais gente para tuuuudo funcionar bem); ter levado uma charopada de extrema cagança (alheia) aqui há sete dias e ainda estar cheia de urticária; confirmar-se que tenho o ombro todo fornicadinho (e de certeza não há maneira de resolver isto mudando peças e pronto); já ler letras piquenas em geral e rótulos em particular como as bélhotas no supermercado lá da freguesia (afasta, afasta, ah, 'tá bom, afinal não, preciso de um braço maior); ainda tive o desgosto de dar com um "concerteza" ali em caixa, na Dica da Semana (lágrimas de sangue), e a suprema agonia de topar com um "coto de caça" numa edição bem catita de uma prestigiada editora (a cortar pulsos em 3, 2, 1).
Não há condições, pá, não há condições.

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Eu é mais bolos

Não percebo nada de bola, não gosto de bola, não vejo bola (e até acho que dou azar quando vejo), mas tenho de admitir que esta foi muita bem feita.
Mas um muita bem feita a sério e em grande, ao contrário de um certo microfone no lago, que foi muita bem feita, mas foi mal feito.

sexta-feira, 1 de julho de 2016

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[recentemente tive a possibilidade de ir para outro xervixo, onde ia ganhar mais, trabalhar menos, e numa cena que não coze tanto a mioleira. pensei muito, ponderei imenso, até porque dava-se o caso de a) o xervixo em causa se situar numa zona que detesto e que não calha tão em caminho; b) onde não conheço ninguém; c) odiar profundamente o tipo de trabalho em causa que, embora teórica e tecnicamente fácil de aprender e dominar, é muito especificozinho, muito coisinho, muito chatinho. optei por me deixar estar no local que me dá mais jeito e onde circulo há vastos anos; onde até já sabem, no café, que depois das dez só descafeínado; onde já conheço a maralha toda e até estou mui bem acompanhada; e onde o trabalhinho até é intelectualmente mais estimulante, pois que pede ginástica mental, capacidade - e curiosidade - de estudo e aprendizagem constante, oferece uma interdisciplinariedade e variedade mais atractiva, e onde, enfim, auto-palmadinha nas costas, até já dei provas que sei o que ando a fazer. mas depois há aqueles dias em que uma pessoa se interroga se é parva ou gosta é de sofrer, que tanto estímulo intelectual pica-miolos também não era preciso, ai-a-minha-vida, nem minha amiga sou, é o que é, fuck my life.]