segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

O mundo está perdido?

A resposta é "está sim senhora", pronto, poupei já o trabalhinho de ler o resto do post.

Para quem tenha paciência e queira saber, não, não cheguei a essa conclusão abrindo um jornal, assistindo a um noticiário, népia. Bastou uma ida ao lidl, muito a correr, para comprar pão (sou especialmente fã daquele de espelta, e de onde vínhamos calhava um lidl de caminho).

Ora lá estamos eu e me mate, com o cestinho com rodas (uma pessoa precisa sempre de mais alguma coisa), a chegar à zona do pão. Para quem não seja freguês, aquilo funciona muito modernamente (e civilizadamente) em modo self-service: o pão está em tabuleiros, separado por tipos; há uma geringonça com que puxamos / empurramos o pão que nos interssa para uma calha, e depois é ensacar. Ora sucede que, para o estimado cliente concluir esta operação, o supermercado tem à disposição a) sacos de papel para o pão, em dois tamanhos; b) luvinhas de plástico, como as da estação de seerviço, para pegar no pãozinho.

Dizia eu então que tínhamos acabado de chegar à zona de pão, estamos a observar as existências, e eu nem tenho tempo de soltar um "oohhhh já não há o de espelta", porque já estamos ambos embasbacados a olhar para o sujeito que sacava da dita calha um pão, manápulas nuas, e pronto, é mau mas o problema seria dele e da sua afeição às bactérias, mas vai daí olha para o pão, o pão não olha de volta mas ele não gostou decerto da cara daquele pão, acto contínuo joga-o outra vez para dentro do respetivo tabuleiro, tira outro, repito, de gânfias desluvadas, e ensaca-o.

Nem tivémos tempo de olhar um para o outro, porque o dito guna volta atrás, tira o pão do saco, joga-o para dentro do tabuleiro, e vai buscar um outro tipo de pão, no qual pega, insisto, em contacto directo patinha - pão.

Finalmente, os nossos olhares cruzaram-se. Estávamos os dois de boca entreaberta e olhinhos esbugalhados. Tu viste aquilo?, Vi, De repente já não me apetece pão, Iá, compramos lá ao pé de casa, meia volta volver.

Eu sei, eu sei que estes sistemas não sei quê, há sempre um porcão a lixar tudo, a gente nunca sabe quem lá passou, mas pá, ó pá, há anos freguesa, há anos a levar pão do lidl, mas no meu lidl nunca vi semelhante.
Cho-ca-da. Fé (a que restava) na humanidade: foi-se. Por mim a extinção está bem.

(capaz de apostar que na estação de serviço põe a luvinha, o jagunço)

15 comentários:

  1. Há pessoas que estão convencidas que o uso de luvas é para a sua única e exclusiva protecção, deve ser por isso que o senhor cochon achou que como o pão não lhe queimava as mãos, também não o infectava, nem nada, logo não precisava de luvas. Desconfio que ele nem sonha que o que fez é uma javardeira e que os outros não têm te comer o pão em que ele mexeu. Estamos largados aos bichos, mesmo ;)

    Há uns anos na frutaria o vendedor obrigou uma alma a comprar a fruta em que tinha espetado a unha para ver se estava madura e explicou-lhe que as outras pessoas viam marcas de unhas nas cascas da fruta e não a levavam. A alma ficou na outra vida, achou que o homem lhe estava a impingir fruta que não conseguia vender porque não estava madura, supõe. Saiu dali enxofrada e parece-me que sem perceber que o que fazia era absolutamente nojento.

    (também aposto que na estação de serviço põe luvas)

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    1. Mac, eu fico maluca, MALUCA com a falta de sentido de higiene. Quando vejo alguém a sair de uma casa de banho e não lavar as mãos a arruaceira que vive em mim tem vontade de seguir essa pessoa aos gritos e avisar toda a gente para não lhe tocar. Caramba, se querem viver num buraco imundo, é lá com eles, mas há mais pessoas, e essas pessoas dispensam a contaminação.

      Essa da unha é nova, nunca vi. E nem é uma forma muito boa de ver se está madura, enfim... E claro que eu não levaria uma peça de fruta com marca de unhaca, no-jo! O vendedor estava carregado de razão.

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    2. Ah WCs... ja apreciei empregados da cozinha de restaurantes sairem do WC sem lavar as maos. Ia vomitando logo ali a comida que tinha acabado de comer.

      Nesta terra nao ha ASAE e tenho muito nojo das porcarias que fazem nas cozinhas dos cafes e restaurantes. Ja para nao falar da comida que nos servem, arroz de microondas e tudo molhos pre-preparados pela casa mae.

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    3. E o que eu já vi de pessoas da restauração a fazer isso??

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    4. AEnima, Filipa, num caso desses é justificado despir o dito empregado, rapar-lhe o cabelo, e fazê-lo andar pela rua nuzinho com um cartaz a explicar o crime. Sim, tipo Cersei.

      E AEnima, aqui a ASAE cada vez tem menos meios, e tenho a certezinha que há muita cozinha onde não gostaria de entrar... mas vão fazendo qualquer coisa, isso vão

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    5. Nojo, muito nojo. E, por vezes, nem me parecia distracção, e sim feito de propósito. Eu guardo o walk of shame para homens q usam calcinha apertada com havaiana. Para os outros, faço cara de choque.

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    6. :D calça apertada! nunca vi um a quem ficasse bem.
      De resto sim, muito nojo. E se é de propósito, só à bofetada

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  2. Estou solidária: nunca vi assim tão clarinho mas sempre me questionei o que fazem ao pão desprezado que fica lá na tal calha. Certamente voltam a colocar nos tabuleiros, não é? Também me tira logo a vontade (eu gosto do de abóbora com nozes e um de centeio, tipo Mafra ou lá o que é)

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    1. Wallis, eu também me questiono muito, mas olhos que não vêem, coração que não sente, e pronto, dou sempre o benefício da dúvida. Agora ponho tudo em causa, TUDO, eu sei lá quem por lá passou, a tristeza, o horror.
      (esse de abóbora com nozes ou pevides ou lá o que é é maravilhoso, mas no meu lidl deixou de haver)

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  3. Ri-me. Desculpa, mas ri-me.
    Como assim nunca tal coisa te passou pela cabeça? Oh menina, ele há alturas, como qdo vamos comprar cenas que estão disponíveis para os outros mexerem, em que temos que - como diz a minha mãe - "pôr o coração ao alto", fechar os olhos e não pensar em bactérias. Também, nunca fui fã de cenas anti-bacterianas que são as bactérias que nos dão protecção para cenas piores (nem quero saber o valor ciêntifico disto, deixa-me acreditar nisso, é a minha desculpa para não ter a casa sempre limpinha).
    Posto isto, até gosto do pão (de rio maior) do Lidl mas vou lá pouco precisamente por causa dessas mãozinhas. Não confio.

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    1. Oh, pá, passar pela cabeça passou, mas só que as 'ssoas só botassem as gadabunhas no SEU pão, e não que andassem a remexer, a tirar e repor, caneco, quem é que faz isso, pão é pão, está sempre a sair, uma pessoa olha e já sabe ao que vai, não é preciso contacto físico... Sou uma tansinha, eu sei (emoji a chorar)

      No aldi têm umas tenazes, é mais fiável, mas aldi ao pé de casa não tenho. Vou fazer uma petição online :D

      (não sou maluca das limpezas, mas nojice é que não, bolas)

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  4. Eix, tantas vezes... aqui os lidl tem pincas... estico-me toda para apanhar os la do fundinho na esperanca que esses tenham sido menos amanhados.

    Tinha um waitrose ao lado de casa, que e' a marca top de supermercado para tia, geralmente com produtos de qualidade e staff amavel. Nele vendem uns chocolate torsade que sao a minha perdicao, tambem nesse estilo self-service. Um verao a prateleira onde estavam esses pasteis andava sempre com uma mosca ou outra a pousar neles, e eu enjoada, fui dizer 'a menina do balcao que precisavam resolver o assunto. Pensava eu que iam retirar todos os pasteis, lavar a prateleira, e repor frescos. Ao que ela responde: "Nao posso passar ai o dia especada a sacudir moscas, santa paciencia". E com isso me fui embora, e estive o verao todo (ou mais) sem pasteis, porque com inteligencias destas nao vale a pena conversar.

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    1. AEnima, eu fui a um Waitrose em Londres (tenho este fetiche de entrar em supermercados em todos os sítios onde vou, em Londres já fui ao Tesco, Sainsbury, Waitrose, M&S e Whole Foods) e achei um sítio compostinho, que achei, mas isso que contas é uma cena de feira rasca, mas rasca. Moscas, pá, moscas é que não.

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  5. A mercearia em frente a casa mudou de gerência. Melhorou muito, muitos frescos, muitos produtos, enfim, uma alegria. Ora vamos lá experimentar o pão fresquinho talvez ainda morno logo de manhãzinha! O senhor simpática já tinha a luva vestida (calçada?), luvinha de plástico, ensacou o pão escolhido, foi cortar fiambre, registou a conta, recebeu o dinheiro e deu-me o troco. Sempre sem tirar a luva. Eu sei que devia ter falado, eu sei. Desculpa: estava ensonada. Por outro lado sou do tempo em que a padeira, se um pão fosse parar ao chão, lhe dava um beijinho, resmoneava uma cena qualquer, e pão para o cesto.

    Helena

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    1. Ai que horror, ó Helena, mas ao mesmo tempo tive de me rir. Uma pessoa fica sem reação.
      E agora lembrei-me daquela vez no talho do Continente em que o senhor cortou porco na tábua e com as facas de aves (as amarelas), porque a outra estava ocupada por um colega. Se eu podia dizer alguma coisa? Podia. Mas a) a carne não era para mim; b) não tenho obrigação de dar formação sobre higiene no trabalho e contaminação cruzada; c) assim como assim era porco, o porco é para cozinhar bem e a salmonela morre à mesma.
      Enfim, é o que é

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