segunda-feira, 3 de abril de 2017

The Cat Diaries (um 3 que podia ser um 666)

Olá, eu sou a Izzie, e sou vítima de violência doméstico-felina. Desde já se esclarece que a culpa foi minha, toda minha, provoquei e estava mesmo a pedi-las. Ao contrário da vítima de violência doméstica que apresenta este discurso (e obviamente está a ver mal as coisas, precisando de uma valente intervenção, que uma coisa é um animal irracional negligenciado e largado na rua, outra é um ser racional com capacidade de decisão, introspecção, e não levantar a mão), é a mais pura das verdades. Excesso de confiança aliado a uma certa urgência, é o que dá. Tooooodo o trabalho já conseguido deitado ao lixo.

Ora veja-se: a) a bichita já tinha saído de baixo do armário da casa de banho, trocando esse spot de sonho pelo paraíso debaixo da mesa da cozinha; b) a besuga aceitou festas no lombito, orelhas e queixo, o que até nos fez desvalorizar as dores de joelhos e esqueleto em geral, atenta a posição em que nos temos de por para o conseguir; c) a chouriça autorizou e até gostou da escovadela com que a presenteei.

Vai daí, saltei um porradão de etapas e, sozinha, tentei agarrá-la para a enfiar na caixa transportadora para dar um pulo ao vet. É que de quando em vez faz um barulho estranho, uma espécie de rouquidão, que tememos seja uma maleita respiratória; e não temos a certeza de que esteja a comer, ao contrário do cachalote do mano / amigo / companheiro, a quem nem a clausura e spleen impede de limpar toda e qualquer taça de comida. Resultado, enfiou-me uma estaladona de mão aberta que até vi estrelas.

Sendo positiva: estive tanto tempo ao espelho a estancar sangue e desinfectar o nariz que, de duas uma, ou este também ficou inchado ou já sei onde tenho o desvio no septo de que sempre desconfiei. E vá lá, não foi uma vista. E não tenho nenhum documento com fotografia para renovar.

(me mate ralhou-me tanto. merecidamente. mas eu tinha que contar, né, tenho a marca aqui bem à vista.)

27 comentários:

  1. Oh pá, desculpa, mas já me ri (eu posso, com a história do funil, o tipo lá de casa abriu-me a mão - duas vezes - e o pescoço).
    Se continuas a precisar de a levar ao Vet, usa Vetranquilo, um quarto de comprimido deixa a bichita a andar de lado (isto se for adulta, se for pequena pergunta ao vet se podes).
    Boa sorte :)

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    1. Vetranquilo é um nome, ó, supimpa. Mas e depois como lhe dava eu isso? A menos que seja um spray, o que também implicava conseguir aproximar-me da filha do demo, boa sorte :D
      (é preciso gostar muito deles, caneco)

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    2. a minha come que nem uma porca, é ver paté pelas paredes e pelo chão, que ela depois muito cuidadosamente e com toda a calma vai lamber, mas no fim daquilo tudo, olha-se para a tigela e lá está o comprimido a reluzir e a mandar-nos à m*.

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    3. Tá bem, abelha. A Amélie comia tudo e deixava o comprimido. Esta nem toca na comida, e esse é o problema. E como são dois, como saber quem come? Juro, eu não estava preparada.

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    4. Fuschia, a minha era igual. E quando o cuspia? Uma vez, depois de nos esgadanharmos para lhe enfiar o comprimido na boca, e lhe ter segurado a mandíbula um bom tempo, sua excelência vai calmamente para o chão, dá uma volta, e sai da sala. Dá-me uma luz, vou ver o sítio por onde ela foi, e zás, comprimido no chão.

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    5. Oh gente... mas vocês não pegam num bocado daquela carne (nada de patés, que os gajos são espertos. os da gelatina partidos aos bocadinhos tb funcionam) e não põem o comprimido la dentro? Nada de misturar com a colher, tem que ser mesmo à unha. E nessa altura põe-se só mesmo um bocadinho para ter a certeza que comem. na pior das hipóteses desfaz-se e mistura-se (nesse caso o leite de gato funciona às mil maravilhas).
      Podes sempre enfiá-lo pela goela da bicha mas diria que é mais difícil.

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    6. e as discussões conjugais derivadas de tentar dar lhe medicação? é uma angustia. agora descobrimos que há um medicamento que se mete no pelo, nas costas e que junta desparatisação interna e externa. acabou-se o drama desse comprimido pelo menos.

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    7. A única forma é pegar nela, abrir-lhe a boca, e enfiar o conprimido goela abaixo, e fechar-lhes a boca, e depois dar rapidamente um treat, assim tipo salmão fumado. Era a única maneira de engolir o mini-comprimido. Felizmente a minha Naifolas já estava bastante mais sociável quando foi esterilizada e tinha de lhe dar o antibiótico.

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    8. Sinceramente, dá-lhe tempo. Ela vai comer. Precisa de fome, depois vai comer. A respiração está tão má que precises de a traumatizar ainda mais com mais uma viagem já? Fala com o vet e pergunta se vale a pena.
      O meu gato esteve quase 3 dias sem comer nem beber quando lhe pus o funil (e o que comia era da minha mão), depois passou-lhe.
      Ignora-a algum tempo. A sacana está a reagir ao novo ambiente e ao v/ stress (eu sei, mulher, dói na alma). Mas vocês precisam de se acalmar para eles se ambientarem.

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    9. Patrícia, se eu esmigalhasse o comprimido, ela não tocava na comida. Só houve um que tomava na boa, o fortekor (para insuficiência renal), parece que tinha sabor. O primperam só de injecção.

      Fuschia, é verdade, já há ampolas que são desparasitantes internos e externos! Melhor invenção ever. Também temos lá para lhe aplicar, mas agora não dá :/

      Luna, até os vet tinham dificuldade em fazer isso à Amelie. Na fase final ela não comia, o que estava a causar lipidose e anemia. Teve de ser alimentada à força, com seringa, e contaram que ela se debatia imenso. finalmente puseram-lhe um cateter para alimentação, mas morreu dois dias depois :'(

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    10. Patrícia, já tentei partir o comprimido, e ela faz uma selecção de cirurgiã...

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    11. Izzie, eu não disse que era fácil, apenas que era a única forma de conseguir. E geralmente pedia ajuda, enquanto ela a agarrava, eu fazia o resto. :P

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    12. Bem, o meu toma comprimidos e deixa-me cortar-lhe as unhas. Não pode ser tudo mau deste lado :)

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    13. Ela faz uma respiração arranhada e rouca, mas só às vezes. Pode ser uma espécie de ronronar, mas estou tão traumatizada que qualquer coisa só penso em ir a correr ao vet

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    14. Eu diria (mas não sou vet nem a estou a ver/ouvir) que devias dar-lhe tempo. Ignora-a. Arranja uma corda, amarra um boneco (uma mola serve) na ponta e brinca com eles. Com calma, sem pressões. Se eles vieram, óptimo, se não deixa. Não andem atrás deles. Não invadam o espaço deles - deixa que percebam que se forem para debaixo do armário não faz mal e que lá estão em segurança. Se a coisa se prolongar, façam-nos comer perto de vocês (resulta, acredita que resulta e não estão a ser más pessoas, é para bem deles).
      Fala com o Vet antes de enfiares a bicha à bruta dentro da caixa e a traumatizares mais.
      Afinal que idade têm os bichos?

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    15. Tenho tentado estimulá-los com uma bolita e uma cana com um peixinho. Por enquanto não demonstram muita curiosidade, e nem seguem os objectos com o olhar. Tudo bem, sem pressa. A cena de os ir espreitar, falar com voz calma e fazer festas é para se habituarem à presença e ao contacto humano, porque tinham muito pouco. A casa (isto é, nós) é sossegada, não há gritos nem confusão, e isso é bom para lhes criar segurança.
      Quanto aos espaços, nós já lhes abrimos horizontes até à cozinha e quarto. Um deles foi ao quarto quando saímos, no sábado (desconfio que ele), saltou para o parapeito e partiu-me um vaso que tinha lá. Não nos zangámos (como é óbvio, asneirada é natural), e isso acho que contribuiu para que se sentisse mais calmo.
      Ou seja, falamos para se habituarem a nós, tocamos para o mesmo (de início ficavam tensos, já nem tanto).
      Com a comida vai ter de ir mais devagar. Ele já ia comer à cozinha, mas ela... precisa de mais tempo.
      A idade, pois, não sabemos. Julgamos que sejam jovens (penso que não terão mais de dois, dois e meio). Estiveram cinco meses isolados, juntos, num logradouro, tendo contacto apenas com quem os alimentava (mas sem relação de grande proximidade).
      Para que vejas, não têm sequer noção de conforto: mesmo tendo posto uma manta debaixo do armário, dormiam no chão!

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    16. Então tens para durar mesmo. Paciência e mais paciência. Uns dias para se habituarem e depois comida só junto a vocês, assim eles associam uma coisa a outra e vão percebendo que vocês não fazem mal.
      Eu tive que fazer isso com o meu. O facto dele ter comida (a água obviamente estava sempre disponível) à disposição não o forçava a vir ter connosco. Durante uns dias (já nem sei se não foram semanas) só comia se viesse à divisão onde estávamos. Chegava a casa punha a comida na cozinha, depois ia para a sala e trazia a comida comigo. Sempre longe de mim mas na mesma divisão. À noite nada de comida. E ele acabou por ir (a fome era negra).
      Pode não resultar com todos mas sinceramente eu entrei em desespero e teve que ser assim. E funcionou. Em 4 meses tinha o bicho ao colo.
      Os vossos não estão tão mal como o meu, vai ser mais rápido.
      Mas se ela é levada do diabo, vai aperceber-se que tem boa vida sem ter que vos aturar (e como não sabe o que são mimos, não lhe sente a falta).
      Não andem atrás deles, não os procurem mas não permitam que eles tenham uma vida paralela à vossa (vá, só uns dias enquanto tentam o mimo).
      Este é o único conselho que tenho para vos dar e que me saiu da pele.
      Paciência e amor.

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    17. Nós não somos excessivamente intrusivos, até porque os gatos precisam do seu espaço e seu tempo. Mas queremos, mesmo, habituá-los ao contacto humano. E acho que é possível. A razão pela qual ele não foi libertado depois de castrado foi porque admite ser tocado (não bufa, não bate). eu hoje é que fiz asneira :/

      Se for mesmo preciso levá-la ao vet vou pedir ajuda aos "captores" :) Aliás, puseram-se à nossa disposição (óptima gente, a sério, MEG).

      Ela tem mau feitio, é teimosa. Ele é lambão, vai atrás de comida. Mas no início não aceitava "subornos" (damos treats catisfaction), ela ainda não aceita. Se mantiver a greve de fome, pedimos ajuda. Tenho de deixar de ter a mania que consigo fazer as coisas sozinha (muita parva).

      De noite ouvimo-los a "falar" um com o outro. Achamos que o laranja anda a tentar convencer a maluques ;)

      Obrigada, eu ainda me lembro das tuas histórias... e ando a seguir o mesmo caminho!

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  2. Há vets que vão a casa, como a minha, se calhar no início não era má ideia tentar encontrar um/a.

    p.s. lembras-te pq é que a minha gata se chama Naifa*? isso melhora com o tempo.

    *btw, já há nomes?

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    1. Já fui pesquisar, imagina. Mas entre a vergonha de a bicha ainda não ter nome, e sujeitar o shôtor a fazer a consulta deitado no chão da casa de banho, num sei.

      p.s.: estes vêm com as unhafas de origem. a primeira vez que vi as mãozinhas dele, aventei que um bom nome seria Freddy, Freddy Krueger...

      E o nome dela (provisório) é semente do Diabo, prazer. Ou menina do exorcista. Ou Carrie. Qualquer um está bom :D

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    2. eheh, quando o meu era gata (até descobrirmos as bolinhas levou tempo) era Cruella de Ville :)
      Eu pus a hipótese da minha Vet ir lá a casa e ela disse-me que sim, ia na boa, mas que a experiência lhe dizia que com feras como o meu gato era pior em casa que no consultório.
      Carrie tb é muito bom para nome.

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    3. Encontrei uma cena que é o Dr. Bigodes, se calhar é boa ideia...
      (não vou dar-lhe nome mau, puque gatinha é winda, e ainda faço dela uma çinhora :D)

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    4. Para nós a Vet vir a casa é ideal, até porque o cão ODEIA andar de carro, e vai o caminho todo a latir desesperadamente, uma coisa surreal - que só faz à ida, não à volta.
      É novinha, daí ainda não ter consultório e fazer domicílios - não cobra deslocação na zona de sintra-cascais - e tem acordo com uma clínica veterinária para cirurgias/internamentos. Para estas coisas básicas como dar vacinas, desparasitar, etc, é perfeito, porque arruma logo os dois de uma vez.

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  3. tavas a pedi-las. a minha está lá vai para 4 anos e no dia de enfiar na caixa também nos fica a olhar de lado.

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    1. Eu estava habituada a bulha, mas caneco, esta é assassina :/

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    2. Juro que não fui eu que roguei praga.
      Essa vai ser um doce :)

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