quinta-feira, 23 de junho de 2016

Minha alegre casinha (tão modesta quanto eu)

Derivado de situações como sejam andar sempre à cata de sarna para me coçar e chatices para me entreter, decidi dar um ar novo à sala, mudando umas coisitas. Mentira, apaixonei-me por um tapete e zás, ofereci-mo-lo. Vai daí, o tapete é mêmo, mêmo lindo, e é um desperdício estar debaixo de umas mesas de centro/cubos com rodinhas lack que comprei aqui há atrasado, só naquela de remediar a necessidade de ter um móvel onde pousar a xícara de fina porcelana, nas minhas tardes de mantas, chá e leitura. Mentira, foi para ter um sítio onde encaixar mais tralha, como sejam caixas de dvd. Anyhoo, como estava estava bem, agora não, e decidi que queria uma mesa de centro nova. De preferência uma que deixasse ver melhor o tapete - que, não sei se já disse, é mêmo, mêmo lindo - embora a questão "vidro" seja problemática numa casa de pessoas atreitas ao acidente, mas vá, já ficava satisfeita se fosse uma mesinha jeitosa, que desse para pousar as caixas do correntemente em exibição sem ficar um bordel de desarrumação.
Estabeleci um plafond, uma margem para derrapagem orçamental, e dei uma volta às lojas do costume, as lojas perto, as lojas que me lembrava, as lojas online. Nada - que gostasse. Ou dentro do orçamento, e isto é importante mencionar, que vi uma per-fei-ta que o ultrapassava só em setecentos pastéis de bacalhau - é isto, sou filha de gente rica, com gostos caros, e fui roubada da maternidade.
E voltei-me para o olx. Nunca se sabe, um gajo até pode encontrar uma pechincha, de uma pessoa de gostos bons que tenha entrado em insolvência. Ou cenas vintage que um herdeiro esteja a despachar.
'Tá bem abelha. Concluindo, adquiri o tapete em Fevereiro, e mesa, até hoje.

E depois aconteceu esta semana. Aquela que ficará conhecida, doravante, como a semana de todos os prodígios. A semana do maná. A semana do milagre de Canaã (ou Canã, ou Caná, quero lá saber, não fiz catequese, não tenho obrigação). Ó aqui as três riquezas, as mais puras belezas que encontrei naquela benfazeja plataforma, naquele site do bem:





Eu sei. Eu sei. O vidro. Assumo o risco. Mas agora, o verdadeiro problema: onde é que ponho as outras duas, senhores? É que nem pensar em escolher só uma, aliás, como, como se pode?

13 comentários:

  1. É fácil, as outras dão umas boas mesinhas de cabeceira. Agora usam-se desirmanadas...

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    1. Bem-hajas, minha musa do home décor! Que rica ideia. Até porque tenho duas mesas de cabeceira iguais (o horror). Não sei é se cabem... olha, mudo o quarto todo.

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  2. Como te entendo. A pessoa começa por mudar a caixinha que está ali na mesa de canto e quando dá por ela, está a pintar as paredes, a dar mobília que nem percebe para que existe e de olho em tudo e tudo.

    Estou perdida de amores pela mesa dos canitos, se bem que a última tem ali uma ânfora muito jeitosa para pôr os papéis dos Mon Chéri. Eu cá ficava com todas.

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    1. Mac, tenho a mania, pois tenho, e não aprendo. e nem vou falar da saga da remodelação da casa de banho, que ontem tive um mega-meltdown.

      Os canitos, parecendo que não, fazem muita companhia. Estes nem dão despesa, nem é preciso levar à rua. E só uma visionária tinha vislumbrado a utilidade da ânfora, não me tinha ocorrido! Que bela, bela ideia.

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    2. Olha... a mac pensa como eu... vi logo ali uma mesinha de cadeira com baldinho para por os meus lápis de cor... sim, que agora há terapia da arte para acalmar os nervos e vem-me todos na hora de dormir.

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  3. Ai, quero todas! Não havia cão de louça para complementar? Não sei é se tenho dinheiro para comprar tudo, raismaparta ter gostos tão finos! :( (salário em libras e tal...)

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    1. Ah, que falta de pontaria! Se tivesses comprado ontem...
      (abracinho, pá. e que esta merda não vos afecte, aos nossos que estão aí)

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    2. Mais do que preocupada (já tinha planos para ir embora em breve) estou desiludida. Making lemonade, como dizes no outro post, devo dizer que os meus amigos Brits mandaram-me todos mensagens a pedir desculpa em nome do país e dos seus (na maioria velhotes) xenófobos. Escolhi os meus amigos a dedo. :)

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    3. Awww. Diz lá aos teus amigos que continuam a habitar o meu destino preferido. E que gosto muito dos ingleses, ainda assim. É um amor que às vezes me dá vontade de distribuir estaladões, mas é amor.

      (aqui há uns anos valentes apanhámos uma velhota inglesa a botar faladura no Speaker's Corner, uma daquelas velhotas que se imagina a tricotar e beber chá, muito fofa, rosadinha, de sensible shoes e saia antiquada. Ora a raça da bâlha estava ali a perorar sobre os estrangeiros que deram cabo do UK, e que a Inglaterra devia ser para os ingleses, and so on. Estava uma multidão ali à volta, e uma multidão muito diversa - o habitual, portanto. O público ia-lhe colocando questões maravilhosas, como perceber quem é um verdadeiro inglês, e a coisa já ia em genealogias como 'imagine que a minha avó é irlandesa', juro. Bom, nesse ano a páscoa cristã coincidiu com a judaica, e era domingo. andava ali uma família judia a brincar, avô, pai, netos, todos de vestimenta preta, caracolinho, portanto daqueles judeus à antiga. às tantas o avô veio apanhar a bola perto da vedação, onde estava a bâlha, e ficou-se a ouvi-la, sem que esta o visse. a melher está entretidíssima a dizer horrores dos estrangeiros e o avôzinho judeu de sorriso rasgado, a multidão a topar e já a conter o riso, e diz o homem: 'ma'am, tell me about the jews'. a gaija vira-se já lançada e de repente dá com um incontestável judeu. e calou-se. e foi uma risada geral. e ele a insistir, ' please, ma'am, tell me about the jews!'.
      oh pá, priceless.)

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    4. :D muito bom! O Speakers' Corner é um bocadinho como o referendo e a democracia: toda a gente pode ter voz e de vez em quando dá m€rd@... Histórias com velhinhas muito British tive uma há uns dias, quando uma estação de metro estava fechada e toda a gente foi a pé para a estação mais próxima, hora de ponta, uma confusão dos diabos que já se sabe que acaba sempre em empurrão daqui e encontrão dali. Vai uma velhinha muito fina à minha frente, daquelas que imaginas a beber chá com o Steven Fry e a Rainha e a dizer "Oh dear" e pumba, lá levou um encontrão de um rapaz e disse, no seu sotaque irrepreensível, "Jesus, have some fu£&ing manners, would you?!". :)

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    5. :D Lovely. Amei.
      (sou doida pelo speaker's corner, sempre que vou a Londres tento passar lá. é uma das coisas / sítios com que sempre identifiquei a cultura britânica: o amor à liberdade de expressão, a democracia, o fair play.)

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  4. Olhe, para mim seja a dos cãezinhos que já imagino o ZéGato em alegre companhia (o meu gato faz muito bem de cão de loiça, geralmente ao lado ou em frente da TV, pelo que tenho a certeza que se ia sentir bem acompanhado).

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    1. Oh, o Zé Gato ia gostar deles, de certeza, são muito sugaditos

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