quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Enquanto a Amazónia arde

Ao que se sabe, pelo menos há 15 dias, e sem que a comunicação social ligue puto - juro, sigo uma mão cheia de jornais no face, soube ontem à noite pelo Twitter, e finalmente hoje os media começaram a cobrir - a gente segue com a sua pacata e corriqueira vidinha, assistindo a um presidente de um dos países mais poderosos no mundo oferecer-se para comprar parte do território de um outro país, ao decretar-se a requisição civil de pessoal de voo de uma low cost privada que não tem ligações aéreas exclusivas e relevantes em termos estratégicos, a continuar a haver barcos carregados de gente desesperada no Mediterrâneo, enfim, e isto é o novo normal, same old, same old, e só me ocorre que decidir ter filhos, hoje em dia, ou é um acto de extrema coragem, ou optimismo, ou inconsciência, ou todos.

10 comentários:

  1. Nem sei que diga, só sei que a cada dia que passa mais fico na expectativa do que raio vai acontecer. Estamos a seguir com velocidade tal para a destruição (do planeta, das sociedades) que algo vai ter mesmo que acontecer (eu ainda acho que o tal meteorito podia dar uma hipótese ao planeta...) e teremos que mudar rapidamente de hábitos mas acima de tudo de mentalidade.
    Sempre achei que somos a geração mais privilegiada porque assistiu a mudanças dramáticas na forma de vida mas não pensei que isto fosse para continuar desta forma. De uma forma ou de outra vivemos temos interessantes (esta é a única forma de vir isto de uma perspectiva mais ou menos positiva)

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    1. Em termos de sociedade, ao menos não vives com um mate que passa a vida a agoirar que isto vai acabar em guerra, olha a ascensão da extrema direita e intolerância, que já aconteceu e está a acontecer outra vez, falência do capitalismo e sistema democrático que nele assenta, iadaida, olha a república de Weimar. Quanto ao planeta, ainda lembro de ser miúda e se alertar para o excesso no consumo de recursos, poluição, contaminação das águas, etc, mas nunca pensei viver para ver isto chegar a um ponto de quase não retorno.
      E é verdade, assistimos a mudanças bem grandes, algumas até muito positivas e que eu achava que seriam dadas como adquiridas (no campo dos direitos humanos, mais concretamente feminismo, condenação do racismo e homo e transfobia), mas olha, já fui mais optimista.

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    2. Totalmente de acordo com o teu mate. Só não sei o que acontece primeiro: a guerra ou a extinção da espécie devido à falência do planeta.
      Se for a guerra, talvez nos safemos, que ainda acredito que em situações limite a Humanidade deixa de ter tempo para merdices e talvez se consiga arranjar umas soluções - ou não e lixamos isto de vez.
      Lá em casa as conversas acabam no "então, preferes um cataclismo natural ou um ataque de aliens?" ... (o nosso sentido de humor tende a ser um bocadinho negro às vezes).

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    3. Sinceramente, acho que os aliens, já não querem nada connosco. Ou passam ao largo, ou fazem aquilo do "não olhes agora, é aquele planeta..."

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  2. Dá-me a sensação que fomos deixando passar demasiadas coisas. O Bolsonaro, ao contrário do Trump, foi eleito com a maioria dos votos. Onde estavam todas as vozes muito corajosas que agora se erguem quando ele ainda podia ser travado? Eu só vejo cretinos no twitter a exigirem elogios.

    A esquerda está a desiludir-me, parece uma galinha sem cabeça a correr.

    Em relação aos activistas transgénero, há exageros e coisas absolutamente delirantes. O Yaniv é só um exemplo. Há muitos mais, o twitter é só a ponta do icebergue.

    Sim, ser uma mulher trans num WC masculino é perigoso, mas isso não é motivo para indivíduos do sexo masculino terem direito a entrar nos WC das mulheres. Tem de haver uma solução que proteja todos.

    A forma como a esquerda está a abordar esta questão só está a dar pontos á direita.

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    1. Filipa, a esquerda está tão desnorteada, credo. ainda tenho mais de um mês para pensar, mas estou numa indecisão onde por o meu voto.

      Não conheço o Yaniv, e quanto a trans sou inclusiva, ou seja, é mulher porque assume o género feminino, e pronto, não preciso de adn ou comprovativo de operação de transição. Nas casas de banho naturalmente estão mais seguras nas nossas, pelo que devem ter acesso às nossas. Quero crer que não haverá homens a mascarar-se de mulher para ter acesso, mas a verdade é que a casa de banho tem de ser um local seguro para as mulheres, incluindo trans, e a possibilidade de um falso trans aceder para importunar deve ser levada em conta. Infelizmente a realidade é que as mulheres (mais uma vez, incluindo trans) são estatisticamente mais vulneráveis a violência, e temos de nos sentir seguras.
      O que levanta a questão de trans homens, em casas de banho sem cabines que protejam a privacidade: lá também não estão seguros, né. Enfim, uma mudança de mentalidade levará a que haja uma mudança nas configurações das casas de banho, e acabem de vez com a cena dos urinóis.

      A forma como a direita pegou no assunto foi horrível e de uma insensibilidade atroz, como se de um capricho se tratasse. até pode ser uma minoria muito minoritária, mas a escola tem de ser um espaço seguro para todos...

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  3. Em relação ao Jonathan/Yessica Yaniv, é só googlar. É uma história repugnante e há muitas semelhantes. Infelizmente, só no Twitter, em jornais pequenos e em órgãos de comunicação muito pouco recomendáveis é q foi noticiado.

    Em relação à questão trans, discordamos, mas, sobretudo, é necessário bom-senso e adaptar às soluções às condições das escolas. De certa forma, penso q escolas mais pequenas até terão mais facilidade.

    Pegando ainda na notícia do Yaniv, a esquerda só perde pontos e apoios de eleitores "de sempre" ao fingir q a situação não se verificou.

    E o mesmo vale para como foi feita a cobertura do metoo. O The Guardian quis captar um certo público e acabou a perder credibilidade ao dar voz a pessoas com óbvia perturbação mental. Acho que só assino por sentir q não temos muito mais opções.

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    1. Ok, fui googlar entretanto, e esse Yaniv (obviamente não é trans coisa nenhuma) é no mínimo um creep. Aqui há tempos também soube e uma história de um alegado trans que foi colocado na ala feminina de uma prisão e violou outra mulher.
      Sim, é preocupante, e como já disse, entre os direitos trans e a segurança das mulheres num espaço reservado e íntimo, esta tem de prevalecer. Mas ainda assim acredito que estas histórias não são a regra, mas uma excepção. Infelizmente há predadores trans, como cis.

      Nas escolas, e porque de facto são uma minoria, os estudantes trans estarão bem identificados, o pessoal docente e discente tem portanto maneira de distinguir entre uma situação que merece protecção e brincadeiras ou abusos.

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  4. Enquanto mãe, aquilo que te posso responder é impera a esperança. Esperança que isto não venha a tão mau como se perspectiva. Mas sim, já dei por mim a pensar se, quando eles chegarem à minha idade, ainda haverá planeta para salvar e, se sim, em que estado estará. Mas também vejo nestes putos, muito por causa de toda esta sensibilização ambiental que têm levado, um grande sentido de responsabilidade e preservação ambiental. Muito mais do que a nossa geração na idade deles. E mais do que paleio, vejo atitudes (o meu mais velho por exemplo apanha lixo na praia e não só, por auto-iniciativa e tem apenas 8 anos).E é por isso que eu acho que há esperança.

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    1. Anna, tem de haver esperança, ou uma pessoa dá em doida.
      Mas dou por mim a olhar para os meus sobrinhos, a pensar que raio de herança lhes vamos deixar, se daqui a umas décadas vão ter água para beber, ar para respirar, e aflige-me. Ó se me aflige. E saber que isso depende mais da mentalidade de meia dúzia de gananciosos que da boa vontade de milhões, deixa-me doida.

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