segunda-feira, 13 de agosto de 2018

We all float down here

Olá, eu sou a Izzie, e consegui ver o It sem sobressaltos, sem pulos no sofá, sem gritaria histérica, sem tapar os olhos, sem hiperventilar, e até dormi lindamente, depois.
Qualquer dia ainda me apanham no Motelx. (nããããããã....)

Agora a sério: não só vi e não morri de susto, como adorei, adorei, adorei. Não que o filme seja adorável, bem pelo contrário, mas achei tão bom que até, por breves minutos, tive vontade de pegar nas mais de mil páginas do livro (nãããããã... passou-me).
O elenco juvenil é maravilhoso, e é extremamente credível - falam como putos de 13 anos, e não como os adultoa acham que falam putos de 13 anos. Só isso faz(-me) uma diferença fenomenal. Quanto ao mauzão, Pennywise, the dancing clown, ó que caraças. Nunca vi a versão com o Tim Curry (e agora quero), mas o pequenito Bill Skarsgard tem uma expressividade física e facial que ó-ó. Medinho misturado com pura admiração, foi o que passei todas as suas aparições, desde uma magnífica cena de introdução só com a sua carinha enquadrada na sarjeta, até aos seus bailados grotescos e movimento de ataque a fazer lembrar aqueles palhacitos de corda que tocavam tambor ou pratos (alguém se lembra destes brinquedos? tinham o mesmo movimento de braços e menear de cabeça, taliqual, assustador).
Mas o verdadeiro monstro do filme nem é tanto Pennywise, este é só a cereja no topo do bolo. O horror pode ser (e tantas vezes é) mais mundano, próximo e familiar que uma figura sobrenatural maléfica. Os monstros são os adultos daquele pequeno universo: os que infligem dor e os que, vendo-o ou sabendo-o, nada fazem. Juro que nenhuma cena com o Pennywise me deu tantos arrepios como aquela em que os bullies maltratam Ben e passa um carro com dois adultos que vêem e seguem caminho. E esta foi só um "aquecimento". Neste contexto de maldade entranhada e enraizada às tantas até o palhaço maléfico, que rapta e se alimenta de crianças, surge como um libertador das suas alminhas. Ou não. Se calhar um mal é apenas uma consequência natural de outro. Enfim, divagações minhas.
Fico à espera da segunda parte, em pulguinhas. (gostei tanto, já disse?)

8 comentários:

  1. Ahhhhh. Eu vi no cinema. Adorei. A do Tim Curry vale pela primeira parte, o resto é mau. O livro é extraordinário (embora aquela cena polémica me tenha estragado o fim). Tem uma cena com um pássaro que ainda hoje me mete medo.

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    1. Já sei que cena é essa, que mate leu e já se desbroncou :)

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    2. Eu sou mariquinhas e não tenho coragem. Não tanto pelo/a Pennywise, mas pela violência que descreves.

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    3. Filipa, olha que eu sou mais que medricas, sou uma caguinchas do pior, e aguentei bem. Claro que as situações de violência ou maus tratos sobre crianças me deixaram a ferver, mas são também as que mais nos deixam a pensar. Há ali um contraponto muito interessante entre o mal absoluto, sobrenatural, e o mal banalizado e enraizado, a que não reagimos ou escolhemos ignorar.
      Nem a propósito, este mês já assisti a duas situações de familiares a agredirem crianças, em público. Numa delas fiquei sem saber o que fazer (a mãe estava presente e nicles, achei que ia criar um escândalo e nem tinha legitimidade para chamar a polícia, mas foi preciso quase agrafar a boca para não dizer nada), na outra nem consegui, porque estava longe (uma mulher arrastava uma criança que deveria ter uns 3 ou 4 anos pela orelha. só vi porque a criança ia a fazer um enorme berreiro, e com toda a razão. estava longe, vi de esguelha, fiquei em estado de choque, e quando me levantei para ir atrás a fulana já tinha desaparecido. curiosamente, outras pessoas que também estavam na mesma esplanada também se levantaram e foram atrás, mas a coisinha passou por imensa gente que não fez nada, e nem culpo essas pessoas, acho que ficaram em choque e pronto).
      Olha, fiquei um bocado triste comigo por não ter feito algo, e depois de ver o filme ainda mais me deu para me questionar. O chato é que só na segunda situação acho que a polícia poderia fazer algo, porque as leis, enfim.

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    4. As convenções sociais ainda nos prendem um bocadinho. Mas nem sempre temos ajuda.

      Há anos, uma empregada nossa afirmou q batia nas filhas. Uma das filhas estava ferida. Na altura, eu era uma teen e nao saboa da APAV, etc, só sabia do Apoio à Criança. Telefonei. Dei os dados. A gaja pensou que eu estava a falar de mim e dali não saímos.

      Em público, a pessoa sente sempre aquela vergonha de começar uma barracada. Eu opto por tentar envergonhar a pessoa, mostrando que estou a ver o que ela está a fazer, Mas, como dizes, é difícil agir sem apoio. As pessoas de que falas poderão ter sentido o mesmo.

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    5. E as pessoas, além do choque por estarem a presenciar uma acção indesculpável, também têm receio de agir sozinhas e ainda acabarem humilhadas ou a apanhar.

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  2. It, it, it ❤ o King é um mestre por isso mesmo, é que o horror não são só os contos e as personagens maquiavélicas, é todo o cenário envolvente, a quase análise sociológica que ele põe nas descrições (os bullies, o pai da Beverly, a mãe do Eddie.. oh)
    Anseio pela 2a parte desta nova versão *.*
    (E o Pennywise é só épico. O do livro, o do Tim Curry, o do Skarsgard também. Um bom motivo para existirem fobias a palhaços)

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    1. Eh, o pai da Beverly. Dava-me arrepios, vómitos, um horror. A mãe do Eddie também era cá um petisco, aliás, aquela cidade é um manancial de clientes psiquiátricos ou do sistema prisional :D
      O Pennywise é awwwwsome, e era um nome que caía muito bem ao meu mai'novo, que também é um demónio mordedor ;P

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