quarta-feira, 9 de maio de 2018

Passa-se que



Depois de uns dias em que pude andar com o meu trajo preferido de camisa-calça-sapato ou, na versão fim-de-semana, camisa-jean-téne (sou originalíssima, já sei, mas ainda acrescento o pormenor tchanam de uma echarpe, hã), tenho outra vez frio, e voltei ao casaquinho de malha. Chugs.

A Rua de Angola continua fechada, e faz-me muito transtorno. Principalmente porque continuo a esquecer-me que a Rua de Angola está fechada, e a insistir a entrar no bairro por ali. A sair lembro-me, vá lá, mas a alternativa, também, venha o diabo e escolha.

Continuando bairrista, ainda não consegui averiguar se foi a churrascaria Cova da Beira que ardeu ou outra coisa lá ao pé. A minha velhota cusca interna anda que nem pode.

Falando em velhota, nunca mais vimos a senhora e respectiva cadelinha com que nos cruzávamos todas as manhãs. Tomara esteja(m) bem.

Finalmente, depois de mais de um mês a adiar a coisa porque ir a superfícies comerciais comprar grandes electrodomésticos dá-me seca, já se tratou da máquina da loiça e, aproveitando, da roupa. Foram 17 anos de bom serviço, paz às suas almas. O chato é que os senhores que foram entregar, recolher e instalar avisaram que aqueles canos de escoamento, nã, muito provavelmente não aguentam a pressão destas máquinas novas. Ou seja, o esfregão e fairy continuam a uso, e ainda bem que fizemos máquinas de roupa no fim-de-semana. Double chugs.

Voltando às vantagens bairristas, o que vale é que me lembro, assim de repente, de três lojinhas de bairro onde simpáticos prestadores de serviços tratam destas merdinhas. Yay.

No tema de máquinas de 17 anos, recordo que, quando há 15 fui para ali, as pessoas que calhava quererem informar-se do meu novo local de habitação tinham uma não entusiástica reacção do tipo "aahhh... moras aí???". Actualmente, parece que a zona foi promovida a "centro histórico", e tenho de estar mazé caladinha e não me queixar se foi invadida de alojamentos locais, turistas de pé descalço, muito mais lixo, trânsito, o infernal barulho de rodinhas na calçada, e alegres confraternizações ébrias de magotes de visitantes. Sim senhor, mais reabilitação, duas lojas auchan, um lidl todo remodeladinho e bonito, as pessoas já dizem "Ah! Moras aí!", mas,ainda assim.Diz que é o mercado, e traz dinheiro, mas ainda não consigo perceber como é que um andar alto, sem elevador, a precisar de remodelação total, se vende a muito mais do que custou mi casita. E haver ali perto um último andar (grandito, verdade, mas... último. andar. escadas.) a mais de um milhão é coisa para me deixar perplexa. Uns dizem progresso, eu respondo bolha, vamos ver quem tem razão. Sinto-me uma irredutível gaulesa, cercada de romanos, e a recusar capitular. Sem poção mágica.

Ah, tenho um AL no andar de baixo. Primeiros hóspedes asiáticos, nem se dava por eles. Aguardo impante e com ansiolíticos de reserva os hunos. O que vale é que temos mangueira. E cocó de gato com fartura. Guerrilha urbana, o último recurso do habitante (d)esquecido e ostracizado. Afinal, talvez tenha poção mágica.



12 comentários:

  1. Agora a pessoa emocionou. A minha tia vivia na rua de Timor, sozinha, idosa, a recusar vir para perto da restante família, na terra dos albicastrenses. Tia comia mais cigarros e jornais que comidinha mesmo. Quando, dois dias sem ir à tabacaria, os donos estranharam a ausência, ligaram para o meu tio a assinalar a falta. 250 km feitos a correr e ela estava no chão da cozinha. Pode ser que a velhota e cadelinha tenham família e que esteja bem acompanhada agora.

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    1. Rafinha <3 O bom destes bairros, e que infelizmente já vai acabando, é existir essa rede de apoio. As pessoas conhecem-se e preocupam-se.
      Esta senhora velhota de que falo costumava passear a sua cadelinha na nossa rua, e calhava cruzarmos muitas vezes. Como me mate mete conversa com tudo o que é bicho, o que, sendo os donos boas pessoas leva a mais conversa, já tínhamos uma relação de bom dia e boa tarde. com me mate até chegou a mais, e até sucedeu um dia a senhora se queixar das pernas, e da dificuldade de ir às compras; mate ofereceu-se para lhe dar contacto, caso precisasse de alguma coisa, a senhora ficou comovida mas disse que o filho lhe tratava do que era preciso.
      Já não as vemos há mais de um mês, e uma pessoa fica assim a modos que. Nem sabemos onde vive, mas bom, tem família, não há-de ser nada.

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    1. Max, the Mad? Max, o demónio? Max, o filho de satã? Max, o príncipe das trevas? Já vai: tenho de descarregar umas fotos ;)

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    2. :D (ainda não vi o filme, mas mate, que sabe disso, já me contou quem é o Thanos)
      digamos que se eu fizesse um rol de cenas estragadas e lhe apresentasse a conta, já dava para um fim de semana fora :P

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  3. Parece-me que o segredo da tua felicidade estara' em vender essa tua actual casita por 2 milhoes e te mudares para outra casita de 150mil noutra zona "ahh.... moras ai????" e esperar a gentrificacao. Reforma a viajar pelo mundo garantida!

    Beijinhos
    (E ja levas de graca aconselhamento profissional eheheh)

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    1. Eeeei, a minha casa não vale 2 milhões! :D Quem me dera.
      O problema é que vendendo não fico com dinheiro para comprar numa zona de que goste tanto ou mais. Em Lisboa a especulação está imparável, e os sítios mais baratos são também os menos apetecíveis (pelo menos para mim).
      Maneiras que ficamos assim, somos resistentes ;)

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    2. ta bem... 2 milhoes nao, mas caramba... fazes um lucro bestial - ja viste as viagens que isso que traria? E os sitios menos apeteciveis agora vao ser os apeteciveis de amanha... com os precos a subir nos "apeteciveis" as familias vao-se mudando para os menos... e comecam a criar melhores comunidades... Pensa bem! Uma reforma a fazer cruzeiro no Nilo e passeios na patagonia vs mais 20 anos a chatear-te com turistas?

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    3. Há aí um pequeno problema: imposto sobre as mais-valias. E depois há sempre a questão de para onde iria viver. Em Lisboa não conseguiria comprar uma área semelhante, com a comodidade que ali tenho, com o lucro feito. Teria de ir para o subúrbio e atenção, que esta onda de especulação já chegou a zonas suburbanas. Só se eu pretendesse mudar de distrito, e mudar completamente de vida - não pode ser - é que seria uma boa ideia.

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    4. Ora bem... sempre podes ficar ai mais uns anitos e depois reformares-te com uma quintinha la para o albicastro. Ou Douro, que tb e' bonito, mas como tb e' mais chique, ja' e' capaz do capital nao dar... Ah, sonhos. Sonho muito com isso da reforma e voltar para uma aldeira 'a beira-mar plantada em portugal :)

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  4. Ultimamente fico azul com os preços que vejo,inclusive com o valor que uma agente imobiliária já me disse que conseguiria pela minha casa...falamos quase no dobro do que dei por ela, há 6 anos (é certo q de facto foi um bom negócio na altura, mas n exageremos)
    Tou contigo, vamos jogar novamente "arrebenta a bolha"!

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