quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Outbreak

Juro que gostava de poder entrar na cabeça de certas pessoas, passear pelos becos e vielas do seu raciocínio, bater às portas e cancelas do seu entendimento, entrar afoitamente e rebuscar cada cantinho, vasculhar toda a gaveta.
Talvez então conseguisse perceber que tipo de descontracção zen leva a que alguém tenha um filho doente, apanhe o mesmo bicho do filho, continue (alegremente) a ir trabalhar, e não se preocupe por aí além com o seu estado e o do petiz, a pontos de não lhe ocorrer, sei lá, levar o coisinho a uma urgência, um pediatra, ou, tudo o mais falhando, enfiá-lo numa campânula, uma cela esterilizada e, de caminho, a mãezinha enfiava-se lá também e não contactava com terceiros inocentes até acabarem com toda a medicação possível e imaginária.
Ai, que alarmista és. Pois sou: isto dura já há quinze dias. Duas semanas. Nem vou fazer contas às horas. Durante as quais conseguiu transmitir a bicheza a colegas de trabalho, e um deles, por sua vez, o passou a amantíssima espoNZa. Como sou contra a blogo-escatologia, não vou esmiuçar sintomas. Mas é desagradável. Que é. E ligeiramente incapacitante. A relação causa-efeito está mais que determinada, quando ao fim-de-semana a situação amaina e esmorece, domingo à noite o pobre casal está supimpa, mas passada segunda, tau, ele volta ao mesmo, e quanto à tal da EspoNZa, à quarta, o mais tardar, lá está ela outra vez. E hoje é quarta. Outra vez. Just sayin'. Agoniadérrima.

5 comentários:

  1. Votos de rápidas melhoras! O meu gajo queixa-se do oposto: tem uma excelsa colega que passa a vida a faltar por dá cá aquela palha, o que não seria chato se ele não tivesse de fazer o trabalho dele e depois TAMBÉM o dela, que a clientela tem de ser atendida por alguém...

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    1. Obrigada, isto vai... mas faz-me uma confusão desmedida alguém ter o filho mal tanto tempo e não achar estranho.
      Nós só faltamos nas últimas. eu, então... só a trabalheira de ir ao centro de saúde para arranjar justificação, ufa.

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  2. Das poucas boas coisas que tem trabalhar nesta chafarica em particular - mal se da um espirro ou uma febrezita, dizem-nos logo para trabalhar que casa, que nao querem ca bichezas a pegar aos colegas.

    Mais. Os medicos recusam-se a consultar-nos quando o assunto e' virus de gripes/constipacoes. Ha um anuncio ha porta que diz para nos enfiarmos em casa e tomar paracetamol/ ibuprofeno. Se a coisa nao passar, ou precisarmos de licenca, temos que ligar e pedir a um familiar ou amigo para passar no medico e pegar uma receita.

    Tudo isto muito bem, muito bonito... mas piadinha nao teve nenhuma quando eu cheguei ca no verao de 2009, no pico da epidemia de gripe A, e nao conhecia absolutamente ninguem nesta cidade (mal sabia o nome do chefao) e os filhos da mae nao me atendiam em pessoa nem para me dar a receita do antiretroviral. E la sofri em casa, sozinha, com 40 febre, sem medicamentos nem nada, sem comer - que me apanhou desprevenida mal tinha mudado de casa e nem um pacote de cha tinha nos armario - uma semana inteira, ate ter forcas nas canetas para me arrastar ao supermercado. Ainda falam na dieta dos 5-2... acho que nunca estive tao elegante na vida. Cruzes.

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    1. Esta também é uma bicheza que dá para a elegância. O puto deve ter uma gastro, e ela veio por aí fora, toda contente. Eu sei que normalmente passa, mas parece que o crianço já anda a reciclar vírus há duas semanas, e mandá-los passear pela mãe.

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    2. Ta tinha percebido que seria isso... aqui sao impiedosos com esses virus, que alguem se livre de passer a um colega - e' obrigatorio trabalhar de casa pelo menos ate 48H apos ultimos sintomas. Mesmo assim, ha sempre um surto de norovirus - costuma vir antes do natal, que ao menos prepara para a consoada. So e' pena os surtos nao ocorrerem ai uns 10 dias antes de ter que usar bikini.

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