É o nome de um filme do Almodôvar do qual não recordo sequer um segundo do enredo pelo que não, não estou a armar, mas também significa voltar, em castelhano; além de que é uma ordem militar, sendo que esse é o sentido que aqui fica melhor. Porque ainda está ali, o sargentão façanhudo com um bigode medonho e a precisar de uma valente aparadela, com uma cútis tão curtida que apostava e ganhava que não faz ideia do que é SPF, um cremezinho, vá. Está ali aos berros desde ontem, como se merecesse esta sorte, pô, voltei, hein, boa, já vale!, se ainda não consegui acertar o passo é porque é muita coisa ao mesmo tempo e não lido bem com a pressão.
Esquecendo o palhacito fardado aos berros (aposto que também não apara os pelos do nariz), há que dizer que gozei três semanas seguidas de férias, e gozei-as bem. Zero trabalho, ainda levei o computador porque poderia ser preciso (não, senhor doutor, não abri. não, senhor doutor, não fiz nada relacionado com trabalho. preocupei-me um bocadinho. um bocado, vá. mas a ordem era não trabalhar, e isso cumpri. quer dizer, pensei no e em trabalho, mas concordamos que isso não é trabalhar-trabalhar, boa? boa.). Em jeito de esclarecimento: não fosse a troika e neste momento teria direito a 29 dias úteis de férias (25 + 2 antiguidade + 2 idade), e actualmente tenho 24 (quando comecei a trabalhar no público o mínimo eram 25, bons tempos, pequenitos); não me lembro do último ano em que gozei mais que três semanas de férias, a saber, uma na Páscoa e duas no verão, o resto era passado a trabalhar, ok, poderia tirar o ocasional dia para tratar de cenas, mas mais que quatro semanas / 20 dias úteis de férias, não me lembro, e é assim pequenitos, que uma pessoa fica mamada, chalupa, em estado catatónico, em burn out, tirem notas e não me tomem como exemplo, siga.
Acabei um livro (The Long Walk, aconselho vivamente), comecei e acabei outro (The Cuckoo's Calling, go JK, me mate já vai no quinto da série, eu vou continuar, há muito tempo que um policial não me enchia as medidas), e estou quase a acabar Knife, de Salman Rushdie, o primeiro que leio dele e há que dizer, com toda a frontalidade, que é uma pessoa encantadora, com uma alma movida a amor, e com um sentido de humor que me agrada muito, e tudo isto depois de ter levado uma facada no olho, caraças, me mate diz que os Versículos são uma obra prima, aliás, não o via a chorar a acabar um livro há muito tempo, mas a ver se evito lê-lo na esplanada sem uma capinha ou também arrisco uma facada na vista, piada relativa à demografia aqui da minha zona, e sim, continuo a ser uma pessoa de esquerda, mas faz-me espécie mulheres embrulhadas em trapo só com os olhos de fora, é uma coisa que me chateia, também - e se calhar principalmente - como pessoa de esquerda e feminista, mas parece que as outras pessoas de esquerda e feministas acham muito feio embirrar-se com o niquab porque estamos a micro, se calhar macroagredir - não tarda a querer genocidiar! - uma população muito, muito fragilizada, vítima de constante ódio xenófobo (incluindo o meu, já me chamaram a atenção, juro, da próxima levam com a xenofobia lá onde o sol não brilha), donde, temos de nos abster, pelo bem comum (não queremos ser confundidos com os verdadeiros xenófobos, aqueles - embora as diferenças sejam evidentes, digo eu) e a favor da imaculada virtude individual, de fazer perguntas aborrecidas como que idade terá aquela moça só com os olhitos à vista, quem a trouxe, onde e sob que autoridade vive; porque há tantos refugiados homens, onde ficaram as mães, mulheres, irmãs, filhas destes que fogem pela vida e que vida é a delas; porque é que em concelhos limítrofes, onde os imigrantes - homens e mulheres - trabalham e não é pouco (um gajo vê-os nos campos e pomares), se sente uma maior integração, exemplo, ao fim de semana andam a fazer uma vida normal como toda a gente, vão ao mercado, ao shopping, ver o mar, e aqui em Lisboa são aos cinco e seis a atender numa lojita onde não entra ninguém (fachadas para celebrar contratos de trabalho?), quando não andam a deambular pelas ruas, desocupados, à espera não sei de quê, e a tirar medidas às moças que passam. Mas não, não há problema nenhum, nem foi o PS que o criou, e está tudo bem, e se disser o contrário sou _______ (preencher à vontadinha, já me chamaram tudo, nesta meretriz desta vida).
Montei um lego grandote (e assessorei me mate na montagem de três médios e um grandote, sou a fiscal de obras lá de casa), esplanadei que me fartei, fiz muitas sestas.
E meti-me nos puzzles, a coca, a meth da pessoa que não sabe relaxar, não sabe estar sem nada que fazer, não sabe apreciar um passatempo pelo puro prazer do mesmo, e acaba a sonhar com peças e como as organizar de forma mais eficiente, a congeminar a ordem de montagem, a ansiar porque raios, é um de 500 peças, estou nisto há dois dias e diabos me carreguem se não acabo hoje. Fiz três. Dois de 500, um de mil, o de mil durou três dias, acabei já passava da meia noite, com olhos raiados, dor de cabeça e uma birra de todo o tamanho, pelo que tomei a sensata decisão de fazer uma pausa no hobby, e retomar a obsessão anterior, o jogo de colorir do telemóvel, a ver se atingia os objectivos todos antes de acabar as férias (claro que não atingi e sim, sou um caso perdido. mas ao menos estou medicada e acompanhada, imaginem isto sem bengalas, hein. já tinha aparecido no Jornal da Noite, ou no Casos de Polícia. isso é que era, o Hêrnani a mandar bitaites sobre mim. o sonho.).
Cormoran Strike é amor para a vida...e do Salman recomendo a autobiografia, o Joseph Anton.
ResponderEliminarSou muito fã do Strike, mas amor é pela Robin, gosto mesmo da personagem, apesar do mau gosto na escolha de namorados (o Mathew é insuportável!).
EliminarEste é o primeiro que leio do Salman, e estou cheia de curiosidade pelos Versículos. Fui ver a sinopse do Joseph Anton e ainda vai para a (infindável) lista
Os Versículos Satânicos são o meu livro favorito :)
EliminarEram o do meu pai também saozinha, e não sei porquê nem tenho coragem de ler!
EliminarParabéns pelas férias a valer. Eu tirei 3 semanas e meia e acho pouco. Deviamos ser todos Suecos e o país parar o Agosto todo. Essa é que era.
Obrigada pelas dicas de livros. Nestas férias só li 2 e meio. Um primeiro escrito por um amigo que é um escritor fenomenal mas recusa lamber botas (ou como ele diz, a putaria desse circuito) e portanto publica-os só para distribuir aos amigos. O segundo, o tal do Richard Osmand que não deixou saudades, e o terceiro, ainda a terminar, o Klara and the Sun do kazuo ishiguro que estou a gostar muito (só lhe conhecia o remains of the day lido no virar do século). Este recomendo. Tem uma beleza serena, poética, muito simples, lindo.
Abraço
AEnima
AEnima, este ano não prescindi de nem um dia, além das 3 semanas (14 dias úteis), tirei mais duas (dez dias úteis) interpoladas, mas passei-as a tratar de coisas e a fazer dois cursos. Cá não temos férias que cheguem. O descanso é muito importante para que se trabalhe bem, mas é visto como um fraqueza. Estupidez.
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