quarta-feira, 4 de maio de 2022

Querido Diário

 Não estou a dar conta da situação, sendo que a "situação" é aquela inerente a estar vivo e viver. É tudo ou demasiado ou escasso: demasiado o trabalho, escasso o tempo para dar conta dele; demasiada preocupação, escassa a disposição para a por em ordem; demasiado isto, escasso aquilo. Ali pelo Natal pensei que estava por um fio mas consegui remendá-lo; entram em cena os suplementos vitamínicos e o fio passa a guita, que entretanto se escafiou toda, mas há-de voltar a ser remendada, não seja eu uma macaca do tipo sapiens. Hoje acordei obcecada com a situação "parafusos que preciso e não consigo encontrar", pelo menos no leroy, parece que a procura de parafusos de 2mm, cabeça redonda, e não mais de 15 mm de comprimento não justifica, seja, mas não tenho tempo para correr as lojas de ferragens tradicionais, que já sei que me vão safar, e quero muito arranjar a meretriz da porta da casa de banho e fixar a rameira da tranca. Há muito para arrumar, na cabeça e em casa, e uma pessoa vai deitando mãos à obra naquilo que ainda consegue, casa. Maior arrependimento da vida, não ter estantes com portas de vidro, raisparta o pó, mas onde é que eu tinha comprado estantes com portas a um preço que não causasse desmaios, ó, pois, sacode livros, pequena, sacode. Devia era contratar alguém para me fazer o horror de merdices que tenho para compor, mas, para além de eletricidade, gás e água, que não me encarrego, o resto faz-se entre os dois, e poupa-se um dinheirão. E quem diria que rectificar juntas é uma actividade tão terapêutica, hein. E, ouso dizer, ficam melhor feitas por mim, apre, os empreiteiros são cá uns trapalhões nos acabamentos, ou sou eu que sou muito coca-bichinhos, também admito a possibilidade. Não são tempos bons, mas também não são tempos horríveis; importante é ajustar as expectativas. Apesar de ainda não estar mentalmente preparada para as ajustar à dificuldade de arranjar um carpinteiro decente, já rejubilo com o facto de, finalmente!, começar a haver resposta às dezenas de cv enviados por me mate, um ano sem nada, silêncio, e começam a chegar; call center, seja, é melhor que nada, ajustar expectativas, já tinha dito, melhores oportunidades surgirão.

4 comentários:

  1. Venho aqui, leio, e releio, e estou igual. Nao tenho nada a acrescentar. Ja ha muito que nao tinha tanto sucesso no trabalho, por exemplo, mas estou tao cansada, tao apatica, com tao pouca vontade de trabalhar, que nao sei como sair deste marasmo. E ando a fazer enfermagem em curso nocturno, com os putos e as maleitas deles, coitadinhos. Nao ajuda.

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  2. Ola, tenho saudades de a ler . Quando regressa?

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    1. Pois, tambem eu. Venho ca assiduamente ver se andas mais animadita. Xi apertado.

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  3. <3
    Acho que estou mais ou menozzzz ready to (re)start

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