sábado, 30 de dezembro de 2017

I'm a constant fucking delight

Deu-me a coragem, mergulhei na piscina dos crescidos, e parece que ainda sei nadar - umas vezes com mais estilo, outras à cão, mas respira-se e avança-se, ainda à tona. O síndrome do impostor continua a zunir aos meus ouvidos, a meretriz da ansiedade tem dado ares da sua graça, não tenho tempo para nada e adio tudo, mas voltei a estudar, a aprender, e a sentir as rodas dentadas do cérebro a funcionar - com muita guincharia, mas valha-me o DW40, bof.
Rendi-me à evidência e comprei óculos de ver ao perto. É só uma dioptria mas incomoda muito, e avacalhou completamente os meus hábitos de leitura. Nem falando na eventual e necessária costura, ou o crochet e tricot, que estão em pausa. Ainda não me conformei, é das poucas inevitabilidades da idade que me custa.
Li algures que cada português consome anualmente, em média, dois quilos de chocolate. Fiz contas por alto e deu-me uma pena imensa dos outros portugueses que não sabem o que andam a perder.
Continuo a receber e a comprar mais livros que os que consigo ler, e isso angustia-me muito.
Já não tenho paciência para lojas e compras.
Levei uma estocada que não me matou mas moeu muito, vinda de quem nunca o esperaria. A pessoa foi à vida dela, eu também, e um bocadinho mais triste por ver a minha misantropia confirmada, embora espere sempre que a realidade ma desminta.
De qualquer forma, tenho mais sorte que juízo nas pessoas que me calharam como companheiros de estrada no trabalho.
Ainda me surpreendo e comovo muito quando calha alguém me manifestar carinho e me verbalizar consideração  - e acho sempre que estão a exagerar.
Persistem o peso e as sequelas de um grande choque e uma monumental decisão, que não me arrependo de ter tomado.
Acredito que o amor salva e muda, ao menos o nosso mundo, ou a forma como o vemos e entendemos. E isso já é tanto.
Continuo a recusar ceder à facilidade do ódio, a sucumbir à ignorância das avaliações superficiais e fáceis: se acho algo errado, antes da pura rejeição informo-me e educo-me. Muitas vezes é doloroso abrir a mente a realidades que nos são estranhas, por implicar o reconhecimento de que estávamos errados, mas é muito libertador. 
Adoptamos três gatos, e ainda não nos arrependemos - apesar de não passar um dia em que não me apeteça estrangular o mai'novo. Eles dão e ensinam muito mais do que vale o abrigo e paparoca que proporcionamos.
Insisto em reciclar furiosamente, e mordo a língua cada vez que pessoas, muitas vezes com filhos que vão herdar esta monumental lixeira, acham imeeeeensa piada a esta militância.
Ainda não foi este ano que aderi ou me filiei em algum partido, clube desportivo, congregação, movimento, religião, ou sequer  um ginásio. Live free or die trying.
Vi muitos, muitos filmes, a maior parte dos quais bons ou excelentes - maldita seja a curiosidade, o tempo que perdi com o Batman vs. Superman já ninguém mo devolve. Nunca me apeteceu escrever sobre eles, embora ache eu muitas pessoas nesta blogolândia devessem ser obrigadas a assistir a alguns.
Arranjei coragem e prometi-me a assinar o Netflix - adeus mundo, não contem comigo para mais nada - além do trabalho, claro, porque
Ainda não ganhei o Euromilhões e acho mal, que tinha planos fantásticos para a guita, e nenhum deles passava pela aquisição de um bólide amarelo canário.
Tenho pena de ver e estar menos com algumas pessoas que estimo muito, e tenho medo de não lhos dizer directamente tanto quanto devia.
Sinto um vazio enorme na "minha" blogosfera, com a ausência de alguns espaços que sentia tão meus - a vida, essa grande cabra, levou as pessoas para melhores entreténs e outras paragens, onde também tenho a sorte de as acompanhar, mas esta nostalgia ficará sempre.
Continuo a alternar uma alimentação de sopas e saladas com os maiores enfardanços de calorias vazias, mas curiosamente parece que mantenho o mesmo tamanho - para alguma coisa servirá o stress.
Aboli o objecto balança, e vivo melhor - e menos obcecada - assim.
E continuo a achar que podia ser bem mais feliz a viver da jardinagem e bricolage, mas diz que paga muito mal.

(O ano que vem? Bom, a ver vamos, venha de lá isso.)



10 comentários:

  1. Um Feliz Ano Novo, Izzie! Que possas manter tudo o que de bom este teve e adicionar ainda mais!

    (Se me chateiam muito com a merda de o TLJ ser uma obra meta-narrativa, ainda acabo a dizer que o inenarrável BvS é um filme filosófico:D).

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    1. Bom ano, Filipa!

      (meta? quais meta. é um filme que entretém)

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  2. tu queres ver que para o ano vais adotar mais 3? :p

    Venha de lá 2018, haja coragem.

    Um beijinho :)

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    1. Mais três? Só se forem imaginários :P É que um destes dá o trabalho de cinco, caneco.

      Bom ano!

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  3. Feliz Ano Novo, Xô D. Izzie!!
    Só para dizer que vais à frente no que a balanços diz respeito, que eu nem tempo tive sequer para me dedicar ao assunto. Basicamente acho que apenas quero passar por entre os pingos da chuva, que o azar se esqueça de mim, e que continue a cultivar abraços e afectos dos que fazem parte da minha vida. Para além do trivial (saúde), apenas gostava de conseguir reservar algum tempo diário para mim, sem ninguém que me f**** a cabeça, apenas eu e as minhas parvoíces e introspecções. Só. Sinto falta de mim e de tudo o resto que lhe está inerente.
    Aproveita as demonstrações de carinho sem reservas. Às vezes nem é preciso dizer nada de volta. Basta um abraço.
    (abracinho para ti!)

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    1. Feliz Ano, menina Anna Blue!
      Isto nem é bem um balanço, é mais um balancete (como se eu percebesse a diferença :D). E resoluções, tenho zero, zerinho. Só quero paz e sossego. Uma vidinha perfeitamente aborrecida e sem sobressaltos. Estou uma velhota :D

      Um abracinho de volta, e desejos que também te sobre tempo para fazer nenhum ;)

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  4. Zero resoluções também por aqui.
    Ano civil a acabado, chakras alinhados e cabeça erguida para o futuro, que é pra frente que se anda.
    Abraços dos bons que é como quem diz de “me, myself and I”

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    1. Vanda, não ter resoluções é a melhor resolução. E andor! ;)

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