quinta-feira, 28 de setembro de 2017

The Cat Diaries (10)

Comecemos bem, com uma imagem completamente clickbait:




Oooooohhh, que fofinho, o 'chaninho a mimir, tan fofinho, qu'inbeija, tens um xuxu tan lindo, êsse tê Maxito é uma coijinha mêmo boa.

Pronto, agora que já passámos as necessárias formalidades iniciais, vamos ao que interessa: o felino que ali vedes posto em sossego, e com um ar de quem não parte um prato, é o legítimo filho de satã, a semente do demo, descendência de belzebu.

Que é muito riquinho quando lhe cai o cansaço, que é; a dormir é uma belezura, em estando acordado é que nem tanto. A bem da verdade, nem sempre, pronto, ele há situações em que estando acordado até pede festas e se estica como um lombinho, a querer mimos e ternuras, mas senhoras e senhores, ó senhoras e senhores, sabedes lá da nossa vida. Desde piquirruchito sempre foi um mordedor implacável, e a gente perdoava, que o bitxo quer brincar e não mede a força, isto há-se passar. Passou um bocadinho, verdade. Principalmente porque há tropelias maléficas mais divertidas, e que entretanto descobriu.

Como saltar para todo o lado, principalmente os lados onde não o queremos, como seja a mesa da cozinha ou bancada da mesma divisão. Em estando em casa e na cozinha, já sabemos que temos o jogo de pega gatinho / põe gatinho no chão, agora repete mil vezes, até alguém desistir. Como não se sabe o que acontece estando nós fora (a lutar p'la vida), não fica nada "sensível" nos ditos lugares. Ainda assim, ele há um ramo de flores secas que vivia plácida e descansadamente numa jarra na mesa da cozinha, e já não é o mesmo, aparenta ter envelhecido uma década.

Admito, confesso, que não sendo perfeita às vezes faço de conta que não vi certas e determinadas coisas. Pá, ao quadragésimo quinto pega gatinho / põe gatinho no chão um gajo só quer é tomar o pequeno almoço sossegado. Aqui há dias, juro que aconteceu, ouvimos um barulhito a vir do fogão: tau, lá estava ele, o cabra da peste, lambendo a frigideira onde fora confeccionado bife com natas de me mate. Tirou-se gatinho, tirou-se frigideira; nem cinco minutos depois, tau, lá estava ele, lambendo frigideira onde fora confeccionado esparregado de me mate. Ignorámos, afinal são verduras.

Também gosta muito de saltar e enfiar-se no lava loiças, porque anda completamente obcecado com água da torneira. Um gajo está a lavar qualquer coisa e tau, lá está o emplastro. Um gajo fecha a torneira, tira o emplastro. Aqui há dias, juro que aconteceu, ouvimos um barulhito a vir do lava loiça, e tau, era o carcará sanguinolento a dar dentadinhas no manípulo da torneira. Sim, ele já aprendeu que se mexe no manípulo e tcharan, água. Medo. Já fecho a torneira de segurança antes de sair de casa.

Ahahahahah, que fofinho, são coisas de gatinho bebé!!!

Ah, ainda não chega, é? Ok. Havia de ser convosco, queria ver.

Anteontem me mate vestia-se no quarto, quando ouço um valente berro: a encarnação do mal atirou-se-lhe ao lombo. Verdade, me mate estava a por a gravata; verdade, já tinha sido avisado que gravata = fitinha = logo, brinquedo de Max. Mas notai: o bandoleiro saltou e agarrou-se, à força de unha, à barriga e costas de me mate. E rasgou-lhe a camisa. Vá lá. Foi só a camisa. Sim, que ele saltou, cravou, e começou a descer por mate abaixo.

Outra também muito gira, só que ao contrário, foi o dia em que estava de traseiro confortavelmente alapado, quando ouço um persistente ruído plástico: toc-toc-toc. Abdiquei do meu merecido conforto e lá fui desempenhar o meu papel de educadora atenta e diligente: estava o patife em cima da mesa da cozinha, nariz enfiado na caixa dos treats whiskas. A tampa, perguntais? Pois a tampa, à força de patada, saiu. Voltei a colocar a tampa, e pus a caixa na fruteira. Pois um pouco mais tarde fui dar com a caixinha whiskas no chão. Vazia. Sim, chutou-a, e na queda abriu-se. Tomei nota: ficar pelo catisfactions e seu saquito reforçado com fecho à prova de felidemónio. Ou não. No dia seguinte cheguei a casa e mate tinha uma coisa para me mostrar. Isto:


Iup, fotografei que contado ninguém acredita: o atl diário do pequeno Damien foi este, à força de unhada e dentada rebentou a embalagem. De novo, anotado. Treats todos acondicionados em caixinha plástica com fecho, nada de encaixe, fecho de pressão. Mas ele tentou, que tentou.

E é isto, a nossa vida. Nem falo das noites boas que o pequeno nos dá. Se entende que é hora de desenvolver competências lúdicas, é porque é, cá três ou quatro da manhã. Patadas na cara, dentadas nos pés. Já acordei com o adorável lúcifer deitado na minha cabeça, patitas estendidas ao longo da minha cara. A-do-rá-vel.

Estamos assim, portanto, muito precisados de um exorcista. E já não há páginas amarelas.




26 comentários:

  1. eu quero ter um gato. isto não está a ajudar.
    :p
    (estou a brincar, já sei que as asneiras são inevitáveis :))
    pode ser que seja uma fase, hihi.

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    1. Wallis, não desmoralizes! A sério, best thing ever. Gatinhos for the win. E olha que eles dormem imenso :P

      Agora há muito que pensar, antes de adoptar. Sobre o onde, posso dar umas dicas (até há pouco o Meg tinha pucaninos). As gatas costumam ser mais dóceis e meigas - mas há excepções, o felino é um ser cheio de personalidade. E depois é ponderar a idade. Num gato juvenil ou adulto já se percebe melhor a personalidade, um bebé até aos 6 meses, enfim, é um totoloto. Outra vantagem de mais de 6 meses é que por norma já estão esterilizados, e se sabe se têm algum problema de saúde, ou são fiv ou felv.

      Mas avança. Não me arrependo :)

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    2. sim, a adoção sempre foi um objetivo, não seria por isso que deixaria de o fazer :)
      sempre tive ideia de adotar gata(s) e mais velhas (porque na minha ideia são as mais rejeitadas, mas posso estar enganada), e ainda bem que me dás essas informações, que eu, como sabes, é mais cães :)

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    3. Infelizmente as instituições estão cheias de gatitos adultos, porque as pessoas, por norma, preferem bebés. Acho que as pessoas não fazem ideia do trabalho que os bebés dão, eu não fazia (a Amélie já tinha 8 meses quando a adoptei, e era uma "devolução" - sorte minha!).
      Com os mais "crescidos" dá para perceber quais vão mais à bola connosco. Se fores a um abrigo, ou ao Cat, até aconselho ficar um bocado a ver que gato te adopta :D

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    4. na verdade, o que tenho em mente é uma adoção conjunta, cadela e gata - julgo que isto poderá dificultar as coisas, mas não parece impossível, desde que com cautela e informação.
      sim, faz todo o sentido, a tua última dica. (de qualquer forma, a ida às instituições será um momento difícil, mas pronto)
      obrigadus :)

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    5. Oooooh, que inveja, um de cada! Não é nada impossível, pá! Há gatos que gostam de cães, e vice versa. E até acho fixe, fazem companhia um ao outro. É preciso é por isso claro desde o início, para não dar chatice.
      A Casa dos Animais de Lisboa tem cães e gatos, por exemplo.
      Até me oferecia para ir contigo, mas corro o risco de sair com mais um bicho debaixo do braço, e agora não pode ser. Uma pessoa não tem um coração de pedra, né.

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    6. pois, essa parte é que é difícil :/

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    7. Nem me fales. Uma vez fui ao Meg entregar umas cenas e houve uma gatinha que me saltou para o colo e ficou a ronronar enquanto lhe fazia festas. E a vontade de a enfiar no bolso, hã?
      (não podemos ter todos, mas podemos tratar muito bem e mar os que temos, pronto)

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  2. Ai, o que eu me ri!
    Juro que foi dos nervos. Tenho cá uma dessa raça também. Até fica com os olhos vermelhos. Podíamos juntá-los. Oh, wait, a peste está esterilizada. E não, não melhorou. Diz que com o tempo.

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    1. Linda, a nossa peste também vai tratar dos tintins não tarda muito, lá para finais de Outubro, talvez.
      Caramba, os outros dois vieram da rua e dão zero chatices, este criado desde bebé e é um demónio. Se bem que anda a ensinar malandrices aos manos...
      sim, vamos ter fé no tempo...

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  3. A minha gata, adoptada adulta, é viciada em palhas, sim palhas de beber o leite. Assim que o miúdo acabava de beber o leite, ou assim que se distraía, lá desaparecia mais uma palha para debaixo da cama, ou para dentro dos lençóis.

    Mas o que ela gosta mesmo é de brincar de buscar a palha. Sim, buscar, estás a ver aquela cena de mandar a bola/pau ao cão e este ir buscar? Pois, imagina a versão gata maluca e palha.

    E então quando é que sua excelência gosta de jogar? Ora, quando nós estamos a dormir. Fácil fácil, traz a palha, deixa cair em cima da nossa cara e se assim não acordarmos manda umas patadas na cara. Claro que a meio da patada a palha mexe, e toca de mandar as unhas ao nariz/bochechas/olhos do pessoal. Uma pessoa acorda azarampatada e o que é que faz? Agarra na palha que está em cima da cara e manda para o chão. Movimento esse que provoca imediatamente um salto acrobático no ar, jogo com a palha às escuras e, novamente a palha em cima da nossa cara.

    Claro Que só praí à 3/4 vez que mandamos a palha ao chão é que percebemos o truque. Agora quando vem ela com a palha, a gente agarra na palha e enfia a dentro da cama.

    Depois, depois ou ela tenta entrar debaixo dos lençóis para ir buscar (percebeu rápido como fazer), ou então um de nós dois, ao dar uma volta na cama acha uma palha com o corpo, agarra nela e manda a fora. Claro que nesse mesmo momento aparece a gata em movimento acrobático para nos trazer novamente.

    *tenho um caixote vazio debaixo da cama onde ela gosta de estar, vou mandando para lá as palhas que estão no chão e dentro da cama. Uma vez tirei de lá 27...

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    1. R., lá está, cada um com a sua panca. E a nós só resta esperar que não seja muito má. Esse ritual das palhas, uau. Vamos ser positivas: demonstra muita inteligência :D
      O Max acordou me mate outro dia, com patadinhas na cara. Fui muito pouco solidária, antes ele que eu :D

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    2. Ahahahah, a minha fazia mais ou menos isso, mas com elásticos do cabelo. O que ela gosta daquilo! Rapidamente aprendi a esconder os elásticos todos antes de ir dormir, de contrário não durmo, e de manhã volto a dar-lhos.

      AnaC

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  4. Então, foram vices que ficaram com o gatinho do bebé da Rosemary:D.

    A minha gatinha também considera que existimos para ser mordidos. É também adora esses biscoitos.

    E sim, o Max é muito adorável, lolol.

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    1. Filipa, e é mesmo, muito adorável. É o que o safa da panela :D Quando chegamos a casa vem ter connosco a pedir festas, estica-se no chão aos nossos pés <3
      Pode ser um peste, mas a verdade é que já nem imagino a casa sem ele (e sem a Scully ou o Fox, claro!)

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  5. Ri-me tanto, por Deus :D

    O meu já é adulto, foi esterilizado em pequeno (vê lá não deixes passar a idade limite), e continua a fazer coisas que me deixam os cabelos em pé, essa do lava-loiças é uma delas. Agora achamos que é porque está a ir para velho :D

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    1. Mac, a do lava loiça (e bancadas da cozinha) deixam-me de cabelos em pé. Muitas vezes não dá para lhe pegar, porque estamos a mexer em comida, e lá tem de vir o outro acudir.
      E quando nos ouve a lavar os dentes vai plantar-se à beira do lavatório, esperando a abertura da torneira... Isto quando não se deita dentro do lavatório. A sério, um pequeno demonico.

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    2. Quando vou de férias para a terrinha (porque aqui pelas França's o lavatório é tão pequeno que o sabonete mal lá cabe) dou me ao trabalho de colocar uma taça (porcelana/vidro/faiança que os bichos são esquisitos e não gostam de plástico) dentro dos lavatórios, bidés e lava louças da casa para estarem sempre a serem cheios de água, e o que os gatos gostam daquilo?


      Claro que as visitas, os meus pais e o marido acham me louca...

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    3. Quais louca! Isso é que é serviço - e, ainda assim, se houvesse um tripadvisor de gatos não levavas mais que 3 estrelas, porque nós nunca estamos à altura.
      Os doidos lá de casa também tinham sempre duas tacinhas de vidro ou louça com a água, porque achei que nenhum gato gosta de plástico - a Amélie odiava. Durante as férias, à cautela, deixei também um dispensador que leva um litro, e é de plástico: adoram. Vá lá a gente perceber a realeza.

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    4. Já a minha gatinha tem o fetiche do plástico. Adora lamber e msstugas plástico:/.

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  6. Tão bom não ser a única com gato maluco e desta não ter também uma história (má) para contar :).
    A parte boa de ter um gato medricas é que ele não faz asneiras nenhumas.
    Só o encontrei uma vez dentro do lava-loiça e era na fase em que tinha medo de nós (o único sítio que encontrou para se esconder foi debaixo da tábua dos bifes que estava para lavar), não sobe para a mesa da cozinha nem para a bancada (qdo nós estamos em casa, pelo menos), não rouba comida... é um santo. Vai para cima da mesa da sala para espreitar à janela ou para ver o que estamos a fazer mas a mesa da cozinha é sagrada e ele percebe.
    Uma vez tivemos a triste ideia de lhe dar uma bola com um guizo... assim que nos fomos deitar o gajo foi comer/Wc/brincar (rotina diária). Durou uns 30 segundos e bola foi para uma gaveta até ser oferecida à irmã dele que pode brincar sem incomodar ninguém.
    Mas o Max é lindo :)

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    1. Patrícia, juro, adoro o bicho, e agora nem está muito mal, já nos deixa dormir uma noite inteira (bom, há dias piores, mas cada vez mais raros). Mas temos esta luta da mesa da cozinha e bancadas, tu és uma sortuda.

      Os outros dois também fazem asneiras, mas menos. Se bem que andei dias a pensar que era o Max quem andava a escavar os vasos - e era, tivemos de comprar pedras para os vasos toooodos - mas um dia dei com o Fox na varanda de patinha marota alçada, em flagrante. Ao Fox e Scully não ralhamos, que são traumatizados, disse só "aiaiaiai!" e ele baixou a patita. Agora já perderam o hábito, graçádeuz, que andava sempre de vassoura e pá.

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  7. Tenho uma má notícia, isso não é de ser pequenino, é mesmo personalidade. A minha gata também tem uma costela de belzebu, já tem 8 anos e continua igual a si mesma. Já lhe expliquei que já é quase idosa, que está na idade de acalmar, mas ela acha que não, e é comum chegar a casa e ter tapetes revirados, objectos que estavam algures em prateleiras no meio do chão, luzes acesas (ainda estou para entender a obsessão de se atirar aos interruptores), e volta e meia de madrugada sou acordada com ela a correr pelo quarto fazendo de mim um obstáculo mesmo fixe para saltar.
    Já me resignei...

    AnaC

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    1. AnaC, ele está um bocadinho menos bruto, que está, mas esta personalidade de palhacito doido não vai mudar, não. A verdade é que gostamos dele mesmo assim :P
      Tapetes virados: confere. Já tenho o projecto de substituir os tapetes do corredor por uns mais pesados, a ver vamos. Mas neste pormenor contribuem os três, adoram brincar a deslizar e caçar nos tapetes

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  8. Oh, coisa boa, carinha de gato de telhado! Eu ia sugerir que tivesses um borrifador sempre à mão para o expulsar quando estivesse nas bancadas, mas com essa panca por água, se calhar ainda gostava... Com o passar do tempo acalma, vais ver. Olha, eu tenho um dentes de sabre, nao há saco de ração e palete de leite pousada onde ele tenha acesso que ele não fure. É como ter crianças, adaptamo-nos e começamos a prever os incidentes.
    Paula

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    1. Paula, o borrifador ia connosco para a cama quando ele era pequenino e insistia em nos morder e "atacar" a meio da noite. Foi resultando, mas às tantas habituou-se e já achava brincadeira. Às tantas vamos buscá-lo outra vez :P

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