quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Senile delinquents

[não, não é um post autobiográfico, mas pouco falta]

Sou tontinha, tolinha, muito atraidinha por livros infantis. Freud explicaria, mas agora não tem vagar. Adoro. Não daqueles com letra muito grande e super-ilustrados, apesar de serem muito adequados à minha idade mental, mas coisas para leitores um bocadinho mais avançados, ali a partir dos nove, dez anos, altura em que os putos já começam a ter mais à-vontade com a leitura, gostos mais exigentes, e raciocínio e sentido de humor mais sofisticado. Assim de repente, lembrei-me do meu sobrinho de oito anos, que pediu emprestado a me mate os filmes do Star Trek. Os antigos, nas palavras dele. Os com pessoas a fazer de monstros com máscaras de plástico, outra vez as palavras dele. E eu comovi. Temos nerdzinho, abençoado seja.

Adiante, tenho esta tara por literatura infantil, começou na idade certa, em que a comecei a consumir, e nunca parou. Já crescida e com idade para ter o juízo que não tenho, descobri o maravilhoso mundo da literatura infantil inglesa, raramente traduzida por cá quando eu estava na faixa etária indicada. Mas nunca é tarde, e graças à querida amazon lá veio a colecção da Anne of Green Gables e Little House on the Prairie. Esta última tem mais interesse enquanto relato do que era a vida de colonos, naqueles tempos, mas a primeira encantou-me, apaixonou-me, deliciou-me. Seguiram-se outros títulos também mui amados, como A Little Princess, The Secret Garden, The Wind in the Willows, Heidi, clássicos que recomendo vivamente. Mais recente e numa onda do mais bizarro, papei toda a colecção de A Series of Unfortunate Events, que em boa hora me mate resolveu abarbatar em Nova Iorque (e o que eu o chateei por causa do volume e peso; sorry, mate). Só recentemente me afundei em Roald Dahl (imperdoável, eu sei), mas a minha desculpa para ainda não ter lido mais que um é que a) vale mesmo a pena comprar o livro físico, por causa das ilustrações; b) na próxima ida a Londres trago todos, em vez de pedir às mijinhas pela net.

E depois veio esta descoberta. Com o meu histórico de compras era inevitável que o monstro capitalista das vendas de entretenimento pela net mo recomendasse, e acabou por ficar na wishlist a marinar; depois fiz uma promessa parecida com a do Dahl, finalmente desisti e mandei vir dois. O actual estado da situação é o seguinte: já li um, comecei imediatamente o segundo, e quero todos.
Falo disto:



Yep. Livros infantis escritos por um dos grandes malucos responsáveis pelo Little Britain. E sim, são bons, bem bons, pelo menos a avaliar pela amostra. Muito na linha da narrativa improvável, bizarra, inesperada de Roald Dahl, e com o mesmo sentido de humor desconcertante e agudo.

Estou mega fã. Aconselho a toda a gente, crianças incluídas. E está traduzido, olha a sorte dos petizes de hoje, os moinantes. No meu tempo não havia disto, tinhas Os Cinco e a Anita e já gozavas.

12 comentários:

  1. Capa maravilhosa. Agora é encontrar putos a quem oferecer e depois ler quando for à casa deles de visita (assim não pareço mal educada e consigo ultrapassar mais facilmente as horas intermináveis de algumas festas familiares). :)

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    1. Ora, perde a vergonha e corta o intermediário :P Como gosto de ler no original, compro para mim e pronto

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    2. E depois o que raio faço nesses jantares????
      Nada de vergonha nessas coisas. Mas ando a ver se corto na compra dos livros, que estou a perder o controlo (é demasiado fácil comprar ebooks, raios). Mas essa capa vai vencer-me.

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    3. Sim, é muito fácil comprar ebooks, verdade. ultimamente ando a ler mais em papel, que também tenho de lhes dar avio.
      Acho que vou oferecer este aos meus sobrinhos, mas traduzido, claro.

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  2. Estive com esse na mão no outro dia e vai não vai para comprar. Mas uma sobrinha disse que mo emprestava, pelo que no fim de semana já marcha :)
    Também gosto muito de livros "infantis". E também li alguns dos que falas. Há literatura muito boa neste género :)

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    1. Acho tão difícil, escrever para crianças. Mas há coisas mesmo muito boas, isso há. A minha sobrinha rendeu-se ao Harry Potter, aos 15 anos, depois de ter andado a infância toda a renegar. Mais vale tarde, né (claro que não resisti em atirar-lhe um "aha! eu é que sabia!".

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  3. Pensei que era a única a adorar livros infantis! As capas são lindas e há textos maravilhosos!

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  4. Junto-me ao clube dos fãs de livros infanto-juvenis. Comprei os primeiros Harry Potter quando a minha filha tinha uns 5 anos - era para lhe preparar a biblioteca, ora! Li o último da série em inglês mal saiu, com ela muito amuada porque ainda não conseguia ler fluentemente no original.
    E falar de livros faz-me pensar que te devo mil agradecimentos por me teres feito pegar no Jo Nesbo.

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    1. O Harry Potter deu-me tanta alegria, credo. E além de livros infanto-juvenis também sou fã de desenhos animados e etc. Os meus sobrinhos discutem filmalhada connosco, e até recomendam. Agora estão a entrar na fase do super-heroísmo, e tem imensa piada.

      E quanto ao Jo Nesbo, de nada! (até ruboresci) Por acaso há imenso tempo que não pego em nada dele, e em nada policial, na verdade :/

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  5. Eu também nunca deixei de os comprar, até porque alguns me dá mesmo vontade de imprimir as ilustrações e olhar para elas. Muitas vezes é mesmo de uma história infantil que o meu cérebro precisa.

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    1. Também o meu! gostei muito das ilustrações deste. Acabei anteontem outro - The Boy in the Dress - que é ilustrado por Quantin Blake, o mesmo que ilustra livros do Roald Dahl. Adoro.

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