sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

Para o almoço, cascas de tremoço; ao jantar, bordas de alguidar*

 Ah, que saudades, saudades. 

Do tempo em que era jovem e tinha sonhos, e a coisa mais excitante que tinha para relatar não era o ter passado a ter um novo produto de limpeza favorito (adeus cilit, olá sanytol: o de casa de banho não só desinfecta como.... tcharam... limpa o calcário! dois em um! maravilhoso, eu sei :') claro que não dispensa o gel lixívia, mas pronto, coise, estou muito feliz e isso é que importa, né, sermos felizes e assim)

Assim de repente, também tenho muitas saudades daquele tempo em que se passava um "oh, pá, que chatice, tenho de ir outra vez ao supermercado", em vez de um "de certeza que não nos falta nada e não pecisamos de ir ao supermercado?" (conta como passeio, yay).

Falando de comes e bebes, também sinto muita nostalgia dos tempos em que no congelador cabiam, sempre, e à vontadinha, umas três ou quatro cuvetes de litro de gelado. Agora (o horror!) está a abarrotar de comida-comida; e entre a carne, peixe, legumes e sopa congelada não se consegue enfiar um magnum, quanto mais. Outros tempos.

Já que menciono outros tempos, nostalgias e saudades, nota especial para a actividade absolutamente subversiva, completamente clandestina, perigosamente activista que me mate desenvolveu ontem: foi comprar um livro. Oh! Ah! E se o apanham? Apanharam? Não, nem ao dono da loja, que lhe ligou a informar que tinha chegado a encomenda, a coisa foi muito bem combinada: multibanco da Caixa, convenientemente perto mas também afastado da loja, transferência feita, saquinho não marcado a passar de mãos. Juro. Contado ninguém acredita. (a loja é a Kingpin Books, já agora, não deixem de visitar quando esta loucura terminar - ou abrandar, que já não acredito em nada -, e depois podem ir lanchar um bolinho à Docel, hashtag naodeixemacabaromeucomerciofavorito, coração com os dedos).

(*a resposta da minha avó e mãe à catraia que lhes perguntava o que seria o repasto. linguas de perguntadeira também calhava muito)

(entretanto a pilha do rato faleceu, já tenho só uma nova, preciso de ir ao supermercado, yay!)

  

8 comentários:

  1. Aqui na terra, a única livraria que existe, esteve aberta a vender jornais, artigos e papelaria e livros. Ainda ninguém aqui veio fechar - diz o senhor. Bem haja.

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    1. Sãozinha, aqui só podem estar abertas se venderem outros artigos "permitidos". Se à sorrelfa vendem livros, não sei. Acho mal, as livrarias deviam ser excepção e poder vender ao menos ao postigo.

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  2. E' triste. 'A custa de so termos os hipermecados abertos, que agora sao os antros de convivio social, estes engordam cada vez mais os bolsos tribilionarios, 'a custa do pequeno comercio, morte da classe media, diversidade cultural e ate biologica, o desperdicio! porque comemos o dobro e deitamos fora metade.

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    1. AEnima, aqui, nos hipermercados, não se pode vender livros nem materiais de decoração, para não fazer concorrência ao pequeno comércio, que está fechado. Resultado: as livrarias já estavam mal, agora as editoras também ficaram pior :(

      Confesso que não compro em excesso, porque tenho de gerir um frigorífico que não é enorme. Somos só dois, conseguimos ter stock e pouco desperdício.Aqui as mercearias estão abertas, tudo o que venda comida pode estar aberto. E eu feliz da vida, que já consigo ir ao talho, onde a carne é bem melhor!

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    2. Eu acho que aqui os supermercados locais tb podem estar abertos. Para te ser honesta, nao sei, porque (como todos) evito sair ao maximo, portanto vou ao local onde posso comprar tudo de uma vez, e nao ando a passear na rua entre talho, frutaria, mercado, etc. Eram coisas que fazia num sabado de manha por exemplo, ia tomar um cafe com amigos na baixa e ficava por la e comprava nas lojinhas locais produtos frescos para a semana. Tirando-me o cafe, e juntando putos pequenos que mexem em tudo, lojas pequenas ja de si apertadas para andar com prams, agora ainda pior com as distancias... Caput para mim. E como para mim, para muitos. E dou mais a ganhar ao super/hiper do que ao comercio tradicional, mesmo este estando aberto. E sinto-me muito culpada por isso, mas nao tenho vida/cabeca para melhor.

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    3. AEnima, cada um está a fazer o melhor que pode com os meios de que dispõe. Também tento comprar tudo no mesmo sítio, para evitar muitas saídas, mas o melhor hiper em termos de stock é o continente, e a carne, peixe e legumes deixam muito a desejar. Por isso alterno com o lidl, e talho. O talho é em frente à farmácia e, como nesta, só entra uma pessoa de cada vez, o resto faz fila na rua. A máscara é obrigatória, não me sinto muito exposta.
      Enfim, eu estava habituada a ir ao lidl se só me faltasse uma ou duas coisas (é perto de casa) e agora deixo acumular até trazer um carinho cheio.

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  3. Digno de um episódio de espionagem:D. E triste, já q deveriam estar abertas :(.

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    1. Filipa, também acho, nem que fosse para venda ao postigo.

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