quinta-feira, 23 de março de 2017

Terra de cegos

Oito meses após participação do sinistro, seis meses após envio da última documentação necessária (orçamentos, e que não me cabia enviar, só sou a lesada, e não a cliente), tudo na mesma.
Um dia depois de eu ter tirado um bom tempo do meu dia para elaborar email a reclamar, cheio de termos jurídicos, aliás nem por isso muito densos, como "responsabilidade extra-contratual", "danos patrimoniais" e "danos não patrimoniais", ou "agravamento de danos imputável a demora na V. decisão", culminando com "prazo de dez dias para resposta cabal ou entregarei assunto ao meu advogado, para recurso às devidas instâncias judiciais", e já me ligam todos lampeirinhos, ali a agilizar a cena.
Num país onde compensa ser Golias, valha-me a sorte de - vá lá - ser uma David armada com fisguinha. Nem imagino a rameira de vida de quem não a tem ou não tenha aprendido a apontar, fosga-se.

7 comentários:

  1. Uma vez enganaram-me com um daqueles seguros manhosos (acho que foi numa compra da La Redoute) e nem hesitei - enviei email com palavreado jurídico, foi cancelado na hora. Depois percebi, pela internet fora, que aquilo era um martírio para cancelar. Compensa ser jurista, pena é que não haja bom senso nem respeito para com o comum dos mortais.

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    1. Se já é uma via sacra para quem conhece o caminho das pedras, nem faço ideia do que será para os demais. Caramba, de arrancar cabelos.

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  2. De arrancar cabelos mesmo, acredita. A verdade é que, às vezes, reclamar não é suficiente, é necessário contratar um jurista e isso não é para todos as paciências nem para todas as bolsas e as empresas aproveitam-se disso.

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    1. Ó se aproveitam, apre. É que desde logo batem com a barreira de vidro da indiferença, a porta só se abre de uma pessoa puxa das big guns.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Tas com sorte ser advogada. Já eu usaria termos como "custo de oportunidade", perdas indirectas de produtividade, e custos de não implementação de resultados, e continuaria a ver navios, mas ao menos eles riam-se muito. Há que ver a coisa da perspectiva societal.

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    1. Olha que por acaso, neste vai-não-vai, esses custos já davam para umas férias jeitosas :P

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