terça-feira, 30 de junho de 2015

Psycho killer

Tenho um sonho, um sonho mui singelo, apesar de ilegal: um dia pegava em todos os motivadores da treta que apregoam inanidades como a vida resolve-se sozinha ou é preciso fazer aquilo que nos apaixona ou acredita e atreve-te ou tu consegues, tens é de trabalhar para isso, e caracinhas do mesmo teor, tirava-lhes tudo, o tecto, o rendimento, a rede de apoio (sim, família, amigos, tudo), a saúde, a certeza do jantar mais logo, o sossego de saber o amanhã, e ia largá-los ali a dormir numa caixa de cartão, nas arcadas do Martim Moniz, a ver o que acontecia. Façam lá uns workshops motivacionais entre os locais, façam; larguem lá umas larachas positivas e encorajadoras, larguem. Alguém há-de recolher o vosso cadáver.

10 comentários:

  1. palmas! pimenta no cu dos outros é refresco. e não tenho vergonha de o dizer, mesmo já sendo uma pseudo-psicóloga ;) (mas também é por isso mesmo que a psicologia não se aprende num bando de livros de auto-ajuda)

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    1. Ó Red, e o galo que é ires a uma livraria e teres livros de psi misturados com auto-ajuda daquela muito rafeirosa? Um mimo.

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    2. Mais grave ainda, é qd os ditos ocupam os top's de vendas...

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    3. Verdade, tanta árvore assassinada...

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  2. eu também seria muito aventureira se tivesse uma rede (financeira digamos assim) dos meus pais. começava logo por ter podido fazer erasmus.

    conheço quem tenha deixado o emprego certo para viajar ou para mudar de área profissional, mas poucos foram assim tão aventureiros. quase todos tinham casa para onde voltar ou um companheiro que estivesse disposto a sustentar tudo.

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    1. Eu também fazia muita coisa se. O problema é esse. Já alguém disse (não me lembro) que nós somos as nossas circunstâncias, e é preciso analisar muito bem as circunstâncias de cada um antes de lhes atirar meia dúzia de chavões.

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  3. Izzie , é mesmo isso.
    Não suporto esta onda de coachs e de mindfullness usada por oportunistas de fragilidades alheias (atenção psicólogos a usar o conceito é outra coisa). Agora, o empreendedorismo chico-esperto...fico possuída!
    Ângela

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    1. A psicologia aborda as pessoas numa perspectiva individual, apesar de com teorias e formações gerais. Uma pessoa, os seus problemas, a sua solução. E é isto que falta, a consideração pelo indivíduo, em vez de se tratar todos como um rebanho acéfalo.

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  4. Pedras da calçada do Martim Moniz (não sei se tem, mas pronto) nos cornos e ficava resolvido.
    Eu hoje estou particularmente sem paciência para essas pessoínhas. Até porque estou a tratar de organizar uma "team building"... a mando de chefes, claro, que eu não acredito que uma equipa se construa à conta de "hi-fives" e de bordões do tipo "somos os maiores".
    Portanto, apanhaste-me na curva, em dia de rebolar olhos. É mesmo rebolar, que o que estou a ler nas brochuras de apresentação dos oradores e dos temas deste emocionante evento faz-me rebolar os olhos da testa para a nuca e viceversa.
    Dulce/Porto

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    1. Se me obrigassem a ir a uma cena dessas de team building eu alegava assédio moral, pá. E aposto que nem é em horário laboral. Nunca é; querem reforçar as equipas e o espírito do pessoal, mas é sempre no tempo livre destes. Pois eu te digo: o meu team building chama-se fim de semana a fazer o que eu quero.

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