Entrados em pleno no mês doze do ano da peste, agora sim, estou a perder a noção do tempo. Nota: hoje é quarta [iep, achei que era quarta, mas fui conferir] quinta feira, onze de Fevereiro. Um grande bem haja ao telemóvel, que cada vez que o abro mo confirma.
Mas piretes para o mau, foco no bom. Não que tenha ânsias de me tornar uma pessoa mega-hipé-positiva, a espalhar, com minhas palavras, luz por todos os recantos escuros da existência, mas porque hoje preciso. Dói-me a cabeça (outra vez), não consigo dormir oito horinhas seguidas porque acordo ainda de nôte com preocupações que não lembram a ninguém, estou fartinha do teletrabalho em especial, e do trabalho (no qual incluo a lida doméstica, é trabalho) em geral.
Vamos a isso?
Vamos.
Um: a lego vende online e a entrega não é feita pelos CTT (graçádeuz, né, que o ikea já despachou a minha dia nove, com previsão de chegada dia 10, e os CTT ainda nem sequer me mandaram o tracing da encomenda. os livros técnicos que a almedina despachou hoje devem chegar pela Páscoa, presumo). Temos até a hipótese de ir levantar em pontos de recolha (tenho um bem perto), funciona lindamente. Ah, e tu tens tempo para fazer legos? Arranjamos, ora. O lego faz parte do nosso zen conjugal. Há meia hora, monta-se mais um andar da casa da Rua Sésamo.
Dois: filmes e séries. Coros de anjos. Caraças, não fosse a tubisão e já tínhamos enlouquecido. Como tenho uma memória de peixinho, em 2020 comecei a apontar todas as séries e filmes que abatemos e, eia, de facto temos muito tempo livre. Ou ocupamo-lo bem. Os melhores filmes que vi em 2020? Parasite (top, top, top, tão bom, tão bem feito, tão marxista, tão doloroso); Jojo Rabbit (chorámos ambos); A Laranja Mecânica (um filme com a minha idade e que - choque! -nunca tinha visto; ó pá, que caneco); A Queda (também ainda não tinha visto - vergonha!); A Favorita (amor eterno por Olivia Colman), e Tropa de Elite. Diverti-me muito com Birds of Prey, mas apanhei um secão (e dormitei) com The Avengers. Apanhei o cagação mais longo e intenso - aquilo é um suspense de cortar à faca, e quando se pensa, nã, não vai piorar, piora - com Midsommar; e deleitámo-nos com terror / suspense old school de Carpenter (The Thing, um prodígio de feitos pré CGI; The Fog, que deve ter custado uma merreca mas é bem bom; e é sempre bom revisitar Escape from New York). Da produção nacional, fiquei agradavelmente surpreendida com Variações (já agora, aquele dos Queen e do Freddy Mercury é uma joça, mas o Rocketman achei um musical muito bem conseguido); e muito, muito agradavelmente surpreendida com A Herdade.
Foi um total de 55 filmes, se não me falhou tomar nota de algum.
De séries, começámos 2020 a despedir de Buffy (muito, muito fixe, e envelheceu muito bem); a degustar Good Omens (pá, é um doce muito especial e que apreciei deveras, espero que Sandman seja adaptado com tanto amor como este); e seguimos a alta velocidade com Narcos, After Life (pô, tão bom), e passámos uns bons meses na refeição gourmet que é The Americans. Que. Série. Do. Caraças. Espreitámos e ficámos fãs de Cobra Kai (terceira temporada já devidamente digerida, em 2021); e claro, euzinha, sozinha, que sou uma pessoa de gosto, adorei The Good Place e The Crown. Des (correide todos à HBO e vede, vede) já no fim do ano, seguido de The Handmaid's Tale (foram todas as disponíveis, e uma pessoa pensa ah, já li o livro, que terão estes a acrescentar, e vai na volta e têm, apesar de no início da terceira temporada bater aquela dúvida sobre se vale a pena ir à quarta, provavelmente vamos, we ain't no quiters).
No total, 15 séries. Definitivamente, temos muito tempo livre (noites e fim de semana, c'a gente trabalha com'ás outras'ssoas). Ou aproveitamo-lo mesmo bem.
2021 é que está a começar fraquinho: só dois filmes e três séries? Hum. Se bem que His Dark Materials (HBO) vale por cem, pá. O elenco é, ó do caracing, e a Ruth Wilson é a melhor vilã de sempre, sempre, sempre. Maravilhosa. De uma forma (subtilmente) aterradora, claro. Me mate é superfã dos livros, pelo que estava muito apreensivo; acabou tirando o chapéu, o que é, para ele, um grande elogio. Ansiamos pela terceira e última temporada, mas ansiamos a um nível de grande ânsia. Digo já que foi a primeira série de fantasia que me pôs a uivar de dor e revolta (literalmente: cheguem ao último da primeira temporada e depois falamos. e voltamos a falar no último da segunda. olaré. quem não chorar tem uma pedra de calçada no lugar do coração), mas também a bater palminhas e a ter reações completamente futebolísticas (I know, I know, despicable me) de Aaaaahhhh!, 'Bora, c@ra; Pá, este gajo/a, matem-me este/a gajo/a.
E hoje fico por aqui. Até porque o Três: livros, não tem tido grande andamento. Surpreendente, eu sei; mas passo o dia ao computas a ler inanidades, a cabeça não chega para tudo.