As coisas devem estar a voltar ao tal "normal", que hoje vi e ouvi uma senhora descompor o caixa pela demora. De mão na anca, cara feia, exigia saber o que se passava e porque estava a demorar tanto, a saber, o despachar da cliente lá da frente. Que deviam abrir outra caixa, ooooohhhh, temos potencial gerente de loja, alguém ofereça o cargo à senhora.
Já não via uma cena destas há muito tempo. Se calhar tenho andado distraída, saio pouco, ou simplesmente tenho tido sorte. Provavelmente confundi a relativa paz nas interacções com uma espécie de prevalência de bem querer e bem fazer, derivada, sei lá, da tribulação dos últimos tempos. Na qual nunca acreditei, note-se. Ainda assim, benefício da dúvida, blablablá. Mas não, não vamos sair disto melhores. Não dou um ano para andar tudo (outra vez) à compita pelo título do ser mais malcriado e desagradável.
Dito isto, e pessoalmente, já me vai faltando a pachorra para disputas. A menos que receba por isso, ou seja, a menos que seja em ambiente laboral e no estritamente necessário ao desempenho das minhas funções. As outras, vade retro. Fico só a assistir, a uma distância confortável, comendo o meu cornetto de chocolate (não aprecio pipocas). Zero disponibilidade para intervir, reivindicar, explicar, sequer apaziguar. Como se diz mais lá para cima, fodeibos, a vida já se faz curta e demasado imprevisível para me meter em salsadas.
A menos que seja uma coisa que mereça mesmo a pena. Palavra de quem já se viu assim de apanhar uma sova de um hooligan bêbado a quem fez frente, ou ser apoucada com muita soberba e acrimónia (quem me manda sair de casa de jeans, techérte e converse, tira toda a credibilidade a uma pessoa) por um casal de boomers-betos a quem dei um lamiré seguido de um francamente, que vergonha, porque estacionaram num lugar reservado. Se fosse hoje, às tantas, cornetto. De resto, passem lá à frente, não digam bom dia, se faz favor ou obrigado, a ver se me ralo. Chamem-se nomes nas redes sociais, defendam o absurdo, advoguem o maltrato ou destrato, quero lá saber, não me meto, não falo. Nem tomo iniciativa de levantar certos temas, note-se. Não tenho tempo nem vocação para me dedicar ao ensino especial de adultos, e a idade vem-me consumindo a pouca paciência de que dispunha. Donde: não, not, nope, acabou o activismo, ao menos em plataformas públicas, redes sociais em geral, e este blog em particular.
Pode ser é que me apanhe(m) num dia mau, e aí não prometo nada.