E eu, que nunca fui de montanhas russas, de rodas gigantes e sequer de carrosséis, ontem fui acometida de uma vertigem aterradora, enquanto confortavelmente sentada num também muito confortável sofá, enquanto assistia a uma não menos confortável repetição de uma série que já sabia ser causa de um confortável morninho interior. Sem surpresas, sem angústias visíveis, um domingo em branco ainda a iniciar-se, e cai de repente a certeza de que não tenho e nunca terei certezas nenhumas na minha vida. Nada, antes, o nada a bailar-me em frente dos olhos. Sei apenas o agora muito imediato, o daqui a cinco minutos poderá ser previsível e até planeado mas mantém-se desconhecido, o daqui a seis meses é apenas absurdamente longínquo, o daqui a dez anos um buraco negro. O que serei, onde estarei e com quem? Que tapete debaixo dos pés? Não sei, não posso saber.
E pronto, foi o que aprendi até agora, resta aprender a (saber) viver com esta aquisição.
Eu tenho sempre aquele certeza aterradora de que o pior está sempre por vir... felizmente na maior parte dos dias isso não me atinge.
ResponderEliminarTambém acho sempre que ainda há uma tempestade por se abater, mas desta vez nem foi bem isso, foi mesmo uma sensação de vazio total. De não ver nada à frente, ou pela frente. É estranho.
Eliminarisso mesmo.
ResponderEliminartalvez revele a ingenuidade com que tenho levado a minha vida, mas a maior lição que tenho aprendido nos últimos tempos é mesmo de que nada é garantido, absolutamente nada. Como se lida com isso, são outros quinhentos.
Wallis, acho que intimamente sabemos isto desde sempre, mas há aqueles momentos em que se olha para a frente e não se vê nada, porque se sabe que não se pode, verdadeiramente, projectar nada. E saber lidar com isso, pois. agora que se ganha essa consciência, como.
EliminarSim, intimamente saberemos... mas sabes como é, estou muitas vezes em negação :)
EliminarA negação é uma forma de vida, pá. Muito saudável, nos dias que correm #etudolindoesoufeliz
EliminarSei exactamente do que falas e evito pensar nisso. É como o: "se o Universo contém tudo, o que é que contém o Universo?". Uma pessoa fica tonta.
ResponderEliminarAs bases do Budismo assentam nisso, em praticar o desapego da ilusão do absoluto, fixo ou concreto (tentei reescrever isto de várias formas e soou sempre confuso).
Fuschia, eu também evito pensar em muita coisa, mas as coisas têm o mau hábito de me saltar ao caminho, à traição :P Estava eu tão posta em sossego, tão confortavelzinha e pumbas. Resta dizer que hiperventilei, quase tive uma crise de ansiedade, mas enfim.
Eliminar(e pode soar confuso, mas não é muito confuso, acho eu)
tiveste um momento de hiperrealismo :D
EliminarEu chamo-lhe um "aijasus qué que me deu agora, bolachinha já". A sério.
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