O tipo foi introduzido como avençado de um dos do grupo. A apresentação foi mínima, mas muito concreta: não é mau tipo, mas é um chato sem noção. Notou-se logo, aliás. Ainda não me conhecia há um par de horas, e já levava com o selo Izzie vátafoder nas trombas. Sucedeu assim: dois ou três estávamos a discutir qualquer coisa, o habitual entre nós, uma conversa com tantas opiniões como cabeças; do nada, ouço uma pulguinha ali ao lado a mandar uma boca completamente despropositada, que não aventava qualquer opinião nem acrescentava à conversa, apenas uma tirada dirigida a esta vossa, com um juízo de valor sobre esta pessoa. Que ele não conhecia nem há um par de horas. Suspendi o que estava a dizer, girei a cabeça naquela direcção, e sugeri que fosse mandar postas de pescada para o local apropriado, que na altura entendi fosse o falo, genericamente falando.
Hoje, passados mais de vint'anos, sou uma pessoa mais crescida, respeitável, circunspecta. Já não mando ninguém para qualquer parte da anatomia, feminina ou masculina. Ao menos verbalmente, que há quem diga que tenho um olhar que não engana quem me conhece. E, caraças, se me obrigam amiúde a usar esse olhar. Por mais que as evite, não lhes dê cunfa, expressamente as demita, há sempre uma pulguinha diligente pronta a mandar um bitaite não solicitado, em conversa em que não é parte - e até poderia ser, se o bilhete de entrada fosse qualquer opinião a propósito, em vez de um comentário sem noção. Continuo a ter sempre a mesma reacção inicial: suspendo-me, e faço o meu olhar mas alguém te perguntou alguma coisa. Sobre o assunto em causa, nada?, então dispensa-se divagações periféricas. E retomo.
Suspiros. Somos sempre o assunto de alguém, ao que parece; ainda que esse alguém devesse ter bem presente que não é assunto nosso, presente, passado, futuro. Podem guinchar quanto querem, mas ali é apenas fumaça, não reconheço nada.
E, se não têm mesmo mais nada que fazer que meter o nariz onde este não é chamado, desejado, considerado, sempre podem dar uns passinhos de dança. 'Cause it's the pelvic thrust that really drives you insane; let's do the time-warp again.
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