Abrindo hostilidades, para quê, insistir num blog?
Porquê, dez anos de blogosfera, já indo no quarto espaço? E porque fecho
eu os anteriores, convertendo-os integralmente em rascunho, nem sequer fazendo
um back-up ou, fazendo-o, já nem me lembrando onde raios o guardei (talvez no
entretanto falecido Tó Shiba? Who cares?)
Sei
lá. Não, não me apego a endereços web. Já para pôr de parte uns sapatos, o
drama, a tragédia. Não, tampouco considero tanto as minhas palavras que sinta
necessidade de as guardar. Ou revisitar. Só o cansaço, sinceramente. Ao
contrário de Gwendolen Fairfax, se precisar de leitura excitante nunca, nunca
me faço acompanhar do meu diário: há melhor. Tudo isto é pó, é ar, é vento e
maré. Isto é só uma parte do que sou, essa parte que sai mais por vício (ou
hábito) que por querer fazer-se memória. E muda, e muda-se.
Então,
assim sendo, porquê escrever esta coisa? Porque sim. Então, assim sendo, porquê
ler esta coisa? Boa pergunta, se alguém souber responder acho que vai ficar
extraordinariamente decepcionado consigo mesmo.
Mas,
como não sou totalmente desprovida de narcisismo, aliás recordo vagamente de
ter embalado um frasquinho dele em mil-nove-e-coisa, claro que encontro muitas
e boas razões para escrever isto, e para se ler isto.
Onde
mais se pode encontrar uma tão vasta panóplia de vacuidades, como sejam o
melhor autefite para aquelas férias de sonho no Samouco, ou o casamento ansiado
numa tendinha dos arredores?
Onde
mais se pode constatar haver seres mais imperfeitos e risíveis que vós, seres que
são capazes de andar uma semana a sandes de queijo por pura preguiça (note to
self, comprar mais queijo); que passam uma hora a lamentar a sua triste sina
antes de se lançarem num (aliás odioso) trabalhinho de quinze minutos; seres
capazes de curar as saudades de viagens comprando quilo e meio de barrinhas
Hershey’s (havendo melhores chocolates, que há, mas a saudade é esta coisa
inefável, e na verdade não há mau chocolate, tal como even a bad pizza is better
than no pizza)?
Onde
mais poderão ver ventilar odiozinhos, birras, exasperações por pequenos nadas,
como as detestáveis marquises, os ridículos condomínios fechados ou pior, os
fechados e de luxo, ou pior ainda, os fechados, de luxo, e com a palavra “prestige”
associada, ou antes, qualquer coisa com a palavra “prestige” associada? Onde
poderão acender tochas e pegar em forquilhas, marchando contra as tuk-tuk, gigantescos
autocarros de turistas estacionados ou a fazer inversão de marcha no largo da
Sé, selfie sticks (morte, morte, morte!), lojas de recuerdos made in china, o
septuagésimo terceiro hotel a abrir portas na Baixa, bandos de xóvens
estrangeiros podres de embriagados porque a cerveja deles é refresco e ninguém
faz a caridade de lhes augar a super bock, e depois andam a deambular aos
gritos, noite fora, também já ali na zona onde repouso e durmo, and so on, so
on – e, note-se, ainda nem sequer saí do tema urbano-turístico, dêem-me tempo
-?.
Pois,
por aqui há de tudo. Não como na farmácia, mais como na Feira da Ladra.
Eventualmente, entre a tralha imunda e imprestável, até podem encontrar uma
preciosidade. Boa sorte.
Cá
estamos. Ou, de forma mais erudita, so it goes.
[A
ver como isto corre.]
Vai correr bem, oh se vai.
ResponderEliminarEu trago o pão com manteiga a que a Gwendolen é devotada, trata tu das sanduíches de pepino tão do agrado da mãe. ;)
(ai, aquelas maravilhosas sanduíches de pepino do chá inglês que são a minha perdição!)
Entre o pão com manteiga e a sanduíche de pepino o meu coração balança. Intervalo-as, e termino com um scone ;)
EliminarQueres uma cópia da t-shirt Fuk Tuk Tuk que fiz para o meu namorado?
ResponderEliminar(scones por favor dos ingleses, com massa fofinha, e não dos americanos, que parecem biscoitos e que invadiram Lisboa como se da real coisa se tratassem)(se for eu que estou enganada não quero saber)
Já, já, já a registar a t-shirt Rita! Tens aí um filão, e olha o empreendedorismo. E sim, scones fofinhos. Daqueles que dá para abrir e barrar de doce ou manteiga, que sou lambona. (mas chá sem leite, por favor...)
Eliminarah, eu adoraria ter um t-shirt dessas.
Eliminarora, bons olhos te vejam, menina Izzie.
bem-vinda :)
(o público, como vês, mantém-se)
Vês, Rita? Há mercado. E o mercado nunca se engana :P
EliminarHá sim, eu bem vejo como as pessoas olham para ele na rua, e o bom aspecto do rapaz não explica tudo, também é da t-shirt. No entanto, eu fui dotada pela minha mãe de um excelente sistema imunitário: nunca apanhei sarampo, papeira, tosse convulsa nem rubéola, muito raramente apanho uma gripe e até agora tenho também escapado com sucesso ao empreendedorismo.
EliminarHeaven knows I'm miserable now e Enjoy the Silence também serve. usaria de bom grado.
EliminarEstás de volta, viva! :)
ResponderEliminarAh, finalmente o regresso! Isto dos blogues sem a Izzie, não é de todo a mesma coisa :)!
ResponderEliminarÉ verdade, parece que o mercado não funciona, e a boa moeda não expulsa a má moeda :P
ResponderEliminarQue saudades, pá! :)
ResponderEliminarFinalmente!
ResponderEliminarThe Smiths?
ResponderEliminarYep.
EliminarEstou mesmo mesmo chateada porque só te redescobri hoje. Não se faz, pá, não se faz. (Agora aturas-me, olha) (mas é muit'a bom ver-te novamente)
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