quarta-feira, 27 de setembro de 2023

Vai! Tu consegues! O caraças!

 Enquanto fazemos o luto por The Bear 2 (o episódio seis vai levar os émis todos, todos, e merece), decidimos picar a lista dos filmes animados da Disnér. Yep, cenas de gente que não tem coisas a sério para fazer, MAS, há que precisar, não pretendo ver todos-todos. Me mate pretende, coisas lá dele, mas já é crescido e faz o que entender, a mim é que num'óbriga.

De momento, já marcharam The Aristocats (sim, este plano é também uma catarse por uma infância traumatizada, a ver a porra dos filmes dobrados em brasileiro), Vaiana, e já há uns tempos vimos a Branca de Neve, e The Sword in the Stone. 

Fun fact: o Aristogatos / Aristocats traz um disclaimer inicial, sobre a forma de retratar pessoas de outras culturas, iadaiada, como isso já não se faz, etc e tal. Bem melhor que a queima de livros, filmes, séries que alguns puristas woke advogam. Adiante.

Ontem marchou A Pequena Sereia, a antiga, não gostamos de versões com 'ssoas e... pá. Desiludi. Se um gajo vai animar uma história criada pelo Hans Chirstian Andersen, pá, é porque a leu. Em calhando, até leu mais coisinhas do senhor. E já sabe que não há uma, uma historinha que não esteja tingida de negrume, horror, desesperança, melancolia, às vezes todas ao mesmo tempo. A Pequena Sereia deve ser das histórias mais cruéis, desoladoras, triste, que já saíram daquela pena. E o qué c'os disneiritos fazem com o material? Um final feliz! Com uma má a meio, claro, que seria, mas derrotada! Cantoria! Alegria! 

Sinceramente, até nem me faria espécie que tornassem o conto um bocadinho mais kid friendly, mas aquilo é, desculpem a franqueza, uma merdice. Alguém se lembra do Bambi? Ali quase a começar com a morte da mãe? E a Branca de Neve, aquela madrasta? Eu tinha cinco anos quando vi, e ia morrendo de ataque cardíaco! Pronto, que não se traumatize as crianças como antes (pena). Mas querem crianças não traumatizadas, ou criancinhas iludidas, até a atirar para o apatetado, a julgar que o bem prevalece sempre, e tudo acaba a contento? Petizes a serem criados para caírem nas patranhas de que tudo está bem e se não está, vai estar, depende deles!, da sua fortitude!, do seu empenho!, mesmo bons para caírem nas mãos de coaches? É isso que querem? Um dia apanharem o vosso filho a ler Gustavo Santos? Ou o Peterson? À vontade. Força. Traumatizar, não; mas caraças, shit happens, às vezes a vida corre mal, ele há pessoas que morrem, e isto não acontece só aos maus, não pode ser vencido só com uma boa atitude, e não é um reflexo de serem mais ou menos meritórios. Simplesmente, shit happens... E também lhes vai acontecer. 

E pronto, esta Piquena Sereia é uma valente merda, que é, e vendo a data em que saiu explica muito sobre a geração de milenials, zês e por aí fora. Palavra de uma GenX que aos oito anos já tinha um canivete (antes que perguntem, para afiar paus e fazer setas, ora, e o mais que fosse preciso. e sim, as setas eram usadas, mas felizmente não tínhamos muito jeito para fazer arcos. chegámos todos a adultos com os dois óios funcionais, tirando algumas miopias, obrigada pela preocupação.) 

   

terça-feira, 19 de setembro de 2023

E tu??? O que é que o bicho covid fez por ti?????

Além de ainda andar com umas dores de cabeça nhéf, e meia totó das ideias, que parecem envoltas em nevoeiro cerrado, como ontem e hoje de manhã, só me faltava o olhar vazio e a baba a escorrer pelo canto da boca, to-tal-men-te na estratosfera, e o chato é que depois começo a enervar-me porque não consigo pensar e trabalhar, digito as letras ao lado, troco números, enfim, mas além disso, do cérebro feito em algodão doce, que mais fez o bicho por vocês?

Hum?

Olha, eu deixei de fumar. 

Ah, mas isso tem lá a ver ca covide, parva, deixaste porque querias, oras, não senhora, efeito covid 100% certificado.

Explico: como boa, empenhada, e veterana (dos 15 aos 52, é fazer as contas) fumadora que sempre fui, não era uma doençazeca qualquer que me detinha. Dói a garganta? Aguenta, que já és crescidinha. Tossinha? Oh, filha, há vidas piores e não os ouves a queixar. Podia fumar menos, que também não sou irresponsável (ahéééém), mas fumava. É uma cena de militância, só sabe quem cá anda. Ou andava.

Sucede que derivado de ter passado a ser proibido fumar nos edifícios, já tinha aderido ao tabaco aquecido. Mau grado estar sozinha numa salinha com janela, e poder fazer batota, estou rodeada de abstinentes com olfactos muito apurados. Mas, apesar de me estar a habituar bem ó iquozinho, não abdicava do meu tabaquinho "a sério", lá está, militância. Pelo menos dois por dia, e ao fim de semana era como se os outros não existissem.

Até que. Covid. Eu tentei, juro que tentei. Mas não era só desagradável (ou horrível, confesso, nos casos de amigdalite mais fortezinha), era impossível. Não sei explicar, puxava, travava, e parecia que morria: uma coisa surreal, mas real, porque testei várias vezes. Mas morrias, como? Ó pá, sei lá, era uma sensação como que tinha os pulmões cheios de água, uma agonia que me apanhava o estômago e me arrepiava a pele toda, uma coisa do além. 

Pronto. Tinha acontecido aquilo que já muitas vezes, farta da escravatura do cigarrinho, tinha imaginado: e se eu não pudesse de não poder mesmo, nunca tivesse experimentado e agora não conseguisse, como será não fumar, não gostar de fumar, não ter de fumar?

É assim. Como vivo, agora. Um cheirinho de tabaco e eu, nojo. Habituei-me a não feder cheirar a tabaco permanentemente. Já não tenho bafo de dragão, e estou a habituar-me. É fixe. Embora haja situações em que entre em pânico porque, consigo jurar, tenho esse bafo outra vez. 

Resta, apenas, a nostalgia da militância. Fazem-se bons amigos, nas trincheiras do activismo. Por isso, e só por isso, fumo um iquos todas as noites. Já nem travo, mas lá está, digo presente.

Só um, é o único, e sempre na mesma altura, zero desculpas para a antecipar. Não tenho vontade nenhuma de voltar atrás, por isso mantenho estar regra e, também, um maço numa gaveta, só com um último cigarro, coincidência, sobrou-me um só. E vai continuar a sobrar.    

terça-feira, 12 de setembro de 2023

Todos os dias, um novo desafio, uau

 

Pelo preço que custam as #%&#»£ das meias de compressão, deviam dar direito a uma assistente para nos ajudar a calçar aquilo. Idem para collants de descanso (desisti, tinha horas para ir trabalhar). Reservem uns 20 minutos para as primeiras, 15 para as segundas, tempos conservadores. 

Meias pelo joelho são mais user friendly, mas quentes à brava, e impossíveis com vestido / saia.

Ah, mas tens mesmo de usar essa coisa? Sim, ou ao fim do dia tenho uns tornozelos que parecem aqueles barrilinhos de quilo de ovos moles.

A vida não é justa, e eu não tenho idade para esta m€rd@. 

Cá calharão


Xóvens!

Se trabalharem numa sapataria que venda isso, nunca façam graçolas sobre a calçadeira de meio metro que a cliente vai levar, juntamente com o par de ténes. Da maneira que passais a vidinha mal sentadufos em frente ao ecrã, vão precisar de uma mais cedo que eu. 

Não é preciso ficarem tão espantados / divertidos quando uma cota grisalha de jeans e ténes, carregando ferragens e ripas, vos pergunta onde está o pladur e acessórios, e à vossa resposta sabe muito bem onde é a tal zona de carga de materiais de construção. Antes assim que com um cabelo loiro canário indizível, unhas footlong, tatuagem do nome dos filhos no antebraço, e calça elástica dois números abaixo. Sim, sim, já vi, da minha geração. Não, não parecem mais novas, adiante.

quinta-feira, 7 de setembro de 2023

*suspiros*

 E quem é a pató que, andando cheia de trabalho que nem sabe para onde se virar, que tem de ir entregar os ólicos para lhe porem as novas lentes de ver ao perto, tem de ir levantar um aspirador robot e umas meias de descanso 

[nem me vão por aí, eu sei que caminho para bélha, a passo de corrida, mas o espírito continua xóbem, ok, xóbem!, e tenho lá culpa deste ano ter apanhado as maleitas todas que deunossossenhor deitou sobre a terra, incluindo covid, sim, quando já nem sequer é féshion, assim como não é féshion a puta da neblina mental que deixou atrás, e quanto às dores nas articulações não sei atribuir culpas, que entretanto entrei no calvário hormonal dos bloqueadores, que já há anos, anos!, que isto não desengonça e fui muito çinçera com a gino, a peri está a dar comigo em doida e ainda mato alguém, além de que não se faz, pah, 52 e ainda fértil, estão a gozar, já pedi a reforma da reprodutibilidade há anos, anos!, deixem-me um bocadinho, pelamordedeuz, eu já andava a tomar os restos de tramadol para as dores]

e ainda vai arranjar um cadichinho para ir ao Leroy comprar um materialito, para provar a um homem que está errado?

Ah, oui, c'est moi. 

A parvalhona esteve a dar a explicação audio, não resultou, vamos passar ao audiovisual, para no fim chegar à mesma conclusão, tá mal, é desfazer e fazer outra vez. Ego, pah, ego de homem é aborrecido, mas de empreiteiro, apre, chiça. 

[nem é bem empreiteiro, isso já não se arranja em Lisboa, por umas obras abaixo de uns bons milhares não se levantam da cama, é mais biscateiro, pinturas ao fim de semana, dinheiro na mão ou mbway, e é se queres]

E o tal do ego começa logo a chiar se é uma mulher a apontar. Porque, como já me disse uma vez, por uma coisa pela qual não valia a pena chatear-me, do meu trabalho sei eu. Sabe o caralhinho, que a dona do barraco sou eu, se o arranjo está mal é porque está, porque eu digo, porque basta ter um par de olhos e só meio funcional para ver a joça que ali está, e posso ter zero experiência, mas na prova teórica bato os pontos, sim, sei qual é o resultado expectável, e o que fazer para lá chegar, e tenho meios para o provar.  

Mas estou já a antecipar a resposta, quando lhe entrar pelas meninges que tenho razão e aquilo é uma chacina, o que ali está, que vai ser ah, mas esta era a única maneira de fazer. Era mas é o caralhinho, não tivesse eu vertigens e tivesse eu esqueleto e músculo fazia a cena toda ali, só para ele ver quem tem razão. Teimoso de merda. Chauvinista d'um corno. 

[Se não é desta que arranjo coragem para me lançar a escrever um muito necessário livro de empoderamento feminino, "Como dizer NÃO ao seu empreiteiro, e ter sucesso"!.  Capítulo I: Conformou-se porque não sabe como se faz? Está tudo no youtube. Não esquecer o tutorial de navegação em sites de venda de material, (já estou a ver, aha!, então aquele coiso sempre existia!); e o conselho de descarregar sempre fichas técnicas e de montagem (olha, o animal estava a dizer que não percebia porque vertia, que estava tudo bem montado, mas afinal tinha-me era furado os azulejos um centímetro a mais para fora - este é baseado em factos reais, mas eu era -mais- nova, não sabia impor-me com a fúria e intensidade que só uma peri de mais de cinco anos e uma menopausa induzida podem conferir. Juro. Só não prevejo um morticínio que faria Jack the Ripper corar de vergonha porque o bloqueador me fornece uns mínimos estrogéneos, benditos farmacêuticos, levam-me ali aos 97 euros por mês, mas evitam que abra o jornal da noite da CMTV, ou faça a capa do Correio da Manhã. Bem hajam. E continuem a estudar e fabricar coisas boas pá gente, as meninas e as çenhouras, nós temos um século e picos de atraso, é preciso recuperar o tempo perdido, leiam lá o livro a ver se não tenho razão)].