Enquanto fazemos o luto por The Bear 2 (o episódio seis vai levar os émis todos, todos, e merece), decidimos picar a lista dos filmes animados da Disnér. Yep, cenas de gente que não tem coisas a sério para fazer, MAS, há que precisar, não pretendo ver todos-todos. Me mate pretende, coisas lá dele, mas já é crescido e faz o que entender, a mim é que num'óbriga.
De momento, já marcharam The Aristocats (sim, este plano é também uma catarse por uma infância traumatizada, a ver a porra dos filmes dobrados em brasileiro), Vaiana, e já há uns tempos vimos a Branca de Neve, e The Sword in the Stone.
Fun fact: o Aristogatos / Aristocats traz um disclaimer inicial, sobre a forma de retratar pessoas de outras culturas, iadaiada, como isso já não se faz, etc e tal. Bem melhor que a queima de livros, filmes, séries que alguns puristas woke advogam. Adiante.
Ontem marchou A Pequena Sereia, a antiga, não gostamos de versões com 'ssoas e... pá. Desiludi. Se um gajo vai animar uma história criada pelo Hans Chirstian Andersen, pá, é porque a leu. Em calhando, até leu mais coisinhas do senhor. E já sabe que não há uma, uma historinha que não esteja tingida de negrume, horror, desesperança, melancolia, às vezes todas ao mesmo tempo. A Pequena Sereia deve ser das histórias mais cruéis, desoladoras, triste, que já saíram daquela pena. E o qué c'os disneiritos fazem com o material? Um final feliz! Com uma má a meio, claro, que seria, mas derrotada! Cantoria! Alegria!
Sinceramente, até nem me faria espécie que tornassem o conto um bocadinho mais kid friendly, mas aquilo é, desculpem a franqueza, uma merdice. Alguém se lembra do Bambi? Ali quase a começar com a morte da mãe? E a Branca de Neve, aquela madrasta? Eu tinha cinco anos quando vi, e ia morrendo de ataque cardíaco! Pronto, que não se traumatize as crianças como antes (pena). Mas querem crianças não traumatizadas, ou criancinhas iludidas, até a atirar para o apatetado, a julgar que o bem prevalece sempre, e tudo acaba a contento? Petizes a serem criados para caírem nas patranhas de que tudo está bem e se não está, vai estar, depende deles!, da sua fortitude!, do seu empenho!, mesmo bons para caírem nas mãos de coaches? É isso que querem? Um dia apanharem o vosso filho a ler Gustavo Santos? Ou o Peterson? À vontade. Força. Traumatizar, não; mas caraças, shit happens, às vezes a vida corre mal, ele há pessoas que morrem, e isto não acontece só aos maus, não pode ser vencido só com uma boa atitude, e não é um reflexo de serem mais ou menos meritórios. Simplesmente, shit happens... E também lhes vai acontecer.
E pronto, esta Piquena Sereia é uma valente merda, que é, e vendo a data em que saiu explica muito sobre a geração de milenials, zês e por aí fora. Palavra de uma GenX que aos oito anos já tinha um canivete (antes que perguntem, para afiar paus e fazer setas, ora, e o mais que fosse preciso. e sim, as setas eram usadas, mas felizmente não tínhamos muito jeito para fazer arcos. chegámos todos a adultos com os dois óios funcionais, tirando algumas miopias, obrigada pela preocupação.)