quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Another one bites the dust

Aproveitando que estou com uns azeites do camandro, derivado de conseguir sentir cada troço do meu sistema digestivo, o que, vai-se lá a entender, dificulta um bocadinho a função cerebral, e precisava dela para trabalhar, e assim não vamos a lado nenhum, adiante, destile-se um bocadinho de fel com a conversa do orçamento, caneco, que estou que já nem posso.
E confesso, eu até andava muito contente com esta solução governativa, que andava, mas desde que aconteceu um banif a fé esmoreceu-me um bocadinho, e reconheço que há tanto, mas tanto por onde pegar, perimxemplo, os impostos sobre energias, que encarecem imenso a produção, sim, estou a falar de iva e outros sobre electricidade e o ramalhete sobre combustíveis, não percebo a incapacidade de alguma esquerda entender que não é com esta taxação que se cria competitividade e etecétera, mas porra, que as empresas se queixem acho legítimo, já os particulares amofinarem porque os aconselham a usar meios alternativos, ide ver se estou ali, reclamem antes da miséria que são os transportes públicos fora dos grandes centros urbanos, isso é que era.
Idem aspas para a taxação do tabaco e bebidas alcoólicas ou suminhos e refrigerantes, caraças, andais a pagar iva de vinte e três por cento na lixívia, sabonete e detergente da roupa e é mesmo isto que vos importa, bando de coisos, e contra mim falo, viciadona em fumo e cola zero, embora lá aferir essas prioridades, hein.
Cheios de sorte, mazé, de eu não mandar nesta merda, que a minha opção para aumento da receita era por a bófia a cobrar a sério e a doer nas multas de estacionamento e toda e qualquer infracção estradal, era uma festa que só visto, só em redor de centros comerciais e estádios de futebol pagava-se o ésse-éne-ésse e ainda sobrava, caneco, os infractores que paguem a crise.
Por último, uma grande beijoca para os dirigentes sindicais da éfe-pê, que acham que o verdadeiro cavalo de batalha são as trinta e cinco horas, mas já-já, quando até estão prometidas, eu cá gostava era de saber onde andam os quatro dias de férias que perdi, mais os cortes que ainda se mantêm, mais a perda efectiva de rendimentos face à inflação, mais a falta de condições de trabalho, mais a perda de capacidade de resposta ao cidadão, tudo merdinhas que, essas sim, fazem da vida de quem trabalha nos serviços públicos uma merdoca jeitosa, e, tudo somado, tornam as cinco horas extra por semana num gigante nada, que não vale a pena trabalhar mais se a motivação desce cada vez mais, ninguém tem guita para pagar horas extra no a-tê-éle ou creche, ou a puta do fotocopiadora encrava, o cabrão computas crasha, o elevador está parado há mais de um mês, não há aquecimento ou climatização, a água da torneira sabe a cano velho, ou é a malta que tem de se quotizar para comprar um crlho dum microondas para aquecer a marmita, e o almoço é degustado na mesma secretária onde a papelada se amontoa.
E pronto, por agora é só isto.

11 comentários:

  1. Dias de férias, sim, também os procuro incessantemente. E para mim não há as chamadas férias frias, é mesmo preciso amealhar tudo o que não seja em Agosto...

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    1. Tenho muitas saudades desses quatro dias. Muitas. Até porque trabalhar 40 horas por semana já era mais regra que excepção - e não acredito que fosse só comigo ou por aqui.

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  2. Para não variar as nossas prioridades estão todas trocadas.
    Mas ainda estamos em estado de graça com o governo e por isso tudo o que for feito agora é que é.
    Acho maravilhoso o cavalo de batalha com as 35 horas. Nada como uma mega discussão acerca de nada para que tudo o resto passe entre as gotas da chuva.
    As melhoras :)

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    1. É isso - que ainda por cima já está prometido - e o aumento de impostos no tabaco. A sério? Opá.

      Também tenho outra medida para aumentar receita: produção e venda de haxixe e marijuana por pessoal licenciado, e venda em estabelecimentos autorizados. Tudo com impostozinho. diz que nos Estados americanos onde tal se faz a receita federal deu o estoiro, mas para cima.

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    2. E obrigada pelas melhoras. Eu estou maizoumenos, mas o home está um farrapinho. A última que lhe pegaram no trabalho deu direito a uma urgência e um balão de soro :P

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  3. Pois, sinto q está tudo parvo e q reclamam por reclamar. Nem pensam no q estão a dizer.

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    1. É. Tenho algumas dúvidas, que tenho, mas não são de certeza sobre o iva e impostos em tabacos e bebidas.

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  4. Das poucas vezes que fiquei em casa por estar doente, houve sempre uma alma que me vem dizer "não percebi que estavas assim tão mal". Por isso às tantas não sei se as pessoas não vão trabalhar doentes por alguma promessa estóica.

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    1. Se estiver mesmo incapaz, lá arrasto a carcaça até ao serviço de saúde (que me possa passar justificação) mais próximo. Felizmente já não acontece há muito tempo (anos!).
      Ultimamente, e do que vou ouvindo, as pessoas não se podem é dar ao luxo de perder uns dias de vencimento. O que é mesmo muito triste.

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  5. este novo aumento dos impostos sobre os combustíveis ainda assim não faz com que o custo dos mesmos seja superior ao que custavam em fevereiro de 2015. Porque o preço do crude tem vindo a descer. Portanto, eu nem entendo para que é preciso a tal medida compensatória que permite às empresas descontarem (todo) o valor que gastam em combustível no seu IRC.

    E sobre tudo o resto, défice estrutural, orçamento, 35 horas (que btw também está estudado que terá um impacto financeiro muito pouco significativo em comparação cm, por exemplo, a questão do banif), olha aqui u artigo muito bom da Mariana Mortágua (economista de profissão) em que explica com linguagem técnica o que temos de saber sobre isso, já leste?
    https://www.publico.pt/economia/noticia/defice-estrutural-magia-negra-1722789

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    1. Ainda não li, mas está guardado.
      Essa de comparar os preços do gasoil é fixe. Eu lembro-me de pagar uma bisca e meia por litro, tempos dolorosos. Agora anda ali pelo 1,3; com cupão ou nas low cost fica a coisa de 1.2 ou mesmo 1.1, com sorte.

      A cena das 35/40 horas é fogo de vista. O que impede a produtividade é estrutural. Isso foi criado para evitar pagar horas extra e bancos a médicos e enfermeiros, por exemplo.

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