quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

Pagava para saber

Desde quando passou a ser socialmente aceitável uma pessoa ter atitudes rudes, malcriadas, mesmo ordinárias, não em contexto de convívio social, entre gente que se conhece e até pode ter abertura para certas "manifestações", mas com desconhecidos, gente que está a exercer uma função ou profissão, a fazer a sua vidinha, ou a quem simplesmente calhou o azar de se cruzar com a bestunça? É no trânsito, é em estabelecimentos (e juro, é preciso ser, além de uma cavalgadura, muito desprovido de imaginação para hostilizar alguém que vai mexer na nossa comida, adiante), é no trabalho, e já não tenho espaço mental, não tenho paciência, não tenho obrigação, e outro dia a coisa chegou a tal ponto que me levantei e saí, a perimenopausa, o hipertiroidismo, a carência de ferro, a ansiedade crónica e o mau feitio juntaram-se todos numa manobra defensiva de "não tenho força nem vontade de aturar isto" e, em bom rigor, não tenho mesmo o luxo de poder dever encaixar feitios merdosos, misóginos, e grunhos. 

E, para acamar, depois de uma nega de quem manda mais que eu, alguém a tentar meter-me uma cunha, puxando à lagriminha. Fiquei dois, três dias sem reação. É que favores, não temos. Nem dados, nem vendidos, nem emprestados. A lata, sequer, de pedir. Já ultrapassa a falta de noção, é não me conhecer. Ofendi. 

(há a tese que é desde a pandemia, as pessoas "mudaram"; mas, se vamos por aí, há tanto psicólogo sem trabalho, invistam um bocadinho no olhar para dentro e melhoramento pessoal, hã.)

   

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