daqui, que é, ó, um sítio do caraças
quinta-feira, 28 de abril de 2022
segunda-feira, 25 de abril de 2022
Faz-se o que se pode
E, ultimamente, derivado do cansaço, ler não tem sido uma prioridade. Ou antes, não é fácil, que a vontade está lá sempre, a latejar, o que ainda torna mais difícil a incapacidade de ler duas páginas sem cair a dormir. Desmotivante, no mínimo. E os livros-por-ler, essa espécie implacável e de dentinhos finos e afiados, a rosnar-me das estantes. Qualquer dia saltam-me à jugular, medo.
Mas depois há a banda desenhada (vozes de anjos em fundo), as novelas gráficas (aleluias), e todo o textinho ilustrado em que possa botar as mãos. Sim senhora, há quem não aprecie o género, tudo bem, mas caneco. Mas posso (tentar) influenciar? Vamos a isso.
Este foi encontrado no próprio dia do livro, e no comércio tradicional (a Kingpin é, para mim, "comércio tradicional": livraria especializada, fora do circuito das "grandes", perto de casa, e um espaço muitíssimo agradável).
Lindo, lindo, lindo. A história, a ilustração, tudo supinamente bom. Pena ler-se num ápice, embora exija uma lenta apreciação do trabalho de ilustração. É caro? Sim, toda a BD é -relativamente - cara. Mas pense-se no trabalho envolvido, e que a ilustradora aqui explica, no pósfácio.
Recomendadíssimo, tal como as anteriores colaborações de Troll Bridge e o magnífico Snow, Glass, Apples.
No início do ano apaixonei-me pela colecção Armazém Central (já traduzido, o meu francês não chega para tanto, infelizmente).
Tudo bom. As personagens, os cenários, o texto, a ilustração. Vou continuar a colecção. Mais uma vez, relativamente caro, mas o trabalho, senhores, o trabalho que está em cada álbum, página, quadrícula.
Finalmente, em português, uma das coisas mais maravilhosas que me passou pela retina, já no ano passado:
Que maravilha. Uma maravilha maravilhosa, perdoe-se a redundância. Quem ainda não teve a experiência, pá, não sabe o que está a perder. É correr à livraria mais próxima, física ou online (a editora também vende online, dica). Ide, ide. A correr, já disse.
sexta-feira, 22 de abril de 2022
Bless her little heart
Aqui há atrasado, derivado de uma situação que sucedeu, veio-me subitamente à memória um episódio passado há um horror de anos, e que vou partilhar para aborrecimento de quem tiver a má sorte de aqui passar (e também para memória futura, não me apeteça um dia coligir todas as insignificâncias da minha vida numa nada excitante autobiografia. minha, por mim mesma. já disse que adoro redundâncias? ah, nota-se, não é?).
Aqui a titi Izzie sempre foi um bocado repentista, o que, juntando à vaidade, gosto por coisas giro-fofinhas, e tendência consumista, levava a que, muitas vezes, em calhando ver um acessório ou peça de roupa gira, tau, adquiria para sua sobrinha. Ora isto passou-se a sobrinha não teria mais de cinco anos. Calhou que dei com umas meias de menina mêmo-mêmo-mêmo cridas, com margaridas brancas, e comprei. Numa ida a casa de mano-cunhada, anuncio a sobrinha que tenho um miminho para lhe dar, e estendo-lhe as ditas meias. Acontece que mal lhe passo as meias para a mão a pequena muda, em milissegundos, o semblante de normal a birra iminente, faz beicinho, grunhe, e as atira para o chão. E eu?, nada. Apanho-as, e digo qualquer coisa como "olha que pena, não gostas; não faz mal, dou a outra pessoa, ou troco por qualquer coisa para mim." Rebenta de imediato num berreiro. Nem tive tempo de reagir, aparece de imediato sua mãe, a quem explico o que se passou sem qualquer julgamento e com toda a simplicidade: "trouxe-lhe isto, jogou para o chão, parece que não gostou pelo que levo de volta". Ui. Berreiro aumenta de intensidade, está prostrada na caminha, cara escondida na almofada. Dra-ma. Não aprecio especialmente, mas não me compete lidar; nada mais digo ou faço, para além de me afastar para ir guardar o presente rejeitado. A mãe, bom, faz uma cara de pânico, e enquanto acalma a menina, segura-me, tira as meias da minha mão, e justifica que não, ela gostou, ela fica com elas, está só num daqueles dias mais sensíveis ou lá o que era. Insisto que não há problema nenhum, se não gosta não gosta, ora essa, que seria; mas mãe já as tem na mão, e continua a consolar pobre criança. Ok. Ficamos assim. Não me compete. Mas, interiormente, abro muito os olhos e penso que chiça (pode não ter sido só "chiça", sou muito asneirenta, principalmente em pensamento), isto tem tudo para correr tããããão mal.
E correu? Mal? Bom, digamos que não foi a primeira vez que pensei nessa possibilidade, nem foi - infelizmente - a última. Correu bem em muitas, imensas coisas, (felizmente, porque neste tipo de prognósticos prefiro sempre errar). Noutras, nem por isso. A frase-chave, que nos últimos dias me tem passado, non-stop, pela ideia é "it's not your fault you weren't raised right", (com sotaque sulista e tudo).
Não, não me competia, nem me compete. Mas atinge. E se vindo de uma criança (até) se releva e se consegue não levar a mal, duma pessoa já adulta, enfim.
Como nas fábulas de antigamente, e à confiança aqui da vossa carroceira titi Izzie, vai este ensinamento: eduquem (bem) os vossos rebentos, c@r@lho.
Ler. Reler. Repetir.
“You are not special. You're not a beautiful and unique snowflake. You're the same decaying organic matter as everything else. We're all part of the same compost heap. We're all singing, all dancing crap of the world.”
Chuck Palahniukquarta-feira, 6 de abril de 2022
Here I Go Again
Três horitas e picos de sono, mas depois a amável Tinta da China informa, via redes sociais, que está no prelo uma reedição das caricaturas do João Abel Manta, uma pessoa viola a sua auto-imposta regra de não comprar mai'nada este mês para além de comida (vá, é um bem essencial. a i'alma também come), encomenda, e pronto, está tudo bem.
(podeis ir, é aqui. eu nem sei dizer há quantos anos ando à procura / espera deste livro)