Mad as hell é, basicamente, a tagline do meu feitiozinho do caneco. A parte do not going to take it anymore é que é mais transitório, ou seja, passa. Que remédio, um gajo não pode mandar tudo às malvas, por sistema. Às vezes é preciso trabalhar dentro do sistema, tipo bicho da fruta. De qualquer forma, voltando ao mad as hell, que aliás define muito bem a minha explosiva maneira de viver, já teve melhores dias. Acho que estou na reserva. E a pensar que, se a efectiva mudança e o caminho para tal não dispensa esse sentimento de revolta, este também não pode ser alimentado a acendalhas, ou um fluxo de combustível. Temos do outro lado do lago um bom exemplo que estar permanentemente zangado - e afirmar que não se atura mais "isto", seja lá o que "isto" for - pode ser um caminho bem pior.
[mas atalhando caminho, que de momento não tenho cabeça para estas considerações, que a revolta pelas grandes coisas se me está a esgotar, tantas vezes que nos últimos tempos se acendeu; e a revolta pelas pequenas - pequeníssimas, mesquinhas - anda a consumir, tantas e tantas vezes me tem calhado neste maravilhoso buffet da vida que é o trabalho]
Achei curioso, para não dizer irónico, ter ontem visto este slogan num cartaz de uma manifestante, do outro lado do lago. Curioso porque identifiquei a frase, coisa que não teria podido fazer aqui há uma semana. Irónico porque penso que, de alguma forma, e embora possa parecer adequada a quem motivada e justamente se revolta, lá nos States, falhou-lhes uma possível leitura do filme de onde foi retirada.
O filme é Network, e tem quarenta anos. Córenta, jasus. E, ainda assim, seria uma das minhas primeiras escolhas para mostrar a estudantes de jornalismo. Caraças, que grande filme. Um tratado satírico sobre infotainment. Não é fácil retalhar e discutir, num mero e breve post. Desconstruir ou isolar todos os sumarentos temas abordados numa hora e picos de película, com um texto maravilhoso e interpretações fora de série (e oscarizadas), não é fácil. Mas deixo o isco. E o tema, ainda a badalar-me esta cabecita. A revolta: como, quando, porquê. E para - ou contra - quem ou o quê. Que não basta, este bater de pé, é preciso fazer, agir. Mas como. E com quem? O populismo, ou antes, o discurso populista. A revolta, pura e simples revolta; ou o mero discurso de revolta: a quem aproveita? O que farão dele - de nós, os revoltados? Epá, tanta coisinha para pensar.
[clips com o devido spoiler alert, ok?]
Anotado. Interessa-me :)
ResponderEliminarFoi uma surpresa do caraças, nunca tinha ouvido falar (mate sim, o costume)
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