Além do mais, foi um livro que me fez pensar em e questionar muita coisa, traçando paralelos - se calhar muito pertinentes, se calhar nem tanto assim - relativamente à reacção de tantas pessoas perante a tragédia dos refugiados, por exemplo. Alguém que seja capaz de advogar o puro e simples fechar-lhes a porta na cara seria alguém não
Uma vez apresentada, seria inevitável não reincidir, e vai daí ataquei Educação Europeia. De novo, muito alegre, (como o autor, suponho, que pôs fim à sua existência - uma pessoa com este nível de empatia e discernimento muito provavelmente carrega em si um peso do tamanho do mundo, e juro que não sei o que é insistir em viver quando se é assim, deve chegar a um ponto que é insuportável). E, mais uma vez, eu ali esmerdalhada. Não tanto como no outro, mas ainda assim. De novo uma história narrada pela voz da inocência, um adolescente apanhado na tragédia da guerra, e cujos pais decidem proteger fazendo-o refugiado na floresta. Ali escondido, nos arredores de Vilnius, passa um dos tempos mais terríveis da Europa, entre os guerrilheiros da resistência (partisans / maquisards, que a tradução manteve no original francês, e bem, à falta de melhor correspondência em português). Ali vai crescendo e recebe a sua "educação europeia" - não vou explicar a origem desta caracterização, é spoiler para uma das melhores definições do que é ser-se europeu entre 1939-45, dada pelos personagens.
Mais uma vez, muito a propósito ou a extremo despropósito, lá eu a fazer as minhas notas mentais de como é um livro essencial para compreender um certo passado europeu e, quiçá, questionar mais e melhor definir o que queremos para o futuro da Europa (que, espero estar muito enganada, mas entre os tempos brilhantes do saber veiculado nas melhores universidades e centros de conhecimento, e as mais absolutas trevas e miséria, é um pulinho).
E pronto, apeteceu-me partilhar isto, aqui, com quem quiser. Apetecia-me até transcrever tantas citações brilhantes, mas não tenho tempo e a maioria é um bocado spoiler. Este blog e a dona andam um bocadinho à deriva, sem mapa, bússola ou estrelas que a guiem, mas tantas vezes é nestes passeios que se encontram as melhores paisagens. Ou paragens. E eu ando cheia de vontades de (voltar a) escrever sobre livros, filmes séries e o raio que o parta. Entretanto comecei outro (também muito alegre; sim, há aqui um padrão, cada um é para o que nasce) que a duas, três páginas já me tinha presa pelo pescoço, lá a ver se daqui a uns dias nos encontramos por aqui a falar disso. Em calhando, acontece.
Eu vou estando por aqui :)
ResponderEliminarGostei muito, muito deste teu post, e estou muito interessada em saber que andas tu a ler. Também gosto de livros muito alegres, é de facto um padrão por aqui também, mas já desisti de tentar perceber; é como dizes, cada um é para o que nasce.
(se bem que no Uma Vida à Sua Frente -que, para mim, é tudo o que descreves- há esperança, há possibilidades e isso faz toda a diferença)
um beijinho e boas leituras, enquanto houver vontade de ler, a coisa vai indo :)
Eu sei que andas por aqui, mas menos, e disso tenho pena. Relativamente aos (meus) blogs só me lembro daquele meme com um dinossauro muito tristinho e a legenda "all my friends are dead" :D não são todos mas pronto, muitos foram embora.
EliminarTens razão nisso da centelha de esperança, é bem verdade, ele dá-nos sempre essa prendinha. Neste também, há uma grande esperança ao longo do livro, uma força de sobrevivência enorme (materializada nas notícias sempre aguardadas sobre a ongoing batalha de Estalinegrado, que todos anseiam seja o princípio do fim do exército alemão, como aliás foi). E depois aquela esperança bonita sobre o fim da guerra, um sonho de uma Europa melhor. E óspois isso aconteceu, e o ano passado tivemos o brexit e o Trump e um gajo desanima.
(agora comecei o The Handmaid's Tale da Margaret Atwood, e está a ser uma bela surpresa)
Tanta, tanta gente a dizer maravilhas desse autor. Para mim está na lista do Stoner, aquela lista dos livros amados por todas as leitoras que admiro e que eu tenho medo de não gostar (há sempre uma ovelha negra nisto dos livros - por exemplo, eu não amei o Amiga Genial).
ResponderEliminarE, por favor, tu escreve sobre livros, séries, escreve sobre o que quiseres que ninguém reclama.
bjs
Eu não o conhecia, apesar de já ter este Educação Europeia lá em casa (um presente de mamãe a me mate). Foi uma bela surpresa, e se eu gosto destas surpresas. tu tens é a mania, pah, sempre do contra :P
Eliminar(por acaso percebo que não tenhas gostado assim tanto d'A Amiga Genial, acho que quanto ao Stoner, Gary e Ferrante tive a sorte de os ler quando não havia grande falatório, as minhas expectativas eram inexistentes).
E é isto, e quanto ao blog, pois, ando aqui nuns impasses. Não é que não tenha coisas para dizer, mas muitas vezes a vontade vai-se, num tédio e inércia que parecem sem fim. A ver se dou a volta ;)
O "Handmaid's..." é toda uma angústia e, hoje de dia, se não tivermos cuidado, é quase uma premonição. Vem aí a série, mas já deves saber :).
ResponderEliminarSim, também gostamos de saber o que andas a ler!
Já agora, eu li algures que a Luna iria voltar. Da Rita é que não soube mais nada :(.
Sim, já li algures sobre a série. Tenho de ler antes!
EliminarTenho muita xódadinha da Luna e da Rita, e gostava muito que voltassem. Mas percebo que se tenham fartado "disto". Fazem muita falta na minha lista de leituras diárias :(
Eu cá gosto sempre de saber o que andas a ver e a ler, porque sou cusca. Não, não é isso, é porque dá boas dicas. Pronto, não gostei do Lemony Snicket's, mas valeu para o apresentar ao puto, porque ele gostou e quer continuar a série.
ResponderEliminarUma Vida à Sua Frente ficou-me debaixo de olho desde os elogios da SJ, e agora vai também este da Educação Europeia. Se para deprimir, estou lá!
Paula
Oh, que pena, mas não podemos gostar todos do mesmo ;)
EliminarO Uma Vida à sua Frente já está no top da SJ e meu, se leres depois diz coisas