terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Legalmente, eu

Já tenho carta de condução desde Abril de 1995 (sei-o porque vi há pedaço), e desde 1998 que já não resido na morada que lá consta. Sim, ainda é daquelas em cartolina cor-de-rosa, dobrada em três, uma coisa de museu.
Na minha carreira de condutora já fui mandada parar em operações stop, ou fui sujeita a vistoria de documentos, pelo menos três vezes. Na primeira nada a declarar: soprei no balão, viram o selo, a vinheta do seguro, os faróis, e ala, que os senhores guardas tinham já uma fila de ébrios para autuar. Na seguinte não tive tanta sorte. A seguir ao balão fizeram-me notar, com ar muito repreendedor, que as moradas do bilhete de identidade e carta não coincidiam, e isso era contra-ordenação, dá direito a coima, aiaiai. E eu, cidadã pacata e respeitadora, suspirei e expliquei que tinha lá tempo para as filas da DGV, compreende, senhor agente?, e ele sorriu e compreendeu. Não precisou de saber, e também não lhe contei, que já ia na segunda morada depois daquela, adiante. Agradeci à grande sorte, jurei a mim mesma que tratava daquilo, nas próximas férias, asap. Não tratei. Mudei outra vez de casa. Contribuinte, sim senhora; eleitor nem por isso (andei uns bons dez anos a votar no concelho ao lado, siga). Calha um dia uma indivídua muito colérica abalroar-me, e preferir armar um barraco a preencher a declaração amigável. Chama-se a autoridade que, chegada ao local, percebe logo o que se passou, e tem uma conversa firme lá com a douda. A senhora agente, papelada na mão, aponta de novo a divergência de moradas, desta feita entre o documento único e a carta (do cartão de cidadão já não consta essa devassa), aiaiaiai, é contra-ordenação, coima e tal. E eu de novo, o meu ar de bambi, de poizé, sabe lá da minha vida. Ela, pelos vistos, sabia. Vá lá, desta passa, trate disso e que não se repita. Não sabia, porque eu omiti e também ninguém perguntou, que tivesse eu o carro anterior e um bilhete de identidade, seriam três as moradas divergentes, mas adiante. Agradeci a todos os santinhos em que não acredito, e que desta é que era, à terceira não falha e papo mesmo com a coima, vou mesmo tratar disto, nas próximas férias, asap. Não tratei.
Foi hoje. Porque já dá para fazer online. Na internet!, essa invenção recente. Finalmente já é possível logar no IMTT com o NIF e respectiva senha, e pedir a prostituta da alteração da meretriz da morada, e pedir para emitir uma rameira de uma carta toda linda, modernaça, naquele modelo que já vigora aí há uma década e picos. Tchinapai. Custava muito, custava?

(agora só me faltava ser fiscalizada neste ínterim, mas vamos acreditar na sorte)

10 comentários:

  1. <3

    Pois que há uns dois anos decidi mudar a morada da carta e quando, inocente, cheguei às 9 da manhã ali ao balcão perto do saldanha, ia chorando. A fila dava a volta ao quarteirão. (na altura o online existia mas estava off, sem explicação)

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    1. Vi nas notícias que já era possível, e hoje decidi experimentar. Na verdade actualizei os meus dados, e pedi uma substituição da carta por mau estado, visto que não admitia outras possibilidades, mas considero o meu dever cumprido.

      Nunca tive coragem de ir para a fila da DGV ou IMTT...

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  2. Pareceu-me ouvir que apartir de Janeiro já não é relevante a morad na carta de condução, será que alucinei? É que a minha morada também já mudou umas vezes, até para além fronteiras.

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    1. Ah, Goldfish, 'tá mal! Agora que eu estou légau mudam as regras? Feios. Bom, ficam a saber onde moro, caso queiram mandar um postal de boas festas, feliz aniversário, ou uma multinha (bate na madeira)

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  3. Eu se calhar já fazia a mesma coisa, não é que tenha mudado de casa mas a casa mudou de nome, ou melhor, a rua mudou de nome (coisa que muito me aflige porque os "sinhores" que a baptizaram não sabem que o Sofia da Sophia poetisa se escreve com ph e que os nomes não se mudam- e sim, já fiz queixa mas olharam para mim com aquele ar de "acha que vamos mudar o nome à rua por causa disso???? olha-me esta palerma"), a casa mudou de lote para nº e subitamente parece que está desactualizada. Não está, mas parece.

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    1. Patrícia, fun fact: a morada dos meus pais que lá constava ainda era com a denominação do local e loteamento, sendo que já foi atribuído nome de rua e número de porta há c'anos :D

      E estou contigo: Sophia não é Sofia.

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  4. Acabei de ler a descrição da minha pessoa :D
    E também já me estou a convencer que desta é que é!

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    1. Procrastinadoras de todo o mundo, uni-vos! Quando? Um dia destes! :D Agora é fácil, é o que vale. Tenho só de pagar a guia de 27 euritos e pronto.

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  5. Eu também andei a adiar durante 5 anos... Depois regressei à morada antiga e agradeci à minha preguiça não ter gasto tempo e €€€ em vão. Mas acho que pelo meio esgotei os meus olhares de bambi nas várias vezes que fui mandada parar.
    Ele há coisas tão simples que me faz comichão como é que só agora são colocadas em prática. Vá lá, parece que a Via Verde também acordou para a vida e simplificou os procedimentos online e via telefone.

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    1. A ADSE também era uma parvoeira, mas agora já cruzam com o NIF e senha. Caramba, têm mesmo de simplificar, as pessoas têm lá tempo para filas

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