sexta-feira, 4 de dezembro de 2015
There is a light
Olá, eu sou a Izzie, e não leio desde Setembro. Bom, ler, leio. Melhor dizendo, não leio nada novo desde Setembro. Acabei Agosto (e as férias) com a Viagem ao Fim da Noite a Meio e assim ficou. Até hoje. Sentadinha, para não se cansar. Não voltei a abri-lo, nem violei mais nenhuma página virgem. Como ler é um hábito, para não dizer vício adição, vou lendo letras já usadas, já moldadas, que não me causam bolhas. Novo, só notícias. E poucas, parcimoniosamente pesadas e consumidas. Voltei ao conforto aconchegante da titi Agatha, os cinco de Tommy e Tuppence, para encher, para disfarçar a sensação de vazio. Comecei pelo fim, Postern of Fate, e segui a ordem inversa. Fiz batota no penúltimo, atalhei para o meu favorito da série, e passei o Secret Adversary à frente do Partners in Crime. Estou a acabar este. Comecei-o seguramente há mais de um mês. O ritmo lento, arrastadíssimo, tem sido ditado pela abertura da pestana, que só se tem mantido por página e meia, duas páginas. Depois colapso. Presumo que este fim de semana se acabe. E depois? Nada. Vejo as lombadas perfiladinhas, inteiras, por quebrar. Tenho-as na mesma ordem de Julho, à beira da cama, intocadas. Já me habituei à sua imobilidade muda. Como também me habituei ao monte sobre a secretária, regressado de férias e ali colocado, e abandonado. O burburinho das histórias por conhecer deu lugar ao silêncio resignado. Se me incomoda?, já incomodou mais. A suave inquietação desta incapacidade deu lugar à apatia modorrenta. Olá, eu sou a Izzie, e não leio nada novo desde Setembro.
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Gosto tanto de reler livros. Ler livros "novos" é claramente sobrevalorizado. Podemos ler 10 livros novos e isso não valer uma releitura de algo que nos conforta.
ResponderEliminarUm dia passo um ano só a reler livros (como terapia do vício de comprar livros - esse sim problemático, que o de ler não faz mal a nada).
Boas leituras, Izzie
Patrícia, eu releio sem problemas e sem trauma: quando era miúda o dinheiro não dava para uma família de classe média comprar tudo o que eu desejava devorar, e lá no subúrbio não havia biblioteca pública. Só tinha a biblioteca da escola (pobrezinha...) e a do Instituto Britânico (a caverna dos ladrões de Ali Babé). Acho que li O Conde de Monte Cristo umas 3 vezes. E desde os 15 anos que já repeti vários Sherlock e da titi Agatha, então, já os li (todos, no Britânico e agora tenho-os) mais que duas vezes, cada.
EliminarMas estar há tanto tempo sem energia para encetar algo novo chateia-me. Chateia-me a apatia subjacente. Não sei quando e se me dará o click.
acho maravilhoso que alguém consiga reler. há poucos livros que consigo suportar reler sabendo como acaba. eu tenho imensos livros novos por ler, mas sem tempo..
ResponderEliminarFuschia, como já disse ali acima, eu gosto de reler, mas volto sempre aos mesmos portos seguros. Por alguma razão sei tantas "deixas" da Mafalda, Asterix, Tintin e Calvin&Hobbes de cor :P
EliminarAndo a comprar os Vampiros Gigantes que me faltavam e a reler tudinho.
ResponderEliminarÉ tão fixe... mas não dispenso os originais, que comecei a comprar devagarinho nos meus tempos de universitária tesa, e acabei a colecção já numa ida a Londres no século XXI.
EliminarEu então fico cheia de sentimentos de culpa quando releio. :(
ResponderEliminarComeço a pensar: "sua burra, já não vais ter tempo na vida para leres tudo o que queres e ainda por cima vais repetir leituras?"
Mas depois não resisto. Tenho aqui à minha beira um Astérix velhinho, velhinho. Quem é que consegue repelir os corsos?
Não me sinto culpada, mas sinto-me burra. Porque preciso de histórias novas, preciso de criatividade, de excitar as meninges. Mas ultimamente tenho o copo demasiado cheio, e acho que não cabe mais nada. É isso sim, aborrece-me.
Eliminar(Há, cuidado com os corsos: são muito susceptíveis)
*ah. Maldito seja o corrector.
EliminarÉ mesmo isso que gostamos neles... :D
Eliminar<3 Asterix ;)
EliminarEu ando a reler HP em alemão, aos pouquinhos, e não me sinto nem um niquinho culpada. É precisamente por os ter relido vezes sem conta que agora me servem de bengala tão boa para aprender uma língua nova :) E há um conforto em termos a certeza à partida que seremos felizes lendo aquele livro de uma ponta à outra. Já não tenho peso nenhum na consciência em abandonar um livro que me esteja a aborrecer, o que dantes acontecia muito.
ResponderEliminarMas entendo o que dizes sobre o marasmo que isto cria.
É uma excelente aplicação para o "reler", aprender uma língua diferente.
EliminarVerdade que não tenho problemas em deixar um livro maçador a meio, mas atenção, a Viagem é tudo menos maçador. É das coisas mais brilhantes que já li, mas também das mais pesadas. O fim da noite mora fundo, cá dentro, não é um passeio para todos os dias.