terça-feira, 22 de dezembro de 2015
Que seja um bom Natal, para todos nós
E ainda não chegámos às vésperas e já temos um belo, belo presente no sapatinho: um banco! Novinho! Pronto, usado mas estimado! Pronto, nem por isso estimado, mas não sejam esquisitos. Espero que tenham pedido talão de troca, que eu cá, bancos, nhéc. Se é para ficar com um negócio falido, prefiro uma loja de chocolates. E acreditem, na minha mão uma loja de chocolates ia à falência: hoje há stock, amanhã não. Hã, não há talão? Então, mas eu vi um papelucho colado à caixa e... quê, é a conta? Ai o presente não é para mim? Havia uma cena tipo amigo secreto da banca e toca quanto a cada um? Epá, aqui não tenho, posso ficar a dever? Tipo, continuam a ficar-me com parte dum subsídio e mais uns xis por cento do ordenado, vale? Então não vale. Que faria se não valesse. E nem um piu de queixumes, que provavelmente ia gastar tudo em porcarias, como o empréstimo da casa, supermercado e tal. Mais vale ficar com quem realmente sabe o que fazer ao dinheiro, e impulsiona a economia e tal. Já agora, continua-se também a cortar naqueles despesismos desnecessários, aqueles luxos supérfluos, que o dinheiro não nasce nas árvores, ora, e não chega para tudo. Os velhos que peçam esmola à porta da igreja; os desempregados que arrumem carros e colectem latas; os putos que se façam uns empreendedores e aprendam sozinhos, em casa, a ler legendas e fazer contas às montras d'O Preço Certo; os doentes que tomassem melhor cuidado, se agasalhassem e não andassem a respirar escapes; e o cidadão comum, ora, o cidadão comum, que se desabitue de luxos que somos um país pobre, e se menos comer menos engorda e não dá despesa com castróis altos e corações falhos, não podemos continuar a viver acima das nossas possibilidades. E tudo isto vale a pena, claro que vale! Juntos, sacrificadinhos, pobrezinhos mas honrados, pagaremos o que devemos, capital, juros e correcção monetária, faremos um brilharete lá fora e, cá dentro, poderemos levantar a cabeça de orgulho, porque este é um país onde nunca!, jamais!, teremos de encarar o opróbrio de ver um banqueiro, um CEO, um CFO ou um presidente de conselho de administração a cear paloco, com meia batatinha, ovo não que faz mal, uma folhinha de couve, tudo regado com azeite cortado a óleo, em vésperas de tão importante efeméride.
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Pois está claro que sim. Atão não se está a ver que são esses CEO’s que colocam o carcanhol a circular (daqui para fora) e por isso temos de fazer tudo para os ajudar. Se não, como é que depois podem justificar mais medidas de austeridade e ai os mercados e as taxas de juro, e vender as empresas nacionais ao desbarato? Nã, nã, nã. Uma vez que somos cada vez mais governados por estrangeiros, e que de nosso temos cada vez menos, obriga a nossa boa educação a encher-lhes a mula, mesmo que passemos fome depois. Afinal são visitas e nós somos pobres mas educados.
ResponderEliminarTenho de concordar com o Nilton: vivemos claramente acima das nossas possibilidades. Ainda nem pagámos o BPN e o BES e já nos endividámos com o Banif. E já estamos de olho no Montepio, acrescentaria eu.
Não me fales dos mercados. Tenho muito respeitinho -e medo! - aos mercados. Se pudesse escolher entre uma invasão de zombies ou de mercados, venham os zombies, que ao menos só nos querem comer o cérebro.
Eliminar(nem me fales no montepio, que começo a ficar doente. tenho lá quase tudo, mas felizmente só à ordem e a prazo, nada de investimentos malucos que o guito me custou muito a ganhar. mas, e aqui está o grande mas, tenho uns produtos de poupança que não sei se estão cobertos pelo fundo de depósitos. são aqueles em que a gente paga uns vinte e poucos euros por mês, durante uns anos, e depois recebemos um tutu valente. tenho dois em meu nome, já há anos, e outros em nome dos sobrinhos, estes até aos 18 anitos deles - e ainda falta algum tempo. fonix, já devo ter lá acumulada uma nota preta, se mo tiram fico piursa.)
Eu talvez te possa ajudar (de forma genérica), mas teria de saber mais dados. Se quiseres envia-me um email com o tipo de produto e eu posso tentar indagar. Mas o melhor será contactares a agência.
EliminarBoa ideia, vou à agência. É que mesmo que me pudesses ajudar eu não sei bem como se chama o produto. O que sei é que me explicaram que era uma cena com reembolso de capital e juros acumulados numa determinada data, já fixada, e acho que garantiam um rendimento certo, e poderia ter incrementos consoante cenas. Fonix, o montepio sempre teve estes produtos, aliás, era este tipo de produtos d epoupança que me aliciou para o montepio.
EliminarIsto está de tal forma que o melhor mesmo é gastar tudo (vá, quase tudo, não sejamos extremistas) e curtir a vida o mais possível.
ResponderEliminar(é que já nem tenho palavrões para dizer, os do costume já estão gastos...)
Patrícia, minha querida, uma sugestão de actividade natalícia. Abordas um pobrezinho, ou um sem-abrigo a dormir ao relento, e explicas-lhe: "se fosses um banco não estavas neste estado." Para que eles saibam que a culpa é deles, tivessem tomado outras decisões na vida e também teriam direito a uma oportunidade na vida.
EliminarJuro, estou puta da vida.