quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Midlife crisis

Adoro, que adoro, aquelas pessoas que sentem uma irresistível necessidade de nos enumerar chiquérrimos bens que possuem e respectivo - e altíssimo - preço.


[como se eu, que até visto na zara, e sou alegre proprietária de um rodinhas usado - e sem vergonha nenhuma, anote-se - precisasse de um reminder do meu médio-classismo financeiro. nope, não me sinto minimamente inferiorizada, you lose.]

26 comentários:

  1. Também não aturo complexos de superioridade...nem de inferioridade.

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    1. Há pessoas que acham mesmo que vamos ficar muito impressionadas com a sua abastança, só que não. Tédio.

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  2. eu sou médio-classicismo e já acho que morar num T2 onde não tropeço em cada móvel é para lá de espectacular. bem se calhar sorte foi ter tido pouco e ter vindo sempre a subir, as minhas expectativas já eram muito baixas :P

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    1. Sinceramente, não me importava de t€r mais (quem é que não se importava), mas vivo lindamente, não há nada de verdadeiramente importante que me falte (talvez tempo), e nunca pensei que um dia pudesse viver assim descansada. Mas há pessoas que acham ser dignas de inveja, pronto, é dar-lhes um desconto (esta pessoa só me suscitou dó e algum riso interior, que figura, jasus).

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    2. eu não sei se queria mais €, queria de certeza era ter mais tempo e o mesmo dinheiro, talvez aí tivesse mais paz de espírito.

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    3. Entre tempo e dinheiro, definitivamente tempo. Mas muito dinheiro pode comprar tempo - se uma pessoa não passar o tempo a ganhar mais, mas pronto, eu ficava bem a viver de juros, não sou muito ambiciosa :P

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  3. "O Tempo Vale muito mais que o Dinheiro", já dizia o MEC.
    Rezava assim:
    Perder tempo não é como gastar dinheiro. Se o tempo fosse dinheiro, o dinheiro seria tempo.
    Não é. O tempo vale muito mais do que o dinheiro. Quando morremos, acaba-se o tempo que tivemos. Quando morremos, o que mais subsiste e insiste é a quantidade de coisas que continuam a existir, apesar de nós.
    O nosso tempo de vida é a nossa única fortuna. Temos o tempo que temos. Depois de ter acabado o nosso tempo, não conseguimos comprar mais. Quando morreu o meu pai, foi-se com ele todo o tempo que ele tinha para passar connosco. As coisas dele ficaram para trás. Sobreviveram. Eram objectos. Alguns tinham valor por fazer lembrar o tempo que passaram com ele - a régua de arquitecto naval, os relógios - quando ele tinha tempo.
    As pessoas dizem «time is money» para apressar quem trabalha. A única maneira de comprar tempo é de precisar de menos dinheiro para viver, para poder passar menos tempo a ganhá-lo. E ficar com mais tempo para trabalhar no que dá mais gosto e para ter o luxo indispensável de poder perder tempo, a fazer ninharias e a ser-se indolente.
    A ideologia dominante de aproveitar bem o tempo impede-nos de perder esses tempos. Quando penso no meu pai, todas as minhas saudades são de momentos que perdi com ele. Uma noite, numa cabana no Canadá, confessou-me que o único filme de que gostava era «Um Peixe Chamado Wanda». Todos os outros eram uma perda de tempo. Perdemos a noite inteira a falarmos e a rirmo-nos disso. Ainda hoje tem graça.

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    1. E é verdade. Absolutamente verdade :)

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    2. Não posso concordar mais! É nisso que penso quando olho para a minha vida neste momento. Tenho muito menos dinheiro que tinha há uns anos atrás, mas muito mais tempo. Tempo para mim. Tempo para os meus. Tempo para passar com o meu filho, que não teria se estivesse no mesmo ram-ram de há uns anos atrás. Mas claro que continuo a precisar de dinheiro. Mas também é verdade que preciso cada vez menos de dinheiro, porque aboli uma série de gastos que, vistas bem as coisas, não me faziam falta. Posso viver bem sem eles. E eu parte de mim sente-se muito serena por estar a educar o meu filho no meio da simplicidade. Não há abundância de bens materiais, brinquedos ou roupas, mas existe tempo para brincar com ele e reinventar mil e uma formas de brincar com os mesmos brinquedos de sempre. E fico feliz quando lhe pergunto o que quer fazer e ele me responde: vamos apanhar pedras e folhas secas para fazer um castelo e uma floresta de dragões e dinossauros!

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    3. OMG, tu deixas a tua criança brincar com coisas que apanha do chão? Cheias de micróbios? E sei lá que mais? Bem hajas :') Faz-lhes tanta faltinha, andar na rua e apanhar cenas, mexer na terra, esfolar joelhos. E sim, tempo é oq ue muitas famílias precisam. Outro dia lia uma cena onde se dizia que os portugueses são dos que passam mais horas a trabalhar e menos ganham. Triste.

      (mas sossega-me: ao menos anda vestido como deve ser? de calção de fazenda aos quadrados, camisa branca, meia até ao joelho?)

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    4. Quais calções de fazenda?! Calças com joelheiras para esconder os remendos, pois está claro! Tem 5 pares de calças e cinco camisolas. Uma por cada dia da semana e ao fim de semana enquanto essa roupa está a lavar/secar, anda de pijama, porque como não temos dinheiro, não saimos de casa, obviamente. :)))

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    5. Estava a gozar contigo, pá! Eu cá acho que os crianços devem andar confortáveis, e adequados à temperatura. Mai'nada. Cá vaidades, eles precisam de andar à vontade. Usei muita joelheira ;)

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    6. lol
      Eu sei que estavas!!
      Estava a ironizar, considerando o post inicial. Tenho uns "amigos" parecidos com as pessoas que retrataste no post inicial e quando a coisa descamba para aí, eu normalmente saio-me com umas parecidas com isso que escrevi. Remédio santo.
      As joelheiras rulam aqui em casa (true story) ou não tivesse eu um mafarrico recolector agarrado à corrente electrica :)))

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  4. É um hábito péssimo esse.
    E mais, nalguns casos, em boa verdade, em querendo eu até podia comprar aquela peça ou ter aquele carro...só que prefiro canalizar o meu dinheiro (que podia ser bem mais, é certo) p outras coisas. Viagens por exemplo. Livros, concertos, teatro...
    Ricos na carteira (alguns) mas pobres no espírito...

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    1. Me, tal e qual. No caso de que falo eu não teria dinheiro para gastar como o personagem gastou. Mas não me sinto menos por isso, nem por sombras. Felizmente não me falta nada de importante, e em me sobrando, prefiro, sem sombra de dúvida, canalizar para outras coisas que me importam muito mais. Não ando é a chatear ninguém com a minha conta corrente, porque acho falta de educação, né ;)

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  5. Então eu (que até quero vender o meu iphone última geração) sou mesmo muito de ligar a isso.

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    1. Grunho, eu ligo zero. Até porque como esta pessoa me comprovou, o dinheiro não compra maneiras. Ou bom gosto :D

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  6. Gostei tanto, tanto, tanto desta caixa de comentários. Estou aqui consoladinha. :)

    (E apetecia-me ir brincar com o filho da Anna Blue: há que tempos que não faço um castelo com pedras).

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    1. MC, um sincero :). Como criança que brincou muitas vezes a fazer bolinhos de lama, esfolou joelhos, coleccionava folhas que apanhava nos caminhos, acho que o filho da Anna Blue está muito bem orientado nas suas prioridades.

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  7. O tempo é dinheiro é uma expressão de teoria económica. Exactamente como ele a descreve... O salário oferece-te o rácio de equilíbrio entre o tempo de trabalho e de lazer: se trabalhas mais é porque valorizas mais o trabalho que o tempo livre que tens. É um modelo muito simplificado da realidade mas até hoje ainda não refutado (milhões de alterações claro)

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  8. Quanto ao post acho que já tinha dito que tais pessoas que gabam isto ou aquilo seu parecem ter algum complexo com o tema em questão.

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    1. Aenima, eu acho-os uns parvalhões de primeira, mas pronto.
      E claro que, economicamente, tempo é dinheiro. Eu só lamento é que oito horas por dia não cheguem para muitos terem uma vida decente. É que se trabalhar mais fosse só uma opção, e não necessidade, estaríamos bem.

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  9. Neste momento estou um bocadinho traumatizada que o meu carro entrou em coma e percebi que ter 2 carros na família é uma necessidade e não um luxo: eu e o meu moço ficámos sem tempo nenhum para nós e durante as semanas só com um carro enjoámos frango assado e torradas (o frango era para os dias em que chegávamos a tempo da churrasqueira da esquina estar aberta).

    Fora de brincadeira: compreendo-te perfeitamente. Vivo bem, sinceramente não preciso de mais nada (era bom ter a conta mais recheada? era pois, é sempre) mas tempo é coisa que dava jeito. Ando sempre a correr e tenho mau feitio quando não tenho tempo para mim (e não estou a falar de ir para as comprar, estou mesmo a falar de passar umas horas a ler um livro ou a dormitar/ouvir música deitada no sofá em frente à lareira).
    Mas às vezes tenho a sensação que me falta disciplina para aproveitar o tempo que tenho. Preciso de aprender a dizer "não" (coisa que faço tão bem no trabalho e não mal na vida real) e de desligar o telemóvel (tira-me horas de vida)...
    Bjs

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    1. Dica para um casamento sem tempo feliz: uma tosteira, mas daquelas que são razoaveizinhas e fazem alguma pressão sem se partir. Já safámos muito stress culinário com a nossa (sim, quem chega às oito e picos tem lá pachorra para se por a cozinhar, mesmo que se tenha feito um pacto de comer melhor).

      Já isso de desligar o telemóvel, podia dar workshops. Já me esqueci dele no silêncio dias, não tenho problemas nenhuns em não atender, e por aí fora. Mas tenho aquele luxo de o meu trabalho não se fazer mediante tele-bullying, mas marcação homem-a-homem e pessoal. E há dias em que me posso dar ao luxo de fazer um truque e desaparecer, mas nem sempre...

      Tempo para ronha devia ter consagração constitucional.

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  10. E ter putos (2ª classe...) a dizer "Eu tenho uma casa muita grande no Algarve!", outro: "A minha tem piscina!", outro ainda remata: "E eu tenho 3 casas no Algarve! Com piscina!" "Três?" pergunta um. "Sim, a dos meus pais, a da avó X e a do avô Y!" Quando forem adultos não quero pensar.

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    1. Pois. A criançada tende a ser gabarola, se não lhes cortam o ímpeto, lá vão eles. A minha mãezinha era muito calvinista, nisso, e reprovava seriamente a gabarolice, achava má educação. Mas há quem ache muita gracinha e pior, até lhes faça as vontadinhas de consumo, enfim, eles os fizeram, que os aturem ;)

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