sábado, 28 de novembro de 2015

Exterminate! Exterminate!

Ouvido ao almoço, numa mesa ao lado: "E a ministra da justiça, que é preta?"

Tanta bala perdida. Tanta.

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Hay gobierno? Soy contra.

Não sei se Freud explicaria, mas gostava que alguém o fizesse, que caneco de mania de grandezas é esta de se achar que para governar este piqueno e rústico retalho de chita, este ledo e nem por isso florido quintalinho, é preciso tanto ministro, e tanto secretário de Estado. Caneco, pá, um gajo ainda não tem idade para ter um piquinho de alzheimer e já não consegue recordar tanto cargo.

Lá a ver: há assim tanta produção agrícola, tanta cana de pesca e traineira, que seja preciso um ministro para cada um? E, já agora, onde fica a criação de galinhas, hein? E a suinicultura? Ninguém pensa nos bacorinhos? Acho mal. Mandasse eu e num só ministério agrupava-se a agropecuária, mar e pescas, e ambiente. Yup. Porque no ambiente cabe a cena das florestas e coiso, pelo que é mais o que os liga que o que os afasta. E depois, para compor o ramalhete, três secretários de estado, um para cada pasta, e já gozas. Ah, é muita coisa? Trabalhem, ora, que é para isso que vos pagam, tendes staff que nunca mais acaba, máquinas de café e até secretárias que podem ligar para a telepiza. A gente aqui nas trincheiras não tem nada disso, beberetes nem vê-los, e lá se vai dando conta do recado. A ver se aprendeis o que é fazer o trabalho de dois.

Outra: Ministério da Educação, Ciência, e Cultura. Sim, tudo em um. A menos que a função dos ministros seja andar em festarolas e inaugurações, um dá conta do recado, e depois é aviar o resto em secretários de estado (da educação, da ciência e ensino superior, da cultura) e respectivo staff. Feito, adjudicado, não me forniquem.

Também não entendo a cena de autonomizar um ministério do planeamento e infraestruturas. Sério? A sério? Isso, mais a coisa da tecnologia, não devia estar no ministério da economia? Não diz tudo respeito ao desenvolvimento/investimento e lá-lá-lá? Isso.

E pronto. Ah, mas tu não eras toda iu-huuu, governo de esquerda? Pois sou, mas não hipotequei a capacidade de pensar, nos entretantos. Eu sei que o pessoal das direitas, habituado a dizer amén a medidas como rezar por chuva e similares, não encaixou ainda, mas é isto, a democracia. Discordar, debater, e ainda assim arranjar um compromisso. O facto de eu achar que dividir em tanto ministério o governo deste triste baldio estéril e salobro é um bocado incompetente, não me impede de, ainda assim, conceder o devido período de estado de graça. Mas vou refilando, ai isso vou. Má sorte ser esganiçada.

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Oh happy day

A cabeça finalmente mais leve.
Um dia de trabalho que se previa horrendo a tornar-se levezinho.
Os botins que andava a namorar há dois meses com 30% de desconto.
Com tanta bonança, tanta bem-aventurança, acalento até a secreta esperança de um dia conseguir entender quem menoriza um partido porque as dirigentes são "gajas boas" (embora esganiçadas, credo, jasus, melheres com opiniões, e a dizê-las, onde é que isto vai parar), mas também tem uma palavrinha de desdém por um grupo parlamentar / governo onde há representantes do sexo feminino que não são modelas, uma delas até, ahém, hum, uns tons mais escura que o Obama (deve ser para agradar lá às esganiçadas, só pode) um (por acaso excelente) ex-autarca de linhagem étnica nãoseiquê (jesusmariajosé, Etelvina, guarda as pratas!) e uma senhora que não vê (credo, vai-me derrubar os limoges todos lá do ministério, a marota).

Ah, Thanksgiving, indeed. Demos graças, enchamos o bandulho, e depois saqueemos os nativos. Devia iniciar-se esta tradição por cá. Oh, wait...

terça-feira, 24 de novembro de 2015

A Little Princess

Hoje acordei em modo Sara Crewe, convicta que sou, de facto, uma princesa, não porque daddy told me so, mas porque estou doentinha e, apesar de ser coisa que acontece raramente, quando acontece toma proporções de catástrofe, não pela gravidade da doença, mas pela insuportabilidade do feitio da enferma, que não está bem na caminha porque grão de ervilha, ai, ai, ai, dói-me aqui; não está bem a pé porque não-sei-quê e agora dói-me acoli, não está bem sentada porque tem frio e se sente sojiiiiinha, chuif. Percebe-se porque não adoeço muito, não é derivado de um sistema imunitário upa-upa, é porque o universo em geral e seres vivos em particular (um felino, um humano) que partilham espaço comigo não podem, não aguentam, não têm de. A sério. Princípio de Arquimedes, aplicado a mau-feitio: não podem ocupar o mesmo espaço, ou há intolerável fita minha, ou há universo. Se se der um cataclismo e esta cena implodir toda foi porque me deu uma (mais uma) monumental birra, causada pela ausência de mufadinhas na posição certa (estou toda empunadiiiiinha, buáááá), chá na temperatura desejada (ind'agora o fiz e já 'tá fiiiiio, chuif), ou outra coisa qualquer (dói gagaaanta e sinto-me fráááááágil, snif).
Pronto. É só isto.


(mas estou a trabalhar, que isto de ir de madrugada para a fila do centro de saúde é bom para bâlhas que têm, ao que parece, saúde para isso. e eu só posso faltar com justificação do sns ou adse, sendo que médico adse mais próximo é longe pa caneco, e do sns até é pertinho, mas é constantemente vítima de hostile takeovers pelas bâlhas da freguesia. juro. mal abre o centro já não há senhas para urgências. havia de haver centros de saúde só para bâlhas. nem era preciso médicos ou enfermeiros: bastava um écrã interactivo, que fosse respondendo às queixas com ahãs, ai, coitada, a senhora é um Cristo, todos temos a nossa cruz, essa sua nora, realmente. e passasse umas receitas novas. até podiam ser os mesmos princípios activos, mas com outros nomes; os bâlhos não confiam em quem não passe muita coisa, e nova. porque eles têm problemas novos toooodos os dias. e terríveis. mas que não os impedem de às sete já estarem à porta do puta do centro de saúde.)

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Midlife crisis

Adoro, que adoro, aquelas pessoas que sentem uma irresistível necessidade de nos enumerar chiquérrimos bens que possuem e respectivo - e altíssimo - preço.


[como se eu, que até visto na zara, e sou alegre proprietária de um rodinhas usado - e sem vergonha nenhuma, anote-se - precisasse de um reminder do meu médio-classismo financeiro. nope, não me sinto minimamente inferiorizada, you lose.]

terça-feira, 17 de novembro de 2015

The only thing we have to fear is fear itself

Recordo-me daquele dia seguinte ao atentado de Atocha, em que estaquei no topo das escadas do metro, na minha cidade. Lembro-me também daquele momento em que senti o início de um ataque de pânico, no apinhado elevador monta-cargas da estação de metro londrino, na minha primeira ida após os atentados: um metro à minha frente, um sujeito de cabeça coberta por um hoodie, mãos castanhas a segurar as alças de uma mochila que carregava às costas. Sim, estaquei um momento mas entrei no metro. Sim, irracionalmente subiu por mim acima uma inquietude, uma falta de ar, mas chamei-me estúpida muitas vezes, acalmei, e cheguei já calma à plataforma da linha piccadilly. Senti medo, dominei o medo, e segui com a minha vida. Tive muita vergonha de ter quase sucumbido ao medo. Principalmente na segunda ocasião, em que tive medo de uma pessoa em concreto, uma pessoa que não conhecia, mas cuja imagem correspondia a um estereotipo. Estava um dia de chuva molha tolos, que facilmente explicaria o capuz na cabeça; era jovem, se calhar a caminho do trabalho ou da escola, o que explicaria a mochila; tinha pele escura, como milhares de habitantes daquela cidade. Mas a conjugação destes factores desencadeou em mim uma resposta de medo, físico, atroz, puro. Senti-me mil vezes estúpida. Eu própria um estereotipo. A (potencial) vítima, acossada, sequestrada pelo terror. Não pode ser. Não pode. Nunca mais aconteceu. Não deixo que aconteça.

Na sexta feira senti, principalmente, tristeza. Muita tristeza. Por cada vida que se extinguiu prematuramente às mãos de gente cujas motivações não consigo entender e me recuso a entender. Mas é preciso fazer um esforço. Há, pelo menos, que tentar entender o que querem causar com estas acções, e fazer exactamente o contrário. Querem-nos aterrorizados, fechados em quatro paredes, com medo de fazer uma vida normal, apanhar um transporte para o trabalho, ir tomar um café, ouvir uma banda, viver com a despreocupação e leveza das pessoas normais? Respondamos "não". Querem fazer-nos crer que está em curso uma guerra civilizacional, em que somos nós contra eles, que temos de pegar em armas para sobreviver, que há que retaliar, e com as mesmas armas, a mesma violência, antes que eles nos exterminem? Gritemos "não". Querem despertar-nos o ódio pelo outro, pelo diferente, pelo estrangeiro? Mais um "não". Querem que tranquemos as portas a todos os que, também em desespero, nos procuram como abrigo? Simplesmente: não. Querem-nos despir da alegria, ver-nos sucumbir ao medo irracional, recusar o abraço, a empatia, a humanidade? Definitivamente, "não". Não ao ódio, à vingança, à desconfiança. Não, não serei refém voluntária desta gente. Não, mil vezes não. E não me tornarei o reflexo deles, mil vezes não.

E, no meio dos relatos de horror, há algo que sobressai e sobreviverá: a solidariedade de gente anónima, o apoio de pessoas que abraçaram, consolaram, salvaram até outras pessoas. Aí sim, está a resposta. Tantos exemplos.
Quanto aos outros, repito e subscrevo John Oliver: fuck these assholes. Aqui.


sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Rage, rage against the dying of the light

Vinha dizer coisas mas entretanto varreram-se-me as tais das coisas, na verdade nem era bem dizer coisas, era encher chouriços, encanar a perna à rã, dar uma de produtividade bloguítica, mas varreu-se-me a vontade, que a verdade é que não posso com uma gata pelo rabo, tenho apenas a energia suficiente para abrir a caixa de mon chéri quando chegar a casa e, finalmente, assentar rotundo traseiro em superfície almofadada, e tenho de a guardar bem, a energia, que esse momento não se anuncia próximo, antes ainda há umas cenas para fazer, tem sido a constante da semana, toooodos os dias a despertar ainda de noite, toooodos os dias a sair ainda não badalaram as oito, toooodos os dias a chegar depois das oito, mas da noite, e ali um dia já rés vés as onze, outro as dez, e hoje sei lá, mai'logo falamos; os motivos?, pois nem todos são maus, pontas soltas e coisas minhas que só a mim interessam, não é trabalho mas cansa à mesma, e já nem me lembrava da quantidade pornográfica de gasolina que se gasta em se transportando cinco dias casa-trabalho em viatura motorizada, mais voltas extra, chiça, haja reposição de salários, para a semana acabou-se e volta o motorista privado, fardado, que é de todos nós, e se lenin quiser, não será privatizado, essa é outra, tenho acumulado muitas irritações nestes últimos tempos, mas, vide supra, não posso com uma felina pela extensão posterior da coluna vertebral, e o cansaço tem um efeito milagreiro sobre a nervoseira ideológica, e um gajo nem consegue sequer alinhavar dois bem merecidos palavrões merecidamente dirigidos a qualquer misógino que eu não queria nem dado, assado no forno com batatinhas e cortado às fatias, ou embrulhado em papel prateado, e esta é só uma, a que me recorda assim de repente, as outras são mais complexas e precisariam de outros pares de palavrões, e agora não podemos, derivado daquilo de estar cansada e não poder com, já sabem o resto, e pronto, é tudo, assim de repente, vão para dentro que de noite já refresca, aqui na arca frigorífica onde ganho o pão refresca todo o santo dia, pés gelados, adiante, bom descanso, daqui a umas horinhas eu também, beijinhos a quem é de beijinhos e abraços a quem é de abraços e, ah, não se sintam esquecidos, piretes a quem é de piretes.



 

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Ai a loiça!

Espero que tenham reforçado o stock de sais de frutos do Palácio de Belém.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Dreaming of a White Christmas



(lá a ver se o Tarantino se encontrou, outra vez. pena é já não haver telas para projectar isto, mas o grande teimoso não se deixou demover por isso)


And a Happy New Year


(pronto, já tenho uma deadline para ler a série. a mesma pessoa que me recomendou Sandman jura por ela, é boa recomendação.)


(Ah, o James Bond, o Spectre? deixem lá isso. aiaiaiai.)

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Stupid is who stupid does

Aquele momento em que clicas num link, e dás com um texto onde, em apenas dois parágrafos, encontras expressões como "velha pureza da fraternidade masculina", "uma certa agenda gay", "revisionismo gay", e "recalcamento gay". E, antes de clicar para continuar a ler o texto, te lembras da saudade que não tens de fortes crises de azia.

(pá, empalhem o gajo e enfiem-no num museu de história natural, pelamordedeuz)

A child of five would understand this. Send someone to fetch a child of five.








quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Chapéus há muitos

Razão têm os existencialistas, com aquilo da angústia da escolha.





(o que vale é que os porkpie me ficam muito mal, menos uma angustiazinha. mas a boina, oh, a boina. e o trilby. tudo daqui.)

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Yeah, well, you know, that's just, like, your opinion, man.

Gilmore Girls (os sacanas dos dealers da zóne já me viciaram no play. vou pagar, está visto). Vera já acabou (oohhhh), mas há Lewis. (yay!, os ingleses são mesmo bons nisto dos policiais. com pathos. resmas de pathos.) Borgen. Estou a apreciar de-va-ga-ri-nho. (faltam-me dois. lágrimas). Homicide. Diz que é uma espécie de precursor de The Wire, (best. series. ever.). Também em Baltimore, e um bocadinho mais que o policial habitual. Muito bom. The Big Lebowski. Ao contrário da corrente, o adorável (hum) vagabundo não é o meu personagem preferido. Não fazer nenhum todo o santo dia, sim senhor, sou capaz de simpatizar, ser um porquicho e viver num chiqueiro, nunca. O Walter, sim, o meu preferido. (com esse feitiozinho de merda, já se estava a ver? olha, shut the fuck up, Donny).  E What We do in the Shadows. Corram, corram que só está no el corte inglés. O problema de ir ao eci é depois um gajo ter de ir ao quarto piso buscar o catálogo de brinquedos (tenho de fazer uma recensão: uma desilusão no capítulo do lego, uma anedota no resto. a sério que há quem compre mini-audi, mini-bmw, mini-range rover para os petizes?). E depois há o perigo de um gajo sair de lá com isto debaixo do braço. Cuidado. quem vos avisa amig@ é. Para a semana há Spectre. (quê? uma feminista de esquerda gosta de 007? yup. shut the fuck up, Donny.)
Ah, diz que foi um fim-de-semana de chuva. Cheers.