quarta-feira, 15 de outubro de 2025

Muito, mas só muito ligeiramente

Chateada.

Nope, ainda não recuperei dos resultados das autárquicas. 

Falando só de Lisboa, pah, se calhar faltam-me estudos, inteligência, sensibilidade, ou todos, mas como é que 41,69% dos eleitores acharam o Tiny Coins uma boa escolha, vivendo cá, é algo que me espanta e, ao mesmo tempo, maravilha. Depois, beijufas, bufas e piretes aos comunistas e o jeitoso de olhos azuis: quiseram ver quanto valiam, já sabem: menos que os arruaceiros cheganos. Tinham-se coligado e (muito provavelmente) levavam a taça, assim, são só os idiotas (ainda por cima) inúteis desta eleição. Burros. Acéfalos. Mentecaptos. E o PS? Olha, ovação sentada, com palminhas lentas, muito passivo-agressivamente. Não pensem bem na vossa vida, não. Os palermas que, mais uma vez, correram a botar-vos a cruz, porque a alternativa é pior, não estão cá para sempre. Me mate foi difícil de convencer, e eu já não me sinto nada crente. Votar em branco dá ainda menos trabalho.

Enfim. Já me passa.

Entretanto, e leram aqui primeiro, já me estou a mentalizar e imunizar para um Passos Coelho presidente. Ah, ó Izzie, ele não quer concorrer [fia-te], e eles já têm o Marquites Mendes [o pequenito faz o que lhe mandam, é a biografia política dele]. 

'Tá bem, então.

Em suma, não tenho sedoxil que chegue, mas se sou da geração que aguentou mais de 20 (25? 30??) anos de Cavaco, aguento tudo. Haja Kompensan, também.

 

sexta-feira, 10 de outubro de 2025

Entretanto, no lado positivo da vida*

 Temos bilhetes para The Divine Comedy e Iron Maiden; pelo meio o espectáculo da Joana Marques, e só não avancei à maluca para Lacuna Coil e Jinjer (este era mais para me mate, que ele adora muito) porque o LAV não tem lugares geriátricos, i.e., sentados. Nunca fui fã, mas me mate contaminou-me com os metais pesados: desde o primeiro - nem calhando, Ozzy Osborne - viciei-me. Não sei se alguém não iniciado acreditará, mas o ambiente é óptimo, tipo, wholesome as fuck. Claro que se uma pessoa vai para muito perto do palco, arrisca um mosh pit (até agora não assisti a nenum), mas, de resto, tranquilo. Cada um na sua e, mais giro, famílias inteiras. Iep, vi putos ali a partir dos oito, alegremente no headbanging, e até um mais pequeno às cavalitas do (presumo que) pai tanto no Ozzy como nos Moonspell, com aqueles fones de protecção, coija mai fofa. E muita, muita miúda nova. Moonspell e Ghost pareciam uma festa de raparigas, e das mais variadas idades; algumas com os pais ou um dos pais, e muitas por lá largadas, no maior à vontade. Em Ghost, a maior surpresa: uma moça perto dos trinta e poucos, vinte e muitos, com uma velhotinha. Mesmo velhota, upa dos sessenta e muitos, bélha sou eu, e da minha idade também havia muitas. Sinceramente, em termos de concertos, são daqueles onde mais segura me senti. Como disse wholesome as fuck. 

*[E valha-nos estas piquenas distrações para nos conseguirmos esquecer que, enquanto a esquerda anda entretida a produzir e encenar pecinhas de teatro em que mimam a jornada do herói mítico, cruzando águas turbulentas e enfrentando tormentas, para salvar o pobre oprimido, o calcado, o que seria dele sem estes virtuosos e bons heróis, o Trumpas conseguiu um acordo de cessar fogo, a promessa de libertação de todos os reféns, e o compromisso (vá, sugeriu-lhes peremptoriamente) que os países árabes da vizinhança vão bancar o prejuízo da reconstrução. Tornando politicamente possível, com a paz, a queda de Netanyahu, que já tarda. E eu estou muito aturdida com esta nova realidade, e no domingo vou fazer o que posso, ainda que só pela minha cidade, embora nenhum dos partidos à esquerda mereça o meu voto, mas a Alexandra é moça do meu curso, e sempre a tive por muito inteligente, competente, determinada, e preciso de ter fé em alguma coisa e em alguém.]

quarta-feira, 1 de outubro de 2025

Feliz de quem tem escolha

A parte boa de trabalhar em casa é que um gajo consegue separar uma roupita para lavar e depois estender, dar um jeito à cozinha, e porque o frigorífico mora cá, sempre dá para se comer o que se tem em casa.

A parte terrível de trabalhar em casa é que um gajo não consegue justificar não separar uma roupita para lavar e depois estender, escusar-se a dar um jeito à cozinha, e porque - raios! - o frigorífico mora cá, acaba a comer o que de pior se tem em casa.