quinta-feira, 16 de novembro de 2023

Coisas que não sabia, e também ainda ninguém me tinha dito, mas algumas já calculava

Ensinar é giro, mas é como andar no arame: não sabemos se estamos a fazer papel de idiota ou um figuraço do caraças; se chegamos ao outro lado ou nos estampamos em grande. De qualquer forma, a experiência já valeu a pena. Diz a pessoa quase a chegar ao outro lado, mas que se calhar ainda cai no vazio. Sensação disso não me falta.

Corrigir trabalhos é cocó. Dá uma trabalheira insana, às tantas questionamos se não estamos a ser umas bestas perfeccionistas sinistras - pausa para auto terapia, analisar se o nosso síndrome de impostor decidiu abrir sucursais e criar trauma ao seu redor -; ou umas fadinhas madrinhas muito tolinhas - pausa para auto análise, tentar entender se estamos de facto a achar que o aluno fez uma coisa upa-upa ou estamos a empolar derivado daquela necessidade de que gostem de nós, nos aprovem, nos amem! Chegar ao meio termo leva sé-cu-los, reler três vezes a mesma coisa, vezes vinte, x páginas, tentar afinar critérios, apontar ao meio, sempre o equilíbrio, e acabar a pensar que fizemos tudo mal, é, ó, terrível. E cansativo, pior quando feito em tempo livre, tenho sono, desejo falecer.

Avaliar é para durões, e pessoas com o tiquinho de psicopatia que me falta; e ele há dias em que não falta muito, mas hoje estou capaz de chorar todas as gotas de sangue no meu corpo por causa que há quem não se reveja na nota e o quaralho, olha, fizessem melhor que eu expliquei melhor, nã estivessem no uátezep, e 13 ou 14 ainda é uma g'anda nota, querem viver embrulhadinhos em plástico de bolhas, força, depois até fazem um barulho giro a cair, ou ir contra esquinas, phodam-se mazé, a vida é dura, não gostam, invistam numa fábrica de colchões.

(tenho um ligeiro feeling que não nasci para isto)  

 

6 comentários:

  1. Espero que os teus alunos dêem valor à prof que lhes calhou, mais não seja ao sentido de humor ☺️

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    1. Não sei se há muito valor para dar, sinceramente :D E quanto ao sentido de humor, bailhamedeuz, os pequenitos (nasceu tudo pós 2000!) entendem zero, ze-ro das minhas referências. Muito frustrante

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  2. Ahahaha... Esta fez-me lembrar um comic strip que costumava ler nos tempos de doutoramento.
    https://m.tapas.io/episode/28637
    Grading: if only you cared a little less

    Cá me parece que nasceste para isso mesmo! Muitos parabéns, ensino não é para fraquinhos.

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    1. Adorei o comic, é taliqual o que senti :D De resto, numa coisa concordamos, ensino não é para fraquinhos (o meu respeito, com franqueza), mas não sei se nasci para isto, Estou a gostar, não sei de vou repetir (é preciso que haja melhor coordenação, enfim, mas quem é que quero enganar, já estou a fazer planos para uma próxima), não sei se tenho jeito, mas é duro e foge, livra, credo

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    2. Melhora com o tempo, deixa de custar tanto dar notas. Depois começa a falar o animo para repetir a mesma treta ano após ano. Eu reinvento as aulas, agora praticamente faço tudo em formato workshop, mudo os exemplos, os métodos de ensino. Não dou muitas aulas felizmente, mas é uma canseira. Precisas de muita energia em alta e nem sempre a tens. Mas parabéns, força, em frente! Se fartar, há bom remédio, paras!!!

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  3. Faltar não é falar. Mas aproveita até lá!

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