quinta-feira, 22 de junho de 2023

A minha vida é feita de não percebendos

Juro que não entendo a fobia tuga ao livro de bolso, e ainda menos em certos géneros literários. A saber, o policial. Queres chafurdar umas alegres horas em homicídio, investigação, e suspense?, só em formato tijolo. E com peso a condizer. Dá cabo das costas, pessoas, palavra de pessoa que deu cabo das costas com (entre outras coisas) o alancar de calhamaços na malinha. 

Já sei que há, porque já vi e já espiolhei, uma editora portuguesa que deita cá para fora diversa produção, em português, e em formato de bolso. Mas não chega. Quero tudo, tudo, em formato de bolso. É maneirinho, em calhando até cabe - a sério! - num bolso. A portabilidade! A conveniência! 

O papel é de pior qualidade, pronto, mas acham mesmo que as gerações futuras vão querer os nossos livros? Nem as bibliotecas querem as minhas generosas (três sacos, vai aumentar estas férias) doações, olhaí. Se a traça comer, bom proveito. Pusessem pastilhas repelentes nas estantes (dica da semana: para um resultado óptimo, duas por prateleira, zero traças, e se mi casa é um habitat perfeito). E o papel branquinho é bem mais pesadinho, aquilo é gramagem de luxo, não se justifica.

A menos que. É uma suspeita que me assalta. Será? Não pode. Queres ver que há quem compre livros para compor estantes, assim em bom? Tipo, eu quero livros de lombada à prova de quebra (fi'os, não há garantias, tenho paperbacks que nem se nota que os li, e outros de formato grande que balhamedeuz), com a altura X, que me faz ali uma estante tooodá linda, toda de pessoa muito devota às letras. Sois novos, não pensais. Em chegados à minha idade querem é poder fazer duas filas sem o stress que a da frente caia ao mínimo toque. O espaço é finito, e nas casas portuguesas nem se fala.

Voltando aos policiais. Pá, aprecio muito, pelo que isto não é desfazer, mas não são beeem uma Anna Karenina, né. É leitura de puro lazer, para trazer connosco, transportar daqui p'ráli, aproveitar cinco minutos para saber se foi a dama de companhia que aviou a bélha (influências de Agatha Christie, perdoai). Trinta centímetros de altura, nã, não se justifica. Vinte, máximo, e já chega. 

O único argumento que me poderá, vá, fazer vacilar é o do tamanho da letra. Já sou uma vítima da presbiopia, mas para isso é que há doutores oftalmologistas e ópticas. Ou, numa versão mais em conta, óculos de ler pré-graduados - usei uns dois anos, quando isto não era ainda um caso sério. Tudo se resolve. Uns óculos de ler são mais baratos que uma operação às costas (atesto). E que uma boa estante, ou acham que as billy aguentam tanto papel de alta gramagem, ah, 'tá bem, abelha. 

Donde, policiais e tudo em livro de bolso. Lá a ver disso. Os ingleses, graçádeuz, já o fazem há tanto tempo: a novidade vem em capa dura ou mole com formato grande, uns mesitos depois, tcharam, o babybook. Eles lá sabem, eu cá não digo (mais) nada.

14 comentários:

  1. Kindle... Também adoro livros em papel, o cheiro, o toque, vê-los na estante, tudo. Mas nada bate poder andar sempre com 100 livros atrás de mim, à espera para serem lidos. Acaba um, posso começar logo outro. Com a vantagem de se encontrarem preços bem mais simpáticos, especialmente se estiver à vontade a ler em inglês.

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    1. Teresa, ainda tenho um kindle muito velhote, já não consigo descarregar livros com ele, modelo antigo e tal. Também gosto muito, mas o problema é que, no fundo, estamos a alugar livros quase a preço de venda, e há muita coisa que lemos os dois, pelo que ter o papel é mais... inclusivo :D Mas ando a pensar comprar outro, porque compro muitos livros em inglês e, de facto, é bem mais prático. O home tem kindle e usa imenso, mas para aceder a livros dele só com dois aparelhos, chato.

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  2. Yes, yes, livro de bolso rules. Mas tenho de fazer elogio às billy, tenho as minhas vai p'ra lá de 15 anos, esta é a terceira casa onde estão montadas e, apesar de já estarem meias tortas e presas à parede (se caírem, sempre dá mais tempo de reacção), estão cá - cheias de paperback, claro, que os de bolso só os que comprei no estrangêro!

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    1. Goldfish, quando me mudei para esta casa ainda não havia ikea, pelo que comprei a estante principal no aki. Três módulos grandes, foi um pesadelo para montar mas é muito robusta, já está carregada que só visto. E ainda "herdei" a estante que tinha no quarto em casa dos meus pais. Depois tive de recorrer às lack, e comprei duas verticais, e agora estou à nora, porque não há mais paredes :P As billy não aguentavam o peso que tenho nas estantes grandes, coitadas, mas acredito que suportem paperback.

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  3. Confesso que deixei de comprar livros de bolso porque as lentes progressivas já não estão a dar conta do recado. Apostei num Kobo e só compro os livrões em capa dura.

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    1. Bom, eu tenho óculos só de ver ao perto (a miopia e astigmatismo ficaram resolvidos com lente intraocular), e para ler uso uns com a graduação real. Os de trabalhar (progressivos, porque uso computador e leio papelada) não são práticos para ler, porque tenho de ajeitar o livro, de modo a que fique alinhado com a parte da lente que serve. Com óculos só para ler a coisa vai. A minha mãe tinha o mesmo problema com progressivos de ler e para miopia, mas desde que tirou as cataratas e lhe puseram lentes intraoculares, vê melhor que eu, não precisa de óculos para ler!

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    2. Epá, lá vou eu ter de gastar dinheiro nuns óculos só para ler...

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    3. Eu tenho dois pares, uns só para ler, e outros para trabalhar :/ Não tive outro remédio, porque os só de ler não me serviam no trabalho, conseguia ler a papelada, mas não o que lia/escrevia no computador.

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  4. Sou mais preguiçosa para ler hoje em dia. Tenho que ler/escrever muito no trabalho. E tornei-me viciada no telemóvel. Faço download the livros no tlm para ler quando estou aborrecida e preciso de algo para entreter a mente. Mas ler, a sério, com amor e gosto, ainda é, e cada vez mais será, em livro. Paperback. Segunda mão se for preciso. É um decanso do screen, é ignorar o barulho dos putos e o mundo lá fora. É só isso e um mar que me relaxa hoje em dia. E preciso tanto. Qual hotel 5 estrelas. Uma hora a ler à beira mar ou rio, com os putos entretidos a chapinhar é o maior prazer que me podem dar hoje em dia.

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    1. Aenima, o meu trabalho também é ler e escrever, e depois dá-me a canseira de voltar a ler, ainda que seja por lazer. E lembraste-me um dos maiores prazeres desta vida: ler na praia, com o barulho do mar em fundo <3

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    2. Exatamente o meu problema. No entanto, estive de baixa por burnout e li imensos policiais, a minha cabeça não dava para séries, filmes e coisas muito complexas, li mais este ano do que nos outros todos.

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    3. Sãozinha, na minha baixa depois da operação à hérnia discal fartei-me de ler. Foi um consolo e uma vingança, dois meses em que passei quase todo o tempo deitada, olha, foi aproveitar. Quando uma pessoa está muito cansada da cabeça, o policial é tão bom. Por isso fui procurar uns, a ver se me distraio agora antes das férias, em que estou a dar o berro. A BD também é fixe, mas eu tendo para coisas um bocado deprimentes...

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    4. Descobri o Robert Bryndza, não chateia, também não é excelente, mas aconselho para esvaziar a cabeça. E os dois últimos do Robert Galbraith, se não odiares a J.K. Rowling, também são ótimos.

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    5. Fui pesquisar esse, e sim, é capaz de ser fixe. E como não odeio a JKR, ainda me aventuro :D

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