Aqui há tempos, cruzei-me na net com este meme:
E pronto, dada a idade indicada definitivamente não sou público alvo, mas, ainda assim, o facto de não conseguir atingir o propósito do coiso, a piada da cena, fez-me fixar o olhar e fazer rodar as roldanas cerebrais mais tempo do que merecia.
Desde logo, uma apresentação: Izzie da Conceição, 51 3/4 de idade, emprego estável e bem (acho eu) pago, casa própria (sim, o banco, mas percebe-se), viatura idem (sem banco), e ainda faço isto. Com as garrafas de gel de banho, champô, sabonete líquido, amaciador, detergente e amaciador da roupa. E acrescento: sabem os cremes que vêm em bisnaga?, pois, quando já não sai nada de jeito, corto ali a 1/4 do tamanho, por cima, com esta parte faço tampinha para o creme não secar, e bong, ainda há creme para um horror de dias. A minha base, por exemplo, é um bocado pastosa e fica imensa agarrada à bisnaga, ali um mês de uso.
Donde, não entendo que diluir gel de banho ou champô com água seja razão para grande infelicidade ou sinal de falhanço na vida. E muito menos de pobreza. Quem é pobre, se for esperto, não gasta em gel de banho o que dava para comprar dois ou três sabonetes que duram o dobro ou triplo do tempo. (disclaimer: mesmo não pobre uso sabonete, e sim, dura até mais que o triplo). Digo mais: se um gajo for esperto e pouco preguiçoso até dilui sempre o gel e champô, pelo menos os de supermercado, que aquilo é detergente em barda, e um nadica agressivo para a pele.
Mas voltando à vaca fria, já não se usa, ser poupado? Está out, ser económico? É fonte de vexame, não desperdiçar? Juro, perplexa, fico perplexa com saídas destas. Só reforça estereótipos, aliás não merecidos, que costumam colar aos millennials e zennials, caraças. É claro que não é com o que poupam em produtos de higiene que vão ter para a renda da casa, não, precisam é de emprego e estabilidade laboral, entre outras coisas que já não há, mas caneco, façam as contas em papo-secos. Ou em embalagens que vão para aterros. Ser poupado é ser esperto. É saber viver. Digo eu, a coisinha da geração X que até bem tarde contou trocos.
(é oficial, sou uma avozinha chata)