sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

Boletim Clínico

 Ontem, um mês da operação; hoje, um mês da alta hospitalar. Continuo de baixa, o que me causa um elevado teor de culpa, mas sem estar sentada não posso trabalhar, e sentada (muito tempo seguido) não posso estar. Correu tudo bem, e já não há hérnia na L5-S1. O nervo ciático vai poder tirar umas merecidas férias, e deuoleve, que não me faz falta nenhuma senti-lo jangado. As dores pós operatórias, semelhantes a um valente pontapé nas costas (e que só me pediram analgésico três dias), ficam a larga distância da dor ciática; só por isso já valeu a pena. Aconselho vivamente a cirurgia, a quem possa. E por "a quem possa" refiro-me a quem seja beneficiário de sistema / seguro de saúde que pague, e tenha a possibilidade de fazer o eventual copagamento (20%, no caso da ADSE); ou seja, a quem consiga recorrer ao privado. Que do SNS ainda aguardo a marcação de consulta urgente de neurocirurgia, para a qual fui reencaminhada ali no início de julho. É o país que temos, e as prioridades de quem nos governa. Revolta-me muito, pois revolta, mas agora não tempo para desenvolver que as costas me estão a pedir caminha depois da caminhada diária (a que, breve, breve, se vai somar a natação), parece que tenho de transformar a minha almofadinha gordo-lombar em músculo, tanto ano de chicláte deleitosamente apreciado, tanto geladinho gostosamente armazenado, para uma desfeita destas. Çinçeramente. Raisparta a saúde. Mas, ao menos, que a tenha.

8 comentários:

  1. Nunca recorri ao SNS a não ser para centro de saúde e urgências. O meu pai tinha um subsistema privado e até aos 25 anos usufruí dele. Depois fiz um seguro de saúde e agora acumulo-o com ADSE. A única vez que tive de ser operada, por mor de um quisto quase a rebentar num ovário, fui operada no privado 8 dias depois. Nunca percebi quanto tempo demoraria no SNS. Pago alegremente para ele, mas não o uso amiúde. Tenho pena das pessoas que não têm esses recursos, porque isto está a ir pelo cano abaixo (e as melhoras!)

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  2. Boas notícias!

    Quanto ao SNS, no verão (2022) nasceu-me um sinal muito esquisito na parte da frente do pescoço, um daqueles sinais que saem para fora, o sinal não parava de aumentar, fui à médica de família que tirou foto e a enviou para o hospital para eu ter consulta de dermatologia. Há 2 semanas (final de janeiro 2023) recebi carta do hospital a marcar consulta para 31 de julho! Acontece que o dito cujo sinal entretanto caiu (não me perguntem como) e já cá não tenho nada, pele lisinha como dantes. Portanto...fixe.

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  3. Oh SNS, tenho pena. Aqui no UK está um bocado melhor mas não muito. O que me chateia em PT (trabalho no área para PT às vezes) é que se o infarmed se recusa a pagar um medicamento para o final de vida com cancro, que aumenta a sobrevivência em 3 meses mas com bué de efeitos secundários e qualidade de vida terrível e custa meio milhão por ano, o povinho vai para a TV reclamar que não há direito, deixam a mãe, a tia, a avó morrer, que injustiça infernal, e o infarmed é politicamente forçado a passar esses medicamentos todos. E com isto os hospitais portugueses
    devem um bilião de euros às farmacêuticas. Depois querem parteiras com treino para ensinar a dar de mamar, ou consultas de hospital, hemodiálises, tratamentos para diabetes, etc, e esperam 2 anos numa lista interminável, porque gastou-se o dinheiro todos com medicamentos chiques que os USA pagam e nós não somos menos! E é esta tristeza de opinião política e pública de curto prazo e umbiguista que me entristece.

    Beijinhos e espero que o sinal não tenha sido nada. Abraço.

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    1. Pá, pois, prioridades. Aprendi contigo que é importante fazer essas contas, ainda mais num país onde cuidados paliativos, que bem falta faziam, ou mesmo assistência domiciliária a idosos e doentes crónicos (deixem-me sonhar) é uma miragem...

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    2. Falas bem, aqui também está tão mau, a nível de cuidados sociais então, uma tristeza. Obrigado por, podendo, teres feito privadamente e não teres sobrecarregado o SNS. Acho que no UK há mais a mentalidade de esperar para ter de borla. Tenho uma tia rica que vive cá, daquelas muito conservadoras spaixonadas pelo BJ ainda e que votam no Brexit, que descobriu um sinal canceroso durante um lockdown e esteve 2 anos à espera de ser operada pelo NHS - ah porque contribui toda a vida, tb tenho direito. Operações de baixo risco estão muito atrasadas. Privado? Nunca. Umas meras centenas de libras e ficar com o assunto resolvido num instante? Não. Riquíssima a mulher. Passa todos os Sábado no centro de Londres a comprar as novas modas e a jantar fora com as amigas. Mas pagar a um médico privado quando precisa? Nunca. E é isto que temos por estes lados. Mais que provados que os ricos sabem jogar o sistema para ter tratamentos mais rapidamente, e não abrem espaço para quem não tem alternativa.

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    3. Verdade seja dita, acho que não aguentava esperar para ser operada no SNS. Fui referenciada com urgência para consulta de neurocirurgia em julho de 2022, e ainda não fui chamada... Como tinha alternativa, (ADSE, para a qual também desconto, e bem, e com a qual o hospital privado tem acordo), preferi recorrer ao privado, e pagar os €1.200 em que me ficou o co-pagamento. Estava a ter crises periódicas, que me prejudicavam muito não só a qualidade de vida como o trabalho. Mesmo nos períodos intermédios andava com dores e limitações de mobilidade. O que ia gastar em fisioterapia para tratar sintomas, mais o vencimento que ia perder com faltas, olha, acho que ficou ela por ela.
      Dói-me é haver quem não tenha alternativa. É para essas pessoas que desconto.
      Engraçado, agora ando à procura de consulta de dermatologia com convenção com a ADSE, porque me apareceu uma verruga nas costas que iuc, quero tirar. Mas está difícil :D Se tiver que pagar, que se lixe.
      De qualquer forma, vou fazer um seguro de saúde para complementar a ADSE, que esta não comparticipa muitos dos exames feitos no privado.

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    4. Dermatologia é dificílimo de conseguir vaga, mesmo correndo todos os hospitais privados de Lisboa, as marcações disponíveis são sempre para dali a 3 ou 4 meses. Já tive essa experiência várias vezes quer para mim quer para filhos pequenos. Estou à espera de ver como correrá a consulta de especialista no SNS e a partir daí decidir se desisto ou não de ser seguida no público, se me contento só com médica de família do centro de saúde ou se volto para clínica privada, onde de qualquer modo também tenho de esperar imenso por uma vaga.

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    5. 3 ou 4 meses já não acho mau. Marquei a primeira consulta de neurocirurgia no final de Julho, para Outubro :/ O que vale é que marcar e fazer os exames (RX e RM) foi rápido.

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